marcou 53 gols na Serie A. Totò fez 28 e ainda deu passe pra mais sete (Getty Images)
Se a Itália tirar das mangas outro improvável título de Copa do Mundo na disputa da África do Sul, uma perda já terá garantida, o artilheiro Antonio Di Natale. “Se vencermos, paro de jogar. Eu juro”, declarou em abril à Chi, uma revista semanal do país. Aos 32 anos, o capitão da Udinese é quem vem em melhor fase recente pelo seu clube nos últimos meses, entre os 23 prováveis convocados por Marcello Lippi: marcou pelo menos uma vez nas últimas sete rodadas, chegando à invejável marca de 28 gols até então, segunda melhor do torneio nos últimos 50 anos. E ainda mais sete assistências, número igual a de armadores como Diego, Pizarro e Jovetic.
Para isso, foi essencial o trabalho de Pasquale Marino, que alterou o posicionamento do artilheiro em campo para que ele chegasse a estes números. Tirando o período de dois meses em que Gianni De Biasi treinou o clube, entre dezembro e fevereiro, até aqui foram 27 partidas com Di Natale sob o comando de Marino: 22 gols e cinco assistências, incrível aproveitamento num time que passou boa parte do campeonato lutando contra o rebaixamento. O segredo é sua utilização no centro do tridente de ataque, ao contrário do posicionamento lateral tão comum ao napolitano nos últimos anos – e que De Biasi tentou, sem sucesso, retomar no período mais crítico da temporada friulana.
Criativo, bom de drible, tecnicamente acima da média e com talento sobrenatural para golaços, Di Natale chegou à seleção no final de 2002. Em azzurro, sob a batuta de Lippi, disputou só mais três amistosos antes de se firmar no grupo, com a chegada de Roberto Donadoni depois da conquista da última Copa do Mundo. O atacante napolitano estreou em partidas oficiais no terceiro jogo das Eliminatórias para a Euro, tornou-se homem de confiança do treinador, e só perdeu alguns poucos encontros, todos por lesão. Com o retorno de Lippi, continuou com espaço cativo no elenco, mas sem a titularidade conquistada na Era Donadoni. O problema é “simples”: falta de gols. Desde a doppietta fechada nos acréscimos do suado Chipre 1-2 Itália, em setembro de 2008, já são nove jogos em jejum. Ainda assim, a ótima fase recente deve lhe garantir uma boa posição entre os 23 do técnico toscano.
Quando chegou à Nazionale, Di Natale ainda jogava no Empoli, clube que o revelou. Na Toscana, foram 48 gols em 148 jogos de campeonato, três pela Serie B e dois na Serie A. Não conseguiu salvar seu time do rebaixamento duas vezes seguidas, e assim foi vendido à Udinese, em 2004. No Friuli, chegou como titular e formou ao lado de Iaquinta e Di Michele um ataque mortífero que ajudou o clube a alcançar uma improvável vaga nas preliminares da Liga dos Campeões. No ano seguinte, marcou 15 vezes, somando campeonato, copa e liga europeia. O suficiente para entrar na mira de outros clubes que, por vezes, ameaçavam contratá-lo. A Roma teria chegado perto de entregá-lo pela terceira vez às mãos de Luciano Spalletti, em 2007, mas as negociações fracassaram e os giallorossi optaram pelo francês Giuly, que posteriormente se revelaria uma contratação lastimável. Di Natale, por outro lado, fechou a temporada 2007-08 com 17 gols e a faixa de capitão, tendo sido essencial para a sétima posição bianconera na Serie A.
Na atual temporada, chegou a 102 gols pela Serie A, 83 deles pela Udinese. Com o feito, tornou-se o maior artilheiro da história do clube, superando Lorenzo Bettini, atacante dos anos 1950. Somando todas as competições, são 101 gols pelo time friulano. Outro recorde de 2009-10 veio ao superar a marca de Oliver Bierhoff, até então o melhor marcador da Udinese em uma só temporada, com 27 gols. Um ano marcante para Di Natale, que terá a cereja de seu bolo ao disputar sua primeira Copa do Mundo, aos 32 anos.