Serie A

Balanço de inverno, parte 1: times tradicionais começam mal e amargam o meio da tabela

A Serie A 2019-20 está pausada por causa das festas de fim de ano e retorna no dia 5 de janeiro, quando acontecem os primeiros jogos da 18ª rodada. Durante a folga dos times, nós não paramos: trazemos um balanço do que as 20 equipes produziram nas 17 primeiras rodadas e uma projeção do que vem por aí.

Nosso especial está dividido em duas partes. Começamos com a metade de baixo da tabela, repleta de clubes tradicionais. Milan e Fiorentina lideram a lista de decepções do primeiro turno, ao passo que Sampdoria e Genoa lutam contra o rebaixamento. Acompanhe nossas análises abaixo.

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Genoa

Romero e Radu, do Genoa (Getty)

20ª posição. 17 jogos, 11 pontos. 2 vitórias, 5 empates, 10 derrotas. 17 gols marcados, 35 sofridos.
Time-base: Radu; Zapata, Romero, Criscito (Biraschi); Ghiglione, Radovanovic, Schöne, Lerager (Cassata, Agudelo), Pajac (Ankersen); Kouamé (Pandev), Pinamonti.
Treinadores: Aurelio Andreazzoli (até a 8ª rodada), Thiago Motta (entre a 9ª e a 17ª) e Davide Nicola (a partir de 2020)
Destaque: Andrei Radu, goleiro
Artilheiro: Christian Kouamé, com 5 gols
Garçom: Paolo Ghiglione, com 5 assistências
Decepção: Cristian Romero, zagueiro
Expectativa: Não ser rebaixado

Nesta década, o Genoa não brigou contra o rebaixamento apenas nas temporadas em que foi comandado por Gian Piero Gasperini (2010-11, 2013-14, 2014-15 e 2015-16). De resto, a torcida teve que conviver com uma incômoda tensão, mas que acabava com um suspiro de alívio. Em nenhuma dessas campanhas, porém, os grifoni tiveram um desempenho tão ruim ou sequer sonharam com a lanterna da competição. Depois de 13 anos consecutivos na elite, o clube mais antigo e dono do primeiro scudetto disputado na Itália corre risco real de cair para a segundona.

A grande ironia da campanha do Vecchio Balordo é que Enrico Preziosi, presidente da agremiação e maior gerador de turbulências nos bastidores, dessa vez está contido. O clube fez contratações razoáveis e apostas interessantes, mas arriscadas – e é aí que começa o problema. Andreazzoli não conseguiu dar padrão de jogo para seu time e somou apenas três pontos, enquanto Motta melhorou o futebol dos rossoblù, mas continuou com dificuldade de obter resultados positivos. Para tentar superar esse obstáculo, a diretoria chegou a cogitar uma decisão conservadora e convidar o técnico Davide Ballardini para sua quarta passagem pela Ligúria, mas recebeu o não do carequinha. Com isso, apostou em Nicola, ex-jogador do clube, que salvou o Crotone da queda em 2017.

Parte da dificuldade do Genoa em somar pontos passa pelo coletivo, mas há significativas contribuições individuais. Lasse Schöne, por exemplo, ainda não mostrou a que veio. Já o jovem zagueiro Romero, destaque da última temporada, caiu bruscamente de rendimento e tem colaborado para que a defesa seja uma das piores do campeonato – só não levou mais gols porque Radu tem se destacado. Por outro lado, Kouamé e Andrea Pinamonti vinham formando uma boa dupla ofensiva, mas o Grifo teve um senhor azar: o marfinense sofreu grave lesão em novembro e não joga mais em 2019-20. Como se vê, os rossoblù têm várias frentes para atacar em 2020. Para sua sorte, a distância para os adversários não é das maiores, seja em termos de pontuação ou de qualidade técnica.

Spal

Valoti e Petagna, da Spal (Getty)

19ª posição. 17 jogos, 12 pontos. 3 vitórias, 3 empates, 11 derrotas. 12 gols marcados, 26 sofridos.
Time-base: Berisha; Tomovic, Vicari, Igor; Cionek (Gabriel Strefezza), Missiroli, Murgia (Valoti, Valdifiori), Kurtic, Reca; Petagna, Floccari (Paloschi).
Treinador: Leonardo Semplici
Destaque: Andrea Petagna, atacante
Artilheiro: Andrea Petagna, com 6 gols
Garçom: Gabriel Strefezza, com 2 assistências
Decepção: Jacopo Sala, lateral-direito
Expectativa: Não ser rebaixada

No início da temporada nós alertamos que o andamento da campanha da Spal dependeria da adaptação do time à saída de Manuel Lazzari para a Lazio. Para complicar a situação dos estensi, o ala canhoto Mohamed Fares se lesionou gravemente dias antes do início da Serie A e fez com que Semplici tivesse que lidar com substituições nos dois flancos do campo – setores importantíssimos para o funcionamento do seu 3-5-2 reativo. Até agora, as ausências não foram superadas.

Ainda que o brasileiro Gabriel Strefezza venha se sobressaindo nas duas posições, Jacopo Sala, Federico Di Francesco e Marco D’Alessandro não mostram bom futebol, enquanto Arkadiusz Reca e Thiago Cionek não são tão agudos quanto os jogadores que substituem. Essa série de percalços modificou completamente os mecanismos da Spal, que viu Alessandro Murgia e Jasmin Kurtic ficarem alijados da construção e da conclusão das jogadas. Consequentemente, hoje o time depende demais de Petagna, que marcou metade dos (poucos) gols dos biancazzurri.

Ser econômica na hora de balançar as redes não tinha prejudicado a Spal nos últimos campeonatos. No entanto, a equipe não tem só o pior ataque da competição: ainda que continue endurecendo para os rivais, não tem conseguido somar pontos através de empates, como outrora. Nessa temporada, os spallini empataram o equivalente a 18% dos seus compromissos, contra cerca de 37% em 2017-18 e incríveis 47% em 2018-19. Além disso, a formação de Ferrara desperdiçou oportunidades contra concorrentes diretos pela permanência na elite – não venceu nenhum deles, aliás. Na reta final da campanha, depois que os biancazzurri forem ao mercado, os cinco anos de Semplici à frente da Spal podem ser um importante aliado na corrida pela salvação.

Brescia

Tonali, do Brescia (Getty)

18ª posição. 17 jogos, 14 pontos. 4 vitórias, 2 empates, 11 derrotas. 15 gols marcados, 29 sofridos.
Time-base: Joronen; Sabelli, Cistana, Chancellor, Mateju; Bisoli, Tonali, Rômulo; Spalek; Balotelli (Ayé), Donnarumma (Torregrossa).
Treinadores: Eugenio Corini (até a 11ª rodada e desde a 15ª) e Fabio Grosso (entre a 12ª e a 14ª)
Destaque: Sandro Tonali, meio-campista
Artilheiros: Mario Balotelli e Alfredo Donnarumma, com 4 gols
Garçom: Rômulo, com 3 assistências
Decepção: Giangiacomo Magnani, zagueiro
Expectativa: Não ser rebaixado

O Brescia é o único dos times que subiram para a Serie A nesta temporada a estar na zona da degola, mas, na nossa avaliação, é aquele que tem maior capacidade de permanecer na elite em 2020-21. Afinal, os biancazzurri estão em curva ascendente e têm jogadores de grande qualidade em todos os setores: entre os destaques, quatro atletas que já foram convocados para a seleção italiana (Andrea Cistana, Rômulo, Tonali e Balotelli) e o goleiro Jesse Joronen, que disputará a próxima Euro pela Finlândia.

A equipe lombarda obteve bons resultados nas extremidades do primeiro turno e muitas dificuldades em seu miolo. Sob as ordens de Corini, porém, sempre foi competitiva e apresentou um bom futebol. A escolha por Grosso foi um tiro pela culatra, mas ao menos o presidente Massimo Cellino foi rápido ao tentar sanar o seu erro e reconduziu o ex-meia ao cargo depois de apenas três rodadas. O Brescia de dezembro se assemelha mais ao que deseja Corini, tanto em termos de conceitos demonstrados quanto de rendimento obtido – foram sete pontos em 12 disputados.

No segundo turno, a tendência é de crescimento. O elenco ainda tinha muitos jogadores sem experiência na elite – casos de Ernesto Torregrossa, Emanuele Ndoj, Dimitri Bisoli, Donnarumma, Cistana e Tonali, por exemplo –, mas eles estão cada vez mais adaptados. O grande exemplo disso vem de Tonali, o craque do time. Ele não chegou a sentir o peso da estreia na elite, mas vem amadurecendo com rapidez. Balotelli, por fim, também mostra ter a cabeça no lugar. O atacante está conseguindo manter a serenidade mesmo com tantas tentativas vis de desestabilizá-lo, e faz campeonato regular. Se passar a render um pouco mais, o Brescia decola.

Sampdoria

Quagliarella, da Sampdoria (Getty)

17ª posição. 17 jogos, 15 pontos. 4 vitórias, 3 empates, 10 derrotas. 14 gols marcados, 27 sofridos.
Time-base: Audero; Bereszynski, Ferrari (Murillo), Colley, Murru; Depaoli, Vieira (Linetty), Ekdal, Jankto; Quagliarella, Gabbiadini (Ramírez, Caprari).
Treinadores: Eusebio Di Francesco (até a 7ª rodada) e Claudio Ranieri (desde então)
Destaque: Albin Ekdal, meio-campista
Artilheiro: Manolo Gabbiadini, com 4 gols
Garçom: Karol Linetty, com 2 assistências
Decepção: Fabio Quagliarella, atacante
Expectativa: Não ser rebaixada

Se compararmos o desempenho das equipes na atual temporada com o que elas produziram em 2018-19, veremos que a Sampdoria é uma das participantes da Serie A que teve brusca queda de rendimento: são 11 pontos a menos em relação à campanha anterior. Só o Napoli, com déficit de 17, conta com números piores.

O redimensionamento de expectativas dos dorianos, que sonhavam com briga por vaga na Liga Europa e agora lutam para não caírem, passa principalmente pelo trabalho negativo de Di Francesco nas rodadas iniciais e pelo jejum de Quagliarella, artilheiro do último Italiano. DiFra somou apenas uma vitória em sete partidas e se notabilizou por montar uma linha defensiva muito alta, inadequada às características de seus jogadores. Ranieri corrigiu o problema da zaga, que passou a conceder menos para os adversários, mas o ataque ainda fica devendo.

Entre as opções que Don Claudio tem em mãos, Gabbiadini é a que se mostrou mais confiável nessa temporada. Isso porque, após dois anos de sonho, Quagliarella voltou a ter uma média de gols mais próxima à que apresentou no restante de sua carreira – para efeito de comparação, a essa altura da última Serie A, o campano havia anotado 10 tentos; agora tem apenas três. Fabio não é um goleador, mas se saiu bem na função de referência até sucumbir à desorganização do time de Di Francesco e ao pequeno ímpeto ofensivo que a Samp mostra com Ranieri. Apesar dos problemas, a Sampdoria dificilmente cairá: afinal, tem um elenco qualificado e experiente, além de um treinador que sabe tirar leite de pedra.

Lecce

Falco, do Lecce (Getty)

16ª posição. 17 jogos, 15 pontos. 3 vitórias, 6 empates, 8 derrotas. 22 gols marcados, 35 sofridos.
Time-base: Gabriel; Rispoli, Lucioni, Rossettini, Calderoni; Petriccione, Tachtsidis, Majer; Mancosu (Shakhov); Lapadula (Babacar, La Mantia), Falco (Diego Farias).
Treinador: Fabio Liverani
Destaque: Filippo Falco, atacante
Artilheiro: Marco Mancosu, com 5 gols
Garçom: Jacopo Petriccione, com 4 assistências
Decepção: Gianelli Imbula, meio-campista
Expectativa: Não ser rebaixado

Quer ver gols? Assista ao Lecce. Os jogos da equipe apuliana só não tiveram mais bolas nas redes do que os de Atalanta e Sassuolo – 68 e 58, respectivamente, contra 57. E não é porque os salentinos vivem sendo goleados, não. A defesa não é das melhores, de fato, mas os lupi só levaram sacoladas de Inter e Napoli, nas rodadas iniciais. Mesmo nessas partidas, porém, o time de Liverani se notabilizou por tentar revidar: não se furtou a agredir os adversários e ter a posse de bola.

Surpreendeu o fato de o treinador ter decidido manter a mesma abordagem utilizada nas campanhas dos acessos à Serie B e à elite. Liverani acabou acertando ao não tolher a vocação ofensiva de seu elenco apenas para tentar segurar resultados. Na verdade, a decisão surtiu efeito inverso, já que os giallorossi obtiveram pontos importantes em sua trajetória – venceram Torino e Fiorentina e conseguiram empates contra Juventus e Milan. Nesse ínterim, a defesa bateu cabeça diversas vezes e cometeu erros primários, o que deu ainda mais razão ao técnico.

Apesar do futebol agradável e de destaques como Petriccione, Falco e Mancosu, o Lecce vem caindo de produção nas últimas rodadas. A impressão é que o cerne do elenco, recheado de jogadores com pouca ou nenhuma experiência na elite, começa a sentir o desgaste físico, impulsionado pelo nível de exigência da categoria e pelas muitas partidas em que os salentinos pontuaram com gols nos 20 minutos finais – quatro, no total. É nítido como esses atletas têm deixado o máximo em campo, mas esse esforço digno de aplausos pode cobrar uma conta bem salgada mais adiante.

Fiorentina

Chiesa e Ribéry, da Fiorentina (Getty)

15ª posição. 17 jogos, 17 pontos. 4 vitórias, 5 empates, 8 derrotas. 21 gols marcados, 28 sofridos.
Time-base: Dragowski; Milenkovic, Pezzella, Cáceres; Lirola, Pulgar, Badelj, Castrovilli, Dalbert; Chiesa, Ribéry (Vlahovic, Boateng).
Treinadores: Vincenzo Montella (até a 17ª rodada) e Giuseppe Iachini (a partir de 2020)
Destaque: Gaetano Castrovilli, meio-campista
Artilheiros: Quatro jogadores, com 3 gols
Garçons: Dalbert e Federico Chiesa, com 3 assistências
Decepção: Pedro, atacante
Expectativa: Meio da tabela

Depois de alguns anos de entressafra, a Fiorentina parecia capaz de ser bastante competitiva em 2019-20. Contudo, o tiro saiu pela culatra no primeiro turno da Serie A e a equipe já se vê novamente em dificuldades: a crise de resultados não era esperada, visto que o novo presidente do clube, Rocco Commisso, fez investimentos relevantes, como as aquisições de Franck Ribéry, Kevin-Prince Boateng, Pedro e Erick Pulgar.

Uma confluência de fatores contribuiu para o cenário da Viola. Chiesa não vem sendo decisivo; Pulgar ainda não apresentou bom futebol; jogadores experientes como Milan Badelj e Boateng não estão em momento brilhante; Pedro não se adaptou; e, ainda por cima, Ribéry lesionou o tornozelo em dezembro, antes de atingir seu melhor nível físico. Apesar disso tudo, o problema maior era Montella, que vem regredindo como treinador e teve uma vexatória segunda experiência na Fiorentina. O treinador venceu apenas seis dos 27 jogos pelo clube – na Serie A, somente quatro de 24.

Sucessor de Montella, Iachini não é o melhor nome possível para a Fiorentina, mas é capaz de garantir uma reta final de Serie A mais tranquila. Nessa trajetória, no aguardo da recuperação de Ribéry, o treinador terá como objetivos potencializar Chiesa e Pulgar, além de manter Castrovilli (melhor notícia da temporada gigliata) em alto nível e recuperar Marco Benassi. O meia, que é dinâmico e chega bem ao ataque, foi mal utilizado na atual campanha violeta.

Udinese

De Paul, da Udinese (Getty)

14ª posição. 17 jogos, 18 pontos. 5 vitórias, 3 empates, 9 derrotas. 13 gols marcados, 28 sofridos.
Time-base: Musso; Rodrigo Becão (De Maio), Troost-Ekong, Samir (Nuytinck, Opoku); Stryger Larsen, De Paul, Mandragora, Jajalo (Fofana), Sema; Okaka (Nestorovski), Lasagna.
Treinadores: Igor Tudor (até a 10ª rodada) e Luca Gotti (desde então)
Destaque: Juan Musso, goleiro
Artilheiros: Kevin Lasagna e Stefano Okaka, com 3 gols
Garçom: Seko Fofana, com 2 assistências
Decepção: Lukasz Teodorczyk, atacante
Expectativa: Não ser rebaixada

O início dos anos 2010 marcou um dos períodos mais gloriosos da história da Udinese. Foram tempos em que o time ficou entre os cinco primeiros colocados da Serie A por três vezes e, em duas ocasiões, garantiu vaga nos playoffs da Champions League. A década, porém, também reservou à equipe seus momentos mais dramáticos desde que retornou à elite, em 1995. Após as belas campanhas entre 2010 e 2013, a agremiação friulana não conseguiu superar a 12ª colocação e acumulou brigas contra o rebaixamento – como acontece em 2019-20.

A trajetória errática de um clube que parece à deriva fica evidente quando um mesmo treinador (Tudor) é chamado duas vezes consecutivas para apagar incêndios e, na primeira oportunidade de começar a temporada, acaba sendo demitido depois de 10 rodadas. A decadência fica ainda mais escancarada quando a diretoria, encabeçada por Giampaolo Pozzo, mantém seu auxiliar como interino sem de fato efetivá-lo pelo restante da campanha. Gotti teve sua última experiência como treinador em 2009, na Triestina, e desde então foi colaborador de Roberto Donadoni em Cagliari, Parma e Bologna, e de Maurizio Sarri, no Chelsea.

Vale destacar que essa sequência de equívocos só não terminou (ainda, ao menos) com a consolidação do namoro com a Serie B por causa dos resquícios de uma dilapidada política de valorização de jovens jogadores. Alguns deles (Musso, Fofana, Rolando Mandragora e Rodrigo De Paul, por exemplo) compõem um bom onze inicial e vão mantendo a Udinese na elite. Só que o futuro deles no Friuli é incerto. Como há interesse de outros times em seu futebol, é possível que os bianconeri se desfaçam de peças ainda em janeiro. Por isso, paira no ar uma dúvida pertinente: visto que a diretoria não tem investido com o mesmo vigor de outrora para manter o nível da equipe, em que condições a agremiação de Údine continuará brigando pela permanência?

Sassuolo

Berardi, do Sassuolo (Getty)

13ª posição. 17 jogos, 19 pontos. 5 vitórias, 4 empates, 8 derrotas. 29 gols marcados, 29 sofridos.
Time-base: Consigli; Toljan, Marlon, Romagna (Ferrari), Peluso (Kyriakopoulos); Obiang, Locatelli (Magnanelli); Berardi, Duncan (Traorè), Boga; Caputo.
Treinador: Roberto De Zerbi
Destaque: Domenico Berardi, atacante
Artilheiros: Francesco Caputo e Domenico Berardi, com 8 gols
Garçom: Alfred Duncan, com 4 assistências
Decepção: Vlad Chiriches, zagueiro
Expectativa: Meio da tabela

Forte o suficiente para não se misturar à briga contra o rebaixamento, irregular demais para sonhar com algo além de uma campanha tranquila, concluída no meio da tabela. Desde a última temporada, com um receituário que inclui um ataque insinuante e uma defesa despreocupada, é esse o saldo de De Zerbi no comando do agradável Sassuolo.

Em seu segundo ano na Emília-Romanha, porém, o treinador lombardo não conseguiu ainda fazer o time ter aproveitamento superior ao de 2018-19, apesar de ter um elenco mais qualificado em suas mãos. As atuações são melhores do que as do campeonato anterior, mas os neroverdi não conseguiram dar um salto de qualidade, como mostram os resultados. O Sassuolo venceu apenas um confronto contra os 10 atuais primeiros colocados (bateu o Bologna) e perdeu só para a Fiorentina, se considerarmos os embates contra times da parte de baixo da tabela. É um rendimento condizente ao de sua classificação.

Ainda que esteja destinado a concluir o campeonato na região em que já se encontra – algumas posições acima ou abaixo –, o Sassuolo tem muitos pontos positivos. Sua maior força é o ótimo trio de ataque, que foi fortalecido por Caputo. Ciccio se encaixou perfeitamente nos mecanismos dos neroverdi e tem seu futebol complementado por Berardi e Jérémie Boga, pontas que atuam invertidos e dão um peso ainda maior às ações da equipe. O setor ainda é apoiado por meias físicos e de boa chegada, como Duncan, Hamed Traorè, Pedro Obiang e Manuel Locatelli. No segundo turno, o lateral-esquerdo brasileiro Rogério, que passou a primeira parte do campeonato no estaleiro, deve dar ainda mais opções aos emilianos na construção de jogadas.

Verona

Amrabat, Di Carmine e Miguel Veloso, do Verona (Getty)

12ª posição. 16 jogos, 19 pontos. 5 vitórias, 4 empates, 7 derrotas. 17 gols marcados, 20 sofridos.
Time-base: Silvestri; Rrhamani, Kumbulla (Dawidowicz), Günter; Faraoni, Amrabat, Miguel Veloso, Lazovic; Zaccagni, Pessina (Verre); Di Carmine (Stepinski, Salcedo).
Treinador: Ivan Juric
Destaque: Sofyan Amrabat, meio-campista
Artilheiro: Samuel Di Carmine, com 3 gols
Garçons: Davide Faraoni e Mattia Zaccagni, com 3 assistências
Decepção: Salvatore Bocchetti, zagueiro
Expectativa: Não ser rebaixado

Some um mercado horroroso a um treinador limitado, poucas ideias em campo, um time que não tem vergonha de jogar “feio” e temos o grande milagre da temporada italiana. O Verona parecia destinado a passar o campeonato na zona de rebaixamento, segurando a lanterna, mas conseguiu resultados surpreendentes e terminou 2019 com seis pontos de vantagem sobre o Z3.

A escolha por Juric não parecia apropriada – o croata tinha média de menos de 1 ponto por rodada na elite –, assim como não aparentava ser inteligente buscar diversos refugos de um Genoa que por pouco não foi rebaixado. No entanto, o treinador superou as desconfianças e montou um sistema defensivo forte, com Amir Rrhamani e Marash Kumbulla como destaques, ainda que o ex-rossoblù Koray Günter seja o ponto fraco. Se o turco-alemão está mal, outros jogadores provenientes do Grifone têm atuado bem. Miguel Veloso, em especial, é o ritmista do time e vem dividindo a responsabilidade de carregar o piano com Amrabat, melhor reforço dos butei.

No primeiro turno, o Hellas venceu concorrentes diretos pela permanência e foi capaz de engrossar o caldo contra equipes grandes: ofereceu dificuldades a Juventus, Inter e Milan, além de Atalanta e Cagliari, que estão bem colocados. Contudo, como o seu estilo de jogo é baseado quase que inteiramente na preparação física, a tendência é que o time passe por apuros conforme a campanha atinja momentos críticos, com sequências de partidas e maior pressão – já foi possível verificar diminuição de performance nos últimos jogos. Se jogadores importantes (como Rrhamani e Amrabat) forem negociados em janeiro, fazer com que a retranca continue funcionando será ainda mais complicado. Que os torcedores não sosseguem: a temporada dos mastini será longa.

Milan

Piatek, do MIlan (Getty)

11ª posição. 17 jogos, 21 pontos. 6 vitórias, 3 empates, 8 derrotas. 16 gols marcados, 24 sofridos.
Time-base: Donnarumma; Conti (Calabria), Musacchio, Romagnoli, Hernandez; Kessié, Bennacer (Biglia), Lucas Paquetá (Bonaventura); Suso, Piatek (Rafael Leão), Çalhanoglu.
Treinadores: Marco Giampaolo (até a 7ª rodada) e Stefano Pioli (desde então)
Destaque: Theo Hernandez, lateral-esquerdo
Artilheiros: Krzysztof Piatek e Theo Hernandez, com 4 gols
Garçom: Suso, com 2 assistências
Decepção: Suso, atacante
Expectativa: Vaga em competição europeia

Encerrar o ano com a maior goleada sofrida em mais de duas décadas (5 a 0 para a Atalanta) dá a dimensão do buraco em que o Milan está metido. Um poço do qual Zlatan Ibrahimovic, aos 38 anos, não será capaz de tirar o clube sem a ajuda dos demais jogadores milanistas, do técnico Pioli e, claro, da diretoria. A contratação do craque sueco oferece alguma injeção de ânimo principalmente nos torcedores, mas é necessário repensar a agremiação. Isso está sendo feito, conforme indicam as declarações de Ivan Gazidis e Zvonimir Boban, mas não dará resultados imediatos.

O fato é que a temporada rossonera tem erros em demasia, que comprometeram o seu andamento. Giampaolo, por exemplo, foi uma escolha inadequada da diretoria. Não por sua qualidade, mas porque os cartolas não tinham confiança total em suas ideias, o que gerou intranquilidade nos bastidores e baixa tolerância a sequências negativas – e, é verdade, o técnico também preferiu morrer abraçado às suas convicções do que adaptá-las ao plantel. A opção por Pioli, um mero paliativo, também não foi boa: passou a sensação (para os jogadores, inclusive) de que não havia mais ambições na campanha, com 31 rodadas a serem disputadas na Serie A e a Coppa Italia pela frente.

De fato, o campeonato acabou ali para os rossoneri: partida após partida, a Liga Europa parece mais distante. Não em termos de pontuação – hoje, são oito pontos atrás do Cagliari, sexto colocado, e as chances aumentam por conta da copa –, mas devido ao fraco desempenho da equipe em comparação com suas concorrentes. Pioli faz o time jogar melhor do que seu antecessor, mas o Diavolo simplesmente não decola. Ismaël Bennacer, Suso, Paquetá e Piatek deveriam ser pilares rubro-negros, mas são sombra do que já mostraram anteriormente e sofrem para se adaptar ao técnico. O sucesso de Ibra e, consequentemente, do Milan, passa pela recuperação dessas peças. Será possível?

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