Grandes feitos: Campeão Invicto da Copa dos Campeões (1993-1994), Campeão da Supercopa da Uefa (1994), Tricampeão Italiano (1991-1992 invicto, 1992-1993 e 1993-1994) e Tricampeão da Supercopa da Itália (1992, 1993 e 1994).
Time base: Rossi; Maldini, Baresi, Costacurta (Galli) e Tassotti (Panucci); Albertini (Rijkaard), Donadoni (Evani; Desailly), Gullit (Simone) e Boban (Eranio); van Basten (Savicevic; Papin) e Massaro. Técnico: Fabio Capello.
Milanshow – parte 2: Itália à milanesa
Depois de encantar o planeta com apresentações incríveis, gols fantásticos e títulos exuberantes, incluindo dois bicampeonatos – um mundial e outro europeu – o Milan decidiu mudar o seu foco em 1991. Sem o técnico Arrigo Sacchi, que partiu para treinar a seleção da Itália, a equipe rossonera trouxe Fabio Capello para manter a sina vencedora daquele esquadrão para os anos seguintes.
O novo treinador tinha uma missão: retomar o posto de soberano, também, na Itália. Coube a Capello fazer do time de Baresi, Maldini, Tassotti, Donadoni, Rijkaard, Gullit, van Basten e Massaro o primeiro campeão italiano invicto da história do futebol italiano exatamente em sua primeira temporada como técnico. Foram 22 vitórias e 12 empates em 34 jogos, com van Basten tinindo na artilharia com 25 gols.
Não contente, o time emendou mais dois canecos nacionais, várias supercopas e voltou a frequentar decisões de Liga dos Campeões, culminando com a taça em 1994. Exemplo de uma das equipes mais encantadoras de todos os tempos, aquele Milan provou que mesmo com técnico diferente poderia continuar a fazer estragos. E, acima de tudo, conquistar títulos. Depois de falarmos do primeiro capítulo do melhor Milan da história, é hora de relembrar o segundo.
Itália, voltei!
Ser o rei da Europa e do mundo custou caro ao Milan entre 1988 e 1990. O time teve de usar todas as suas forças nas competições internacionais e travar batalhas épicas para ser coroado o último bicampeão consecutivo do continente e, também, do planeta. O sucesso da equipe foi tanto que a federação italiana de futebol não resistiu e tratou de “roubar” o técnico Arrigo Sacchi de Milão. Sem o comandante dos canecos daqueles anos de ouro, muitos pensaram que ali terminava uma era.
Ledo engano. A diretoria do clube trouxe Fabio Capello, ex-jogador que havia iniciado a carreira de treinador exatamente no Milan, em 1987, mas por pouco tempo. Naquele ano de 1991 ele tinha a grande chance de mostrar seu valor e manter o Milan entre os primeiros, a começar pelo Campeonato Italiano, que era dominado nas duas últimas temporadas pelas forças crescentes da época: Napoli (1989-1990) e Sampdoria (1990-1991). Com quase todos os jogadores das conquistas dos anos anteriores, a tarefa de Capello até que não era tão difícil…
Os Invencíveis
O trabalho de Capello começou logo depois de o Milan ser eliminado da Copa dos Campeões de 1990-1991 para o Olympique de Marselha nas quartas de final. O treinador começou a adaptar o time sem Sacchi e a rever os pontos frágeis (existiam?!) para fazer aquele Milan escrever sua história com caneta de ouro 24k já na temporada 1991-1992.
Com um futebol pleno, letal nos contra-ataques e com uma zaga quase intransponível, o time foi derrotando os adversários um a um, sem ser agredido ou levar sustos. Nem mesmo o Napoli podia com os rossoneri, a ponto de levar uma surra de 5 a 0 jogando no San Siro. A equipe de Milão foi exuberante, venceu partidas marcantes em casa (1 a 0 na Inter, 2 a 0 na Lazio, 5 a 0 no Napoli, 2 a 0 no Parma, 5 a 1 na então campeã Sampdoria e 4 a 1 na Roma), além de massacrar adversários longe de casa como no 4 a 1 sobre o Cagliari e no 8 a 2 sobre o Foggia de Zeman, além de um 2 a 0 na Sampdoria, ficando com o scudetto pela 12ª vez, mas, pela primeira vez na história da competição, invicto.
Nem a Juventus de Platini, nem a Internazionale de Herrera, nem o próprio Milan dos anos 60, nem o Torino de Mazzola. Nenhum time jamais havia vencido o tão disputado Campeonato Italiano sem perder uma partida sequer. Pois aquele Milan, do genial van Basten (artilheiro com 25 gols), conseguiu. Foram 22 vitórias e 12 empates em 34 jogos, com 74 gols marcados (melhor ataque) e apenas 21 sofridos (segunda melhor defesa, atrás do Torino, que sofreu 20).
Ainda em 1992 o time venceu o Parma por 2 a 1 (gols de van Basten e Massaro) e conquistou a Supercoppa Italia, e viu o atacante Marco van Basten levar mais uma vez o título de melhor jogador da Europa e, pela primeira vez, o de Melhor Jogador do Mundo pela Fifa. Naquele ano, o time que ficou marcado como Os Imortais entre 1989 e 1990 ganhava um novo apelido: Os Invencíveis.
Novo caneco e nova final europeia
Na temporada 1992-1993 a equipe seguiu forte e sem rivais na Itália. O time conseguiu atingir uma marca fantástica de 58 partidas sem perder na Serie A, iniciada em 19 de maio de 1991 e encerrada em 21 de março de 1993, numa derrota em casa para o Parma por 1 a 0, gol do colombiano Asprilla.
Mesmo perdendo esse jogo, o time fez outro campeonato impecável e com várias goleadas: 5 a 3 na Lazio, 4 a 0 no Pescara e 4 a 0 na Sampdoria, todas em casa; e 7 a 3 na Fiorentina, 5 a 1 no Napoli (com quatro gols de van Basten) e 5 a 4 no Pescara, todas fora de Milão. Foram 18 vitórias, 14 empates e duas derrotas em 34 partidas. Infelizmente, naquela temporada, começaria o drama de van Basten, que sofreu uma grave lesão no tornozelo na 13ª rodada do campeonato, que o tirou da competição e das partidas seguintes do Milan. O craque só voltaria mais tarde e ainda longe do ideal.
Na Liga dos Campeões, o Milan foi com tudo para mais uma final. Na primeira fase, passeio contra o Olimpija Ljubljana, da Eslovênia, com vitória por 4 a 0 no primeiro jogo (dois gols de van Basten, um de Albertini e um de Papin) e 3 a 0 no segundo (gols de Massaro, Rijkaard e Tassotti). Na fase seguinte, mais um passeio, contra o eslovaco Slovan Bratislava: 1 a 0 fora de casa, gol de Maldini, e 4 a 0 no San Siro, gols de Boban, Rijkaard, Simone e Papin.
Na sequência, o Milan foi para a fase de grupos. Naquele ano, os classificados foram divididos em duas chaves. Os campeões de cada grupo fariam a final. O Milan caiu no grupo B e deu mais um show vencendo todos os seis jogos. Em casa: 4 a 0 no Göteborg, com quatro gols de van Basten, 1 a 0 no Porto, com gol de Eranio e 2 a 0 no PSV, com dois gols de Simone. Fora de casa: 2 a 1 no PSV, com gols de Rijkaard e Simone, 1 a 0 no Porto, com gol de Papin e 1 a 0 no Göteborg, com gol de Massaro. Invicto e 100%, o Milan estava na final da Copa. O adversário, porém, seria dificílimo: o Olympique de Marselille.
A derrota no adeus de van Basten
O confronto entre franceses e italianos colocava frente a frente as duas melhores equipes europeias da época, sem dúvida alguma. Do lado do Olympique, os craques Barthez, Angloma, Boli, Desailly, Di Meco, Deschamps, Abedi Pelé, Völler e Boksic. Do lado do Milan, as estrelas já consagradas e temidas: Baresi, Maldini, Tassotti, Costacurta, Albertini, Rijkaard, Donadoni e van Basten – já sem Gullit, que foi jogar na Sampdoria.
O estádio Olímpico de Munique, na Alemanha, iria presenciar um embate histórico. Os franceses não se intimidaram com a força dos italianos, aproveitaram a fraqueza de van Basten (muito baleado e longe de estar 100% fisicamente) e marcaram o gol da vitória por 1 a 0 ainda no primeiro tempo, com o zagueiro Boli, de cabeça.
Ao apito final, a festa foi enorme: pela primeira vez um clube francês conquistava o maior dos títulos europeus. E o Milan perdia sua primeira final depois do bicampeonato de 1989-90. Aquele jogo foi ainda mais simbólico por ser o último de Marco van Basten em sua carreira. O craque ficaria dois anos sem jogar até anunciar sua aposentadoria precoce com apenas 30 anos. A gravidade das lesões em seus tornozelos era tão grande que nem mesmo uma partida de despedida foi possível ser realizada.
O adeus foi no San Siro lotado de gente e emoção, com van Basten vestido à paisana e se segurando para não chorar, dando uma volta olímpica para os torcedores. O adeus comoveu até o sisudo Fabio Capello, que chorou na ocasião. Adriano Galliani, dirigente do Milan à época (e até hoje no clube) disse que “perdera seu Leonardo da Vinci”. Na verdade, não foi só ele. Todo o futebol perderia uma das maiores lendas do esporte, fatal na grande área, genial com a bola nos pés e decisivo.
Em dezembro de 1993, o Milan ainda disputou o Mundial Interclubes contra o São Paulo, por conta da punição imposta ao Olympique por um esquema de manipulação de resultados no Campeonato Francês. Com isso, coube ao vice-campeão europeu (Milan) disputar o torneio.
No Japão, os comandados de Capello não foram páreo para o super time brasileiro comandado por Telê Santana e perderam por 3 a 2, num jogo disputadíssimo e decidido nos minutos finais, com um gol sem querer de Müller.
A transformação de Capello
Passados os vices e as conquistas do bicampeonato nacional e da Supercoppa Italia (vencida sobre o Torino por 1 a 0), o Milan perdeu a essência “imortal” de seus anos de ouro com as saídas de Gullit, Rijkaard, van Basten e Evani. Mesmo sem os talentosos jogadores, a equipe conseguiu manter a pegada vencedora graças a Fabio Capello, que soube reparar as perdas com peças precisas.
Marco Simone entrou no time e conseguiu dar força ao ataque com muita habilidade e gols. Marcel Desailly, um dos algozes da final europeia de 1993 que partiria para o estrelato com força defensiva no meio de campo e elemento surpresa no ataque. Boban, croata que passou a ser figura mais constante no time titular depois de um período emprestado ao Bari. Por fim, Savicevic, renegado em grande parte da temporada 1992-1993 por Capello e peça essencial nos jogos que viriam pela frente. Com o quarteto, mais a base dos anos anteriores, a esperança era de mais conquistas. E elas vieram.
No Campeonato Italiano, a equipe começou mal, ainda se adaptando sem o trio holandês, mas depois “pegou no breu” e embalou nove vitórias seguidas da 20ª até a 29ª rodada, com triunfos marcantes fora de casa sobre Roma (2 a 0), Lazio (1 a 0) e Juventus (1 a 0) e um 2 a 1 no clássico contra a Inter. O time só foi derrotado na rodada 29, para o Napoli, por 1 a 0. O goleiro Rossi fez história naquela temporada ficando 929 minutos sem levar gols, ajudando a sólida defesa rossonera a contabilizar apenas 16 gols sofridos em 34 jogos.
O time foi econômico, também, nos gols marcados: 36 em 34 jogos, mas o suficiente para garantir o tricampeonato consecutivo com 19 vitórias, 12 empates e três derrotas. Capello conseguia aliar a mais pura essência do futebol italiano e mudar um pouco a cara daquele Milan ao transformar o time num paredão defensivo, mas com qualidade ofensiva na medida certa, sem as habituais goleadas dos anos anteriores. Marcar um gol naquele time era tarefa para poucos, pouquíssimos. Não era bonito de se ver, mas o que importava era o resultado e, claro, o título. Sem rivais na Itália, era hora de tentar retomar o trono na Europa.
Rumo a Atenas
O Milan estreou na Liga dos Campeões de 1993-1994 derrotando o Aarau por 1 a 0 na Suíça, gol de Papin, e empatando sem gols em Milão. Na segunda fase um vareio sobre o Copenhagen: 6 a 0 na Dinamarca – gols de Papin (2), Simone (2), Brian Laudrup e Orlando – e 1 a 0 na Itália, gol de Papin. Em seguida veio a fase de grupos, quase no mesmo estilo que em 1993, com a diferença de que os dois primeiros de cada grupo avançariam para as semifinais para aí sim chegar a final.
O Milan caiu no grupo B novamente e não teve problemas. Empatou sem gols com o Anderlecht fora de casa, venceu o Porto por 3 a 0 em Milão (gols de Raducioiu, Panucci e Massaro) e bateu o Werder Bremen por 2 a 1 em casa (gols de Maldini e Savicevic). No returno do grupo, empate em 1 a 1 com o Werder Bremen na Alemanha (gol de Savicevic), empate sem gols com o Anderlecht em Milão e novo empate sem gols com o Porto, em Portugal. Econômico, invicto e “chato”, o Milan conseguiu a primeira colocação do grupo e a vaga na semifinal, que seria disputada em jogo único, com o Diavolo tendo a vantagem de jogar em casa.
Diante de 80 mil pessoas no San Siro, Capello decidiu abrir a porteira de gols do time e a torcida pôde ver sua equipe vencer por 3 a 0 o Monaco, com gols de Desailly, Albertini e Massaro. Porém, o Milan “ganhou” duas baixas para a final: Baresi e Costacurta, os pilares da defesa, estavam suspensos por cartões. Além disso, a Uefa ampliou as restrições para jogadores estrangeiros nos times, o que forçou Capello a não contar com os gringos Raducioiu, Papin e Brian Laudrup. Para piorar, o adversário do Milan na decisão de Atenas seria o Barcelona, comandado por Cruyff e estrelado em campo com Zubizarreta, Ferrer, Guardiola, Koeman, Stoichkov e Romário. Como o time italiano conseguiria parar um ataque tão infernal sem seus principais jogadores de defesa?
Vareio do mais copeiro time do mundo
Historicamente, o Milan sempre adorou golear adversários em finais de competições europeias. Foi assim em 1969, no 4 a 1 sobre o Ajax de Rinus Michels, e em 1989, no 4 a 0 sobre o Steaua Bucareste. Mas, naquele ano de 1994, ninguém, absolutamente ninguém apostava num placar elástico pelo lado italiano, a não ser do lado espanhol, que tinha todo o favoritismo e badalação. Mesmo com sua força, o Milan foi para aquela decisão de 18 de maio de 1994, no Estádio Olímpico de Atenas, na Grécia, como zebra.
Porém, a zebra italiana aplicou nos catalães um sonoro 4 a 0 num dos maiores chocolates da história da competição. O Barcelona não viu a cor da bola, praticamente. Capello armou seu time de uma maneira sublime, disciplinada e eficiente. O Milan soube como nunca aproveitar as chances que teve e a jogar no erro do adversário, que sentiu a pressão do favoritismo e pareceu achar que venceria a qualquer momento. Coitados… Massaro abriu o placar aos 22 e ampliou aos 45, após ótima jogada de Donadoni. Na segunda etapa, Savicevic marcou um golaço por cobertura após aproveitar um vacilo de Nadal. Para fechar o espetáculo, Desailly aproveitou outra bobeada da zaga do Barça e tocou com categoria para fazer 4 a 0.
O resultado tão elástico foi chocante para todos na época e culminaria para o fim do ciclo de Cruyff como treinador do time espanhol. Para Capello, era a coroação definitiva de um trabalho brilhante à frente de um Milan que havia mudado tanto desde 1989, mas que continuou forte e, acima de tudo, com seu característico sangue copeiro.
Novo vice mundial
Em agosto de 1994, o Milan faturou mais uma Supercoppa Italia ao bater a Sampdoria nos pênaltis por 4 a 3 (depois de empate em 1 a 1 no tempo normal). Em dezembro, o time italiano foi de novo para o Japão disputar o Mundial Interclubes, dessa vez contra o Vélez Sarsfield de Carlos Bianchi. E, de novo, ficou com o vice. Chilavert e companhia foram impecáveis, deram uma aula de aplicação tática e emocional, usaram bem a velocidade nos contragolpes e venceram por 2 a 0, gols de Trotta e Asad.
Os últimos lampejos e o derrota na Copa
Na temporada 1994-1995 o Milan viu sua hegemonia ser quebrada no Campeonato Italiano pela Juventus, que conquistou seu 23º título. A equipe rossonera ficou apenas na quarta colocação. Na Europa, o time venceu a Supercopa da Uefa de 1994 derrotando o Arsenal após empate sem gols no primeiro jogo e vitória por 2 a 0 em Milão, com gols de Boban e Massaro. Na Liga dos Campeões, o time ficou na segunda colocação do grupo D, atrás do Ajax, mas se classificou para o mata-mata. Nele, despachou Benfica e Paris Saint-Germain, alcançando a terceira final consecutiva de Liga dos Campeões.
No Ernst-Happel-Stadion, na cidade de Viena, na Áustria, o talentoso Ajax recheado de jovens estrelas (que davam ao time uma média de idade de 23 anos) como van der Sar, Reiziger, os irmãos de Boer, Davids, Seedorf, Overmars e Kluivert (além de Blind, Rijkaard e Litmanen) foram superiores ao já envelhecido Milan e venceram por 1 a 0, gol do atacante Patrick Kluivert aos 40 do segundo tempo. Era o bastante para que o time holandês fizesse história e se tornasse tetracampeão europeu, vencendo o torneio de maneira invicta, assim como o Milan venceu em 1994. Ali, terminava o brilho do gigante italiano.
Eterno
Depois da derrota na final europeia o Milan envelheceu e foi se enfraquecendo ao longo dos anos, tendo apenas um rápido destaque nas temporadas 1995-1996 e 1998-1999. O time só voltaria a brilhar mesmo a partir de 2003, quando levantaria uma nova Liga dos Campeões. Mas nem mesmo as façanhas de Shevchenko, Dida, Inzaghi, Maldini, Pirlo e Kaká foram capazes de igualar os feitos do maior Milan de todos os tempos, aquele de Sacchi entre 1989-1990 e o de Capello entre 1991-1994.
O time italiano conquistou tudo e mais um pouco, deu aula de futebol, lotou estádios e virou sinônimo de sucesso, arte e conquistas. Jogar contra o Milan naqueles anos era terrível. Desde então, nunca uma equipe conseguiu ter tanto tempo de hegemonia como aquele Milan. Foram seis anos mágicos, divididos em dois capítulos majestosos. Os feitos daqueles esquadrões jamais serão apagados e são, como o mais copeiro time do mundo, imortais.
Os personagens:
Sebastiano Rossi: cá entre nós, ter Baresi e Maldini como companheiros de defesa era um baita reforço para qualquer goleiro. Mas Sebastiano Rossi não se acomodou com a eficiência de seu “muro” e se tornou um dos grandes goleiros da história do Milan, ficando 929 minutos sem levar gol na campanha do tricampeonato italiano de 1993-1994, além de mostrar muita elasticidade e segurança. Jogou 330 partidas com a camisa do time.
Paolo Maldini: um dos maiores símbolos da história do Milan e do futebol italiano, só vestiu a camisa rossonera (e a da seleção italiana, claro) durante toda a sua carreira, de 1984 até 2009. Jogou como lateral, tanto esquerdo como direito, tinha exímia técnica, e sabia defender e atacar com maestria. Anos depois, foi zagueiro, e esbanjou qualidade na grande área. Conquistou todos os títulos possíveis no Milan, com destaque para as 5 Ligas dos Campeões, 3 Mundiais, 7 Campeonatos Italianos, 5 Supercopas europeias, e muitos outros. Fez 902 jogos pelo Milan e anotou 33 gols. Sua importância foi tamanha que a camisa número 3 do clube está aposentada.
Franco Baresi: um dos maiores líberos do futebol mundial, Franco foi exemplo de lealdade, sutileza e técnica como defensor. Romário, artilheiro do tetra, classificou o italiano como o maior marcador que teve na carreira, tamanha era sua qualidade. Nunca apelava para faltas, desarmava os atacantes de maneira precisa e sabia cadenciar o jogo quando era necessário. Assim como Maldini, só jogou no Milan durante toda a sua carreira, de 1977 a 1997. O grande capitão vestia a camisa 6, que foi aposentada para sempre do time italiano. Reverência total ao líder de um time mágico. Venceu 6 campeonatos italianos, 3 Ligas dos Campeões, 2 Mundiais, 3 Supercopas da Uefa e 4 Supercopas da Itália. Pela seleção, atuou em 81 partidas, e venceu a Copa do Mundo de 1982, como reserva, já que no time titular o trio de zaga era nada mais nada menos que Cabrini, Gentile e o mito Scirea.
Alessandro Costacurta: outro eterno zagueiro rossonero, começou a carreira emprestado ao pequeno Monza, para ganhar experiência. E ganhou! Foi titular da equipe e só jogou no Milan, de 1985 a 2007. Tinha raça e às vezes apelava para as faltas para parar os adversários. Mesmo assim, era extremamente eficiente. Pela seleção, jogou 59 jogos.
Filippo Galli: com a ascensão de Costacurta, o zagueiro teve de se contentar com o banco de reservas por longas temporadas no Milan. Porém, sempre que entrava, dava conta do recado com muita eficiência e segurança. Foi perfeito na final da Liga dos Campeões de 1994.
Mauro Tassotti: iniciou a carreira na Lazio, mas logo em seguida partiu para o Milan, onde jogou de 1980 até 1997. Lateral marcador, que também apoiava o ataque, Tassotti jogou 429 partidas pelo Milan e conquistou 17 títulos com o clube. Pela seleção, não teve o mesmo brilho, e disputou apenas 7 partidas.
Christian Panucci: lateral muito forte no apoio ao ataque e também na marcação. Panucci jogou muito bem durante três anos no Milan até conseguir chegar ao estrelato no Real Madrid, onde venceu sua segunda Copa dos Campeões em apenas quatro anos.
Frank Rijkaard: uma das maiores estrelas da equipe, autor do gol do título europeu de 90, o holandês Frank Rijkaard foi um dos maiores craques da história do futebol, e atuava como volante, meia, ponta e até zagueiro. Formado no Ajax, foi para o Milan em 88 (mesmo ano em que venceu com a sua seleção, a Holanda, a Eurocopa), onde viveu o ápice de sua carreira. Com muita técnica, visão de jogo aguçada e elegância, Rijkaard ditava o ritmo da equipe no meio, e ajudava os compatriotas Gullit e Van Basten a fazerem estragos nas defesas adversárias. Disputou 201 jogos pelo Milan e marcou 26 gols. Deixou o time em 1993 e encerrou a carreira vencendo uma Liga dos Campeões, por outra geração de ouro, a do Ajax, em 95, justamente contra seu ex-time. Pela Holanda, disputou 73 jogos. É um dos jogadores mais vitoriosos da história, com 25 títulos conquistados por Milan, Ajax e Holanda.
Demetrio Albertini: cria das categorias de base do Milan, Albertini se tornou um dos mais completos e talentosos volantes da década de 90. Armava jogadas, desarmava com extrema facilidade e chutava muito bem. Ditava o ritmo do meio de campo do Milan e foi essencial para o sucesso da equipe principalmente depois da saída de Rijkaard. Disputou 406 jogos pelo Milan e marcou 28 gols, além de ter jogado duas Copas do Mundo, em 1994 e 1998.
Alberico Evani: outro que nasceu no Milan, Alberico Evani era um dos donos do meio de campo da equipe na virada dos anos 80 e início dos 90. Tinha um pé esquerdo poderoso e marcava alguns gols de fora da área e de bola parada, como o do título mundial de 1989. Foram 393 jogos pelo clube e 19 gols.
Marcel Desailly: com a camisa do Milan, Marcel Desailly se tornou um dos maiores meio campistas do mundo, além de ir bem como zagueiro. Foi revelado pelo Olympique de Marseille campeão da Europa justamente em cima do Milan, em 1993. Na temporada 1993-1994, ganhou sua segunda Liga dos Campeões de maneira consecutiva, pelo Milan, e marcou um dos gols na final. Depois de brilhar com seu futebol eficiente, técnico e seguro, foi encerrar a carreira jogando pelo Chelsea.
Marco Simone: foi uma das gratas revelações do Milan a partir de 1993, marcando vários gols e sendo peça chave no ataque do Milan. Seu grande momento foi na temporada 1994-1995, quando marcou 17 gols na Serie A. Foram mais de 200 jogos pelo Milan e 75 gols.
Roberto Donadoni: exímio ponta esquerda, daquele que infernizava a defesa adversária, Roberto Donadoni era o grande driblador do Milan supercampeão. Tinha um fôlego absurdo e muita raça, aliada à técnica apurada. Não era de marcar gols, prova disso é seu histórico: 261 partidas e apenas 18 gols. Venceu 13 canecos com o Milan. Pela seleção, atuou em 63 partidas.
Ruud Gullit: não era só a cabeleira de Ruud Gullit que chamava a atenção em campo. O seu futebol também. O holandês foi um dos símbolos do grande Milan supercampeão, ao ser peça fundamental no ataque da equipe, ao lado de van Basten. Gullit podia jogar, também, como meia e até líbero. Iniciou a carreira no modesto Haarlem, da Holanda. De lá, partiu para o Feyenoord e PSV, onde conquistou vários títulos. Mas, seria no Milan o seu momento de ouro. Ganhou tudo, fez gols decisivos, e transformou a equipe na mais temida do planeta. Disputou 171 jogos pelo Milan e marcou 56 gols. Fez parte da grande Holanda campeã da Eurocopa de 88.
Zvonimir Boban: o croata chegou ao Milan na temporada 1992-1993 e logo foi adaptado à equipe por Capello, que utilizava o craque em várias posições do meio de campo. Com ótima visão de jogo e capacidade de criar grandes jogadas, Boban fez história na equipe e conquistou quase todos os títulos possíveis, incluindo quatro italianos, uma Liga dos Campeões, três supercopas da Itália e uma Supercopa da Uefa.
Stefano Eranio: jogava no meio de campo e no ataque do Milan e até foi titular em várias partidas, mas acabava no banco por causa da intensa concorrência do time naqueles tempos. Jogou de 1992 até 1997 no clube até se transferir para o Derby County, da Inglaterra.
Marco van Basten: foi, sem dúvida alguma, um dos maiores atacantes da história do futebol. Era o verdadeiro matador, daqueles que fazia gols de tudo quanto é jeito. Fazia, também, golaços épicos, como na final da Euro de 88. Ele foi um dos maiores ídolos do grande Milan e a principal estrela daquela equipe. Em 201 jogos, marcou 124 gols. Está entre os 10 maiores artilheiros na história do clube e entre os mais vitoriosos também. Ganhou 15 títulos no rossonero, onde jogou de 1987 a 1995. Foi obrigado a encerra a carreira de maneira precoce, aos 30 anos, devido a inúmeras lesões nos tornozelos, acabados de tanta pancada que levou dos zagueiros. Despediu-se com uma volta olímpica no San Siro, provocando choro até mesmo no durão Fabio Capello, técnico do Milan em 95. Pela seleção, venceu a Eurocopa de 88 e, em 58 jogos, marcou 24 gols. Marco van Basten foi um mito. E deixou muita saudade.
Dejan Savicevic: meia clássico, Savicevic não teve muitas chances quando chegou ao Milan e pensou até em sair da equipe na temporada 1992-1993, mas ficou e brilhou com a camisa da equipe, marcando gols decisivos na campanha do título europeu de 1994, inclusive um na final, por cobertura. Disputou 144 jogos pelo Milan e marcou 34 gols.
Jean-Pierre Papin: um dos maiores artilheiros da Europa entre 1988 a 1992, Jean-Pierre Papin não conseguiu repetir o sucesso que teve no Olympique de Marseille no Milan, mesmo anotando alguns gols importantes. O francês não se adaptou ao futebol italiano e sofreu com a concorrência no ataque, ficando boa parte de seu estágio no clube na reserva. Sua fase de ouro, infelizmente, já havia passado. Foi Bola de Ouro em 1990 e eleito segundo melhor jogador do mundo em 1991, perdendo para o alemão Matthäus.
Daniele Massaro: de volante para ala até chegar a centroavante. Massaro foi um polivalente da bola antes de encontrar sua vocação verdadeira com Fabio Capello: fazer gols. Na ausência de van Basten, o italiano era a maior referência do Milan e foi um dos maiores artilheiros do time naquele período, marcando dois gols na final da Liga dos Campeões de 1994. Costumava jogar muito em partidas decisivas.
Fabio Capello (Técnico): o italiano disciplinador e sisudo Fabio Capello virou estrela mundial e um dos mais conceituados técnicos da história do futebol no Milan, seu primeiro clube na carreira de treinador. Capello conseguiu manter a pegada vencedora do time de Milão com muito trabalho, foco em resultados e dando mais força defensiva ao time. Com isso, a equipe levantou um tricampeonato italiano consecutivo, ficou 58 jogos sem perder na Itália (recorde), chegou a três finais seguidas de Liga dos Campeões e aplicou uma goleada de 4 a 0 no badalado Barcelona em 1994, o ponto alto daquele trabalho virtuoso que tinha como fator chave um grupo concentrado e ótimos jogadores para cada posição, além, claro, de inúmeros craques.
Conteúdo do blog Imortais do Futebol. Leia mais sobre times, seleções, jogadores, técnicos e jogos que marcaram época no futebol mundial aqui.
é emocionante ler essas historias
e ver como o futebol é lindo
sinceramente ainda mais como o milan está hoje
mas acredito se reerguera
viva o futebol italiano
me emocionei muito