Franco Baresi foi homem de apenas duas cores durante seus vinte anos de carreira: o preto e o vermelho da camisa do Milan. A técnica, a rapidez e velocidade com que agia sempre foram os destaques da carreira de líbero de Piscinin – Pequenino, na tradução para o português, apelido dado pelo seu 1,76m, uma baixa estatura para um zagueiro. Nas duas décadas que jogou na equipe rossonera, conquistou 20 títulos e a Copa do Mundo de 1982 pela Squadra Azzurra.
Piscinin sempre foi milanista, era fã de Gianni Rivera e sonhava em defender seu clube de coração. Mas Giuseppe Baresi – seu irmão mais velho – tentou levá-lo para o lado nerazzurro de Milão, onde iria fazer testes. Para a sorte do Milan, apenas Giuseppe foi aprovado no teste feito na rival e assim Franco, no terceiro teste, foi aprovado pelos rossoneri.
A velocidade com que a carreira de Baresi engrenou é impressionante. Aos 17 anos estreava no time principal do Milan, um ano depois já era titular ao lado de Rivera e foi peça importante no décimo scudetto do clube, que tinha o direito de estampar uma estrela no peito. No ano seguinte, porém, o Milan foi rebaixado devido ao envolvimento no escândalo Totonero. O título da Serie B e a volta à Serie A. no ano seguinte não foram, no entanto, sinais de que a estabilidade retornara. Depois de terminar a temporada 1981-82 um ponto atrás de Cagliari e Genoa, o Milan viveu mais um rebaixamento.
Apesar do período difícil para o Milan, Baresi estava presente nas convocações do técnico Enzo Bearzot. Já havia participado do Euro 1980 e também fez parte do grupo campeão na Copa de 1982, mas, reserva do juventino Gaetano Scirea, ficou no banco em todos os jogos da campanha do terceiro título da Nazionale.
Após a campanha com a seleção, em sua segunda disputa de Serie B, em 1982-83, Baresi, com 22 anos, já endossava a faixa de capitão e foi líder do time que ascendeu à Serie A, conquistando o título com facilidade. Nos anos seguintes, o Milan viveu um período de vacas magras e Baresi também não teve tanto sucesso pessoal. O mau relacionamento com Bearzot, que o tinha como meio-campista, fez com que não fosse convocado para a Copa de 1986, no México, preterido por Roberto Tricella, que havia sido campeão um ano antes com o Verona, e seu irmão, Beppe Baresi.
Foi também em 1986 que Silvio Berlusconi comprou e assumiu o controle do Milan e contratou Ruud Gullit e Marco van Basten. Além deles, o rossonero já contava com a forte linha defensiva composta por Tassotti, Costacurta, Maldini e, claro, Baresi (o líder e capitão). Por muitos, essa defesa foi considerada uma das melhores da história, mas o Piscinin, modestamente, preferia a defesa da Juventus, que dominava o cenário nacional dos anos 80 e contava com Cabrini, Gentile e Scirea.
Com a chegada dos holandeses (além deles, também Rijkaard, que veio um ano após) e do técnico Arrigo Sacchi, Baresi passou a colecionar títulos. O líbero, que tinha apenas uma Serie A e duas Serie B pelo clube, conquistou mais 17 taças até encerrar a carreira, em 1997. Com uma equipe muito forte ao seu redor, que chegou a ser considerada invencível, Franco Baresi também conquistou honrarias individuais. Em 1989 foi o segundo melhor jogador da Europa, pela France Football e no ano seguinte se tornou o melhor jogador da Serie A. Baresi ainda voltou à seleção italiana, dirigida por Azeglio Vicini, e foi titular absoluto da equipe que ficou com o terceiro lugar na Copa de 1990, disputada na própria Bota.
As maiores glórias de sua carreira, no entanto, foram as duas conquistas em sequência da Copa dos Campeões (antecessora da Liga dos Campeões), em 1989 e 1990, sobre Steaua Bucareste e Benfica. Nestes dois anos, os rossoneri ainda conquistaram por duas vezes o Mundial de Clubes e a Supercopa Europeia. Depois disso, o Milan de Baresi, que havia sido vice da Serie A nos anos em que conquistou a Europa e o mundo, ainda conquistou o campeonato italiano por três vezes consecutivas, de 1992 até 1994.
Em 1994, o “Piscinin” sofreu dois duros golpes. O primeiro, mais leve, foi ficar de fora da final da Liga dos Campeões, contra o “dream team” do Barcelona por estar suspenso. O Milan venceu, mas Baresi não pôde estar ao lado de seus companheiros. O outro, muito mais pesado, foi o vice-campeonato no Mundial dos Estados Unidos.
Baresi vinha de uma operação no joelho, lutou muito, se recuperou e disputou a competição, com a confiança de Sacchi, que treinava a seleção. No entanto, na final contra o Brasil, após uma grande partida no tempo normal e na prorrogação, o capitão da Nazionale desperdiçou a sua cobrança na disputa por pênaltis e viu escapar a sua última chance de vencer uma Copa do Mundo como titular.
Antes de parar de jogar, Franco Baresi ainda venceu sua última Serie A, em 1996. No ano seguinte, após a discreta campanha milanista, ele pendurou as chuteiras, com 719 partidas e 33 gols com os rossoneri. Após sua aposentadoria, a lendária camisa de número 6 usada por ele durante sua carreira foi aposentada.
Após deixar os gramados, Baresi foi diretor de futebol no Fulham por apenas três meses, logo voltando ao rossonero, integrado ao setor juvenil, onde desenvolveu a função de técnico da Primavera por quatro anos e dos Berretti por outros dois. Em seguida, ocupou um cargo na direção de marketing do Milan e foi embaixador do embaixador do clube. Mais tarde, em outubro de 2020, se tornou vice-presidente honorário da única agremiação que defendeu – e como defendeu.
Franco Baresi
Nascimento: 8 de maio de 1960, em Travagliato, Itália
Posição: zagueiro
Clubes: Milan (1977-1997)
Títulos: Serie A (1979, 1988, 1992, 1993, 1994 e 1996), Serie B (1981 e 1983), Copa do Mundo (1982), Supercopa Italiana (1988, 1992, 1993 e 1994), Copa/Liga dos Campeões (1989, 1990 e 1994), Supercopa Uefa (1989, 1990 e 1994) e Mundial Interclubes (1989 e 1990)
Seleção italiana: 81 jogos e 1 gol