Damiano Tommasi era um volante que não se destacava apenas pelos longos cabelos encaracolados e pela farta barba em seu rosto. O jogador não se limitava à marcação e também ajudava no ataque, onde constantemente aparecia como elemento surpresa, marcando seu gols. Com passagens por seis clubes e três países, Tommasi se destacou na década que vestiu a camisa giallorossa da Roma, onde conquistou a torcida e os principais títulos em clubes na carreira.
Nascido na região de Verona, no norte da Itália, o volante ingressou no futebol bem cedo e aos 11 anos já participava do Negrar, clube de sua cidade. A partir de 1987 ele passou a integrar a base do San Zeno e, por fim, passou ao Verona, clube de seu coração. Lá, terminou sua formação nas categorias de base e se tornou profissional. No Hellas, Tommasi passou três temporadas na Serie B e logo na segunda já se tornou titular. Na última delas, ajudou o clube a subir para Serie A ao garantir o título da série cadetta, marcando quatro gols na campanha.
O ano de 1996 ainda ficou marcado pelo casamento com a sua atual esposa, Chiara, com quem ele tem cinco filhos. No final da temporada, também foi convocado para a seleção italiana sub-21, que disputaria o Europeu Sub-21 na Espanha. A Squadra Azzurra chegou à final contra os donos da casa e se sagrou campeã nos pênaltis. Na seleção de base, Tommasi encontrou Totti e Delvecchio, futuros parceiros da Roma, que venceriam o scudetto em 2001. O volante ainda participou da Olimpíada de 1996, quando a Itália caiu na primeira fase. Ainda em 1996, Tommasi foi convocado pela primeira vez para a seleção principal do país.
Após a conquista com a Nazionale, o volante se transferiu para a capital e passou a defender a Roma. Desde o início, Tommasi recebeu uma vaga entre os tiulares, porém a temporada de estreia não foi boa para os giallorossi, que ficaram apenas quatro pontos à frente do rebaixamento. À época, a equipe capitolina tinha Balbo como seu principal artilheiro.
Com o amadurecimento de Totti, de Delvecchio e do próprio Tommasi, aliado às chegadas de Montella e Batistuta e a ajuda de brasileiros como Aldair, Antonio Carlos Zago, Cafu e Emerson, a Roma voltou a incomodar na ponta de cima da tabela da Serie A. Após anos entres os seis primeiros, os giallorossi de Fabio Capello finalmente conseguiram o tão sonhado título.
O terceiro scudetto romanista não foi fácil: apenas dois pontos de vantagem sobre a Juventus, segunda colocada. Tommasi foi peça fundamental na engrenagem do time campeão e participou de todas as partidas dos giallorossi, encontrando as redes três vezes durante a campanha campeã. O título foi confirmado apenas na última rodada e, portanto, após 18 anos, a Roma voltava a colocar o escudo tricolor no peito.
No ano seguinte, uma nova conquista bateu na trave e, dessa vez, a Juventus terminou com a taça, com apenas um ponto de vantagem, embora Tommasi novamente tenha feito ótimo campeonato. Ao final da temporada, Giovanni Trapattoni levou Tommasi para a Copa do Mundo de 2002. Com a sua tradicional camisa 17, ele jogou, como titular, todas as quatro partidas da Nazionale no Mundial, inclusive contra a Coreia do Sul, quando teria marcado o “gol de ouro” da classificação. No entanto, o trio de arbitragem, que teve atuação para lá de suspeita, anotou impedimento e a Itália acabou eliminada do Mundial.
Entre 2002 e 2004, Tommasi começou a perder espaço nos giallorossi, pois as lesões passaram a atrapalhá-lo. A temporada 2004-05 ficou muito marcada por não ter acontecido para o camisa 17. Durante o amistoso de preparação para o ano, contra o Stoke City, o volante sofreu uma lesão muito séria no joelho. O diagnóstico dizia que ele não poderia jogar por um ano, mas, mesmo assim, Tommasi optou por renovar com a Roma, com um salário simbólico de 1500 euros por mês, algo que correspondia ao ordenado dos juvenis da equipe.
Depois de um ano parado, Tommasi voltou a jogar e acabou vice-campeão da Coppa Italia. Contudo, após completar dez anos de dedicação a Roma, o volante deixou a Itália e foi jogar no Levante, da Espanha, clube pelo qual assinou um contrato de dois anos. No último ano no clube valenciano, o italiano fez parte da equipe que acabaria rebaixada.
Depois da Espanha, Tommasi foi para a Inglaterra, onde passou apenas três meses no Queens Park Rangers, de Bernie Ecclestone e Flavio Briatore. Por fim, o ídolo romanista se transferiu para o Tianjin Teda e se tornou o primeiro italiano a jogar profissionalmente na China. No final da temporada, ele optou pelo retorno à cidade de Verona e abandonou o futebol profissional.
Em seguida, Tommasi passou a jogar ao lado de seus dois irmãos no Sant’Anna d’Alfaedo, clube amador vêneto, onde seguiu até 2015. Naquele ano, foi convidado pelo atacante samarinês Andy Selva, ex-Verona, para disputar as fases preliminares da Liga Europa pelo La Fiorita, de San Marino. Topou e repetiu a experiência europeia em cinco oportunidades, atuando até pelos playoffs da Champions League, até 2019.
Além disso, o jogador segue muito ativo fora de campo. Inicialmente, ajudando muitas organizações e realizando trabalhos filantrópicos. Essa sua faceta já era conhecida nos tempos de Roma, o que fez com que Carlo Zampa, narrador oficial dos giallorossi, o chamasse de Anima Candida – alma cândida, em tradução literal.
Ativo politicamente, Tommasi assumiu o posto de presidente da Associação Italiana de Jogadores de Futebol em 2011 e ocupou o cargo até 2020, quando seu mandato acabou. O ex-volante ocupou, ainda, um cargo no Conselho Federal da FIGC, a Federação Italiana de futebol. Em 2022, deu um salto maior: concorreu, numa coalizão de centro-esquerda, ao cargo de prefeito de Verona, uma cidade conhecida como reduto da extrema direita na Bota. E, contrariando as expectativas, ganhou a eleição, com 53,4% dos votos.
Damiano Tommasi
Nascimento: 17 de maio de 1974, em Negrar, Itália
Posição: Volante
Clubes como jogador: Verona (1990-96), Roma (1996-2006), Levante (2006-08), Queens Park Rangers (2008), Tianjin Teda (2008-09) e Sant’Anna d’Alfaedo (2009-15) e La Fiorita (2015-19)
Títulos: Europeu Sub-21 (1996), Serie B (1996), Serie A (2001) e Supercopa Italiana (2001)
Seleção italiana: 25 partidas e 2 gols
Mito.