Khedira marcou contra o Napoli no San Paolo, garantindo valiosa vantagem para a Juve na liderança (Getty)
A 30ª rodada marca a entrada na reta final da temporada da Serie A e, com ela, alguns vereditos começam a ser definidos. A Juventus deu um enorme passo rumo ao hexacampeonato ao segurar um empate contra o Napoli, que, por sua vez, se distanciou das expectativas de título e da vaga direta para a Liga dos Campeões. A Roma, segunda colocada, agradece, mas ao mesmo tempo lamenta que a Velha Senhora continue com uma vantagem tão grande. Mais atrás, Lazio e Atalanta deram passos grandes para confirmarem sua classificação à Liga Europa, enquanto Inter e Milan vêem Champions e Europa League distante, respectivamente. Por sua vez, o Crotone vê uma luz no fim do túnel e sonha com uma improvável salvezza.
Napoli 1-1 Juventus
Hamsík (Mertens) | Khedira (Pjanic)
Tops: Mertens (Napoli) e Khedira (Juventus) | Flops: Callejón (Napoli) e Higuaín (Juventus)
No primeiro duelo da semana em Nápoles, a Juventus foi desfalcada de importantes peças do seu sistema ofensivo, os sul-americanos Dani Alves, Alex Sandro, Cuadrado e Dybala, que ficaram no banco. A estratégia de Allegri, então, foi se precaver das forças do adversário, com o trabalho específico de Lemina no lado direito, bloqueando as triangulações entre Hamsík, Insigne e outros. Sem um plano de jogo definido para atacar, a Velha Senhora calou o San Paolo na desatenção adversária. Depois de passe longo de Marchisio, Albiol afastou parcialmente e Khedira recuperou no rebote. Com espaço para avançar e sem resistência, tabelou com Pjanic na entrada da área e finalizou na saída de Rafael, claramente sem ritmo, depois de mais de um ano sem jogar. Com seis minutos, o time de Turim tinha o gol e poderia executar tranquilamente sua estratégia: se defender. De frente para o adversário, cortou todos os cruzamentos e ocultou Mertens entre suas linhas, além do jogo interior de Hamsík e Insigne. No primeiro tempo, foram raras as vezes que o Napoli chegou à área juventina. Somente no final conseguiu lances perigosos, mas parou em Buffon ou na falta de pontaria.
Na volta do intervalo, contudo, a Juventus estava mais desatenta, enquanto os anfitriões melhoraram a precisão. Com 15 minutos o jogo estava empatado, depois de o Napoli criar três oportunidades muito perigosas – inclusive com um gol anulado, no impedimento claro de Callejón. No gol, enfim Hamsík e Insigne encaixaram: depois de troca de passes, Jorginho acionou o eslovaco nas costas de Lemina e Marchisio, e ainda puxou Bonucci. De costas, o capitão napolitano tocou para Mertens, que fintou Khedira e devolveu para Hamsík se desmarcar no espaço livre na área bianconera: frente a Buffon, chute forte e alto no canto para igualar o marcador. Na sequência, em uma das raras vezes que o pressing de Sarri teve impacto no campo adversário – já que o time de Allegri sempre conseguia sair no jogo direto com Mandzukic e Higuaín –, Mertens quase virou, mas parou na trave, em chute sem ângulo. Os visitantes responderam com Cuadrado para puxar contra-ataques, mas o colombiano jamais entrou no jogo. Ainda assim, travaram a partida controlando a posição da bola, afastando o adversário da sua área. Sem alternativas no seu jogo, o Napoli não teve saída e novamente só voltou a criar perigo no final, com o cansaço da rival, mas sem ameaçar Buffon. No final, o empate favoreceu a Juventus, que ainda descansou jogadores importantes antes da semifinal na copa, enquanto o Napoli viu a Roma abrir vantagem e a Lazio voltar a se aproximar.
Roma 2-0 Empoli
Dzeko (Rüdiger) e Dzeko (Salah)
Tops: Dzeko e Paredes (Roma) | Flops: Barba e Croce (Empoli)
Quem diria que a Roma teria dificuldade contra o Empoli, que não vence desde janeiro e está desacreditado na temporada? Mas o time de Spalletti não esteve muito bem e um erro da arbitragem logo no início ajudou a condicionar o jogo: Thiam sofreu penalidade de Szczesny no minuto sete, mas o assistente assinalou impedimento inexistente. Pouco depois, em escanteio de Paredes desviado por Rüdiger, Dzeko abriu o placar na pequena área. No mesmo lugar, só que já do outro lado do campo, o bósnio garantiu a vitória giallorossa quando Salah ajeitou de cabeça, após cruzamento de Perotti no início da etapa final. Mais um daqueles jogos preguiçosos que o time da capital tem aprendido a vencer para se aproximar da vaga na Liga dos Campeões e até da líder Juventus. E o Empoli, que perdeu pela sétima vez consecutiva, agora está a cinco pontos da zona de rebaixamento, já que o novato Crotone voltou a vencer. Faltando oito rodadas, será que os toscanos conseguirão a proeza de caírem?
Sassuolo 1-2 Lazio
Berardi (pênalti) | Immobile (Felipe Anderson) e Consigli (contra)
Tops: Immobile e Biglia (Lazio) | Flops: Lirola e Defrel (Sassuolo)
Enquanto Atalanta, Inter e Milan tentam acompanhar o ritmo, mas com alguns tropeços, a Lazio não sabe o que é perder desde o final de janeiro, quando vacilou duas vezes. O time da capital se recuperou com muita força, desde então, mas contra o Sassuolo, suou mais que o previsto para chegar à décima partida de invencibilidade, sendo oito no campeonato. Isso porque os anfitriões entraram bem preparados e incomodaram bastante com a estratégia de Di Francesco, que orientou seus jogadores a buscaram jogadas em profundidade sobre a adiantada defesa adversária. Foi exatamente assim que Berardi sofreu pênalti de Strakosha, depois de ser lançado por Missiroli. O próprio converteu a cobrança, voltando a marcar depois de sete meses em branco. O empate dos visitantes veio no final da primeira etapa, quando Felipe Anderson cruzou a entrada da área e tocou para Immobile finalizar na saída de Consigli. Pouco depois, Cannavaro salvou gol certo em cima da linha, de bicicleta. Mas não evitou a derrota, que, de qualquer forma, demorou para sair: aos 83, quando o garoto Lombardi cruzou forte, a bola bateu na canela de Acerbi e depois em Consigli antes de entrar. Pellegrini até assustou os laziale com cabeçada na trave, mas não mudou o placar e os visitantes comemoraram mais uma vitória rumo à Europa – quem sabe a Liga dos Campeões, já que a diferença para o Napoli cada vez menor.
Tops: Gómez e Conti (Atalanta) | Flops: Pinilla e Burdisso (Genoa)
Se no primeiro turno Gasperini deu mais uma aula ao seu aprendiz Juric, no segundo a Atalanta não teve dó do Genoa, que agora está nas mãos do veterano Mandorlini – o ex-treinador do Verona chegou à terceira derrota seguida. Depois do 7 a 1 sofrido contra a Inter, os nerazzurri de Bérgamo responderam com oito gols em duas partidas, já que além do 5 a 0 do domingo, aplicaram três sobre Pescara. Uma singela forma de descontar a dura goleada sofrida no San Siro, e também de mostrar que, sim, a Dea tem força para buscar vaga na Liga Europa. Agora são 18 vitórias e 58 pontos, de longe a melhor campanha da história do clube na Serie A. Em Gênova, o time de Gasperini teve mais uma grande atuação de todos em campo, em especial do craque Papu Gómez, que foi o protagonista com uma tripletta. Kessié e Kurtic participaram com assistências, enquanto o ala Conti abriu o placar com um golaço de bicicleta em cruzamento de Spinazzola e Caldara fez o quarto gol. O ex-nerazzurro Pinilla até deu uma mão, com expulsão por mau comportamento. Pobre Rubinho, que não teve culpa nos gols e tomou uma ducha de água fria na sua volta aos campos depois de cinco anos – ou sete, como titular, já que teve duas breves participações na Juventus.
Tops: Schick e Viviano (Sampdoria) | Flops: Brozovic e Perisic (Inter)
Épico, Brozovic. Em dia pavoroso do croata, que errou muito no meio-campo e ainda foi fundamental para a derrota, a Inter se viu superada por uma Sampdoria sem objetivos no campeonato já nos minutos finais. A equipe treinada por Giampaolo soube transformar a vontade de vencer em garra e determinação até o final, ao passo que os donos da casa mais uma vez demonstrou muita afobação na fase ofensiva: Perisic, que perdeu gols feitos, é um exemplo disso; os inúmeros cruzamentos de Candreva, também. Se no primeiro tempo a Beneamata fez uma partida dominante e chegou ao gol com D’Ambrosio, no segundo voltou desconcentrada. A Samp, que acertou a trave duas vezes antes do intervalo, aproveitou a desatenção e empatou, quando Silvestre cabeceou e Schick só raspou para igualar. O jogo ficou mais aberto e a Inter teve chances com Perisic e Icardi, mas foi a Samp que marcou: Quagliarella, de pênalti, virou. Com a derrota, os nerazzurri ficam muito distantes da Liga dos Campeões e publicamente já declararam que o foco é a Liga Europa.
Pescara 1-1 Milan
Paletta (contra) | Pasalic
Tops: Fiorillo (Pescara) e Deulofeu (Milan) | Flops: Paletta e Donnarumma (Milan)
Se é que existe um bom momento para tropeçar, certamente não é contra o lanterna da competição, que a cada rodada está mais próximo da Serie B. E foi assim que o Milan voltou a perder pontos, dessa vez com rara falha de Donnarumma, que não dominou a bola mal atrasada por Paletta, logo no minuto 11, e possibilitou o gol contra do companheiro. O time de Montella, “ex-aluno” de Zeman, até reagiu em busca da vitória, mas ficou apenas com o empate, com Pasalic. O croata aproveitou erro clamoroso dos anfitriões no final do primeiro tempo e, no rebote, fuzilou as redes. O Diavolo, porém, esbarrou em algumas defesas de Fiorillo, na falta de pontaria e nas más tomadas de decisões na conclusão das jogadas. A boa partida do empolgado Deulofeu não foi o bastante e a Europa está mais distante.
Fiorentina 1-0 Bologna
Babacar (Milic)
Tops: Babacar e Valero (Fiorentina) | Flops: Destro e Taïder (Bologna)
Poucas vezes vimos um Derby dell’Appennino tão sem graça quanto o dessa rodada. A frustrada Fiorentina até se aproximou do Milan, mas tem vida difícil em relação à vaga na Liga Europa, enquanto o Bologna apenas cumpre tabela. Em casa, sem o craque Bernardeschi, o time de Paulo Sousa até dominou a partida e criou chances perigosas, mas custou para abrir o placar e garantir a vitória. Depois do fracasso no primeiro tempo, Babacar entrou no lugar de Kalinic no intervalo. Coube justamente ao senegalês (cada vez mais um “super substituto”) marcar o único gol do clássico, completando cruzamento preciso de Milic. Por fim, destaque para belas defesas de Mirante, que evitou uma derrota com maior margem de gols, e duas chegadas perigosas dos visitantes, que assustaram os anfitriões.
Torino 2-2 Udinese
Moretti e Belotti (Zappacosta) | Jankto e Perica (Zapata)
Tops: Belotti (Torino) e Jankto (Udinese) | Flops: Hart (Torino) e Widmer (Udinese)
Sem ter muito o que disputar, restam a Torino e Udinese pequenos objetivos: os granata querem promover a artilharia de Belotti e os bianconeri querem a primeira parte da tabela. O empate na manhã de domingo trouxe exatamente isso para ambos. O camisa 9 marcou seu 23º gol na Serie A e empatou na liderança da artilharia com Dzeko, enquanto os visitantes arrancaram um ponto fora de casa e mantiveram a diferença de quatro pontos para o Toro, décimo colocado. Aliás, o roteiro poderia ter sido muito melhor para os friulanos, que abriram o placar no início da segunda etapa com um golaço de Jankto, promessa checa que já é uma realidade no time de Delneri e foi titular na última data Fifa por sua seleção. Outra promessa do clube de Údine, Perica, ampliou a vantagem aos 67, empurrando para o gol um chute espirrado de Zapata. O jogo, porém, não estava acabado, e depois de três bolas na trave, duas de Belotti, os anfitriões descontaram logo em seguida com Moretti, após bate-rebate. No minuto 82, coube ao artilheiro do campeonato evitar a derrota em casa: o Gallo abriu a jogada na direita, com Zappacosta, e correu para a área, onde cabeceou com força para estufar as redes.
Chievo 1-2 Crotone
Pellissier (Castro) | Ferrari (Crisetig) e Falcinelli (Stoian)
Tops: Falcinelli e Crisetig (Crotone) | Flops: Inglese e Dainelli (Chievo)
Na sua campanha de vitórias em casa e derrotas fora, o Chievo foi surpreendido e caiu para o novato Crotone diante de sua torcida no velho Bentegodi. Não por falta de insistência, já que o time de Maran começou pressionando e obrigou Cordaz a fazer duas intervenções decisivas. Do outro lado, o goleiro Seculin substituiu bem o titular Sorrentino, que desta vez ficou no banco. Porém, falhou no gol de Ferrari, que abriu o placar depois de escanteio de Crisetig, e não conseguiu defender o belo chute de Falcinelli, que garantiu a vitória dos visitantes já no final, depois de Pellissier ter marcado seu sétimo gol no campeonato. Agora, os calabreses estão a cinco pontos do Empoli: será que dá para conseguir um milagre e escapar da degola?
Palermo 1-3 Cagliari
González (Chochev) | Ionita (Tachtsidis), Borriello (Sau) e Ionita (Tachtsidis)
Tops: Tachtsidis e Ionita (Cagliari) | Flops: Vittello e Goldaniga (Palermo)
Até o intervalo, parecia que o Palermo conquistaria sua primeira vitória em dois meses (a quarta no ano), mas novamente o time sucumbiu diante de seus torcedores. O Renzo Barbera, antes uma fortaleza nas boas campanhas do clube no final da última década, é a casa do pior mandante da Serie A, que conquistou somente dois empates e uma vitória, somando míseros cinco pontos em 15 partidas. Em resposta ao gol de González no primeiro tempo e ao que não veio graças à defesa de Rafael em cima da linha (e à tecnologia), os visitantes reagiram imediatamente após o intervalo: em baixa nesta temporada, o moldavo Ionita ressurgiu das cinzas e completou escanteio de Tachtsidis. Dez minutos depois, Borriello virou e marcou seu 13º gol no torneio. Já no final do jogo, em outra assistência de Tachtsidis, Ionita ampliou, novamente com a colaboração da tecnologia da linha do gol, que fez Valeri validar o terceiro dos visitantes após poucos segundos.
*Os nomes entre parênteses nos resultados indicam os responsáveis pelas assistências para os gols