Em Turim, Ciro Ferrara confirmava poucos minutos antes do jogo: Tiago entraria no lugar de Camoranesi e Giovinco ficaria com a vaga do contundido Diego. Camoranesi vinha mal e já merecia banco mesmo, mas Tiago conseguiu fazer menos do que o ítalo-argentino e praticamente não tocou na bola. Já Giovinco era a substituição certa, não tinha outro. Sem Del Piero, também contundido, o Formiga Atômica se torna o primeiro, e único, substituto de Diego. Soma-se a isso a ausência de Chiellini, que cumpria suspensão pelo cartão vermelho levado contra o Chelsea, na temporada passada. Essa foi a Juventus que entrou em campo contra o Bordeaux, hoje.
Eram desfalques certos e substitutos já conhecidos. Nada que abalasse o clima de favoritismo que reinava nos alpes. O esquema também era o mesmo: 4-3-1-2. A principal diferença entre a Juve 100% da Serie A e essa que entrou em campo hoje estava no “1” do esquema. Pelo nacional, Diego atuou dois jogos completos e mais metade contra a Lazio, antes de sair contundido: foram três vitórias. Hoje, na Liga, Giovinco teve que substituir o brasileiro: e a história foi outra. Foi aí que o roteiro desandou. O esperado era que o jovem e habilidoso selecionável substituísse bem Diego, no entanto, a forte marcação de Diarra praticamente não deixou o baixinho jogar.
E quando deixou, ficou claro que não há uma peça de reposição com as características de Diego. Por mais que Giovinco seja um bom jogador, de habilidade e rapidez, seu jogo difere do do brasileiro, que cadencia mais a partida e distribui bem a bola. Com o jovem italiano em campo a equipe joga diferente, perde em organização no meio. O Formiga Atômica tem um estilo de jogo mais vertical, no qual arranca em direção ao gol, sem abrir pelos cantos e servir os companheiros.
Com isso, a criação juventina ficou prejudicada. Tanto foi assim que quem deu a assistência para o gol de Iaquinta foi Cannavaro, mostrando muita categoria. Gol esse que saiu só aos 18 do segundo tempo, depois de 60 minutos fracos em termos de futebol. O time de Turim mantinha a posse de bola, mas não chegava com perigo ao gol adversário. Já o campeão francês, acomodado com o resultado, não fazia muito esforço para incomodar os donos da casa.
Foi assim até a inauguração do placar. Com a Velha Senhora na frente, o jogo ficou mais aberto e oportunidades apareceram. Não demorou muito para o Bordeaux empatar o jogo, com um gol de Plasil (em impedimento), e voltar ao esquema anterior: defender para contra-atacar. A partir daí, os comandados de Ferrara se lançaram ao ataque, abrindo espaço e tornando o jogo melhor para os espectadores. Foram algumas boas defesas de Buffon (para variar) e algumas chances perdidas pela Juve, principalmente pelos pés de Poulsen, além de uma bola no travessão de Marchisio. Mas o placar não saiu do 1 a 1.
Enquanto isso em Marselha…
…Inzaghi comemorava seu 68º gol em torneios europeus. Com a doppietta de Pippo, o Milan garantiu seus três primeiros pontos, no grupo C, em jogo decidido pelos veteranos. Além do atacante, brilhou também Seedorf, ao ser escolhido por Leonardo para a função de trequartista, colocando Ronaldinho no banco. A escolha do treinador mostrou-se eficiente já nos primeiros 45 minutos de jogo, nos quais o Milan dominou a partida. Seedorf dirigiu muito bem o jogo, inclusive dando os passes para os gols de Inzaghi.
Porém, no segundo tempo, a equipe dirigida por Deschamps voltou melhor e, logo aos 4 minutos, empatou o jogo. Cheyrou cobrou falta na área e o argentino Heinze subiu para igualar, por baixo das pernas de Storari. Com mais posse de bola, o time francês dominava a partida. Cheyrou e Niang davam trabalho no meio campo e só foram parados depois que Leonardo decidiu trocar Ambrosini por Gattuso, que conseguiu diminuir a intensidade da dupla.
Mal até nos contra-ataques, o Milan achou um gol. Aos 28, Zambrotta fez a bola passar pelos pés de Seedorf mais uma vez, que com um belo passe de trivela deixou Inzaghi frente a frente com Mandanda, de novo, para computar mais um. Foi o seu 48º gol em Ligas dos Campeões, sendo 41 deles pelos rossoneri. Assim, o time de Milão conquistou três pontos importantíssimos fora de casa.
Esse não foi o melhor Milan já visto, claro. Mas em relação a outras partidas desse ano, com certeza foi o melhor. Então, resta a Leonardo enxergar isso e continuar com o esquema, barrando o melhor do mundo de 2004 e 2005. Amanhã é a vez de Inter e Fiorentina estrearem. O time de Florença vai à Lyon enfrentar o ex-time de Juninho Pernambucano, e a Inter recebe o Barcelona em casa, no jogo mais esperado da rodada.