Serie A

17ª rodada: a Zona Mazzarri

Cavani, o rei da zona Mazzarri: colocando o nome na história do clube? (Getty Images)

2010 na Serie A chegou ao fim e, pela primeira vez desde 2005-06 a Inter não passa o Natal na ponta da tabela do campeonato. Os nerazzurri não jogaram nesta rodada, mas a citação ao clube revela como o campeonato italiano desta temporada tem sido diferente. Não porque o Milan tenha voltado a ocupar a ponta do campeonato, mas porque, desta vez, o rival da vez, até o momento, é o Napoli, reeditando os melhores momentos do futebol italiano no fim da decada de 1980 e início da década de 1990. Com os resultados desta rodada, os azzurri ficam, juntamente com a Lazio, apenas três pontos atrás dos rossoneri.

Infelizmente, a última rodada do ano não teve o dérbi de Gênova entre Genoa e Sampdoria, adiado devido a forte nevasca que se abateu sobre a Ligúria e tornou impraticável jogar futebol no Luigi Ferraris. Confira o resumo da rodada e, logo mais, acompanhe o início do nosso balanço da metade da temporada, com uma análise da campanha de todas as equipes da Serie A.

Napoli 1-0 Lecce
Desde que tinha Maradona, nos anos 1980 e no início dos 1990, o clube partenopeo não concluía o primeiro turno da Serie A em posição tão alta na tabela. O ótimo campeonato do Napoli até agora tem dois grandes responsáveis: Mazzarri e Cavani. Se o treinador consegue passar aos jogadores o espírito de acreditar até o fim, o Canibal é o jogador que mais incorporou o espírito mazzarriano: cinco de seus dez gols na Serie A foram realizados nos cinco últimos minutos de jogo, momentos que já vem sendo chamados de “zona Mazzarri”. Contra o Lecce, a façanha foi ainda maior, já que o gol veio nos acréscimos e a partir de uma bomba indefensável de fora da área, que entrou no ângulo do goleiro Rosati, que vinha de boa partida. O uruguaio fecha 2010 com chave de ouro. Depois de ser peça importante de sua seleção na campanha que a levou ao 4º posto na Copa do Mundo, Cavani é o artilheiro da Serie A, com 10 gols e, se continuar em tão boa fase e levar o Napoli ao menos para a Liga dos Campeões, já coloca seu nome na história do clube.

A se destacar na partida o número de desfalques importantes nos times: cinco para cada lado. Além disso, segundos antes do gol de Cavani, o zagueiro Grava manteve o Napoli vive no jogo, ao tirar em cima da linha um chute de Corvia, que já havia se livrado de De Sanctis. O Lecce também teve outra chance muito clara, com Piatti, mas o goleiro azzurro também evitou o gol dos salentini. Vitória de um time que está com tanta vontade que pode chegar longe. Os dois próximos jogos, contra Inter e Juventus, serão grandes mostras de até onde os napolitanos podem chegar.

Lazio 3-2 Udinese
A Lazio jogava em casa contra a Udinese podendo encostar no líder Milan, porém mesmo com a boa campanha da equipe capitolina, a torcida não compareceu ao Olímpico e perdeu uma das melhores partidas dessa Serie A. Os biancocelesti, armados no 4-3-1-2, com Hernanes sendo o trequartista, fizeram o primeiro gol muito cedo. O Profeta recebeu de Rocchi na entrada da área e finalizou rasteiro, marcando seu quinto tento na Serie A – ainda no primeiro tempo, quase fez o sexto, mas a trave o impediu. A Lazio diminuiu perigosamente seu ritmo e viu a Udinese dominar a posse de bola. Poucas oportunidades claras foram criadas, e, na melhor delas, Armero perdeu um gol incrível na pequena área.

O segundo tempo foi ainda melhor, com gols logo no início. Primeiro os bianconeri, com Alexis Sánchez após ótimo cruzamento de Di Natale; depois a Lazio, com Biava. Com a derrota parcial, Guidolin avançou o time e mandou o atacante Denis a campo. Alteração que logo surtiu efeito: em sua primeira participação no jogo, o argentino contou com falha de Muslera para igualar o placar. Di Natale até teve a chance de matar o jogo, mas perdeu oportunidades que não costuma perder. e viu seu time ser punido aos 43 do segundo tempo, quando Zapata tentou cortar escanteio e acabou marcando contra. Mais três pontos para os biancocelesti, que, com a derrota do Milan fecham 2010 a três pontos da ponta da Serie A. (Pedro Spiacci)

Chievo 1-1 Juventus
Parecia ser o dia da Juventus: o Chievo vinha melhor no jogo, conseguiu um pênalti a seu favor, mas quem se deu bem mesmo foi a Velha Senhora. Depois de Chiellini derrubar Moscardelli dentro da área, Marcolini foi para a cobrança, mas parou no inspirado Storari, que defendeu o terceiro pênalti na temporada. Poucos minutos depois, Sorensen acertou chute na trave, mas Quagliarella tiraria o zero do placar ao aproveitar bola espirrada na área e marcar com uma puxeta, mudando de vez o panorama do jogo. Agora era a Juve que comandava as ações e dominava com facilidade o time da casa. A partir daí, o primeiro tempo ficou sem muitas outras emoções.

Na segunda etapa, então, a expulsão do garoto Giandonato (jogando no lugar de Felipe Melo, suspenso) logo aos sete minutos colocou um pouco de tensão na partida. O Chievo partiu para cima e Del Neri teve que tirar Quagliarella para fortalecer o meio-campo, com a entrada do bósnio Salihamidzic. A Juve ainda teve duas oportunidades de matar o jogo, com Iaquinta e Krasic, que driblou até o goleiro, antes de chutar no travessão. Com a linha defensiva em grande dia (ótima partida de Bonucci), a Juve aguentou a pressão até os 93, quando em uma falha de marcação do jovem Sorensen, Pellissier marcou o gol de empate. E, apesar de os jovens Giandonato e Sorensen terem tido participação crucial nos lances que decidiram o jogo, não é o caso de crucificá-los. Ambos vinham fazendo partida consistente antes dos erros individuais e estão em fase de crescimento. Assim, a Juve perdeu a chance de encostar ainda mais no Milan e o panetone de natal vai ter gosto amargo. (Rodrigo Antonelli)

Bari 1-1 Palermo
No jogo entre as duas equipes do sul, mais um tropeço do Palermo, que vive fase extremamente irregular. Os rosanero saíram na frente com Ilicic, logo após que o zagueiro Marco Rossi foi expulso pela segunda vez em dois jogos. No entanto, a superioridade numérica não se verificou em campo. Os visitantes não souberam dominar a partida e abriram espaço para a reação do lanterna do campeonato, que veio com gol de Andrea Masiello, em cobrança de pênalti rigoroso marcado por Rizzoli.

Com o recesso, o Bari poderá enfim recuperar seu elenco, totalmente esfacelado. O time já recuperou Andrea Masiello (autor do gol), Rivas e Barreto, mas ainda tem uma série de jogadores no departamento médico. Já o Palermo poderá descansar e recuperar-se fisicamente do fato de ter se dividido entre Serie A e Liga Europa, situação mal gerenciada por Delio Rossi e pelos preparadores físicos do clube. Rossi, inclusive, vem sendo bastante criticado pelo presidente Maurizio Zamparini, que o acusa de cautela excessiva, e já vê seu cargo sob perigo. As férias farão bem a ele e também aos dois times.

Catania 1-0 Brescia
Nada mais previsível do que uma vitória rossazzurra nessa partida. Dos 21 pontos conquistados pelo Catania no campeonato, 18 foram em casa (derrota apenas para a Juve). E do lado do Brescia, em sete partidas fora de seus domínios, foram seis derrotas e somente uma vitória (contra o Chievo). Os três pontos dão um pouco de tranquilidade ao time siciliano e, principalmente, ao técnico Giampaolo, que começava a balançar, depois de quase um mês sem vitórias. O resultado serve também para acalmar um pouco o tumultuado ambiente que tomou conta do Massimino nessa semana. Além dos quatro contundidos (Spolli, Mascara, Biagianti e Potenza) e dois suspensos (Martinho e Morimoto), o técnico ganhou mais um problema ,com a exclusão de Terlizzi do elenco (deve sair para o Bari em janeiro), que criticou a diretoria após derrota para o Cagliari.

O Brescia, por outro lado, não conseguiu manter o bom momento conquistado com a vitória em cima da Sampdoria e continua flertando com a zona de rebaixamento. E o resultado só não foi pior porque, mais uma vez, o goleiro Sereni se destacou e guardou muito bem a meta rondinelle. O veterano, aliás, vem acumulando grandes apresentações e tem sido um dos melhores da competição. Para seu azar, seus companheiros não ajudam: no lance do gol, Budel foi muito mal e facilitou o trabalho de Maxi López, que voltou a fazer grande partida. Destaque positivo também para Ledesma, que não jogava bem há um tempo e ontem voltou à velha forma, ajudando o time a ser mais compacto e objetivo. (Rodrigo Antonelli)

Parma 0-0 Bologna
No derby emiliano, o jogo foi bastante lento e mostrou porque as duas equipes apenas ocupam o meio da tabela, sem tanto perigo de ficar na zona de rebaixamento e sem perspectivas de lutar por posições mais em cima. No primeiro tempo, quase nada merece ser lembrado, no campeo gelado do Tardini, que pode realizar a partida mesmo com a neve que caiu horas antes. Jogo muito fraco e sem boas ocasiões para nenhum dos lados. As defesas dominaram a partida e a bola ficou muito presa no meio-de-campo.

Na segunda etapa, destaque para as duas grandes oportunidades perdidas por Di Vaio e Crespo, que poderiam ter decidido o jogo, mas não o fizeram. Empate até no número de chances desperdiçadas. Ponto positivo para o capitão Morrone, que recuperou a titularidade poucos minutos antes do jogo e se saiu bem, fazendo bom jogo no meio campo crociato. (Rodrigo Antonelli)

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Seleção da 17ª rodada
Sorrentino (Chievo); Grava (Napoli), Juan (Roma), Bonucci (Juventus), Lauro (Cesena); De Rossi (Roma); Jiménez (Cesena), Hernanes (Lazio), Ménez (Roma); Sánchez (Udinese), Cavani (Napoli). Técnico: Claudio Ranieri (Roma).

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