Stankovic, voltando a brilhar, brinca: e foi mesmo fácil derrotar o Genoa (AP Photo)
A Inter foi a grande beneficiada pelos resultados desta rodada. Primeiro, porque a Juventus empatou com a Fiorentina em casa, no primeiro jogo da rodada e, depois, por causa da acachapante goleada nerazzurra por cinco a zero sobre o Genoa, no Marassi. Com o empate da Sampdoria no domingo, a Inter abriu dois pontos de vantagem sobre a segunda colocada e quatro em relação a Juventus. O outro lado de Milão também está feliz, por que o Milan se aproximou da parte de cima tabela graças a uma ótima vitória de virada sobre a Roma, que contou com os resurgimentos de Pato e, sobretudo, Ronaldinho. Outras equipes que também também estão chegando são Parma, Bari e Palermo. Na parte de baixo da tabela, Napoli, Catania e Atalanta dão sinais de que podem começar a respirar ares melhores nas próximas semanas.
No jogo de Turim, emoção mesmo só na primeira metade do primeiro tempo. Jovetic e Vargas, melhores jogadores da viola na partida e na temporada, se aproveitaram da debilidade de Grygera na lateral direita para bolarem a jogada do gol e ataques durante toda a partida. O lado direito da defesa viola, supostamente guardado por Comotto, também oferecia espaço para os ataques da Juventus. Quinze minutos após o gol viola, o loiro Poulsen fez a torcida lembrar Nedved quando deu um passe fantástico para Iaquinta (que havia perdido dois gols incríveis) se redimir e dar belo passe para Amauri marcar seu primeiro gol desde fevereiro. Após o quarto jogo seguido sem vitória, Ferrara e a real qualidade do elenco da Velha Senhora começam a ser contestados. Os brasileiros Diego e Felipe Melo também: o ex-santista por ter caído de rendimento e Melo por ainda não ter se encaixado bem no esquema. Enquanto isso, Prandelli, que chegou a ser criticado no início da temporada, vai ganhando paz graças a supracitada dupla de canhotos, que acertaram seu 4-2-3-1.
A Inter, por sua vez, não teve nenhum trabalho para massacrar o Genoa. Sem Eto’o e Milito, esperava-se um jogo duríssimo, até mesmo com leve favoritismo a favor dos donos da casa. Porém, o gol de Cambiasso (com desvio de Modesto) logo no início foi um duro golpe nas pretensões rossoblù. Mourinho foi feliz ao escalar seu time em um 4-3-2-1, apostando em um meio-campo forte e ativo, que dominou o adversário. Mais à frente, o português confiou na dupla Sneijder-Stankovic logo atrás de Balotelli. O holandês fez sua melhor partida na Itália e participou de três dos cinco gols. Déki jogou muito bem e ainda marcou um golaço, ao responder a um erro de Amelia com um chute de primeira do meio-campo. Balotelli, meio nervoso no início, também fez boa partida, coroada com seu primeiro gol na temporada. Vieira (até ele) marcou o quarto e Maicon fechou a conta. Com 16 gols sofridos, o Genoa já tem a pior defesa do campeonato. Se não corrigir isto, Gasperini não levará seu time a lugar algum.
Em Údine, partida opaca dos donos da casa, que não puderam contar com Di Natale para o início da partida e acabaram sendo as primeiras vítimas da Atalanta de Antonio Conte. Depois de três empates consecutivos, a primeira vitória nerazzurra foi suficiente para tirar a equipe da zona de rebaixamento. A se destacar a participação de De Ascentis, que há poucas semanas atrás estava sem contrato, após não renovar com a mesma Atalanta: em seu primeiro jogo como titular desde seu retorno, marcou um golaço de fora da área e deu uma assistência. O chileno Valdés também marcou um belíssimo gol de longe e Tiribocchi vai ganhando a vaga de titular do time, após marcar seu segundo gol. Acquafresca, que ficará fora por um mês, que se cuide.
Outro time que venceu pela primeira vez nesta rodada foi o Catania, que passou pelo Cagliari por dois a um. Atzori escalou o time com algumas surpresas: Morimoto, Biagianti e Andújar foram poupados, e começaram no banco. No gol, estreou Campagnolo, ex-Reggina, e na linha, o time foi a campo num 4-3-3, com Ricchiuti pela esquerda, Martínez pela direita, Mascara no centro. Em um jogo corrido, mas em que pouco se finalizou (apenas cinco vezes, três gols e uma na trave), Ricchiuti, 31 anos, marcou seu primeiro gol na Serie A ao fim do primeiro tempo. Logo depois, numa das raras chances criadas pelos visitantes, Dessena respondeu pegando de bicicleta cruzamento de Marzoratti, arrancando aplausos no Massimino. O meio-campo do Cagliari não jogou bem, com exceção do ex-jogador do Parma, que tem se salvado nesta má campanha de até então. Cossu, um dos pilares rossoblù, não entrou em campo. Allegri demorou demais para fazer substituições, deixando, por exemplo, um apagado Matri até o finalzinho do jogo. Já Atzori foi perfeito nas substituições, e o time foi outro após as entradas de Morimoto e Biagianti. Investindo em cruzamentos na área adversária (foram 30 no total), o Catania deu números finais à partida após Morimoto lançar para Martínez marcar seu segundo nesta Serie A.
Lazio e Sampdoria, o jogo mais aguardado da manhã de domingo teve no árbitro Daniele Orsato o maior destaque, pelo lado negativo. Sua arbitragem pífia foi criticada, com razão, depois da partida tanto por Ballardini, que reclamou de pênalti em Zárate, quanto por Del Neri, que também reclamou dois pênaltis. Num dos lances, Pazzini foi atingido fortemente por Muslera e teve de ser levado ao hospital. Mas, falando de futebol, a Lazio contou com o retorno de Brocchi, que não atuava desde a primeira rodada. Mas foi a Samp quem saiu na frente após ótima jogada de Cassano dentro da área, terminada em uma troca de passes entre Pazzini e Padalino, e um belo cabeceio do atacante doriano. Dois minutos depois, Matuzalém respondeu chutando de primeira um cruzamento de Rocchi antes de a bola cair. Ainda sobrou tempo para Padalino e Baronio serem bem expulsos, aliviando um pouco a barra de Orsato. Nos dez minutos finais, Cassano acertou o travessão, e os donos da casa tiveram três chances defendidas por Castellazzi: duas com Cruz e uma com Mauri. Pelo demonstrado no domingo, esta Samp não é mesmo favorita ao título.
A vitória do Palermo sobre o Livorno também teve problemas de saúde como foco principal. Rubinho ganhou nova chance como titular rosanero só porque Sirigu está gripado. Durante o jogo Pastore saiu por conta de uma febre e Tavano por problemas musculares. Porém, o lance de maior gravidade aconteceu quando o colombiano Rivas bateu a cabeça no chão e ficou desacordado. Ele foi levado ao hospital e passa bem. As saída de Tavano e Rivas proporcionaram as entradas de Danilevicius e Candreva, que mudaram o jogo momentaneamente. O atacante lituano esteve mais ativo que Tavano e Candreva ajudava Pulzetti no meio campo. Do próprio Pulzetti saiu o chute originário do gol, desviado por um impedido Danilevicius. Zenga, que manteve o mesmo esquema que deu a vitória aos rosaneri contra a Juventus, não viu seu time atrás no marcador por muito tempo, já que Miccoli logo empatou. A tática do ex-treinador do Catania se mostoru mais uma vez fundamental quando Balzaretti, ala esquerdo, virou o jogo graças a cruzamento de Cassani, ala direito.
No Bentegodi de Verona, o Bari mostrou novamente que joga melhor fora de casa e venceu o Chievo por dois a um. A vitória começou a ser construída cedo, quando Almirón marcou de cabeça. Depois disso, Sorrentino não trabalhou muito e muito menos Gillet, muito bem defendido pelos jovens Ranocchia e Bonucci. Ranocchia, aliás, teve sua atuação coroada pelo gol que marcou para ampliar o placar, que seria reduzido logo depois, com Bogdani, que se antecipou a Bonucci pela única vez no jogo. O resultado não preocupa tanto o Chievo, mas dá muita moral para o Bari, que chegou a 11 pontos e, ao lado de Inter e Fiorentina, tem a melhor defesa da Serie A, com apenas cinco gols sofridos. O ataque biancorosso por sua vez, preocupa: apenas oito gols marcados (por oito jogadores diferentes) e pouco destaque para Barreto e Meggiorini. O Parma também vai subindo na tabela sem encontrar dificuldades. Com Dzemaili e Bojinov escalados nos lugares de Mariga e Biabiany, a equipe não perdeu qualidade, como contra a Lazio. Criando muito com Galloppa e Dzemaili, os ducali chegaram mais uma vez foi uma vitória sem sustos, ante a um Siena cambaleante, que jogou com um a menos durante a maior parte do jogo, desde a expulsão de Fini por agressão a Morrone. O gol da vitória, marcado por Bojinov (impedido), foi pouco frente às chances criadas pelos gialloblù, que as desperdiçaram ou esbarrarm em Curci. O Siena por sua vez, não deve continuar com Giampaolo para o restante da Serie A.
Que o jogo só acaba quando termina nós já sabemos, mas o Napoli deu um belo exemplo desta máxima hoje, ao virar a partida contra o Bologna nos acréscimos. Na estreia de Walter Mazzarri, ex-Sampdoria, foram dois ex-jogadores blucerchiati que deram a vitória aos partenopei: Quagliarella e Maggio. Jogando de maneira veloz e agressiva, em oposição à apatia da era Donadoni, houve grande entendimento entre Quagliarella e Lavezzi, com boas participações de Dátolo, Gargano e Hamsik. Nem o belo gol de falta de Adaílton, solitária chance rossoblù até que Quagliarella empatasse o jogo aos 68 minutos, abalou os azzurri, que pressionaram e erraram muito. Destaque para os goleiros, que trabalharam bem: Viviano, o jogo inteiro, e De Sanctis, em milagre cara a cara com Di Vaio. Lavezzi, que superou desentendimentos na semana e foi o melhor em campo, também perdeu um gol cara a cara após disparar com velocidade desde a sua intermediária até o gol adversário. Porém, El Pocho se redimiu, ao achar Maggio livre na grande área para definir o resultado. Será que veremos um outro Napoli daqui para frente? O Bologna permanece o mesmo, flertando – e entrando – na zona de rebaixamento.
No último jogo da rodada, o Milan suspirou de alívio. Com grande atuação de Pato, com participação especial de Ronaldinho, os rossoneri viraram o jogo após saírem atrás no marcador graças a uma falha incrível de Thiago Silva, que errou o recuo de bola e deu chance para Ménez marcar. A Roma teve várias chances de ampliar sua vantagem no primeiro tempo, mas Dida, que substituiu Storari, fez boas defesas. Thiago Silva, pior defensor da rodada ao lado de Burdisso, chegou a cometer pênalti em Ménez, mas Rosetti não marcou. No segundo tempo, com Inzaghi em campo, o Milan voltou com postura mais agressiva. Não demorou muito para que o Milan dominasse a partida e empatasse o jogo, graças a um pênalti claro cometido por Burdisso sobre Nesta. Ronaldinho, que converteu a penalidade, acertou um lançamento genial minutos depois, deixando Alexandre Pato sozinho para virar a partida. O atacante, que já havia abusado da velocidade por outras duas vezes para puar contra-ataques perigosos, foi, sem dúvida o nome do jogo. Pela primeira vez em muito tempo, o Milan saiu merecidamente aplaudido de campo. Pelo menos nesta semana, Leonardo não corre riscos.
Texto com a colaboração de Braitner Moreira.
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Seleção da 8ª rodada Castellazzi (Sampdoria); Maggio (Napoli), Ranocchia (Bari), Bonucci (Bari), Vargas (Fiorentina); Stankovic (Inter), Sneijder (Inter), De Ascentis (Atalanta); Balotelli (Inter), Pato (Milan), Ronaldinho (Milan).