A partida contra o Livorno iria inaugurar no Milan uma nova fase. Depois das duas últimas vitórias do time rossonero (somadas com os dois tropeços da Fiorentina), o ânimo estava em alta em Milanello. Tudo turbinado com o bom início de Pato e Paloschi no time principal. Mas o Milan 2007-08 deu mais uma prova de que, ao contrário daquele que venceu a Europa no último ano, não é confiável nos momentos críticos.
Contagiado pelo ânimo da torcida e da imprensa, Ancelotti fez uma aposta arriscada: com Ronaldo e Inzaghi bem distantes do ápice físico, Paloschi foi escalado ao lado de Gilardino. E o 4-4-2 que se mostrou vulnerável em Siena deu lugar ao já testado 4-3-1-2, desta vez com Gourcuff de trequartista. O francês não decepcionou e fez o que dele já é o esperado: nada. Ilhado na armação, a dupla de ataque não recebia bolas em quantidade, muito menos em qualidade, e o jogo modorrento entregava seus espectadores ao sono de Morfeo.
Pulzetti marcou o belo gol do Livorno, que recuou demais após a vantagem e saiu “apenas” com o empate, já que Vidigal levou a mão à bola dentro da grande área e Pirlo converteu. O mesmo Pulzetti ainda perdeu uma ótima oportunidade, livre na área, quando isolou passe de Pasquale. Mas o que rodou jornais e mesas redondas foi o lance do pênalti, por outro motivo. Nele, um dos grandes campeões da atualidade caiu. Outra vez.
Uma informação óbvia, mesmo para quem não tem formação em Medicina, é que em um determinado momento o corpo não suporta mais o ritmo competitivo. Parece ser a atual situação de Ronaldo, que jamais conseguiu engatar uma seqüência de quatro jogos pelo Milan. Sua indisposição para entrar em campo nas últimas partidas, aliás, era notória e divulgada até mesmo pela mídia, para a loucura da direção do clube, avessa a “comunicados” via imprensa. Em Siena, passou apenas um tempo em campo; contra o Livorno, apenas dois minutos.
A lesão desta quarta-feira, no tendão patelar do joelho esquerdo, é uma velha conhecida. Foi a que o tirou seu joelho direito dos gramados por mais de um ano, num Lazio-Inter de 2000. Ronaldo ficará de fora por pelo menos nove meses. Tempo mais que suficiente para que os profetas do apocalipse apostem que, dessa vez, é mesmo o fim da linha para o atacante.
O Ronaldo tem história e, por isso, carisma.
Porém, é fato que não é mais o mesmo já faz um tempo.
Penso que, antes de discutirmos se ele volta ou não a campo, a torcida tem que ser pela saúde dele. No futebol, ele pensa depois.