Serie A

Após ‘dilacerar joelho’ na Juventus, Kaio Jorge tenta volta por cima no Frosinone

Quando o jovem atacante Kaio Jorge deixou o Santos, foi criada uma grande expectativa sobre o seu sucesso na Juventus, que aproveitara uma oportunidade de mercado para acertar com a joia da Vila Belmiro. Entretanto, uma seríssima lesão brecou o desenvolvimento do jogador brasileiro, que vem tentando recolocar a sua carreira nos trilhos em empréstimo ao modesto Frosinone, caçula da Serie A italiana. Após alguns meses no centro da Velha Bota, o pernambucano falou com exclusividade à Calciopédia sobre a tentativa de dar a volta por cima.

A Juventus confia na recuperação de Kaio Jorge: afinal, cedeu o brasileiro ao Frosinone num empréstimo simples, sem opção de compra, no intuito de tê-lo de volta ao fim de 2023-24. Por enquanto, o negócio tem dado certo para todas as partes. O Menino da Vila, que completará 22 anos em janeiro, começou a ganhar ritmo de jogo pelos ciociari e até marcou o seu primeiro gol na Serie A.

No papo com a nossa equipe, Kaio Jorge abriu o coração sobre diversos temas. Entre os destaques, o início de seu percurso na Juventus e os motivos que lhe fazem reencontrar a alegria no Frosinone após se recuperar da contusão que quase o obrigou a pendurar as chuteiras precocemente. “Meu joelho ficou dilacerado e eu cheguei a desmaiar de dor”, revela. Além de contar detalhes sobre o seu drama pessoal, o camisa 9 dos canários contou a sua versão sobre a sua conturbada saída do Santos, reiterou o desejo de voltar a representar a Velha Senhora e falou sobre o ano histórico do time gialloblù, onde divide vestiários com os compatriotas Reinier e Mateus Lusuardi.

Confira, na sequência, a transcrição da entrevista conduzida por Anderson Moura, Caio Bitencourt e Nelson Oliveira, que compõem o time do podcast da Calciopédia. Caso prefira escutar o papo, clique aqui.

Quando começou a receber chances na Juventus, Kaio Jorge se lesionou gravemente em jogo da equipe sub-23 bianconera (AFP/Getty)

Esse podcast dá sorte, viu? Quando a gente agendou essa entrevista, o Kaio Jorge ainda não tinha gols pelo Frosinone, mas pouco antes dessa nossa gravação ele marcou o seu primeiro pelos canários. Kaio Jorge que, aliás, agora é o camisa 9 do Frosinone, mas foi apresentado com a 99. Aí de repente você surgiu com a 9: ela apareceu e você foi lá pegar ela? Como é que foi essa questão?

É um prazer estar falando com vocês. Então, eu fui apresentado com a camisa 99, mas, antes de ser contratado, eu tinha tido uma conversa com o presidente [Maurizio Stirpe], e ele me disse que o centroavante [Gennaro Borrelli] estava pra sair na época e que a 9 logo iria estar disponível. Então, quando ela ficou livre, ele me mandou uma mensagem falando: “é sua”. Aí eu não pensei duas vezes.

Então assim ela não estava voando. Ela estava só guardada para você.

Isso, exatamente.

Você foi formado pela pela base do Santos, um time de DNA tradicionalmente ofensivo e fez parte do elenco que chegou à final da Libertadores com essa premissa. Como foi a transição primeiro para a Juventus do Massimiliano Allegri, que costuma se preocupa um pouco mais com a defesa do que exatamente com o ataque e, depois, como está sendo o trabalho com o Eusebio Di Francesco, que liga bastante para o ataque e sempre teve essas características? E, para não fugir muito do assunto Santos, como você viu o drama santista nesse fim de ano?

Como você falou, o Santos sempre teve um DNA muito ofensivo e desde as categorias de base, a partir do momento em que você pisa ali no sub-11, sub-13, eles te ensinam muito sobre isso, até porque tem muitos ex-jogadores do clube ali, como Abel e Nenê Belarmino. Então é um perfil realmente de ataque, que favorece muito meio-campistas, centroavantes e pontas. Pra mim sempre foi muito bom, porque na base vinha fazendo muitos gols e no profissional tive uma uma sequência boa também, consegui fazer alguns gols.

Assim que eu vim pra Juve mudou tudo, né? Como o Moura falou, aqui existe um perfil mais defensivo e o Allegri prioriza muito a parte de defender. Pra mim também foi bom, porque eu só tinha aquele faro de atacar e aqui eu consegui fazer um pouco mais de pressão, marcar num bloco médio mais bem posicionado… E agora eu voltei pra minha realidade de novo, né? Já que o Di Francesco, aqui no Frosinone, prioriza muito o ataque e o contra-ataque, tipo de jogo que eu gosto muito.

Emprestado ao Frosinone pela Juventus, o brasileiro tem o objetivo de voltar a defender a gigante de Turim (Ansa)

Tem uma coisa que eu vi que aconteceu muito nesse final de semana. Muita gente que não te acompanha, quando você fez o seu gol pelo Frosinone, falou “pô, olha o Kaio Jorge, lembro desse menino no Santos”. Essas pessoas podem não saber da lesão muito séria que você sofreu na Juventus, quando estava recebendo oportunidades. Queria que você falasse sobre a lesão mas também sobre como é voltar dela. Porque imagino que a confiança é a parte mais difícil, né? Às vezes você faz ou não um procedimento, fisioterapia, mas quando retorna tem aquele medo de entrar 100% na jogada. E, ainda falando sobre confiança, esse gol que você fez no último fim de semana te dá um gás diferente do ponto de vista mental?

Foi uma lesão muito complicada. Eu tive uma ruptura de tendão patelar. Foi praticamente a que o Ronaldo teve, porém a minha foi um pouco mais grave porque eu rompi 100% dele. Foi como pegar uma uma faca e cortar ali no meio certinho. Então minha patela ela subiu lá pra coxa e assim que eu me lesionei, que eu olhei pra baixo, meu joelho estava todo dilacerado. Foi uma imagem muito forte e eu cheguei a desmaiar por alguns segundos, de tanta dor que estava sentindo. Aí começa um turbilhão de coisas na cabeça, né? Tinha acabado de chegar na Europa, ia começar a ganhar uma sequência tinha apenas cinco meses de clube, estava sendo bem preparado pra começar a ter minhas oportunidades e me lesionei.

Aí começa a vir um monte de coisas. Você pensa: “O que que será que vai acontecer? Meu Deus, joelho uma lesão muito grave”. Mas eu mantive a calma. E graças a Deus tenho um fisioterapeuta particular que trabalha comigo todos os dias. Ele estava fazendo um trabalho comigo três períodos por dia, até quatro, às vezes, pra voltar aos gramados o mais rápido possível.

Em relação ao meu gol, era uma coisa que eu esperava muito desde que eu pisei na Europa. Só fui ter sequência agora, né? Estou começando a ter uma sequência. Quando eu cheguei estava passando por aquele aprendizado sobre o futebol italiano e quando eu ia começar a jogar, me machuquei. Mas agora estou de volta, sem nenhum problema e muito confiante. Creio que é só questão de tempo pra começar a fazer mais gols.

Antes dessa lesão você saiu do Santos como um destaque e chegou até à Juventus, onde teve Cristiano Ronaldo, um craque de peso, ali do seu lado. Porém, logo no início dessa trajetória você chegou a jogar algumas partidas com o time sub-23 da Juve, na Serie C, até fazendo seu primeiro gol. Como foi para manter o foco com essa montanha-russa, de transitar pelo ápice e pela terceira divisão num curto espaço de tempo?

Quando o jogador é jovem e sai do Brasil como um destaque, de cara ele acha que vai chegar na Europa e vai explodir nos primeiros jogos. Mas não é bem assim, porque aqui eles tem outra cultura e uma visão diferente. Eles priorizam que os jovens aprendam com os mais velhos e treinem bastante pra se adaptarem. No meu caso não foi diferente, assim como aconteceu com o Rodrygo e o Vinicius Junior: quando pisaram aqui na Europa, eles fizeram algumas partidas no no Real Madrid B. Eu fiz apenas duas partidas [pela Juventus sub-23]. Em uma eu fiz um gol e na outra eu me lesionei com poucos minutos de jogo. Mas foi tudo como como Deus queria. Eu me preparei, foram momentos bem difíceis. De dez doutores, oito falaram pra mim que ia ser muito difícil eu voltar a jogar em alto nível. Mas com o meu trabalho, com dedicação eu estou aqui de volta, estou inteiro. Então isso pra mim é muito gratificante.

Kaio Jorge foi apresentado com a camisa 99 no time gialloblù, mas logo herdou a prestigiosa 9 (Arquivo/Frosinone Calcio)

Isso fortalece ainda mais a sua volta, né? É muito interessante. Falando especificamente sobre o Frosinone, para quem não sabe, o time subiu da Serie B e não disputa a Serie A diversas vezes, mas num passado recente teve algumas participações. Não é um time que apareceu do nada. Inclusive, eu me lembro quando o Gerson, que hoje está no Flamengo, quando ele jogava pela Roma ele recebeu uma proposta de empréstimo do Frosinone e, na época, ele não aceitou porque achou que era dar um passo atrás na carreira. Quando você recebeu essa proposta você já sabia como o clube se encaixava no cenário italiano e aceitou de primeira ou teve que pensar um tempo e discutir a opção com sua família e seu agente? Como foi esse processo?

De início, quando você está numa equipe muito grande e surgem propostas ou a diretoria pensa em te emprestar você fica meio “pô, caraca, por quê”? Mas diante de toda a situação, com tudo o que aconteceu comigo, eu parei pra pensar e vi que realmente eu precisava voltar a jogar, voltar pra vitrine e estar bem com meu corpo mesmo, sabe? E aqui foi perfeito, porque eles têm uma parceria com a Juventus e aí eu consigo regular as cargas de treino, em treinos específicos. Eu consegui colocar meu fisioterapeuta pra trabalhar comigo, então meu trabalho de academia eu faço à parte. Está sendo muito bom pra mim, bastante proveitoso, pois eu estou pegando ritmo de jogo. E sei que em breve vou estar voltando pra Juventus.

Queria que você falasse um pouco sobre a diferença de trabalho entre os clubes. Você teve a experiência de Juventus, onde existe uma eterna pressão por ganhar e uma eterna pressão por fazer o melhor, mas como tem sido a pressão no Frosinone? Existe uma sensação de que o time está indo além das expectativas ou as cobranças seguem as mesmas? O Di Francesco cobra do mesmo jeito que o Allegri?

Bom, a Juventus tem um perfil de time vencedor, campeão, que está acostumado a chegar sempre em finais. Então não tenha dúvida que lá a cobrança é muito maior. Mesmo nas partidas fora de casa praticamente são obrigados a ganhar e em casa ainda mais. Um empate, pra eles, é como se fosse uma derrota – e isso mostra que eles realmente estão acostumado a vencerem sempre. Aqui a cobrança no Frosinone não é muito diferente. A gente tem o objetivo de permanecer na Serie A e claro que quanto mais pontos a gente conseguir somar pra atingir outros objetivos a gente vai buscar, jogando pra vencer também.

Kaio, você até acabou de falar que o objetivo do Frosinone é permanecer na Série A e o clube tem ido por um caminho um pouco diferente do que times italianos que tentam se salvar do rebaixamento costumam tomar, que é apostar em poucos veteranos e muitos jovens, como os europeus Stefano Turati, Ilario Monterisi, Caleb Okoli, Arijon Ibrahimovic, e os sul-americanos, como o Matías Soulé, o Reinier, o Mateus Lusuardi, que até estreou contra o Napoli, pela Coppa Italia, e você. Nas outras duas vezes em que participou do Campeonato Italiano, o Frosinone não conseguiu evitar a queda. Como tem sido tentar fazer história nesse elenco repleto de garotos?

São jovens talentos que estão sem nos seus clubes [quase todos os nomes citados estão emprestados aos canários]. O Frosinone abriu as portas pra esses garotos, que estão com muita vontade de jogar e demonstrar que merecem estar nos seus clubes de origem. E aqui está sendo um lugar em que eu estou amadurecendo muito. Saí da minha zona de conforto, na Juventus, e estou precisando treinar mais forte ainda pra poder mostrar pra diretoria de lá e à daqui também. Mas não só pra eles, porque eu me cobro muito a estar sempre jogando bem, em alto nível porque é o nome do do atleta que está em jogo. Então é isso que eu priorizo. Venho dando o máximo nos treinamentos pra, nas partidas, estar muito bem.

Recuperando a forma após grave lesão, Kaio Jorge tem ganhado chances como titular do Frosinone (Getty)

A temporada do Frosinone é histórica até o momento, já que o time jamais tinha feito pontos até essa altura do Campeonato Italiano e chegou às quartas de final da Coppa Italia depois de golear o Napoli, atual campeão da Serie A. A torcida na cidade já está cobrando que vocês vão além ou ainda está apenas contente, achando tudo muito bom?

Cara, está sendo algo muito legal, muito incrível. Quando eu saio aqui na rua, eu pareço o prefeito da cidade, porque eles estão realmente muito felizes com a campanha que a gente vem fazendo. Eles não esperavam que a gente conseguisse atingir essas pontuações e essas vitórias contra grandes clubes. E ontem a gente fez história mais uma vez, né? Levamos o Frosinone para as quartas de final. Você até comentou que eu não tinha jogado ontem, e de fato o professor decidiu poupar alguns atletas pra gente chegar bem no sábado, contra a Juve, no Campeonato Italiano, que pra gente é o mais importante, pra nos mantermos na Serie A. Mas, como eu falei, a cidade está muito feliz com o time e a gente só tem a crescer ainda mais.

Existe a possibilidade, já que o Frosinone se classificou, de cruzar com a Juventus na Coppa Italia. E muito provavelmente você vai jogar contra a Juve na Serie A no fim de semana, dependendo da decisão do treinador, como falou. Vai ser diferente pra você? Vai ser um jogo que você vai ter que mostrar mais ou você acha que você está sendo observado pelo scout bianconero o tempo todo mesmo, independentemente do adversário?

Não, independentemente. Como como você falou agora, em qualquer partida que eu entrar em campo eles estão me observando. Claro que contra a Juventus é melhor ainda, pois vão estar todos ali vendo pessoalmente. Vai ser uma partida muito importante pra mim, na qual eu vou dar meu melhor e tentar desempenhar um bom papel.

Você está num elenco cheio de brasileiros e quase todo mundo ali está na sua primeira na elite. Como é que tem sido a adaptação coletiva de vocês a Frosinone e ao clube? Você, que está há um tempinho a mais na Itália, já passou umas dicas pro Reinier e pro Mateus Lusuardi?

Como já falo italiano, eu vim pra cá mais tranquilo. Aí, em seguida, eu fiquei sabendo que tinha um brasileiro aqui, que era o Mateus e eu ainda não conhecia. Logo depois também veio o Reinier. Então pra mim foi melhor ainda, né? Poder falar português no vestiário, trocar uma ideia. Passa mais tranquilidade pra trocar uma resenha – coisa que todo brasileiro gosta. Então está sendo bem tranquilo.

No Frosinone, o pernambucano Kaio Jorge divide vestiários com o brasiliense Reinier e o paulista Mateus Lusuardi (Getty)

Bom, você está falando que é bom de trocar ideia com um brasileiro e de resenhar. Você já deixou claro aqui e em outras oportunidades que o seu foco principal é voltar pra Juventus, mas eu não posso deixar de te perguntar se uma volta pro Brasil agora está totalmente descartada, porque tem burburinho, né? A gente acompanha as notícias e tem gente falando em alguns clubes interessados em você.

Não, não está descartada. Mas, como eu venho falando aqui, meu objetivo realmente é o de permanecer aqui na Europa, pois eu estou tendo sequência e começando a jogar agora. Não consegui ter uma sequência antes porque eu me machuquei, né? Mas estou disposto a ouvir [propostas]. Ouvir nunca é demais. Quem sabe? Mas estou treinando bem aqui. Times brasileiros realmente me procuraram manifestando interesse, mas eu deixei pro meu estafe resolver essa questão.

A gente está falando um pouco de mercado e o Frosinone tem muitos jogadores que são emprestados, vários até pela Juventus. Como é que está o clima por aí agora, perto da abertura da janela de transferências? O seu time está fazendo um bom trabalho, mas já saiu na imprensa que a Juve pode pedir a volta do Soulé, por exemplo. Essas movimentações podem dar uma nova perspectiva pra temporada do clube e a situação pode ficar delicada se o elenco perder jogadores. Como tem sido nos bastidores?

Nessa reta final seria muito importante que todos permanecessem, porque o Campeonato Italiano é uma competição muito longa, difícil. Todos os times dão trabalho pra enfrentar. E quando você tem um grupo entrosado e unido fica melhor de competir, né? Praticamente 70% dos atletas emprestados ouviram que existe a possibilidade de retornarem para os seus times. Mas essa questão de contratar ou não a gente deixa com os diretores, e se eles sentirem a necessidade em algumas posições, todo mundo vai ser bem-vindo.

Ah, teve uma pergunta do Caio no começo que eu não respondi e lembrei agora, sobre o Santos que foi rebaixado. Foi uma pena pra mim e pra todos os santistas, porque eu tenho um carinho muito grande pelo Santos, por mais que tenha acontecido uma saída um pouco turbulenta. Depois de dois anos, eu queria aproveitar a oportunidade pra falar também sobre algumas questões que aconteceram na época, se vocês estiverem dispostos a ouvir.

Além de ter marcado o seu primeiro gol pelo time gialloblù, contra o Lecce, Kaio Jorge tem sido sondado por outros clubes (Arquivo/Frosinone Calcio)

Vamos fundo, até pra saber o que aconteceu naquele período, quando se criou muita história com a oportunidade de você ir para a Juventus. E se falou muito no Napoli e em alguns outros times, criando uma expectativa, já que, afinal de contas, você é um talento santista e agora tem demonstrado as suas capacidades. Afinal, como foi essa transferência pra Itália?

Bom, eu tinha meu contrato se encerrando. Assim que eu fiquei sabendo que o meu contrato estava acabando, eu chamei um dos diretores da época, quando o [Orlando] Rollo era presidente e estava acontecendo o processo de eleição do [Andrés] Rueda. Eu já tinha meu contrato renovado com o Santos na gestão do Rollo, só que o Rueda estava pra entrar e queria fechar comigo. Acabou que ninguém me procurou e acabaram deixando por isso mesmo. E isso é uma coisa que a torcida não sabe, né? Porque acham que eu procurei a Juventus e assinei, mas não foi bem assim.

Eu tinha um contrato apalavrado com o Santos, com o Rollo e aí deixaram passar, foram deixando e o jogador tem família, precisa de um contrato fixo. Como eu vi que o Santos não tinha me procurado mais, passei a escutar propostas. E quando vem um clube grande da Europa, como a Juventus, é muito difícil você fechar as portas. Todo jogador jovem tem um sonho de jogar aqui na Europa e, como eu estava sem contrato a Juventus veio, outros clubes também. Milan, Benfica, o Napoli também. Acabei assinando o pré-contrato com a Juventus, porque eu não tinha nada certo com o Santos. Depois de uma grande Libertadores, ninguém tinha me procurado.

E aí, claro, depois começaram a falar que eu fui ingrato, que ofereceram um contrato pra mim. Mas vieram a oferecer depois que estava bem perto do fim, sabe? Então eu saí com o errado da história. Mais uma outra coisa que a torcida não sabe foi que eu deixei 3 milhões de euros, que podia ficar pra mim, com esses 18 milhões de reais. Mas eu quis deixar pro clube. Só assinei o pré-contrato porque não tinha nada certo e ainda deixei uma parte pro clube. E depois de dois anos estou aqui tendo essa oportunidade de falar pra eles [torcedores] o que aconteceu realmente.

Isso mostra mais um problema da gestão Rueda, né? Mas, mudando de assunto, como tem sido a competição aí no ataque do Frosinone? O time tem o Soulé, o Ibrahimovic crescendo também e um atacante de Copa do Mundo, o Cheddira, competindo com você. Como é que tem sido essa experiência de competição? Tem sido uma concorrência pesada ou no dia a dia é leve e a resenha é boa?

Está sendo uma disputa bem natural, bem sadia. É claro que vai jogar quem tiver melhor, já que o professor está optando por colocar quem está bem nos treinos e quem está entrando bem nos jogos. Graças a Deus eu tive duas oportunidades agora. No primeiro jogo fui bem, quase marquei, e no segundo fiz o meu um gol. Acredito que que eu venha ter um pouco mais de sequência como titular agora. Quanto mais jogadores estiverem em alto nível, melhor pro clube e pra gente ter mais chances de permanecer na Serie A, que é o mais importante.

Obrigado, Kaio. Caso você queira dar um recado final, sinta-se à vontade.

Eu agradeço pela oportunidade. Queria muito falar em um podcast, mas não não tinha ido atrás. A conversa surgiu naturalmente e puder esclarecer uma coisa que estava dentro de mim há dois anos, sabe? Queria falar, mas só tive a oportunidade agora.

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