Quando viajaram até o Estádio do Dragão para enfrentar o Porto, Pirlo e os jogadores da Juventus já sabiam do desafio que viria pela frente: enfrentar uma equipe compacta, muito dedicada defensivamente e que lhes obrigaria a furar o bloqueio defensivo. Mesmo que esteja oscilando em sua liga nacional, a equipe treinada por Sérgio Conceição é conhecida por elevar o sarrafo nos jogos grandes. E o fez: foi dominante, aplicou 2 a 1 sobre a equipe italiana e, com o triunfo no jogo de ida das oitavas de final da Champions League, largou com vantagem no duelo.
A Vecchia Signora sabia que iria precisar sair jogando com qualidade, trabalhar bem as progressões e ser paciente de um modo geral. Pirlo sempre trabalha com uma saída de bola em três jogadores desde que assumiu o cargo em Turim, mas normalmente segurava o lateral direito – quase sempre Danilo – para realizar o serviço. Nos últimos jogos, testou um volante (Bentancur ou Rabiot) entre os zagueiros, com Danilo e Alex Sandro trabalhando por dentro, formando o trio central.
Contudo, antes que pudéssemos ter uma ideia de qual cenário seria explorado, foi o Porto quem saiu na frente. Bentancur apareceu como opção de passe, Szczesny tocou a bola e o volante, pressionado por Sérgio Oliveira, calculou mal a força do passe ao devolver a bola ao goleiro. Taremi estava muito esperto para roubar a bola e marcar, com 63 segundos de bola rolando – o terceiro gol mais rápido que a Juve levou numa Liga dos Campeões.
Se o cenário esperado já era de um Porto marcando de maneira compacta e sem nenhuma necessidade de conceder os espaços que a Juventus tanto gostaria, com o tento do atacante iraniano, a situação ficou mais complicada para os visitantes. Dentre desse contexto, o primeiro tempo acabou se confirmando uma verdadeira exibição defensiva dos donos da casa. A Juventus tentou trabalhar com sua configuração mais comum, segurando Danilo para fazer a saída de bola, contando com Alex Sandro e Chiesa para abrir o campo, mas pouco ameaçou o goleiro Marchesín.
Taremi e Marega tiravam todo o conforto da saída de bola, seja com Rabiot ou Bentancur. O Porto também realizava dobradinhas pelos lados para evitar a transição rápida da Juventus, enquanto Pepe aparecia com os movimentos corretos para limitar a circulação de Ronaldo e Kulusevski. Com esse desenho, a Juventus ficou com a bola, trabalhou de um lado ao outro, mas jamais conseguiu o passe final, sofrendo para transpor o bloqueio defensivo rival. De modo que terminou o primeiro tempo com uma atuação bastante fraca e, em meio a tudo isso, ainda perdeu Chiellini – lesionado, o capitão deu lugar a Demiral.
A postura da Juventus precisava mudar para a segunda etapa, já que o Porto era um time mais agressivo e jogava com maior velocidade. Contudo, logo no primeiro minuto após o intervalo, os portistas chegaram ao gol outra vez. Manafá partiu pelo lado direito, deixou McKennie e Alex Sandro pelo caminho e rolou a bola para o centro da grande área, onde Marega recebeu com espaço e marcou, com uma finalização que, apesar de defensável, não foi parada por Szczesny.
Ainda mais confortável na partida, o Porto manteve a postura e a concentração, enquanto a Juventus pareceu sentir o baque do resultado. O time italiano errou ainda mais passes, piorou a circulação de bola e abriu ainda mais espaço para as transições dos mandantes, que tiveram duas boas oportunidades de marcar. A primeira com Sérgio Oliveira, que arrancou e finalizou para boa defesa de Szczesny, e a segunda em escanteio cobrado pelo lado esquerdo, que Grujic completou com perigo, fazendo a bola raspar a trave direita da Juventus.
Sem conseguir ser acionado por seus meias, Ronaldo passou a deixar ainda mais a referência do ataque e buscar a bola na zona central do campo. Pirlo tentou ajudar, colocando Morata e Ramsey em campo – o que acabou dando certo. Com mais peças de desequilíbrio para vigiar e com o cansaço se acumulando, o Porto perdeu a concentração em um momento da segunda etapa e a Juventus aproveitou. Alex Sandro lançou Rabiot em profundidade, o francês foi até a linha de fundo e cruzou na medida para Chiesa completar, de primeira, para o fundo da rede.
E não tivemos muito mais no restante da partida. A Juventus reclamou de pênalti em Ronaldo no último lance da partida, mas o árbitro Carlos del Cerro Grande soprou o apito apenas para encerrar o confronto. O Porto foi bastante superior e dominou a equipe de Pirlo através da ocupação de espaços e do controle do ritmo do jogo, mas o 2 a 1 acabou sendo um bom resultado para os bianconeri, ainda que derrotados. Agora, a Velha Senhora precisa apenas de uma vitória simples em Turim para avançar na competição.