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Kwadwo Asamoah, africano com mais jogos pela Serie A, brilhou por Udinese e Juventus

Entre as 279 partidas que disputou na Serie A, o ganês Kwadwo Asamoah trajou branco e preto na maioria delas. É que ele despontou para o futebol internacional jogando pela Udinese, onde viveu anos incríveis. Depois, alcançou o auge em Turim, com uma Juventus que ganhou todos os títulos nacionais na década de 2010. As lesões, contudo, prejudicaram a reta final da carreira do ala-esquerdo, que teve passagem irregular pela Inter e quase não atuou em seu breve período no Cagliari.

Kwadwo nasceu em Acra, capital e maior cidade de Gana. Ele começou a levar o futebol mais a sério em 2005, quando tinha 17 anos e passou a integrar o setor juvenil do Kaaseman FC. Não demorou muito para que o garoto se transferisse para um clube de maior porte. O Liberty Professionals é um time novo, fundando em 1997, mas que alcançou alto patamar rapidamente. Jogadores como Michael Essien, Asamoah Gyan, Sulley Muntari, entre outros, passaram por lá antes de fazer sucesso na Europa.

Em 2008, Kwadwo fez parte do grupo que disputou, em casa, a Copa Africana de Nações. Não entrou em campo, mas ganhou experiência e adicionou a seu currículo uma medalha de bronze da mais importante competição de seu continente. Na seleção, herdou a camisa 10, que é tradicionalmente usada pelos grandes jogadores dos Estrelas Negras. Já estamparam o número nas costas atletas como Abdul Razak, Abedi Pelé e Stephen Appiah.

Ainda em 2008, o jovem Kwadwo chamou a atenção do Bellinzona, clube suíço que o contratou e logo teve de repassá-lo ao Torino, porque não obteve um visto de trabalho no país alpino. Asamoah foi adquirido pelo Toro por empréstimo com direito de compra fixado em 3 milhões de euros.

Na Udinese, Asamoah se valorizou e ganhou destaque no futebol italiano (Getty)

Na Itália, chegou sob olhares desconfiados de torcedores que nunca o tinham visto jogar e não sabiam ao certo se ele era um trequartista ou um volante ofensivo. Asamoah não chegou a atuar no time profissional do Toro e, depois de esquentar o banco em algumas partidas e ser utilizado nas categorias de base dos granata, foi repassado à Udinese. Apesar de poder fazer parte da equipe Primavera, o ganês de 20 anos recém-completados chegava para compor o elenco principal, diferentemente do que alguns apostavam. Demorou pouco mais de cinco meses para que Kwadwo deixasse de ser uma incógnita e mostrasse do que era capaz.

Em janeiro de 2009, finalmente, ganhou uma chance de verdade, com o técnico Pasquale Marino, e não decepcionou. A má fase de Gökhan Inler fez com que o treinador apostasse no jovem ganense. Grande cartada. A estreia de Asamoah na Serie A aconteceu no dia 11 de janeiro, nos últimos 20 minutos do empate contra a Sampdoria.

No domingo seguinte, Kojo, como era apelidado, iniciou a partida entre os 11 titulares e não abandonou mais o posto, chegando a marcar seu primeiro gol em vestes alvinegras na vitória por 3 a 1 contra a Fiorentina. No fim das contas, compôs o meio-campo bianconero com muita eficiência e se tornou uma das grandes revelações daquele campeonato.

Atuando como box-to-box, com grande poder de marcação, habilidade para sair jogando, velocidade e boa visão de jogo, Asamoah ajudou a dinamizar as transições da Udinese, ao lado dos chilenos Mauricio Isla e Alexis Sánchez. Agradou tanto que, ao final da temporada, o clube friulano fez valer seu direito de compra e adquiriu seu passe junto ao Bellinzona pela bagatela de 800 mil euros. Nesse pequeno espaço de tempo, Kojo mostrou o grande atleta que poderia se tornar e se valorizou consideravelmente. Ou seja, a agremiação bianconera provou que estava certa em apostar em seu futebol e que tinha mais um tesouro em mãos.

Bastante dinâmico, Kojo foi um dos pilares da fase mais vitoriosa da história da Juventus (Getty)

A ascensão meteórica lhe rendeu comparações com compatriotas de peso, como Essien e Appiah, com a vantagem de ser mais habilidoso do que os dois. A serviço da seleção ganesa, Asamoah viveu grandes momentos no ano de 2010. Isso porque foi vice-campeão da Copa Africana de Nações, perdendo do Egito, na final, por 1 a 0, e disputou a Copa do Mundo. No Mundial realizado na África do Sul, os Estrelas Negras estiveram muito perto de alcançar as semifinais, mas pararam nas mãos de Luis Suárez e Fernando Muslera, e na cavadinha de Sebastián “Loco” Abreu. Kwadwo foi titular em todos os jogos, atuando por dentro em uma linha de quatro meio-campistas, no 4-1-4-1 do técnico Milovan Rajevac.

Era de se esperar que o promissor atleta, em destaque no time friulano, chamasse a atenção de gigantes do futebol europeu. Juventus e Inter despontaram como possíveis destinos ao camisa 20. No fim das contas, ele acabou acertando com a Vecchia Signora, no verão de 2012. Deixou a Udinese após 134 jogos, oito gols e nove assistências. O ganês custou 9 milhões de euros aos cofres da Juve, que viu sua nova aquisição marcar um golaço logo em seu primeiro compromisso oficial vestindo a camisa bianconera.

Na eletrizante vitória por 4 a 2 sobre o Napoli na decisão da Supercopa Italiana, Arturo Vidal inverteu o jogo, da direita à esquerda, buscando Asamoah, totalmente livre: ele pegou de primeira, na veia, sem chances para o goleiro Morgan De Sanctis. A boa impressão contra os napolitanos foi um prelúdio do que o camisa 22 entregaria posteriormente. Ala canhoto no 3-5-2 de Antonio Conte, ele atravessou temporadas de alto nível na Juventus. Não à toa, foi eleito o melhor atleta da Supercopa Italiana de 2012, jogador ganês do ano duas vezes (2012 e 2013) e entrou para a seleção dos melhores da Serie A em 2014.

No entanto, depois de três campanhas de solidez pelo flanco canhoto da Juventus, Asamoah começou a sofrer com lesões. Em 4 de novembro de 2014, a equipe do Piemonte bateu o Olympiacos, por 3 a 2, em Turim, pela Grupo A da Champions League. O africano, contudo, deixou o campo contundido. Ele havia machucado o joelho. A contusão o fez se ausentar dos gramados por sete meses. O retorno ocorreu no final da temporada 2014-15, quando a Vecchia Signora já tinha garantido a dobradinha – Serie A e Coppa Italia. Os italianos ainda perderam a Liga dos Campeões naquela temporada, após sucumbirem ante o Barcelona, por 3 a 1, em Berlim.

Já em declínio físico, Asamoah defendeu a Inter (Getty)

Asamoah voltaria a se machucar com frequência em 2015-16, de modo que finalizaria a temporada com apenas 13 jogos e duas assistências – a lesão também lhe deixaria longe da seleção ganesa por um longo período. Bom para o brasileiro Alex Sandro e o francês Patrice Evra, que tomaram conta da ala canhota. No decorrer da temporada 2016-17, Massimiliano Allegri passou a utilizar com frequência um sistema tático com linha de quatro na defesa. Kojo, acostumado a atuar mais adiantado, teve de jogar como lateral-esquerdo.

Após seis anos de Juventus, Asamoah optou por não renovar contrato com os bianconeri ao fim da temporada 2017-18. Deixou o clube com seis scudetti, quatro títulos da Coppa Italia e três taças da Supercopa Italiana. A parada seguinte do ganês, entretanto, fez alguns juventinos torcerem o nariz. O atleta reforçaria a Inter, uma das grandes rivais da Velha Senhora. Sob o comando de Luciano Spalletti, jogou como lateral-esquerdo, no 4-2-3-1 implementado pelo técnico. Kojo fez uma temporada 2018-19 regular com a camisa nerazzurra, mas falhou em um momento crucial.

Contra o PSV Eindhoven de Mark van Bommel, em duelo válido pela última rodada do Grupo B da Liga dos Campeões, o camisa 18 perdeu a bola no campo de defesa para Steven Bergwijn, que avançou e cruzou na cabeça de Hirving Lozano, atacante mexicano que mais tarde viria a defender o Napoli. Os italianos chegaram a empatar a peleja, mas foi só. Assim, o clube milanês teve de se contentar com a transferência para Liga Europa.

Na temporada seguinte, Conte, seu velho conhecido da época de Juventus, aportou em Milão para treinar a Inter. A situação, porém, era totalmente diferente do início da década de 2010, quando o africano estava em seu auge. Asamoah, mais uma vez, foi prejudicado devido às lesões, e a Beneamata fechou com o inglês Ashley Young para servir como opção à ala esquerda. Assim, Kwadwo ficou de fora do projeto técnico do técnico salentino, que não o escalou em sequer uma partida no returno da temporada.

O ganês se despediu do futebol após melancólica passagem pelo Cagliari (Getty)

Descartado pelo treinador interista, Asamoah rescindiu contrato com os nerazzurri em outubro de 2020 e permaneceu alguns meses parado. Também já havia se aposentado da seleção ganesa, com a qual disputou cinco edições da Copa Africana de Nações e duas da Copa do Mundo. Kojo ficou sumido até fevereiro de 2021, quando especulações o ligavam à Sampdoria. No entanto, atleta assinou com o Cagliari: aquele contrato, válido apenas até o fim da temporada, seria seu último antes de pendurar as chuteiras.

Na Sardenha, Kojo jogou pouco: entrou em campo nove vezes, disputou apenas uma peleja inteira e não participou de gols. Uma trajetória curta pelos rossoblù, que se encerrou em junho de 2021. Combalido por problemas físicos, Asamoah não encontrou mais equipes para defender desde a saída do time sardo e, em outubro de 2022, aos 33 anos, se aposentou dos gramados, com o status de jogador africano detentor de mais partidas pela Serie A (279).

Asamoah, contudo, segue ligado ao mundo do futebol. É que o agora ex-jogador entrou para o mundo dos negócios esportivos, trabalhando na empresa de agentes comandada por Federico Pastorello, eleito em 2021 como o melhor agente da Fifa pelo Globe Soccer Awards.

Kwadwo Asamoah
Nascimento: 9 de dezembro de 1988, em Acra, Gana
Posição: ala-esquerdo, lateral-esquerdo e meio-campista
Clubes: Liberty Professionals (2006-07), Bellinzona (2008), Torino (2008), Udinese (2008-12), Juventus (2012-18), Inter (2018-20) e Cagliari (2021)
Títulos: Supercopa Italiana (2012, 2013 e 2015), Serie A (2013, 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018) e Coppa Italia (2015, 2016, 2017 e 2018)
Seleção ganesa: 74 jogos e 4 gols

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