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Giuseppe Sculli, o neto de mafioso que fez carreira na elite do futebol italiano

Giuseppe Sculli foi um daqueles jogadores que tiveram a sua carreira esportiva engolida pela vida extracampo. É verdade que, ao contrário de quase todos os colegas de profissão, o calabrês nunca teve a necessidade de se dedicar integralmente ao futebol: contrariando estereótipos, Beppe compunha o raro grupo dos atletas oriundos de famílias abastadas. Bater bola talvez fosse apenas uma distração para fugir da realidade que, até hoje, o circunda. Uma existência recheada de controvérsias e indiciamentos criminais, que se apresenta assim para ele desde que se conhece por gente.

Na vida de Sculli, os problemas com a justiça raramente estiveram distantes do que ele produziu com a bola nos pés. No entanto, a fim de oferecer uma maior compreensão aos leitores e às leitoras, iremos tratar as duas esferas de sua trajetória de modo separado. De um lado, Dr. Jekyll, do outro, Mr Hyde.

Sculli, o jogador

Beppe nasceu em 1981 na cidade de Locri, região da Calábria, no popular “bico da bota”. Embora não precisasse, saiu cedo de casa para tentar a vida no mundo do futebol, já que desde menino gostava do esporte. Como veremos, a tentativa de construir uma carreira bem-sucedida ganhou outros rumos. A sua trajetória, porém, começou num ponto alto: na Juventus.

Ao chegar em Turim, não imaginava encontrar uma cidade dura e fechada. Em entrevista, o jogador comentou que a época em que viveu na capital do Piemonte foi uma das mais difíceis de sua vida e que sentia saudades dos amigos e do calor do sul. Mesmo assim, o garoto entrou nas categorias de base da Velha Senhora aos 15 anos, em 1996, e lá permaneceu até subir para a equipe principal, em 1999.

Enquanto representava o time Primavera da Juve, Sculli se apresentou como uma grande promessa do futebol: era figurinha carimbada nas seleções de base italianas. O atacante, que gostava de atuar pelas pontas – sobretudo na esquerda, para cortar para o centro e finalizar com a perna direita – chegou a ser relacionado para algumas partidas da equipe bianconera, mas não conseguiu se firmar no elenco principal. Assim, a diretoria decidiu emprestá-lo para dar-lhe quilometragem e fazê-lo estrear profissionalmente em outras paragens. Beppe, contudo, seria um “mochileiro da bola”, pingando de clube em clube, até se consolidar, mais à frente, no Genoa.

Em seu primeiro empréstimo, Sculli voltou à Calábria, sua região, e reforçou o Crotone, que faria a sua primeira campanha na Serie B. Em acordo fechado por duas temporadas, a Juventus recebeu 500 mil euros. Beppe ajudou os squali a surpreenderem e ficarem com a 9ª posição em 2000-01, mas acabou sucumbindo a um ano posterior muito atribulado, no qual o time chegou a ter seis treinadores e foi rebaixado. O atacante totalizou 53 aparições e oito gols pelos pitagóricos, chamando a atenção de outros clubes.

Como estava valorizado no mercado, a Juve não pensou duas vezes em despachá-lo novamente. Desta vez, Sculli aterrissou na Emília-Romanha para atuar no Modena. Essa oportunidade fez com que Giuseppe atuasse pela primeira vez na Serie A. A estreia, num 3 a 0 caseiro contra o Milan, não foi das melhores. Porém, Beppe se tornaria um dos destaques dos canarini, ao lado do veterano goleiro Marco Ballotta e dos meias Omar Milanetto e Stefano Mauri. Vestindo a camisa de número 2, bastante incomum para um atacante, o calabrês anotou oito gols e foi o artilheiro da boa campanha dos comandados de Gianni De Biasi. De forma surpreendente, o time emiliano se salvou do rebaixamento na última rodada.

Ainda jovem, Sculli teve seu primeiro momento de destaque com a bela camisa do Modena (Getty)

Ao final da temporada, Sculli foi envolvido, junto a Matteo Paro e Daniele Gastaldello, numa negociação com o Chievo: enquanto a Juventus enviava o trio e mais 450 mil euros para Verona, os clivensi liberavam o zagueiro Nicola Legrottaglie. Mas os esforços das tratativas não se refletiram em campo. Beppe teve uma passagem complicada pelo Vêneto, já que não empolgou o técnico Luigi Delneri e marcou apenas três gols em 20 aparições na mediana campanha gialloblù.

Mesmo tendo atuado pouco pelo Céo, Giuseppe manteve o seu posto de titular na seleção sub-21 da Itália, comandada por Claudio Gentile. Dessa forma, Sculli foi chamado para o Campeonato Europeu da categoria e teve importante participação na campanha do título, com dois gols sobre Sérvia e Montenegro, na fase de grupos, e uma assistência ante Portugal, nas semifinais. Na sequência, o calabrês representou os azzurrini na Olimpíada de 2004, em Atenas, e contribuiu para a conquista do bronze.

Se o cenário com a malha azul era positivo, por clubes era mais nebuloso para Sculli. Em 2004, o atacante foi emprestado para o Brescia, a pedido de De Biasi, técnico com quem havia trabalhado no Modena. Até chegou a ter mais oportunidades, atuando em 28 partidas, mas pela primeira vez em sua carreira profissional não fez nenhum gol numa temporada – e ainda amargou o rebaixamento.

Beppe, então, arrumou a sua mochila para mais uma viagem ao sul da Itália: disputou a campanha de 2005-06 cedido ao Messina. No clube siciliano, mostrou versatilidade e contribuiu com muita movimentação para o biancoscudati, comandados por Bortolo Mutti e Gian Piero Ventura. Dentro de campo, o time caiu. Porém, o desfecho do escândalo Calciopoli fez com que a equipe fosse repescada para a primeira categoria.

Ao fim do quinto empréstimo, Sculli voltou para Turim e encontrou a Juventus rebaixada à Serie B. Na época, chegou a jogar algumas partidas amistosas no time titular, mas logo foi negociado: rumou ao Genoa, que retornava à segundona, a pedido de Gian Piero Gasperini, que treinava os rossoblù e havia formado o calabrês nas categorias de base dos bianconeri. Jamais vestiria a camisa juventina como profissional e encontraria a tão esperada estabilidade na Ligúria.

O calabrês teve uma reta inicial de passagem bastante positiva com a camisa rossoblù, com quatro gols marcados em 12 partidas. No entanto, teve de cumprir um gancho de oito meses, sobre o qual falaremos mais adiante, e só retornou aos gramados quando os genoanos já haviam sido promovidos à elite. Sculli teve boa participação na temporada 2007-08, que significou a afirmação do Genoa na máxima divisão, e se destacou de verdade na campanha posterior.

Em 2008-09, onde Beppe atingiu o seu melhor momento na carreira, sendo um dos destaques do Vecchio Balordo. Com oito tentos anotados na Serie A, Sculli foi o fiel escudeiro do artilheiro Diego Milito e o segundo principal goleador dos rossoblù na campanha do quinto lugar na competição. Por apenas um ponto o time lígure não conseguiu uma inédita vaga na Liga dos Campeões, mas ao menos pode comemorar a classificação para a Europa League. Na temporada seguinte, o ponta continuou em alto nível e ainda balançou as redes pela primeira vez em torneios continentais.

O grande momento de Sculli, porém, durou pouco. Na temporada 2010-11, o ponta começou a dar sinais de que voltaria a apresentar a irregularidade de outrora, mas dessa vez acompanhada de problemas físicos. Após ficar afastado dos campos por mais de dois meses por conta de uma lesão muscular, Beppe foi vendido à Lazio em janeiro de 2011. Na capital, ofereceu um aporte pouco relevante à equipe treinada por Edy Reja, que se classificou duas vezes para a Liga Europa no período em que o calabrês lá esteve. Foi o bastante para fazer a lei do ex ser acionada num duelo perdido para os genoveses.

O atacante foi peça importante da seleção italiana campeã europeia sub-21 em 2004 e também faturou um bronze olímpico (Getty)

Após 31 partidas e sete gols com a camisa biancoceleste, o atacante teve uma trajetória similar à de uma bola de tênis de mesa: ao ritmo das raquetadas, viajava de um lado a outro. Em janeiro de 2012, voltou ao Genoa e teve o derradeiro grande momento de sua carreira. Com um tento sobre o Palermo, na última rodada da Serie A, selou a permanência dos rossoblù na elite. Dali em diante, ainda que vinculado à Lazio, Sculli foi emprestado outras duas vezes. No Pescara, jogou pouco e amargou o rebaixamento em 2013; na terceira passagem pelo Vecchio Balordo, mal entrou em campo e não agregou nada ao fraco desempenho do time.

Sculli, que já havia passado meses sem atuar pela Lazio antes de encontrar espaço por empréstimo, ainda ficou vinculado ao clube capitolino até 2015. Na temporada 2016-17, após novo período de inatividade, disputou a quinta divisão pela Pavese e, finalmente, pendurou as chuteiras, aos 36 anos. Em seu mochilão pela Itália, Beppe conseguiu números mais expressivos pelo Genoa: 28 gols e 14 assistências em 167 aparições. Apesar disso, a estabilidade na capital da Ligúria era só aparente. Com o seu histórico familiar e de amizades, o jogador teve vivência atribulada inclusive quando o mar parecia calmo.

Na mira da justiça

Durante toda a sua vida, Sculli foi rodeado pela criminalidade e isso se deve ao fato de ele ter sido o neto preferido de um dos maiores mafiosos italianos dos tempos recentes. Giuseppe Morabito, ou “u tiradrittu”, (em bom português, “o Mira Certa”), ficou conhecido por sua ligação com o tráfico de drogas e por ser um dos chefões de uma célula da ‘Ndrangheta, a máfia calabresa.

Morabito foi responsável pelo estabelecimento de uma extensa rede entre clãs da máfia no sul da Itália e dos Bálcãs para traficar grandes quantidades de drogas para o país. Além disso, “o Mira Certa”, fez o meio de campo entre a ‘Ndrangheta e a Cosa Nostra em Messina, estabelecendo rotas de contrabando para África, América Latina e Ásia.

Após investigações, a polícia antimáfia teve fortes indícios de que o avô de Sculli era o cabeça dessas operações. Em 1992, ameaçado de prisão, o líder fugiu, deixando Francesco, pai de Beppe e seu genro, como principal responsável por todas as tramitações. O capo foi preso apenas em 2004, depois de 12 anos foragido. Meses depois, o atleta conquistou o bronze na Olimpíada e foi o único membro da delegação azzurra a não ser laureado com uma comenda conferida pelo Quirinal, o gabinete do presidente da República. O motivo? A prisão de Morabito. Revoltado, o jogador declarou não se sentir italiano naquele momento.

Embora o ex-atacante declare não ver Morabito desde 1992, a polícia descrevia a sua relação com o avô, de quem herdou o nome, como “estranha, mas íntima”. Quando perguntado sobre seu “nonno” e o seu papel na máfia, Beppe sempre prefere destacar o lado humano do pai de sua mãe, a quem descreve como “gentil e atencioso” ou “uma pessoa respeitada por todos no país”. O que se sabe é que o chefão costumava estar presente nas partidas do time de várzea que Sculli defendia quando garoto, em Brancaleone, na Calábria, e oferecia jantares luxuosos aos meninos da equipe e seus familiares. Para os investigadores, “u tiradrittu” ia aos jogos do neto mesmo depois de ser considerado foragido.

Entretanto, Sculli não foi alvo de investigações apenas por causa de sua árvore genealógica. Em 2018, publicamos uma reportagem especial sobre a infiltração de grupos mafiosos e do crime organizado no futebol italiano e o calabrês mereceu um capítulo à parte. A sua ficha corrida é bastante extensa.

Poucos dias após assinar o primeiro contrato com o Genoa, Sculli teve gravações vazadas em que ele e alguns companheiros, juntamente com adversários haviam realizado um acerto para alterar o resultado no duelo entre Crotone e Messina, pela última rodada da Serie B 2001-02. Os grampos telefônicos fizeram parte de uma operação que investigava a ‘Ndrangheta nos arredores de Reggio Calabria.

Embora nunca tenha deixado de ter uma vida extracampo atribulada, Sculli encontrou serenidade em ótimos momentos pelo Genoa (AFP/Getty)

O Crotone, time que Sculli defendia à época, já estava condenado à terceirona, e o jogador acertou uma derrota para salvar o Messina do rebaixamento. O esquema envolveu também alguns atletas do Bari, que iriam disputar enfrentar uma Ternana em situação delicada no campeonato. Com triunfo dos biancorossi e derrota dos rossoblù por 2 a 1, o acertou se concretizou, com a salvação da degola por parte dos sicilianos. Todo o esforço de adulteração dos resultados se revelou inútil, já que a Fiorentina decretou falência e possibilitou que a Ternana disputasse a repescagem para continuar na segundona – o que de fato aconteceu.

Beppe, com apenas 21 anos, foi considerado o líder do esquema e pegou oito meses de suspensão. Este seria apenas o primeiro envolvimento do jogador em manipulação de resultados ou escândalos de outras naturezas. Ainda durante sua primeira passagem pelo Genoa, Sculli foi investigado por tentativa de homicídio, tráfico de narcóticos e associação mafiosa. Neste último processo, era acusado de coagir cidadãos de Bruzzano Zeffiro, comuna em que foi criado, a votar em candidatos de seu grupo político – numa espécie de coronelismo à calabresa. Todas essas investigações foram arquivadas.

Após esse momento de turbulência, o jogador passou por uma certa estabilidade no Genoa, sob o comando técnico de Gasperini. Mas essa tranquilidade não durou muito e, em 2012, o neto de Morabito voltou a estampar as manchetes pela proximidade com criminosos.

Em 22 de abril o caos reinou na casa do Genoa, o estádio Luigi Ferraris, e acabou por desencadear uma série de revelações sobre Sculli. Perto da zona de rebaixamento, os rossoblù perdiam por um elástico de 4 a 0 para o Siena, ainda no primeiro tempo. Logo após o retorno do intervalo, parte dos ultras mandantes escalou o túnel de acesso aos vestiários, exigindo que a partida fosse interrompida e que os jogadores do Vecchio Balordo se desfizessem dos uniformes. Com cânticos de incitação à violência e sinalizadores atirados ao gramado, a peleja foi interrompida aos 63 minutos.

Assim que a partida parou, a delegação do Siena foi para o vestiário e os ultras passaram a lidar com o time da casa. Os jogadores do Genoa estavam sendo mantidos reféns em campo e o pânico tomaram conta do ambiente. Marco Rossi, capitão da equipe, e os demais não esboçavam reação: alguns obedeciam às ordens da facção, pois não sabiam quais consequências sofreriam. Então, enquanto Rossi afastava seus atletas para longe dos torcedores, um deles ficou para trás. Era Sculli.

Beppe, sem medo algum dos ultras, caminhou até seu líder, que seria identificado como Massimo Leopizzi, o puxou pelo pescoço e teve uma conversa ao pé do ouvido com o torcedor. Após alguns minutos, a partida foi retomada e o Genoa ainda conseguiu marcar um gol de honra, fechando o placar em 4 a 1. Como punição pelos acontecimentos, os grifoni foram condenados a jogarem com os portões fechados pelo restante da temporada.

Um jogador enfrentando o líder de uma grande torcida em um momento de ira parecia um ato de bravura. Nem nos melhores contos sobre futebol tal situação parecia factível. Porém, dias depois investigações da polícia apontaram o envolvimento de Beppe com os ultras. A intimidade de Sculli com Leopizzi e devia a noitadas e eventos que o calabrês e o ex-meia Omar Milanetto frequentavam com os líderes das organizadas do Genoa. Os dois até chegaram a participar de uma celebração para o capo – ligado a grupos neofascistas – ao fim de sua prisão domiciliar por porte ilegal de armas.

O fato é que o calabrês já estava sendo monitorado por possíveis interferências em resultados de jogos. As investigações concluíram que Sculli e o lateral-esquerdo Domenico Criscito haviam se encontrado com o criminoso bósnio Safet Altic e Fabrizio Fileni, um líder da torcida genovesa. Havia a hipótese de que o atacante e o ultra tinham uma parceria comercial. Inclusive, uma ação de vigilância realizada em maio de 2011 flagrou uma reunião a cortinas fechadas envolvendo o quarteto e outros comparsas do traficante balcânico.

O atacante calabrês vestiu a camisa da Lazio, mas não teve sucesso na capital (imago/ActionPictures)

Todas essas informações surgiram no escopo do chamado escândalo Scommessopoli. Entre 2011 e 2012, procuradorias de algumas cidades italianas investigaram supostos casos de manipulação de resultados em pelejas de várias divisões nacionais. Além de Sculli e Criscito, jogadores de clubes como Lazio e Lecce foram mencionados no esquema. Inclusive, dois citados já haviam atuado com Beppe anteriormente. Milanetto e Mauri foram colegas do calabrês no Modena, em 2002-03; Omar também dividiu vestiários com o atacante em Gênova, enquanto Stefano foi seu colega no lado celeste de Roma. A polícia suspeitava de que aquele elenco modenês poderia ter sido uma grande organização criminosa, pois Alessandro Zamperini e Antonio Marasco também tiveram problemas com a justiça por conta de apostas esportivas ilegais.

Embora as revelações sobre fatos da década anterior tenham sido tornadas públicas apenas em 2012, a antiga relação entre jogadores e criminosos deixou uma pulga atrás da orelha dos policiais e procuradores a respeito da duração dos esquemas. Além disso, Sculli e Altic eram investigados por suposta tentativa de chantagem contra o ex-atacante Luca Toni. Segundo os procuradores, os dois chantagearam o tetracampeão mundial: se o centroavante, que na época representava o Genoa, não entrasse no esquema de manipulação de resultados, eles revelariam seus casos extraconjugais a Marta Cecchetto, sua esposa, que estava grávida.

As informações colhidas eram bombásticas, mas Sculli foi inocentado de todas as acusações. Mauri e Milanetto, por sua vez, foram encarcerados temporariamente. Embora não tenha sido condenado por nada neste escândalo, Beppe colecionou mais um caso para sua fama de criminoso da bola. A sua situação voltou a ficar delicada em 2013, quando Francesco, seu pai, foi preso por lavagem de dinheiro no ramo imobiliário. No ano seguinte, o baque foi maior: o seu genitor faleceu.

Todos esses eventos extracampo interferiram diretamente no desempenho do calabrês, que já não tinha mais uma carreira sólida dentro das quatro linhas. Ao longo de três anos de novelas judiciais, o atacante fez apenas 20 partidas.

Se engana, porém, que Beppe se aquietou depois de tantos problemas em série. Após a morte de seu pai, Sculli manteve amizades com expoente da criminalidade romana, como Massimo Carminati, e se envolveu com Fabrizio Corona, um paparazzo conhecido por ser um notório chantagista: costumava extorquir famosos para não publicar fotos comprometedoras. Jogadores renomados, como Adriano, Francesco Totti e Alberto Gilardino foram vítimas do delinquente. Talvez não fosse um bom negócio mexer com o neto de “u tiradrittu”. Mas Corona teria ido adiante.

Segundo informações da polícia de Milão, em 2016, Sculli e um amigo supostamente teriam espancado e ameaçado o fotógrafo devido a um empréstimo não quitado. Beppe ainda teria ordenado que pessoas invadissem a casa de sua ex-esposa, a modelo Nina Moric, para quitar a dívida. Corona, que também teria ligações com a ‘Ndrangheta, terminou sendo preso em outra investigação. Quando foi detido, os policiais encontraram 1,7 milhão de euros em dinheiro na casa do paparazzo. Como nenhum dos dois parecia ser santo na história e os depoimentos das testemunhas foram inconclusivos, o caso foi arquivado.

Desde então, Sculli não se meteu mais em confusões. Bom, pelo menos não saíram na mídia. Ou quase. Em 2019, quando a polícia investigava a infiltração da ‘Ndrangheta na operação de estacionamentos do aeroporto de Milão-Malpensa, no intuito de lavar dinheiro, o nome do jogador foi citado numa conversa entre dois criminosos – mas não resultou em inquérito formal. Quarentão, o ex-atacante tem tentado viver longe dos holofotes. Talvez jamais consiga. Afinal, seu repertório e sua técnica, ao menos aquelas extracampo, são irrefutáveis.

Giuseppe Sculli
Nascimento: 23 de março de 1981, em Locri, Itália
Posição: atacante
Clubes: Juventus (1999-2000), Crotone (2000-02), Modena (2002-03), Chievo (2003-04), Brescia (2004-05), Messina (2005-06), Genoa (2006-11, 2012 e 2014), Lazio (2011-12, 2012-13 e 2013-14), Pescara (2013) e Pavese (2016-17)
Títulos: Europeu Sub-21 (2004) e Bronze Olímpico (2004)

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