Jogadores

Armando Picchi deu um novo significado à função de líbero

Armando Picchi morreu em 27 de maio de 1971, após uma luta tão rápida quanto intensa contra um câncer. Mesmo assim, teve tempo para escrever uma bonita história no futebol italiano quando atuou pela Internazionale, que então era comandada por Helenio Herrera e ficou conhecida como Grande Inter.

O defensor começou a carreira no Livorno, time da cidade onde nasceu. Ficou lá até 1959, quando saiu para passar uma temporada na SPAL. Naquela temporada, os biancazzurri estrearam na Serie A e conseguiram o quinto lugar, melhor resultado na história do clube disputando a primeira divisão.

Assim que chegou à equipe nerazzurra, Helenio Herrera pediu a contratação de Picchi. À época, a Inter pagou 24 milhões de liras (equivalente a 13 mil euros atuais) mais o passe de três jogadores. Mal sabia que começava ali o período de glórias de um dos maiores times da história do futebol. Herrera introduziu ali o catenaccio, então consagrado na Itália pela Triestina e pelo Padova de Nereo Rocco. Picchi foi fundamental para o acerto do esquema dentro de campo.

Ele chegou ao clube como lateral-direito, mas Herrera viu em Picchi grande capacidade de marcação e espírito de liderança, então o mudou de posição, montou a equipe no 3-1-3-3 e formou uma das defesas mais marcantes e vitoriosas da Inter. Picchi atuava como homem da sobra e Tarcisio Burgnich e Giacinto Facchetti completavam o tridente defensivo da Grande Inter. O toscano se tornou o capitão da equipe no período e fez parte de um esquadrão praticamente imbatível – entre 1960 e 1967, venceu três títulos italianos e quatro internacionais.

Antes da final europeia de 1964, Picchi cumprimenta o madridista Gento (imago)

Na seleção italiana, o líbero não teve muitas chances e o técnico Edmondo Fabbri o deixou fora da Copa do Mundo de 1966. Quando enfim começava a ter uma boa sequência, em 1968, sob o comando de Ferruccio Valcareggi, quebrou a bacia durante uma jogo pelas Eliminatórias da Eurocopa e decidiu abandonar a Nazionale. Fez apenas 12 partidas em azzurro.

Pela Serie A, em 1º de junho de 1967, Picchi entrou em campo para fazer sua 257ª partida com a camisa da Internazionale. Ele ajudou a equipe a vencer o Mantova, por 1 a 0, e então se transferiu para o Varese, para atuar por dois anos até encerrar a carreira. No último ano em biancorosso, atuou também como técnico, mas não evitou o rebaixamento do time, que caiu para a segunda divisão por apenas um ponto. Desanimado, Picchi pendurou as chuteiras aos 33 anos e tentou ser treinador.

Saiu do Varese para o Livorno que o havia revelado e fez uma campanha memorável ao tirar o time da zona de rebaixamento da Serie B e deixá-lo na nona posição. O sucesso repentino o levou à Juventus. Aos 35 anos, Picchi era o treinador mais novo da Serie A. Comandou a equipe por 29 jogos antes de descobrir um tumor na coluna vertebral e morrer poucos dias depois, em 1971. No dia de seu enterro, o comércio de Livorno fechou mais cedo e a cidade parou. Em 1990, o estádio Ardenza passou a levar o nome de um dos grandes nomes da história labronica.

Armando Picchi
Nascimento: 20 de junho de 1935, em Livorno, Itália
Morte: 26 de maio de 1971, em Sanremo, Itália
Posições: lateral-direito/líbero
Clubes como jogador: Livorno (1954-59), Spal (1959-60), Inter (1960-67) e Varese (1967-69)
Títulos como jogador: Serie A (1963, 1965 e 1966), Copa dos Campeões (1964 e 1965), Copa Intercontinental (1964 e 1965)
Clubes como treinador: Varese (1968-69), Livorno (1969-70) e Juventus (1970-71)
Seleção italiana: 12 jogos

Compartilhe!

3 comentários

Deixe um comentário