Ufa. A Itália não joga bem há quase quatro meses e, ainda assim, conseguiu se classificar para a repescagem da Copa do Mundo e ficar no pote 1, das cabeças de chave. É a boa notícia do dia, derivada de bons resultados conseguidos pela Nazionale nas partidas iniciais do Grupo G. Desde a goleada sofrida contra a Espanha, já sabemos, a seleção italiana não se encontrou mais. Dá para dizer que os comandados de Ventura estão aliviados pelo encerramento da fase de grupos.
A Itália entrou em campo em Escodra, na Albânia, já classificada para a repescagem – a derrota da Bósnia para a Bélgica, no sábado, já havia garantido a vaga. Faltava um triunfo contra as águias para que os azzurri pudessem evitar adversários difíceis na próxima fase. No sufoco, os italianos arrancaram o resultado positivo no fim e não enfrentarão Portugal ou Suíça, Croácia e, provavelmente a França. Ainda há uma pequena possibilidade de a Dinamarca ser potencial adversária da Nazionale, se os franceses tropeçarem contra Belarus e a Suécia (se bater a Holanda fora de casa) conseguir a liderança na chave. No mais, pode anotar: a Itália jogará com uma seleção entre Grécia, Irlanda, Irlanda do Norte e Suécia ou Dinamarca. O mata-mata acontece em novembro.
Há pouco além disso para comentar sobre a partida desta segunda-feira. A Albânia era uma anfitriã hospitaleira: já eliminada, a seleção vermelha e preta é treinada por Christian Panucci, que vestiu a camisa azzurra em 57 partidas (duas Eurocopas e uma Copa do Mundo) e substituiu o compatriota Gianni De Biasi em julho. Além disso, os países têm proximidade geográfica e cultural: há uma enorme colônia albanesa vivendo na Península Itália, sobretudo na parte sul, o que favorece o intercâmbio de jogadores.
Oito atletas do atual grupo albanês jogam no futebol da Velha Bota: Berisha (Atalanta), Hysaj (Napoli), Veseli (Empoli), Ajeti (Crotone), Djimsti (Benevento), Memushaj (Benevento), Basha (Bari) e Ndoj (Brescia, nascido na própria Itália) – sem contar Strakosha (Lazio, cortado), Manaj (ex-Inter e Pescara, não convocado) e Lila (ex-Parma). Apesar do profissionalismo de todos em campo, não dá para dizer que a seleção albanesa ficaria chateada com a terceira derrota em três partidas oficiais contra a Itália.
Panucci fez o que De Biasi fazia anteriormente. Armou uma equipe que se defende bem, num 4-5-1 que só às vezes libera quatro meio-campistas, e esperou a Itália. Porém, a equipe azzurra pouco foi: novamente no 4-2-4, a criatividade do time de Ventura tendia ao zero e só Insigne e Éder tentavam algumas coisas, sem brilhantismo. Os setores ficam muito espaçados e é nítida a falta de troca de passes no centro do campo.
No segundo tempo, já aos 73 minutos, finalmente saiu o gol italiano, em uma rara desatenção albanesa. E, com tantos jogadores de lado de campo, o tento só poderia ter saído pelos flancos. Spinazzola cruzou e Grezda e Agolli não se entenderam na marcação: Candreva teve tempo de dominar e fuzilar do bico da pequena área. Um dos nomes mais opacos e contestados do futebol italiano atualmente, o interista é um símbolos da improdutividade e do péssimo futebol da seleção nos últimos jogos. Não havia nome mais apropriado para marcar este momento com um gol.
Com 1 a 0 no placar, o marasmo continuou em Escodra. A torcida albanesa fazia pouco barulho e a Itália não atacava. Chiellini deu um susto no time quando quase marcou contra, ao cortar um cruzamento, e Immobile conseguiu desperdiçar uma chance cara a cara com Berisha. Até Ciro, que vive fase iluminada, entra em crise quando veste a camisa da seleção – que, inclusive, ganhava novo modelo na noite de hoje.
Ventura significa sorte. É exatamente a isso que a Itália precisa se agarrar para se classificar à Copa do Mundo. Com este futebol mequetrefe, não vai ser fácil.
Albânia 0-1 Itália
Macedônia (4-5-1): Berisha; Hysaj, Veseli, Mavraj, Agolli; Roshi (Ahmedi), Kaçe, Basha (Lila), Memushaj (Latifi), Grezda; Sadiku. Técnico: Christian Panucci.
Itália (4-2-4): Buffon; Darmian (Zappacosta), Bonucci, Chiellini, Spinazzola; Parolo, Gagliardini; Candreva, Immobile, Éder (Gabbiadini), Insigne (El Shaarawy). Técnico: Gian Piero Ventura.
Gol: Candreva.
Local: Loro Boriçi, em Escodra (Albânia)
Árbitro: Svein Oddvar Moen (Noruega).