Feliz ano novo, caros leitores! No início dessa semana, ainda em 2019, trouxemos a primeira parte do balanço de inverno da Serie A, com os times posicionados na metade inferior da tabela. Agora é hora de analisarmos o filé da competição: os 10 primeiros colocados. Falamos sobre a acirrada briga de Inter e Juventus pelo scudetto e também avaliamos as campanhas de Lazio, Roma, Atalanta e Cagliari, que têm agradado. Confira os nosso pitacos!
Publicado também na Trivela.
Torino
10ª posição. 17 jogos, 21 pontos. 6 vitórias, 3 empates, 8 derrotas. 22 gols marcados, 26 sofridos.
Time-base: Sirigu; Izzo, Nkoulou, Bremer; Ansaldi, Baselli, Rincón, Meïté (Lukic), Aina (De Silvestri); Belotti, Verdi (Zaza, Berenguer).
Treinador: Walter Mazzarri
Destaque: Andrea Belotti, atacante
Artilheiro: Andrea Belotti, com 7 gols
Garçom: Simone Verdi, com 3 assistências
Decepção: Diego Laxalt, ala-esquerdo
Expectativa: Vaga na Liga Europa
O Torino dessa temporada é – ou deveria ser – quase uma cópia do time que obteve grandes resultados em 2018-19 e chegou a se classificar para a Liga Europa. Apesar de o treinador ser o mesmo e o elenco ser quase idêntico ao do último campeonato, os grenás regrediram em termos de performance, especialmente a defensiva. A equipe piemontesa sofreu 37 gols na Serie A anterior, enquanto no torneio atual já levou 26. A média, que era inferior a um por jogo, subiu para mais de 1,5 por rodada.
A torcida granata espera que aconteça neste campeonato o que ocorreu no passado: um crescimento bastante expressivo no segundo turno, ainda que o Toro não dê pistas de que isso vá se efetivar. Afinal, apenas alguns jogadores mantêm o mesmo nível da temporada anterior: Belotti, Cristian Ansaldi e Salvatore Sirigu. Armando Izzo, Nicolas Nkoulou e Soualiho Meïté – muito importantes para o balanço defensivo concebido por Mazzarri, por causa de suas características físicas – são os maiores exemplos de atletas que estão num patamar abaixo do demonstrado em 2018-19.
No fim das contas, os torcedores acabaram acertando em reclamar da diretoria pelo baixo número de reforços na janela. Só três chegaram com expectativa de ter uma quantidade considerável de minutos e dois deles, Verdi e Laxalt, ainda não conseguiram se inserir direito num esquema que se imaginava adequado para suas características. Já Lyanco, que teria oportunidades após os meses positivos no Bologna, se encontra no estaleiro. É onde também está Iago Falque: o espanhol mal pisou em campo na temporada por causa de problemas físicos e só deve voltar em meados de fevereiro. Sua ausência é fundamental para entender a baixa produtividade ofensiva grená.
Bologna
9ª posição. 17 jogos, 22 pontos. 6 vitórias, 4 empates, 7 derrotas. 27 gols marcados, 29 sofridos.
Time-base: Skorupski; Tomiyasu, Denswil (Danilo), Bani, Krejci (Mbaye); Poli, Medel (Svanberg); Orsolini, Soriano (Dzemaili), Sansone; Palacio.
Treinador: Sinisa Mihajlovic
Destaque: Riccardo Orsolini, atacante
Artilheiro: Rodrigo Palacio, com 5 gols
Garçom: Riccardo Orsolini, com 4 assistências
Decepção: Mattia Destro, atacante
Expectativa: Meio da tabela
A temporada do Bologna começou com ares de drama, por conta da revelação de que Mihajlovic lutaria contra a leucemia. A resposta dos jogadores foi uma das maiores amostras de elenco fechado com o treinador na história do futebol: a cada vitória, uma visita ao hospital em que o sérvio estava internado para homenageá-lo. O técnico, que fez um transplante de medula óssea e já retornou às atividades laborais quase integralmente, chegou a orientar seus jogadores enquanto assista a treinamentos através do Skype. Parece que deu certo, já que os felsinei realizam um belo campeonato.
Na prévia para a temporada, salientávamos que o plantel do time bolonhês era o melhor formado na gestão do presidente Joey Saputo – méritos do cartola, dos diretores Walter Sabatini e Riccardo Bigon e também de Mihajlovic. A defesa ainda fica devendo de vez em quando, já que Mattia Bani não funciona muito bem no mano a mano e nem Ladislav Krejci nem Ibrahima Mbaye são grandes marcadores. Contudo, o saldo é muito positivo, principalmente quando o “quarteto mágico” dos veltri está em ação. Roberto Soriano e Nicola Sansone são bons coadjuvantes desse grupo, que tem como destaques Palacio e Orsolini.
Verdadeiro “highlander” do futebol, o argentino, de quase 38 anos, colocou Federico Santander e Mattia Destro no banco por causa da sua grande contribuição coletiva. O atacante se dedica para marcar, raramente se cansa e ainda tem aproximado sua média de gols à obtida nos seus melhores anos de Itália, com as camisas de Genoa e Inter. Orso é um show à parte. Habilidoso, agudo e grande finalizador, é o motorzinho do Bologna e um dos principais candidatos a surpresa na lista de Roberto Mancini para a Euro 2020. O jovem ponta já estreou pela seleção e, como a fase é excelente, balançou as redes logo na estreia pela Nazionale.
Napoli
8ª posição. 17 jogos, 24 pontos. 6 vitórias, 6 empates, 5 derrotas. 27 gols marcados, 22 sofridos.
Time-base: Meret (Ospina); Di Lorenzo, Koulibaly, Manolas, Mário Rui (Luperto); Callejón, Allan (Elmas), Ruiz, Zielinski; Mertens (Milik, Llorente), Insigne (Lozano).
Treinadores: Carlo Ancelotti (até a 16ª rodada) e Gennaro Gattuso (desde então)
Destaque: Giovanni Di Lorenzo, lateral-direito
Artilheiro: Arkadiusz Milik, com 6 gols
Garçons: Lorenzo Insigne e José Callejón, com 4 assistências
Decepção: Lorenzo Insigne, atacante
Expectativa: Vaga na Liga dos Campeões
Se alguém apostou que, a essa altura do campeonato, o Napoli estaria tão distante da zona de classificação para a Liga dos Campeões, temos a obrigação de dar-lhe os parabéns: esse suposto apostador deve estar numa ilha paradisíaca, curtindo a sua fortuna. Não havia motivos razoáveis para acreditar que os partenopei cairiam tanto de rendimento entre duas temporadas e fossem capazes de ganhar o simbólico troféu de decepção da Serie A. Os azzurri têm 17 pontos a menos do que haviam conquistado nas 17 primeiras rodadas de 2018-19.
Embora uma queda tão acentuada não estivesse no horizonte dos analistas, é impossível negar que os sintomas que levaram o Napoli ao meio da tabela já assolavam o elenco desde meados de 2018. Maurizio Sarri ainda comandava os azzurri quando o ataque partenopeo já precisava ter um enorme volume de jogo para conseguir transformar o domínio em gols. Sarri também era o treinador quando o time tinha duradouros momentos de apatia ou quando Insigne foi, pouco a pouco, reduzindo sua produtividade. Tanto com o atual técnico da Juventus quanto com Ancelotti – principalmente com Carletto – essas questões acabavam mascaradas pelos resultados e por resquícios do brilhantismo de outrora.
Essa queda de performance está intimamente relacionada aos atritos entre o presidente Aurelio De Laurentiis e os jogadores mais experientes do Napoli. A relação se desgastou ainda mais quando os senadores lideraram um motim que ocasionou, dias depois, a saída de Ancelotti – bastante ligado à diretoria – e a contratação de Gattuso. O fato é que um novo ciclo irá começar em Nápoles em 2020-21, sem Rino e, possivelmente, sem Insigne, Allan, Callejón e Dries Mertens. Para que essa nova era seja positiva para os azzurri, contudo, se classificar novamente à Liga dos Campeões é fundamental. Mas quem não deve permanecer em Fuorigrotta terá disposição suficiente para redobrar a dedicação e galgar posições na tabela? Hoje, a equipe campana está 11 pontos atrás da Roma, quarta colocada. O trabalho será hercúleo.
Parma
7ª posição. 17 jogos, 25 pontos. 7 vitórias, 4 empates, 6 derrotas. 24 gols marcados, 20 sofridos.
Time-base: Sepe; Darmian, Iacoponi, Bruno Alves, Gagliolo; Hernani, Brugman (Scozzarella), Barillà (Kucka); Kulusevski, Cornelius (Inglese, Sprocati), Gervinho.
Treinador: Roberto D’Aversa
Destaque: Dejan Kulusevski, meia-atacante
Artilheiro: Andreas Cornelius, com 5 gols
Garçom: Dejan Kulusevski, com 7 assistências
Decepção: Yann Karamoh, atacante
Expectativa: Vaga na Liga Europa
Em 2015, o Parma vivia a página mais triste de sua história e, falido, foi obrigado a disputar a Serie D. Pouco mais de quatro anos depois, o time crociato se vê à frente de adversários de orçamento muito superior, como Milan e Napoli, e sonha com uma vaga na Liga Europa. Quem tem muitos méritos pela atual situação parmense é o técnico D’Aversa, que assumiu a equipe na terceira divisão e vem conseguindo aplicar um modelo de jogo muito sólido desde então. O Parma tem a quinta melhor defesa da competição.
Algumas das peças que D’Aversa costuma utilizar, como Simone Iacoponi e Matteo Scozzarella, estão no grupo desde a disputa da terceirona, o que dá a dimensão do que o treinador constrói. O comandante ítalo-germânico valoriza um elenco que não está entre os 10 melhores no papel e potencializa jogadores medianos, como Cornelius, Antonino Barillà e Riccardo Gagliolo – recentemente aproveitado pela Suécia –, além de recuperar as carreiras dos veteranos Bruno Alves, Juraj Kucka e Gervinho. É para poucos.
As mãos e o cérebro de D’Aversa também projetaram um dos grandes talentos desta Serie A. O versátil e habilidoso Kulusevski, sueco de origem macedônia, não parecia suficientemente pronto para ocupar uma função tão importante no time, mas o treinador confiou nele desde a primeira rodada. O camisa 44 simplesmente se transformou no motor dos ducali: todas as bolas passam pelo meia. Com sete assistências, Dejan só fica atrás de Luis Alberto da Lazio no quesito e está pronto para um salto maior. Até isso acontecer, em junho – Juventus e Inter estão de olho no jogador, que está emprestado pela Atalanta –, Kulusevski tentará levar o Parma para os palcos europeus.
Cagliari
6ª posição. 17 jogos, 29 pontos. 8 vitórias, 5 empates, 4 derrotas. 33 gols marcados, 23 sofridos.
Time-base: Olsen (Rafael); Cacciatore (Faragò), Pisacane, Klavan (Ceppitelli), Pellegrini (Lykogiannis); Nández, Cigarini, Rog (Ionita); Nainggolan (Castro); João Pedro, Simeone.
Treinador: Rolando Maran
Destaque: Radja Nainggolan, meio-campista
Artilheiro: João Pedro, com 11 gols
Garçom: Radja Nainggolan, com 4 assistências
Decepção: Valter Birsa, meio-campista
Expectativa: Vaga na Liga Europa
Antes de a temporada começar, alertávamos que o Cagliari tinha potencial para ser uma das sensações do campeonato. Na primeira parte desta Serie A, a equipe sarda tem cumprido as expectativas criadas a partir das ótimas contratações realizadas no mercado de verão e faz sua melhor campanha desde o início dos anos 1990. A trajetória é simbolizada pelos 13 jogos de invencibilidade, obtidos entre a 3ª e a 16ª rodadas.
Os casteddu perderam peças importantes por lesão, como o goleiro Alessio Cragno e o atacante Leonardo Pavoletti, mas ainda assim conseguiram atingir um alto nível de competitividade. O arqueiro Robin Olsen substituiu bem o antigo titular e tem sido o que a Roma esperava dele quando o contratou: o sueco é um dos líderes da forte defesa montada por Maran. Mesmo sem grandes nomes no setor, como em trabalhos noutros clubes, o treinador voltou a colher frutos com seus preceitos táticos.
Se a zaga sarda não é recheada por jogadores tarimbados, o meio-campo sim – e é o departamento mais interessante do time. Nainggolan lidera a equipe atuando como trequartista e faz um excelente campeonato, coadjuvado por Nández, Cigarini e Rog. O belga divide as responsabilidades com o brasileiro João Pedro, que só havia anotado tantos tentos em 2015-16, na Serie B. O mineiro tomou para si a tarefa de ser o goleador casteddu, já que Pavoletti está fora de ação e Cholito Simeone tem sido mais útil como pivô. Pavoloso retorna no fim do segundo turno, com a expectativa de que o Cagliari ainda esteja firme na briga por uma vaga europeia.
Atalanta
5ª posição. 17 jogos, 31 pontos. 9 vitórias, 4 empates, 4 derrotas. 43 gols marcados, 25 sofridos.
Time-base: Gollini; Rafael Toloi, Palomino, Djimsiti (Masiello); Hateboer (Castagne), De Roon, Pasalic (Freuler), Gosens; Gómez; Ilicic (Malinovskyi), Muriel (Zapata).
Treinador: Gian Piero Gasperini
Destaque: Alejandro Gómez, atacante
Artilheiro: Luis Muriel, com 10 gols
Garçons: Alejandro Gómez e Rafael Toloi, com 4 assistências
Decepção: Guilherme Arana, lateral-esquerdo
Expectativa: Vaga na Liga Europa
A outsider mais admirada dos últimos anos continua sua saga. Assim como em outras temporadas, a Atalanta corre por fora por vaga na Liga dos Campeões e irá superar suas próprias expectativas se conseguir mais uma classificação para o torneio continental. A participação na Champions League 2019-20, com direito a campanha de recuperação e passagem às oitavas de final logo em seu ano de debute, ficará na memória dos nerazzurri por décadas e, por sua unicidade, a extensão desse período virtuoso não é considerada obrigatória pela torcida bergamasca.
Apesar de não pressionar o time de Gasperini por resultados, a torcida atalantina tem motivos para acreditar que seu comandante e o projeto conduzido pelo presidente Antonio Percassi poderão lhe presentear outras vezes. Afinal, não é qualquer trabalho que consegue ser sólido mesmo com os irregulares José Luis Palomino e Berat Djimsiti na defesa e um elenco pouco profundo – ao qual apenas dois reforços, Ruslan Malinovskyi e Luis Muriel, se adaptaram prontamente. A dupla conseguiu segurar as pontas em momentos complicados, devido aos problemas físicos de Josip Ilicic e à lesão de Duván Zapata.
Num contexto em que dois dos três mosqueteiros orobici estiveram fora de ação em parte da campanha, Papu Gómez acabou sendo o líder máximo desta Dea no segundo semestre de 2019, com o auxílio de Rafael Toloi, Marten De Roon, Robin Gosens e Mario Pasalic. Foi o capitão que manteve a intensidade da equipe e a comandou nos seus jogos mais impactantes da temporada – 7 a 1 sobre a Udinese, 5 a 0 sobre o Milan e 3 a 0 sobre o Shakhtar Donetsk, pela UCL. O argentino também será o timoneiro nerazzurro no oceano agitado que aguarda a Atalanta em 2020.
Roma
4ª posição. 17 jogos, 35 pontos. 10 vitórias, 5 empates, 2 derrotas. 33 gols marcados, 17 sofridos.
Time-base: Pau López; Florenzi (Spinazzola), Mancini, Smalling (Fazio), Kolarov; Diawara (Cristante, Pastore), Veretout; Zaniolo, Pellegrini (Perotti), Kluivert (Ünder); Dzeko.
Treinador: Paulo Fonseca
Destaque: Lorenzo Pellegrini, meio-campista
Artilheiro: Edin Dzeko, com 7 gols
Garçom: Lorenzo Pellegrini, com 6 assistências
Decepção: Nikola Kalinic, atacante
Expectativa: Vaga na Liga dos Campeões
Chega a surpreender o fato de que a Roma de Paulo Fonseca tenha alcançado um alto nível de apresentações tão rapidamente. O técnico português teve alguns percalços na montagem do elenco e saiu atrás em relação aos concorrentes, que se aprontaram mais cedo para a temporada. Os giallorossi ainda ficaram dois meses sem Pellegrini, entre o fim de setembro e o fim de novembro. O desfalque foi importante porque o camisa 7 foi transformado por Fonseca no cérebro do time e, atuando como trequartista, vive o momento mais iluminado da carreira.
Transportar Pellegrini para o centro das ações da Roma foi o grande mérito de Fonseca. Lorenzo assumiu a responsabilidade de criar as jogadas dos giallorossi juntamente a Jordan Veretout e elevou o nível do futebol apresentado por Nicolò Zaniolo e Justin Kluivert, cada vez mais decisivos. No comando do ataque, Dzeko continua exercendo seu papel de “regista ofensivo”, distribuindo bolas para seus parceiros e marcando gols importantes, como nos triunfos ante Bologna e Milan.
Se esperava que a Roma de Paulo Fonseca tivesse grande vocação ofensiva, como vem demonstrando, mas não se imaginava que o time tivesse a mesma eficácia na defesa. Nesse sentido, Gianluca Mancini foi um reforço muito importante, por causa de sua versatilidade, e chegou a quebrar o galho como volante quando a Loba viveu uma epidemia de lesões. Porém, o grande nome do setor tem sido Chris Smalling, que atingiu um nível inimaginável por conta de suas apresentações no Manchester United. Se até mesmo o beque inglês está em estado de graça na capital, como duvidar que a Roma pode voltar à Liga dos Campeões?
Lazio
3ª posição. 16 jogos, 36 pontos. 11 vitórias, 3 empates, 2 derrotas. 38 gols marcados, 16 sofridos.
Time-base: Strakosha; Luiz Felipe, Acerbi, Radu; Lazzari, Milinkovic-Savic, Lucas Leiva (Parolo), Luis Alberto, Lulic; Correa; Immobile.
Treinador: Simone Inzaghi
Destaque: Luis Alberto, meio-campista
Artilheiro: Ciro Immobile, com 17 gols
Garçom: Luis Alberto, com 11 assistências
Decepção: Denis Vavro, zagueiro
Expectativa: Vaga na Liga dos Campeões
Em 2018-19, apesar do título da Coppa Italia, a Lazio viveu um forte movimento de inflexão, que parecia antecipar uma renovação no comando técnico e no elenco. No entanto, não houve uma revolução no lado celeste da capital, mas uma restauração: Inzaghi permaneceu e Immobile, Luis Alberto e Sergej Milinkovic-Savic voltaram a apresentar o futebol que havia encantado a Itália em 2017-18. O resultado disso foi avassalador para os aquilotti, que encerraram o ano com o título da Supercopa nacional, duas atuações de gala contra a Juventus e o fim do jejum de 30 anos sem triunfos contra o Milan em San Siro.
Para se ter uma ideia de como a Lazio reencontrou seu tino, algumas estatísticas são esclarecedoras. Não chegamos nem à metade da temporada e a equipe só precisa de 18 tentos para igualar a quantidade de gols que realizou no último campeonato. Com apenas 15 jogos, Immobile balançou as redes 17 vezes e já superou a sua marca de 2018-19. Já Luis Alberto, com 11 assistências, mais que duplicou a sua produção e está quase igualando seus números de dois anos atrás – em 2017-18, colecionou 13 passes-chave para companheiros. Esta é a melhor temporada da carreira do espanhol, que é o maior responsável por fazer da Lazio uma das integrantes do rol de times mais insinuantes do país no momento.
Até agora, a campanha da Lazio beira a perfeição – considerando que a equipe acabou abrindo mão da Liga Europa para focar na Serie A. Há muito otimismo entre os laziali, que vislumbram a possibilidade concreta de voltarem à fase de grupos da Liga dos Campeões, que disputaram pela última vez em 2007-08. Os sonhos, porém, podem ser ainda mais doces e ousados. Como os romanos têm apenas seis pontos a menos que Inter e Juventus e um jogo a menos que as adversárias, não está descartada nem mesmo a disputa pelo scudetto. Teremos uma intrusa na briga?
Juventus
2ª posição. 17 jogos, 42 pontos. 13 vitórias, 3 empates, 1 derrota. 31 gols marcados, 17 sofridos.
Time-base: Szczesny (Buffon); Cuadrado (Danilo, De Sciglio), Bonucci, De Ligt, Alex Sandro; Bentancur (Khedira), Pjanic, Matuidi (Rabiot); Dybala (Bernardeschi); Ronaldo, Higuaín.
Treinador: Maurizio Sarri
Destaque: Paulo Dybala, atacante
Artilheiro: Cristiano Ronaldo, com 10 gols
Garçons: Rodrigo Bentancur e Gonzalo Higuaín, com 4 assistências
Decepção: Matthijs De Ligt, zagueiro
Expectativa: Título
Da última vez em que a Juventus havia encontrado um real adversário pelo scudetto, Sarri estava do lado oponente. Agora, o treinador napolitano veste bianconero e tem a missão de levar a Velha Senhora ao eneacampeonato, superando a Inter, e, principalmente, ao tri da Liga dos Campeões. Afinal, é lógico que a prioridade – ou obsessão – é o troféu europeu, que não vai para Turim há mais de duas décadas.
Na primeira parte da temporada não foi possível ver grandes novidades aplicadas por Sarri no modelo de jogo da Juve, que ainda é bastante “allegriana”. A principal modificação feita pelo campano foi a adoção do 4-3-1-2, que funcionou melhor com Dybala com liberdade para circular. O argentino, aliás, bateu o pé para permanecer no clube e voltou a render em altíssimo nível, chegando a ofuscar Cristiano Ronaldo, que não esteve 100% fisicamente no último semestre. Mesmo assim, o “robozão” fez 10 gols na Serie A.
Outra novidade trazida por Sarri foi a recuperação de Higuaín, anteriormente descartado. Quando os três astros atuaram juntos, foram bem e há grande expectativa que o tridente volte a ser experimentado outras vezes no campeonato. Os bianconeri também esperam que Miralem Pjanic e Bentancur ganhem um parceiro à altura no meio-campo, já que nenhum dos jogadores testados pelo lado esquerdo do setor corresponderam. Por fim, os juventinos anseiam que De Ligt continue evoluindo, como mostrou nas últimas partidas de 2019, e deixe para trás o terrível início de experiência em Turim. Com esses pequenos ajustes, o fortíssimo e extenso elenco piemontês dará conta de se dedicar a duas frentes com o máximo de competitividade.
Inter
1ª posição. 17 jogos, 42 pontos. 13 vitórias, 3 empates, 1 derrota. 36 gols marcados, 14 sofridos.
Time-base: Handanovic; Godín (Bastoni), De Vrij, Skriniar; Candreva (D’Ambrosio), Barella, Brozovic, Vecino (Gagliardini, Sensi), Biraghi (Asamoah); Lukaku, Martínez.
Treinador: Antonio Conte
Destaque: Lautaro Martínez, atacante
Artilheiro: Romelu Lukaku, com 12 gols
Garçons: Antonio Candreva e Marcelo Brozovic, com 4 assistências
Decepção: Alexis Sánchez, atacante
Expectativa: Título
Quer ter um time competitivo rapidamente? Pergunte-lhe como: Conte saberá dar respostas, e na prática. O treinador é capaz de produzir resultados positivos com pouquíssimo tempo de trabalho. Foi assim no Bari e no Siena (acesso à elite), Juventus e no Chelsea (títulos nacionais) e na seleção italiana, que conseguiu ser competitiva e avançar até as quartas de final da Eurocopa mesmo com um elenco mediano. Na Inter, o apuliano vem obtendo resultados similares e disputa o scudetto testa a testa com a sua amada Velha Senhora.
A diretoria nerazzurra fez investimentos importantes – Lukaku e Nicolò Barella foram as contratações mais caras da história do clube –, incrementando a base montada por Giuseppe Marotta e Piero Ausilio nos tempos de Luciano Spalletti, e o elenco ficou mais forte. Mesmo tendo perdido parte de seus meio-campistas em um momento importante da temporada, o que contribuiu para a queda na fase de grupos da Champions League, a equipe continuou competitiva em solo nacional e manteve a liderança da Serie A, empatada em pontos com a Juventus. Sem UCL, é provável que Conte dará prioridade ao Italiano em detrimento da Liga Europa. Afinal, seu time já mostrou que pode lutar pelo scudetto.
Durante o período em que Barella e Stefano Sensi ficaram afastados dos gramados, a Inter resolveu seus problemas quase sempre com arroubos individuais de Martínez e Lukaku, que fazem uma das grandes duplas da temporada europeia – juntos, eles anotaram 20 dos 36 tentos dos nerazzurri. No entanto, o funcionamento coletivo do time de Conte ficou evidente quando as suas principais peças estiveram à disposição. Veremos como o time se comportará a partir do fim de semana, quando a Beneamata volta a campo e só terá Kwadwo Asamoah no departamento médico.