Euro Seleção italiana

Em grande atuação, a Itália bateu a Bélgica e se tornou uma das favoritas ao título da Euro

Em Munique, Bélgica e Itália se enfrentaram num jogo que tinha tudo para ser um dos melhores da Euro. O chaveamento fez com que as seleções que praticaram o melhor futebol do continente durante o ciclo 2018-21 se encontrassem muito cedo na competição, já nas quartas de final. Inclusive, o duelo ganhou ares de decisão antecipada para muitos, já que belgas e italianos ratificaram a sua forma durante o verão e alcançaram 100% de aproveitamento no torneio. Neste embate entre gigantes, a Nazionale se impôs: fez 2 a 1 sobre os Diabos Vermelhos e avançou às semifinais para encarar a Espanha.

Tivemos dois tempos bem diferentes, mas com permanente alto nível técnico na Allianz Arena. A Itália de Roberto Mancini tinha o retorno de Chiellini na zaga e contava com todo o seu elenco a disposição, enquanto a Bélgica de Roberto Martínez perdeu Eden Hazard para o duelo e contou com De Bruyne longe das condições ideais de jogo, devido a um problema no tornozelo após falta cometida por Palhinha, de Portugal, nas oitavas. Essas duas questões pautaram os primeiros 45 minutos do duelo.

O estilo de jogo da Itália não traz nenhuma surpresa para quem acompanhou todo o processo de trabalho de Mancio antes da Euro. Contra a Bélgica, os italianos mantiveram as ideias preconizadas pelo treinador e buscaram desde o primeiro minuto controlar a posse de bola, dominar os pequenos detalhes da peleja e progredir dentro de campo. Os belgas tinham uma questão para resolver: pressionarem alto, apostando no roubo da pelota próximo ao gol e correrem o risco de serem punidos caso essa pressão fosse vencida ou esperarem com um bloco mais baixo, trabalhando a ocupação de espaço na entrada da área e apostando nas transições.

Durante todo o primeiro tempo, a equipe de Martínez pareceu perdida quanto ao que desejava fazer, saltando para pressionar em alguns momentos e esperando recuada em outros. Nesse contexto, ainda precisava lidar com um De Bruyne com dificuldade de movimentação. A Squadra Azzurra fez o que tinha que fazer e, com essas vantagens competitivas, criou muito volume de jogo.

Enquanto Insigne marcou o último gol da Itália contra a Bélgica, Immobile teve atuação apagada (LaPresse)

A chave para a Nazionale estava no meio-campo, setor em que Jorginho aparecia como protagonista por conservar o ritmo e Verratti direcionava as ações. Com maior poder de infiltração, Barella formava uma trinca com Insigne e Chiesa, atuando como um dos responsáveis por transformar tudo isso em efetividade ofensiva.

Aos 14 minutos, em lance de bola parada, Bonucci colocou a bola na rede, mas o VAR anulou o gol por duplo impedimento – de Chiellini e Di Lorenzo. Nos instantes seguintes, a Bélgica conseguiu um melhor encaixe de marcação, criou dois bons contra-ataques e Donnarumma foi brilhante para evitar que De Bruyne e Lukaku inaugurassem o marcador. Contra o meia do Manchester City, inclusive, fez uma defesa cinematográfica, pulando no canto direito para espalmar um chute insidioso.

Logo a Itália encontrou soluções para voltar ao controle das ações, Bonucci brilhou com as inversões mais longas e o time partiu em busca do gol. Aos 31, Immobile disputou a bola na grande área e ficou caído, reclamando de pênalti não marcado. A jogada seguiu, Verratti recuperou a posse após erro de Vertonghen e encontrou Barella pela direita. O meia da Inter limpou dois defensores antes de vencer Courtois, marcando um golaço. Aos 44, foi a vez de Barella funcionar com garçom, encontrando Insigne em sua zona favorita, pelo flanco esquerdo. O camisa 10 recebeu e, com um chute de média distância, mandou a bola no canto superior direito de Courtois, marcando outro lindo tento.

O jogo era todo da Itália, que parecia ir ao intervalo com folga no placar. Porém, logo após ao 2 a 0, no último lance da primeira etapa, Doku escapou pela esquerda e acabou derrubado por Di Lorenzo. Lukaku cobrou sem chances para Donnarumma e descontou.

No retorno para o segundo tempo, o cenário da partida mudou bastante. Os belgas assumiram uma postura mais agressiva, subiram as linhas para encaixar na saída de jogo da Itália e conseguiram levar uma sensação de constante perigo ao último campo da Nazionale, principalmente com Doku, pela esquerda. O jovem atacante do Rennes cresceu muito depois do pênalti sofrido e chegou a ficar perto de anotar um golaço, com um chute de longa distância, após se livrar de três adversários.

Chiellini e Verratti celebram Spinazzola após corte providencial ante Lukaku; o lateral sofreu grave lesão pouco depois (imago)

Contudo, se o volume de ações da Bélgica era maior e, desta vez, a seleção tinha uma ideia clara do que fazer, os Diabos Vermelhos ainda encontraram um grande problema: um muro chamado Chiellini. O veterano zagueiro da Juventus teve partida monumental, demonstrando mais uma vez as razões de ser considerado um dos melhores da década. Perfeito pelo alto e muito preciso pelo chão, ajudou o sistema defensivo a controlar Lukaku e, diversas vezes, devolveu a bola a Jorginho para reorganizar o jogo.

Jorginho foi outro jogador de muita importância nesse duelo, que coroou a sua excelente Euro. O ítalo-brasileiro controla o ritmo, facilita as ações da Nazionale e faz o time jogar do jeito que precisa. O terceiro fator azzurro foi Spinazzola. Tão importante no ataque nas outras exibições da equipe, dessa vez o romanista foi decisivo ao evitar que Lukaku empatasse a peleja, com um corte providencial em cima da linha. A provável ruptura do tendão de Aquiles, no final da partida, foi cruel com um dos melhores nomes do time de Mancini.

Mesmo pressionada, a Itália conseguiu evitar que Donnarumma fosse severamente exigido nos últimos minutos e, pouco a pouco, cresceu novamente no jogo. No entanto, a equipe italiana não teve a capacidade de aproveitar as suas chances porque Immobile viveu noite muito apagada. Felizmente para os azzurri, manter o placar inalterado era suficiente para que seguissem em frente na Euro.

A atuação diante da Bélgica confirmou o nível que a Itália vinha apresentando no torneio e serviu para dirimir qualquer dúvida: invicta há 32 partidas e com 13 vitórias seguidas, a seleção está no grupo das melhores do mundo. Na semifinal, em Londres, a Nazionale irá encarar a Espanha pela quarta Eurocopa consecutiva e, se vencer, empata o confronto particular: venceu em 2016, enquanto os ibéricos triunfaram em 2008 e 2012. Um sucesso, principalmente, daria continuidade às noites mágicas que a Squadra Azzurra têm proporcionado a seus torcedores.

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