O torcedor da Juventus conseguiu ir da alegria extrema ao colapso nervoso em 90 minutos. O que parecia ser uma vitória fácil contra o Tottenham, na partida de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, acabou como um empate desagradável em 2 a 2, nesta terça-feira (13).
Em oito minutos, o bianconero já havia marcado duas vezes. A primeira foi numa jogada ensaiada de falta. Miralem Pjanic lançou para Gonzalo Higuaín, em posição duvidosa, finalizar de voleio, cruzado. Depois, uma inversão de jogo foi interrompida por um lance abobalhado de Ben Davies, que deu um chute na canela de Federico Bernardeschi dentro da área – na cobrança, o argentino dobrou o resultado.
A vantagem parecia tão confortável que a Velha Senhora recuou. E recuou. E recuou mais um pouco. Buscar apenas contra-ataques fez com que Moussa Dembelé buscasse as fraquezas dos italianos, atuando somente com Sami Khedira ao lado de Pjanic. O belga avançava com liberdade, e Dele Alli e Christian Eriksen ficavam sozinhos entre a defesa e o meio-campo juventinos.
O primeiro gol do Tottenham saiu exatamente dessa fraqueza: um passe ruim de Higuaín virou um ataque rápido dos ingleses, Pjanic deu o bote errado, Harry Kane foi acionado atrás da defesa porque Medhi Benatia precisou cobrir o avanço do armador e o artilheiro driblou Gianluigi Buffon para diminuir. O empate, já no segundo tempo, apareceu em situação similar, com Alli entre as linhas.
No fim, Eriksen acertou uma cobrança de falta, mas teve a contribuição do camisa 1 da Juve, que errou no seu posicionamento e na organização da barreira. Antes, o próprio Gigi já havia feito duas defesas muito importantes e Higuaín havia desperdiçado um pênalti, fazendo a bola explodir na trave. Heroísmo e vilania convivendo juntos em dois corpos.
O técnico Massimiliano Allegri não acredita que o bianconero foi tão mal assim. Alguns números sustentam a opinião dele: apesar de a posse ficar com o Tottenham, a Juventus criou mais (no segundo tempo) e teve a chance de golear mesmo com seu principal construtor, Pjanic, marcado individualmente – uma excelente instrução do comandante rival, Mauricio Pochettino.
A Juventus teve problemas para atuar somente com um “marcador” ao lado do bósnio nos últimos meses. A ausência de Blaise Matuidi, machucado, foi uma baixa considerável sob esse aspecto. Com o francês em campo, os italianos tiveram 0,4 gols sofridos por partida; sem ele, o número subiu para 1,2. A explicação é a proteção que ele e mais um (até mesmo Khedira, quando em má fase) dão a Pjanic.
Mesmo sem saber se Matuidi retorna para a volta no Wembley, na primeira semana de março, o problema que a Juve precisa solucionar é como interromper as oportunidades criadas pelos jogadores pensantes do Tottenham e não sofrer gols na Inglaterra. Caso aconteça, o problema pode se tornar apenas o Napoli na Serie A.