Poucas vezes em sua história a Serie A teve uma reta inicial com tantos duelos de peso em sequência. Nas cinco rodadas anteriores, já tivemos, por exemplo, Derby d’Italia, Derby della Capitale e o confronto direto entre Milan e Napoli pela liderança. Neste fim de semana, os rossoneri viajam até Turim para encararem a Juventus, num dos maiores clássicos do país – e que também terá a primeira colocação em jogo. Mais cedo, também no domingo, a grande partida entre Fiorentina e Roma surge como chamativa coadjuvante.
A rodada que antecede a data Fifa de outubro ainda terá outros dois confrontos importantes entre equipes da Lombardia. Em Milão, a Inter encara a surpreendente e invicta Cremonese, enquanto Atalanta e Como medem forças a poucos quilômetros dali, em Bérgamo. Confira, a seguir, a prévia da jornada.
O jogão
Domingo, 5/10, 15h45
Juventus x Milan
O clássico entre Juventus e Milan chega cercado de equilíbrio e tensão – e não poderia ser diferente um duelo desse tamanho, que ainda coloca frente a frente um dos líderes da Serie A e uma equipe postulante ao primeiro lugar do certame. Nas últimas oito partidas entre os gigantes pela competição, o retrospecto é absolutamente simétrico: duas vitórias para cada lado e quatro empates. E o dado mais emblemático é a escassez de gols – apenas oito nesse intervalo, média de um por jogo, quatro para cada lado. A rigidez defensiva ditou o tom, e isso se reflete também no jejum recente do Diavolo no confronto: o time não marcou nos últimos quatro encontros com os bianconeri no campeonato, estabelecendo a mais longa sequência de clean sheets da Velha Senhora ante os rossoneri na história do torneio. A última bola na rede a favor dos lombardos remonta a maio de 2023.
As estatísticas defensivas dos times nesta Serie A reforçam a expectativa de uma partida travada. O Milan é o time que menos permitiu finalizações até aqui – apenas 45 em cinco rodadas. Já a Juventus se destaca pelo número reduzido de chutes no alvo concedidos: somente 13, marca superada apenas pelo Como (12). Vale destacar também que ambas as equipes conseguiram marcar na mesma partida em apenas uma das últimas seis vezes em que se enfrentaram no Piemonte. Um reflexo de como os confrontos recentes foram disputados muito mais no plano tático do que em outros aspectos e que reforçam que o ritmo do clássico tende a ser condicionado por isso e, novamente, produzir um baixo número de gols.
Há motivos para equilíbrio se também levarmos em conta o retrospecto recente dos dois times. A Juventus é uma das três equipes ainda invictas no campeonato, ao lado de Atalanta e Cremonese, e não perde há 10 jogos na Serie A, com seis triunfos e quatro empates. Já o Milan chega embalado: são quatro vitórias consecutivas, a sequência mais longa entre os clubes do torneio. Os rossoneri têm a possibilidade de chegar a cinco sucessos seguidos pela primeira vez desde abril de 2024.
Também há histórias individuais que temperam o duelo. Massimiliano Allegri, segundo treinador com mais partidas pela Juventus (420, atrás apenas de Giovanni Trapattoni), reencontra uma velha conhecida na condição de adversário, mas sem motivos para sorrir, dado seu histórico negativo ante os bianconeri. Entre as adversárias enfrentadas ao menos 10 vezes na Serie A, a Juventus é aquela contra a qual seu aproveitamento é mais baixo – apenas 36,4% de vitórias, percentual resultante de quatro triunfos em 11 duelos, com um empate e seis derrotas. Do outro lado, Pulisic chega ao Allianz Stadium como artilheiro da Serie A, com quatro gols, além de dois passes decisivos, participando de seis tentos no total – ninguém fez mais do que ele até aqui; Paz, do Como, está empatado. Curiosamente, porém, a Vecchia Signora é uma das duas rivais da liga (junto com a Roma) contra as quais o americano jamais conseguiu marcar ou assistir, em três confrontos.
Prováveis escalações
Juventus: Di Gregorio; Gatti, Bremer, Kelly; Kalulu, Locatelli, Thuram, Cambiaso; Adzic, Yildiz; Openda.
Milan: Maignan; De Winter, Gabbia, Pavlovic; Saelemaekers, Fofana, Modric, Rabiot, Bartesaghi; Pulisic, Giménez.
Fique de olho
Sábado, 4/10, 13h
Inter x Cremonese
Inter e Cremonese chegam ao confronto deste sábado empatadas na quinta posição da Serie A e, curiosamente, quem está invicta após cinco rodadas é a modesta equipe visitante, comandada pelo milagreiro Davide Nicola. Com nove pontos em cinco rodadas, o time de Cremona tem o melhor começo de sua história na competição. O desempenho é fruto de duas vitórias nas jornadas iniciais, seguidas por três empates. Aliás, o último registro de pelo menos quatro igualdades consecutivas para os grigiorossi na elite remonta a 1994, quando a sequência chegou a seis.
O time de Milão chega embalado por duas vitórias consecutivas, mas não soma três sucessos seguidos na Serie A desde março. A defesa ainda deixa margem para preocupação: em sete das últimas nove partidas no Giuseppe Meazza pela liga, a Inter sofreu gols, conseguindo apenas dois clean sheets no período. A Cremonese pode tentar aproveitar, considerando a sua boa fase e o desempenho recente em duelos regionais, que também anima os grigiorossi. Eles estão invictos há cinco jogos como visitantes em confrontos lombardos, com um triunfo e quatro empates. A última derrota nesse cenário, no entanto, aconteceu justamente em San Siro, contra a Beneamata, em agosto de 2022.
O histórico entre Inter e Cremonese na Serie A é amplamente favorável aos nerazzurri. Em 16 confrontos, os grigiorossi venceram apenas uma vez, em maio de 1992, quando surpreenderam no Meazza com um 2 a 0. No restante, foram 13 vitórias interistas, incluindo as quatro mais recentes, e dois empates. Em casa, a supremacia da Beneamata se confirma: seis triunfos em oito partidas, com apenas uma igualdade e a já citada derrota. E há um dado curioso: nas cinco vezes em que a Cremo visitou Milão no primeiro turno do campeonato, saiu derrotada.

Depois de tropeço na Liga Europa, a Roma tentará se manter na liderança da Serie A em visita a uma pressionada Fiorentina (Getty)
Domingo, 5/10, 10h
Fiorentina x Roma
O duelo entre Fiorentina e Roma traz à tona uma rivalidade marcada por equilíbrio recente e por estatísticas que ajudam a explicar o momento distinto das duas equipes. A Viola só perdeu um dos últimos cinco encontros contra os giallorossi na Serie A (duas vitórias e dois empates), embora tenha saído derrotada no mais recente, decidido por um gol de Dovbyk em maio. A derradeira vez que os toscanos perderam dois jogos seguidos para a Loba no campeonato remonta a 2021, numa sequência que chegou a cinco derrotas consecutivas.
O fator casa tem sido aliado da Fiorentina nesse confronto: são quatro partidas seguidas sem perder para os romanos no Artemio Franchi pelo Italiano, com três vitórias e uma igualdade, sustentadas por uma média impressionante de 2,8 gols por jogo. A última série mais longa nesse sentido remonta a 1989, quando a Viola ficou 23 incríveis partidas sem cair diante da Roma em Florença. Ainda assim, o ataque giallorosso costuma deixar sua marca: o time foi às redes em 13 dos derradeiros 14 duelos frente aos toscanos, anotando 24 tentos nesse recorte (1,7 por peleja). A única exceção foi o 2 a 0 sofrido em maio de 2022.
O problema para a Fiorentina, neste começo de temporada, está na dificuldade de transformar volume de jogo em resultados. O time ainda não venceu após cinco rodadas (três empates e duas derrotas) e só em duas ocasiões na história da Serie A passou seis partidas sem triunfos na reta inicial do certame: em 1935-36 e 1977-78. As estatísticas ofensivas expõem a raiz da crise: com apenas 27,5% de precisão nos arremates, a Viola ostenta o pior índice dos cinco grandes campeonatos europeus em 2025-26. São apenas 11 finalizações certas até aqui, também o número mais baixo entre as 96 equipes das principais ligas do continente.
O retrato mais ilustrativo desse momento negativo é Kean – carrasco da Roma no passado com três gols. O vice-artilheiro do último campeonato atravessa seca incômoda: é o atacante com mais minutos em campo na Serie A 2025-26 sem ter marcado (450) e também o que mais finalizou sem sucesso (17 chutes). No certame anterior, ao fim da mesma sequência de jogos, já havia balançado as redes duas vezes.
A Roma, em contraste com o momento negativo do ataque gigliato, vive fase de solidez defensiva. A equipe de Gian Piero Gasperini não sofreu gols na última rodada, somando quatro clean sheets nas primeiras jornadas do campeonato – marca superada na história do clube em apenas duas temporadas: 1935-36 e 2013-14, ambas com cinco. A consistência na retaguarda pode pesar num confronto em que a Fiorentina corre ainda outro risco: depois das derrotas em casa para Napoli e Como, pode acumular três tropeços consecutivos em Florença sob um mesmo treinador pela primeira vez desde 1977, quando o técnico era Carlo Mazzone, um romanista histórico.
Demais jogos
Sexta, 3/10, 15h45
Verona x Sassuolo
Sábado, 4/10, 10h
Lazio x Torino
Parma x Lecce
Sábado, 4/10, 15h45
Atalanta x Como
Domingo, 5/10, 7h30
Udinese x Cagliari
Domingo, 5/10, 10h
Bologna x Pisa
Domingo, 5/10, 13h
Napoli x Genoa