Edoardo Bortolotti havia sido um dos jovens mais promissores do futebol italiano na virada para a década de 1990. Em seus melhores anos, um lateral-esquerdo veloz e técnico do Brescia que defendia a seleção sub-21 de Cesare Maldini e era objeto de desejo de Ottavio Bianchi, então treinador da Roma. Tudo mudou em janeiro de 1991, quando fraturou a fíbula num jogo contra a Lucchese e passou três meses parado.
Longe dos holofotes e das especulações que o colocavam nos grandes times do país, Bortolotti entrou em depressão e passou a consumir cocaína. O “castigo” veio rápido: logo em seu retorno ao ambiente futebolístico, contra o Modena, não chegou a entrar em campo, mas foi escolhido para o antidoping. O exame deu positivo, o Brescia lhe rescindiu o contrato e o lateral passou um ano suspenso. Na defesa, pediu clemência com uma afirmação simples: “Eu não sou como Maradona”. Bortolotti recusava aceitar as acusações que o apontavam como viciado e insistia só ter usado cocaína num período negro de sua vida, enquanto tentava esquecer uma garota. Não era Maradona.
Não era Maradona e, portanto, para ele a condenação representou o fim da carreira. Ainda jogaria pelo Palazzolo, na Serie C1, o pelo Gavardo, de sua cidade, nas divisões ainda mais inferiores, mas deixou o futebol aos 24 anos. O futebol havia se tornado passado para aquele que, desde criança, crescera sonhando com o futuro de um jogador e todo o luxo que isso representava.
No dia 2 de setembro de 1995, com problemas financeiros, tomou um tranquilizante e se trancou num quarto para depois se atirar do terceiro andar. Morreu pouco depois de ser internado no hospital de Brescia. Vivia com os pais e a irmã de 18 anos. O motivo, segundo seu pai, era apenas o stress vivido dia após dia num ambiente inóspito que jamais deixou de condená-lo.
Edoardo Bortolotti
Nascimento: 8 de janeiro de 1970, em Gavardo, Itália
Morte: 2 de setembro de 1995, em Gavardo, Itália
Posição: lateral-esquerdo
Clubes: Brescia (1987-88 e 1989-93), Trento (1988-89), Palazzolo (1993) e Gavardo (1993-94)
Títulos: Serie B (1992)
Seleção italiana sub-21: 4 jogos
Braitner,
Me lembro muito bem da trajetória do Bortolotti, pois ele era realmente um jovem muito 'promettente' naquele Brescia que costumeiramente revelava bons valores no início da década de 90.
Realmente, o fim dele foi muito trágico e serve como lição para muitos.
Abraços,