Um ano depois do vexame que deixou a Itália fora da Copa do Mundo da Rússia, a seleção italiana voltou ao San Siro, neste sábado, 17 de novembro, com uma missão bem difícil: vencer Portugal para continuar com chances de avançar ao Final Four da Liga das Nações. No entanto, apesar da boa partida, a Squadra Azzurra não conseguiu tirar o zero do placar e ficou pelo caminho no torneio europeu. Os lusitanos, por sua vez, se classificaram e sediarão a etapa decisiva da competição.
Antes do apito inicial do árbitro, o zagueiro Giorgio Chiellini recebeu uma medalha e um troféu da FIGC, a Federação Italiana de Futebol, em homenagem pelo seu centésimo jogo pela Nazionale. O capitão é apenas o sétimo jogador a conseguir o feito pela seleção. O clima de celebração combinava com o início de uma fase positiva para o time de Roberto Mancini, que vinha de boa exibição contra a Polônia. Por isso, o técnico decidiu repetir praticamente quase todo o time que venceu os poloneses por 1 a 0, Chorzów, com exceção de uma troca no ataque: o lesionado Bernardeschi deu lugar a Immobile, que atuaria como referência. Insigne e Chiesa foram utilizados nos extremos.
Como precisava de uma vitória, a Itália assumiu as rédeas da partida desde o começo de jogo. Os donos da casa adiantaram suas linhas, asfixiaram os portugueses no campo de ataque e colocaram o goleiro Rui Patrício para trabalhar. Logo aos quatro minutos, Insigne roubou a bola no meio-campo, avançou pelo meio e bateu de fora, mas o arqueiro do Wolverhampton defendeu. No rebote, Immobile mandou por cima da meta lusitana.
Dois minutos depois, os portugueses saíram jogando errado, Florenzi foi mais esperto que Bruma, roubou-lhe a bola e finalizou à direita do gol visitante. A Itália seguiu em cima. Immobile se movimentou bastante no ataque e forçou Rui Patrício a salvar a seleção portuguesa novamente. Em uma linda enfiada de bola de Verratti, o centroavante atacou o espaço e arrematou cruzado. Contudo, o goleiro efetuou a defesa. Antes do intervalo, Bonucci, de cabeça, quase tirou o grito de gol da garganta dos torcedores ao cabecear com perigo perto do poste direito.
Portugal, por sua vez, fez um péssimo primeiro tempo. Com o empate a favor, a equipe de Fernando Santos ficou mais recuada, não conseguiu construir jogo e deixou Donnarumma como mero espectador na meta azzurra. Não à toa, terminou a primeira etapa com 32% de posse de bola contra 68% da Nazionale. A Seleção das Quinas ainda amargou os cartões amarelos de Rúben Neves e Mário Rui, que os tiram do próximo duelo, contra a Polônia, por suspensão automática.
A Itália manteve a postura ofensiva na volta do intervalo. Insigne era o jogador mais que mais causava perigo à defesa rival. O camisa 10 se movimentava a todo instante e, sempre que podia, chutava a gol. Verratti também estava dando um show à parte na meia-cancha italiana e, provavelmente, fez a sua melhor partida pela seleção. Ele e Jorginho, por exemplo, trocaram quase tantos passes quanto todo o time adversário (190 contra 224) e acertaram mais do que os portugueses (173 contra 158). Porém, apesar do início de segundo tempo promissor, a Itália caiu de rendimento, especialmente na parte física, e viu a seleção lusitana crescer no jogo.
O interista João Mário, que saiu do banco para entrar no lugar de Pizzi, deu mais dinâmica ao meio-campo português e até assustou os italianos. Ele recebeu livre na área, tirou a marcação e bateu por cima da meta azzurra. Para tentar retomar o controle do jogo, Mancini trocou Immobile e Verratti por Lasagna e Pellegrini, respectivamente. Entretanto, não adiantou muita coisa, e foi Portugal que quase tirou o zero do placar. Em um momento de pressão dos visitantes, William Carvalho soltou uma bomba de canhota, mas Donnarumma fez uma defesa extraordinária. A Itália respondeu com um chute colocado de fora da área de Insigne, que não encontrou o caminho do gol.
Na reta final, Fernando Santos substituiu o ex-milanista André Silva pelo volante Danilo Pereira, fechando a casinha. Já nos acréscimos, Chiellini subiu ao ataque e cabeceou fraco nas mãos de Rui Patrício. Assim, com o 0 a 0, o tabu dos lusitanos contra os azzurri continua: Portugal segue sem vencer no Belpaese. Os portugueses, no entanto não se importam, já que, chegaram aos 7 pontos e não podem mais serem alcançados na liderança do Grupo 3. Agora, Portugal cumpre tabela diante da rebaixada Polônia e descansa para a fase final da Liga das Nações, que ocorre em 2019.
A Itália encerra sua participação no torneio continental com 5 pontos e uma segunda colocação que garante a permanência na Liga A. Além disso, as partidas mais recentes têm saldo positivo para a Nazionale e mostram que o time de Mancini começa a ganhar identidade, possibilitando até o melhor rendimento de jogadores antes contestados, como Verratti.
As expectativas para as Eliminatórias da Euro 2020, que terão a Squadra Azzurra como uma das cabeças de chave, são boas. No entanto, vale salientar que a seleção precisa voltar a vencer em San Siro, onde não triunfa desde 2012: nos cinco últimos jogos, somou cinco empates. O fantasma do fracasso contra a Suécia, que deixou a Itália de fora da Copa de 2018, precisa ser expurgado.
Itália 0-0 Portugal
Itália: Donnarumma; Florenzi, Bonucci, Chiellini, Biraghi; Barella, Jorginho, Verratti (Pellegrini); Chiesa (Berardi), Immobile (Lasagna), Insigne. Técnico: Roberto Mancini.
Portugal: Rui Patrício; João Cancelo, José Fonte, Rúben Dias, Mário Rui; Pizzi (João Mário), William Carvalho, Rúben Neves; Bernardo Silva, André Silva (Danilo), Bruma (Raphaël Guerreiro). Técnico: Fernando Santos.
Local: San Siro, em Milão.
Árbitro: Danny Makkelie (Holanda)
Olhando apenas a evolução da Azzurra como time, que é o mais importante nesse momento, a partida foi sensacional. Espero que a evolução continue.