O Giuseppe Meazza recebeu mais de 70 mil interistas dispostos a relembrar o último confronto entre Inter e Bayern, quando os italianos alcançaram o título da Liga dos Campeões, chegando à tríplice coroa. Porém, dessa vez a história foi diferente. Louis van Gaal armou os bávaros no 4-2-3-1, com Robben à direita e Ribéry à esquerda, prendendo os laterais interistas. Já Leonardo, não teve o inelegível Pazzini e o machucado Milito. Assim o treinador brasileiro prefiriu apostar no 4-3-2-1, deixando Eto’o isolado no ataque. Pandev poderia ser escalado ao lado do camaronês, mas por estar muito mal na temporada, ficou como opção no banco.
Foi a bola rolar para ficar claro o erro da opção de Leonardo. A Inter não mantinha a bola e com 20 minutos de jogo, os bávaros já tinham 60% de posse. Até aí, nada tão alarmante: a Inter estava acostumada a jogar nos contra-ataques e com toques rápidos, “desprezando” a posse de bola, mas com Eto’o muito isolado na frente, era difícil que isso pudesse acontecer.
A linha defensiva nerazzurra funcionava bem e evitava inserções de Robben e Ribéry. O Bayern assustava nos chutes de fora da área, executados por Luiz Gustavo, que fez grande partida. O Bayern dominava, mas a primeira grande chance de gol da partida foi italiana. Na ponta-direita Eto’o driblou Schweinsteiger e rolou para Cambiasso, que perdeu cara a cara com o goleiro Kraft.
A resposta bávara veio atráves de cruzamento da direita de Robben, que Ribéry desviou para acertar a trave. Lahm apoiava muito o holandês e a dupla dificultava a marcação no setor esquerdo da defesa nerazzurra. Mesmo sem merecer a vantagem, a Inter passou perto de abrir o placar novamente, na parte final do primeiro tempo. Chivu despachou bola do meio-campo e encontrou Lúcio na ponta-esquerda, que desviou direto para a área. Eto’o dominou vencendo a defesa e finalizou forte de canhota, mas novamente Kraft executou boa defesa e evitou que o placar saísse do zero.
No segundo tempo, outro personagem bávaro começava a buscar o protagonismo: Robben, chamou a responsabilidade e mostrou que ele poderia ser o caminho para a vitória do Bayern. E o holandês começou dando um cruzamento para Müller, que cabeceou ao lado do gol. Depois, foi a vez de Robben conduzir a bola da esquerda para a direita, de onde arrematou na trave de Júlio César.
As chances da Inter sempre tinham o mesmo caminho, Eto’o apoiado por Sneijder e eventualmente pelo lateral-direito Maicon. O jovem goleiro do Bayern de Munique teve que aparecer em mais uma finalização do camisa nove nerazzurro e no rebote, Kraft ainda fechou o ângulo para Cambiasso, que bateu por cima do gol e desperdiçou mais uma ótima chance. Os problemas italianos aumentaram quando Ranocchia – novamente um dos melhores em campo com camisa da Inter -, saiu sentindo o joelho, que deve deixá-lo parado por 15 ou 20 dias. Leonardo colocou Kharja em campo, passou Chivu para zaga e Zanetti foi jogar na lateral-esquerda. Eto’o, no entanto, continuava muito isolado. Nem Pandev nem Coutinho entravam em campo para dar mais opções ao ataque em um jogo no qual um gol seria fundamental.
Os nerazzurri chegavam a criar e, no final dapartida, foram para cima, com ótimas oportunidades, que poderiam ter definido o jogo. Em um momento depressão abosluta, uma sequência de lances deixou o Bayern atônito: primeiro, Sneijder cobrou escanteio da direita e Thiago Motta acertou uma cabeçada muito forte, mas novamente Kraft estava lá para salvar o Bayern de Munique. Depois, a blitz nerazzurra continuou, com chutes de Eto’o e Kharja, que a defesa desviava para escanteio ou que Kraft se incumbia de defender.
Definitivamente não era dia da Inter. E ficou pior nos acréscimos. Ribéry virou o jogo para a direita, onde Robben dominou e foi levando para meio até arrematar forte de canhota. Júlio César falhou quando não podia e soltou as bolas no pé de Mario Gómez, que não vacilou e mandou para o gol. O alemão marcou seu sétimo gol nessa LC, chegando à artilharia ao lado de Anelka e Eto’o. Não houve mais tempo para que Leonardo mexesse no time, erro fatal, que pode ser explicado pela inexperiência do brasileiro.
Agora a Inter vai tentar buscar reverter a vantagem bávara na Allianz Arena. Leonardo, que julgou o resultado injusto, acha possível a vitória na Alemanha. Para isso, os nerazzurri precisarão de alguém para apoiar Eto’o, que isolado tem seu desempenho bastante prejudicado. Que a derrota sirva de lição para um time que já está acostumado a reverter situações complicadas, mas que desde a derrota para o Liverpool na mesma fase da LC, em 2008, não corre tanto risco de cair mais cedo na principal competição de clubes do mundo. A Itália torce por esta e pelas outras (improváveis) viradas.
Banco: Castelazzi, Materazzi, Nagatomo, Mariga, Coutinho, Pandev.
Bayern de Munique: Kraft; Lahm, Tymoshchuk, Badstuber, Pranjic (Breno); Schweinsteiger, Luiz Gustavo; Robben, Müller, Ribéry; Gómez. Técnico: Louis van Gaal
Banco: Butt, Van Buyten, Ottl, Hamit Altintop, Kroos, Klose.
Árbitro: Viktor Kassai, da Hungria.
Gol: Gómez (Bayern de Munique), aos 90.
Cartões amarelos: Zanetti, Sneijder e Thiago Motta (Inter) Ribéry e Luiz Gustavo (Bayern)
Fantástica análise. Que pena, pro futebol Italiano estar perdendo uma vaga de UCL pra Alemanha.
Spiacci?Deve ser novo por aqui. Escreve muito bem, tá de parabéns, como toda a equipe do site.
Abraços.