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Ettore Puricelli, o uruguaio campeão de três divisões italianas

Ettore Puricelli nasceu em Montevidéu, capital e um dos grandes símbolos do Uruguai. O Testina d’oro, como ficou conhecido por fazer muitos gols de cabeça, contudo, adotou o Belpaese a partir de 1938, quando foi defender o Bologna e, por fim, naturalizou-se italiano. Após pendurar as chuteiras, o grande artilheiro se tornou treinador. Na nova função, ele atingiu algum sucesso e conseguiu vencer um scudetto, pelo Milan, time em que foi ídolo dentro das quatro linhas.

O início da carreira ocorreu no Central Español, do Uruguai, mas após cinco anos em seu país natal Ettore Puricelli se transferiu para o seu grande palco: a Itália. Bologna foi a porta de entrada. À época, os rossoblù, que atualmente se concentram na briga da metade de baixo da tabela, lutavam pelo topo e vinham de dois scudetti e um vice-campeonato na década de 30.

Com o Testina d’oro no elenco, a partir da temporada 1938-39 os felsinei mostraram força e logo conquistaram a sua quinta Serie A. O atacante recém-chegado à Itália foi peça fundamental ao título rossoblù, marcando 19 gols e sendo um dos artilheiros da competição, ao lado do milanista Aldo Boffi. No ano seguinte, novamente o ítalo-uruguaio liderou o Bologna em gols, marcando 14 vezes e ajudando a equipe a ficar em segundo lugar, atrás apenas da Ambrosiana-Inter. Durante a campanha vice-campeã, Ettore Puricelli recebeu a sua única convocação para a Nazionale. Na derrota contra a Suíça, por 3 a 1, foi dele o único gol italiano.

Em 1940-41, o ítalo-uruguaio voltou a ser artilheiro após marcar 22 duas vezes. Os felsinei ganharam o segundo scudetto da “Era Puricelli”, e o Testina d’oro seguiu no Bologna por mais dois anos. Após os dois anos em que o futebol parou durante a Segunda Guerra Mundial, o atacante – que passou rapidamente pelo Lecco – se transferiu para o Milan, onde também se tornou ídolo.

A grande temporada de Ettore Puricelli pelo Milan foi a 1946-47, quando marcou 21 vezes na Serie A e só ficou abaixo de Valentino Mazzola, do campeão Torino. No ano seguinte, foram 17 gols e os rossoneri ficaram com o vice-campeonato. Com a chegada de Gunnar Nordahl a Milão, o ítalo-uruguaio perdeu espaço e deixou a equipe.

No Milan, Puricelli teve alguns de seus grandes momentos (Arquivo Luce)

Para encerrar a carreira dentro de campo, o Testina d’oro disputou duas temporadas com o Legnano na Serie B, tempo em que marcou 25 gols e, no último ano, ajudou no acesso da equipe à Serie A.

Vida como técnico

Ettore Puricelli deixou os gramados, mas não o futebol. Quatro anos após a aposentadoria, ele iniciou o trabalho como técnico e assumiu o Milan no lugar de Béla Guttman, em fevereiro. Com ele, os rossoneri perderam apenas quatros vezes, empataram seis partidas e ganharam os outros sete jogos restantes da Serie A. Assim, os milanistas conquistaram o seu quinto scudetto. Dentro de campo, Gunnar Nordahl, artilheiro da competição com 27 gols, foi o destaque. Além do título, o Diavolo se classificou para disputa da Copa Latina. Na extinta competição continental, o Milan se sagrou campeão ao vencer o Athletic Bilbao na final.

Mesmo com o sucesso alcançado, o ítalo-uruguaio deixou Milão e a partir daí trocou várias vezes de time. O primeiro da lista foi o Palermo, clube que ajudou no acesso à Serie A, porém não seguiu no comando para disputar a principal divisão do calcio. Ettore Puricelli voltou a trabalhar, em 1959, pelo Porto. Em Portugal, a passagem do Testina d’oro foi muito rápida.

A Salernitana abriu espaço para o retorno do técnico à Itália, mas o desempenho com os granata na Serie C não atendeu às expectativas. No ano seguinte, ele deixou a equipe para assumir o Varese. De volta à Lombardia, seu trabalho deu resultados, e os leopardos, que haviam escapado por pouco da queda para a quarta divisão no ano anterior, conseguiram brigar pelo acesso. Por isso, Ettore Puricelli seguiu no comando e, na temporada 1962-63, os biancorossi conseguiram a promoção, com a melhor campanha de todo o torneio.

Puricelli treinou 11 clubes diferentes na Itália – o Genoa, no fim de sua carreira, foi um deles (Ansa)

Na terceira temporada no Varese, o ítalo-uruguaio levou o time à Serie A, com a conquista da segunda divisão. Atuando no primeiro escalão do futebol italiano, os leopardos tiveram alguma dificuldade, mas não caíram. Ettore Puricelli acabou trocando a equipe pela Atalanta, clube em que novamente evitou uma queda à Serie B.

A temporada seguinte passou sobre o comando do Alessandria, na segunda divisão, porém desta vez o treinador ítalo-uruguaio não conseguiu evitar o rebaixamento. Mas na época 1967-68, Ettore Puricelli voltou à Serie A para comandar o Cagliari e, depois, passou três temporadas no Lanerossi Vicenza – rebaixado na última delas. Em 1975-76 ele comandou o Brindisi, da Serie B, que terminou despromovido.

Todavia, o ex-jogador ainda recebeu mais uma chance na primeira divisão: comandando o Foggia, brigou contra o rebaixamento, até que em 1977-78 os satanelli foram rebaixados. Ettore Puricelli nunca mais treinou na Serie A. Ele ainda passou por Genoa e Foggia, sem se sobressair à metade superior da tabela.

Assim, o grande atacante encerrou sua carreira, que teve sucesso dentro e fora de campo. Ettore Puricelli faleceu em Roma, com 85 anos.

Héctor “Ettore” Puricelli Seña
Nascimento: 15 de setembro de 1916, em Montevidéu, Uruguai
Morte: 14 de maio de 2001, em Roma, Itália
Posição: atacante
Clubes como jogador: Central (1933-38), Bologna (1938-44), Lecco (1944-45), Milan (1945-49) e Legnano (1949-51)
Títulos como jogador: Serie A (1939 e 1941)
Clubes como treinador: Milan (1955-56), Palermo (1956-57), Porto (1959-60), Salernitana (1960-61), Varese (1961-65), Atalanta (1965-66), Alessandria (1966-67), Cagliari (1967-68), Lanerossi Vicenza (1968-71 e 1972-75), Foggia (1971-72, 1976-78, 1980-84), Brindisi (1975-76) e Genoa (1978-79)
Títulos como treinador: Serie A (1955), Copa Latina (1956), Serie C (1963) e Serie B (1964)
Seleção italiana: 1 partida e 1 gol

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