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Luís Oliveira, o belgo-brasileiro que fez carreira na Velha Bota

Ele jogou ao lado de Edmundo e Gabriel Batistuta em um dos melhores times que a Fiorentina montou em seu passado recente. Foi também um dos jogadores que desembarcou na França em 1998 para disputar a Copa do Mundo. Já anotou mais de 100 gols desde que desembarcou na Itália para atuar no futebol local. E mesmo todas essas conquistas ao longo de sua carreira não fazem de Luís Airton Barroso de Oliveira, ou apenas Oliveira, um jogador conhecido pela mídia ou pela torcida do Brasil – mesmo sendo ele natural de São Luís, capital do Maranhão.

Personagem de uma história que se repete com certa frequência no futebol brasileiro, Oliveira deixou o Brasil muito cedo atraído por propostas do exterior. Filho do ex-jogador Zezico, que fez fama atuando pelo Moto Clube, do Maranhão, o atacante conseguiu sua primeira chance no futebol aos 15 anos, quando ingressou nas categorias de base do Tupan, pequeno clube de seu estado natal. A habilidade do garoto impressionou olheiros do belga Anderlecht, que não hesitou em levá-lo para se desenvolver em suas categorias de base.

Após três anos trabalhando com toda a estrutura oferecida pelo clube belga, Oliveira finalmente ganhou uma chance entre os profissionais de seu time. Tido como uma das grandes joias entre os jovens jogadores, o atacante não decepcionou e logo conseguiu um lugar no time titular. Com sua posição conquistada, passou a se tornar um dos ídolos dos Mauves devido aos gols feitos, mostrando sempre o faro de artilheiro que o marcaria durante toda sua carreira. Seu auge no Anderlecht aconteceria em 1991, quando foi uma das peças-chave da conquista do campeonato belga.

A estreia de Oliveira na Serie A ocorreu pelo Cagliari (EMPICS/Getty)

A idolatria da torcida do Anderlecht por Oliveira e seus gols decisivos renderam duas conquistas pessoais para o jogador: o convite para se naturalizar belga e defender a seleção local e a chance de embarcar para a Itália, de onde recebera proposta para atuar no Cagliari. Com cidadania belga e jogando em um grande centro, o atacante estreou na seleção, continuou com a fama de artilheiro e logo conquistou a torcida rossoblù.

Em quatro anos na Sardenha, Oliveira ajudou o time a fazer boas campanhas na Serie A. O auge aconteceu na primeira, mesmo com alguns litígios com Carlo Mazzone por causa de seu corte de cabelo. Em 1992-93, a equipe, que também tinha Enzo Francescoli, Gianluca Festa, Gianfranco Matteoli, José Herrera e Francesco Moriero, ficou na 6ª posição, garantindo uma vaga na Copa Uefa. No ano seguinte, fazendo dupla de ataque com o panamenho Dely Valdés, ajudou o time a chegar às semifinais do torneio, quando o time caiu para a futura campeã Inter.

Os 42 gols anotados pelo atleta nos quatro anos que passou na Sardenha foram suficientes para render uma transferência para um clube maior. Após realizar ótima campanha na Serie A, garantindo lugar na edição seguinte da Liga dos Campeões, além de se sagrar campeã da Coppa Italia, a Fiorentina foi a responsável por adquirir os direitos do jogador, em 1996.

Depois de um ótimo desempenho na Sardenha, o belo-brasileiro foi adquirido pela Fiorentina (Allsport)

A passagem de Lulù pela viola foi marcada por duas temporadas muito boas, com um bom futebol apresentado e gols importantes anotados. Assim que chegou, conquistou a Supercoppa, seu primeiro título em solo italiano. Depois, ficou no quase na Recopa 1996-97 e na Coppa Italia 1998-99. Passando por uma das melhores fases da carreira, Oliveira era presença constante na seleção belga e chegou a ser convocado para a Copa de 1998, realizada na França.

Com a crise financeira que ia se aproximando de seu auge, os dirigentes da equipe florentina começaram a desmontar o plantel montado em torno dos craques Batistuta e Rui Costa. Oliveira, após três anos e 26 gols marcados em 94 jogos foi negociado novamente, voltando para o Cagliari em busca de repetir o sucesso de outrora.

A boa passagem registrada na Sardenha no começo dos anos 90, porém, não se repetiu pela segunda vez e Oliveira, então, passou a ser um cigano do futebol italiano. Depois de fracassar em sua segunda passagem pelo Cagliari, o brasileiro foi negociado com o Bologna, que à época disputava a permanência na Serie A. Com apenas um gol feito com a camisa rossoblù, o atacante nunca mais voltaria a ter uma chance na primeira divisão italiana. Sua queda, porém, não foi tão acentuada como pode parecer. A chegada ao Como, então na Serie B, trouxe de volta os gols, mas não o interesse de times maiores.

Quem lembra de Oliveira na Itália costuma associá-lo à Fiorentina, onde viveu boa fase (Allsport)

Apesar de não poder retornar à primeira divisão, Oliveira passou a ser visto como uma esperança para clubes das divisões inferiores. A boa passagem pelo Como culminou no título da Serie B e na artilharia de Lulù, que marcou 23 gols, mas o atacante se desentendeu com a diretoria e acertou transferência para o Catania, último clube no qual passou mais de um ano. Apesar de não conseguir levar os etnei à elite, o belga marcou mais de 30 gols, mantendo o faro de artilheiro apurado, e passou a ser apelidado de Il Falco, pela forma como comemorava os gols.

Algumas partidas abaixo da média, porém, levaram o atacante a ser barrado. Depois, brigou com a torcida que antes o apoiara e o tratava como xodó. O desentendimento com o presidente Luciano Gaucci marcou o fim da linha para Oliveira, que acabou negociado com o Foggia, então na Serie C1.

A partir daí a vida de Oliveira não teve mais dias tranquilos. As mudanças constantes fizeram com que o jogador passasse ainda por Venezia e Lucchese, antes de retornar para a Sardenha, terra de sua esposa e de seus filhos. Na ilha, o jogador defendeu Nuorese e Derthona, pequenos clubes de divisões inferiores da Itália. Em 2009, chegou ao Muravera, para disputar a Eccellenza Sarda, liga semi-profissional da Sardenha, exercendo o duplo papel de treinador e jogador do time. Hoje, ainda faz parte do elenco da equipe, mas também se dedica a seu centro esportivo, inaugurado com seu nome.

Luís Oliveira
Nascimento: 24 de março de 1969, em São Luís (MA)
Posição: atacante
Clubes: Anderlecht (1988-1992), Cagliari (1992-1996 e 1999-2000), Fiorentina (1996-1999), Bologna (2000-2001), Como (2001-2002), Catania (2003-2004), Foggia (2004-2005), Venezia (2005), Lucchese (2005-2006), Nuorese (2006-2008), Derthona (2008-2009) e Muravera (2009-hoje)
Títulos: Copa da Bélgica (1987-88, 1988-89), Supercopa da Bélgica (1987), Campeonato Belga (1991), Supercoppa Italiana (1996) e Serie B (2001-02)
Seleção belga: 31 jogos e sete gols

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