Rudolf Völler, mais conhecido como Rudi, era um atacante que ia a campo com um único objetivo: balançar as redes adversárias. A precisão sempre foi grande, de cabeça, arrematando com a perna direita ou a canhota. À sua capacidade finalizadora, o alemão combinava bons dribles também uma postura incansável em campo, jamais desistindo das jogadas ofensivas. Com todas essas qualidades, Völler se tornou ídolo da Roma, também se notabilizando por ser um dos líderes da equipe, o que lhe rendeu o posto de capitão em algumas ocasiões.
Völler descobriu o futebol muito cedo e, aos seis anos, já jogava pelo clube de sua cidade natal, o TSV 1860 Hanau. Depois de ter passado nove anos no setor juvenil do clube, ele se transferiu para o Kickers, de Offenbach, cidade muito próxima a Hanau. Foi lá que ele se profissionalizou, em 1977, e ficou por três anos, nos quais jogou na segunda divisão do campeonato alemão e marcou 19 gols. Aos 20 anos, o Munique 1860 o contratou.
No primeiro ano em Munique, Völler fez apenas 9 gols e os Löwen acabaram rebaixados. Na segunda divisão, em 1981-82, o clube bávaro não retornou para a Bundesliga, mas o atacante foi artilheiro da competição, marcando 37 gols em 37 jogos. Os tentos chamaram a atenção do Werder Bremen, que o contratou para liderar o ataque do time na elite. Em sua primeira temporada, Völler marcou 23 gols e quase levou o time ao título da Bundesliga – o Hamburgo acabou campeão pelo saldo de gols. Ainda em 1983, o atacante passou a ser regularmente convocado à seleção da Alemanha Ocidental, o que lhe deu notoriedade mundial.
Na Eurocopa de 1984, Völler jogou três partidas e marcou duas vezes, na curta campanha germânica. Dois anos depois, na Copa do Mundo de 1986, o atacante marcou três vezes com destaque para o gol marcado na final contra a Argentina: Völler saiu do banco para empatar a partida aos 80 minutos, somando seu gol ao do interista Rummenigge, e levar o jogo para a prorrogação, vencida pela albiceleste.
Após o Mundial mexicano, Rudi Völler retornou à Alemanha para jogar sua última temporada pelo Werder Bremen, quando marcou 22 gols e levou o time a mais um vice-campeonato, obtido pelo déficit no saldo de gols em relação ao Bayern de Munique. Ao todo, Völler permaneceu cinco temporadas na equipe alviverde e ajudou o time a conquistar três vice-campeonatos com 97 gols marcados. O atacante foi eleito ainda o melhor jogador da Alemanha em 1983 e se sagrou artilheiro da Bundesliga na temporada 1983-84.
Seu futuro estava na capital italiana: a Roma, através do presidente Dino Viola, contratou o atacante. Rudi Völler chegou à Itália já consagrado, mas não teve um período inicial marcado por facilidades. Uma lesão impediu que ele jogasse mais do que 21 vezes e marcasse apenas três gols, coadjuvante em uma temporada em que a Roma chegou à terceira posição, comandada por Giuseppe Giannini.
Nos anos seguintes, as lesões não o atrapalharam e, embora não tenha feito tantos gols quanto na Alemanha, Völler ganhou a torcida giallorossa, que lhe apelidou de “Alemão voador”. Na Euro 1988, sediada pela Alemanha Ocidental, Völler marcou uma doppietta contra a Espanha, que definiu a classificação germânica para as semifinais, quando a seleção saiu derrotada contra a Holanda dos milanistas Marco van Basten, Ruud Gullit e Frank Rijkaard.
Em 1989-90, os 14 gols do atacante alemão ajudaram a equipe chegar na sexta colocação da Serie A, dando o direito de disputar a Copa Uefa seguinte. Antes de conquistar seu primeiro título pela Roma, Völler foi convocado à Copa do Mundo de 1990, disputada na Itália. O atacante vestiu a camisa nove, ficou de fora de apenas uma partida – por suspensão, depois de uma confusão armada depois de cusparada de Rijkaard, nas quartas de final – e marcou três gols.
Na revanche contra a Argentina, na final, Völler foi decisivo: sofreu o pênalti decisivo nos últimos minutos, convertido pelo interista Andreas Brehme. O título, já emocionante em si, por causa da unificação alemã, foi ainda mais marcante para o “Alemão voador”, já que a conquista foi alcançada na casa da sua Roma, o estádio Olimpico.
Após a Copa, o atacante continuou em grande fase e, enfim, ganhou seu primeiro título por clubes. Na temporada 1990-91, Völler voltava aos trabalhos com o título mundial e teve sua temporada de ouro com a Roma, chegando a 25 gols em todas as competições, em 52 partidas disputadas. Seu único título com o clube giallorosso foi a Coppa Italia, conquistada frente à Sampdoria, campeã italiana. Völler com um gol em cada jogo das finais, foi fundamental para a conquista.
A equipe capitolina ainda poderia ter terminado a temporada com uma taça europeia. Até chegar à final da Copa Uefa contra a Inter, a campanha beirava a perfeição: dez jogos, oito vitórias e apenas dois empates. Völler também empolgava, tinha dez gols e era o artilheiro. Nas finais contra a Inter, o camisa nove romanista não balançou as redes e viu seus compatriotas Matthäus, Klimsmann e Brehme levantarem a taça. Na Serie A, a campanha não foi boa e os giallorossi terminaram apenas com o nono lugar.
O “Alemão voador” ainda defendeu os giallorossi por mais uma temporada, quando foi negociado com o Olympique de Marseille, permitindo que a Roma contratasse outro estrangeiro, Claudio Caniggia, que estava na Atalanta. Na França, ele chegou para substituir Jean-Pierre Papin, que fazia o caminho inverso e defenderia o Milan na Itália. Defendendo o OM, venceu a Liga dos Campeões e o Campeonato Francês – este último, posteriormente revogado pelo envolvimento do clube com um escândalo de combinação de resultados. A equipe acabou rebaixada à Ligue 2 e impedida de disputar competições europeias.
Pela seleção alemã, Völler, lesionado, foi ainda cortado de última hora do grupo que foi vice-campeão da Euro 1992, mas chegou a disputar sua terceira Copa do Mundo, em 1994. Nos Estados Unidos, foi reserva da seleção e marcou apenas dois gols, nas oitavas de final contra a Bélgica. Após o Mundial, Völler se aposentou da seleção com 90 partidas disputadas e 47 gols realizados, o que o coloca no posto de segundo maior atacante da história da Nationalelf, apenas atrás de Gerd Müller.
A vida fora do campo
O escândalo em Marselha fez Völler deixar a França e finalmente voltar à Alemanha, onde defendeu por dois anos o Bayer Leverkusen e marcou 26 gols antes de encerrar sua carreira. Na equipe das aspirinas, o ex-atacante iniciou seu trabalho fora de campo, logo após a aposentadoria. Primeiro ficou até 2000 como diretor de futebol, ano em que se tornou treinador da equipe. Após o fracasso da Alemanha na Euro 2000, foi apontado como novo técnico da seleção.
Völler comandou a Nationalelf na Copa de 2002 e conseguiu levar uma equipe desacreditada, pelos maus resultados nas Eliminatórias, ao vice-campeonato. Após seu grande trabalho, o grande desafio seria a Eurocopa de 2004. Porém, sem conseguir definir um esquema tático, a Alemanha caiu na primeira fase sem nenhuma vitória. Os resultados também derrubaram o treinador.
No mesmo ano, Rudi Völler teve a chance ideal de se recuperar como técnico. A Roma, clube em que é ídolo e afirma que sempre estará em seu coração, o contratou para substituir Cesare Prandelli por um ano, enquanto o ex-treinador cuidaria da esposa doente. Porém, o alemão não conseguiu nem passar perto de repetir o sucesso que teve dentro de campo. Ficou no comando por apenas quatro jogos e entre 12 pontos possíveis, só alcançou quatro. Além disso, Völler não conseguiu conquistar o grupo e Cassano foi um dos que mais incomodou o treinador. Em 26 de setembro de 2004, após a derrota de 3 a 1 para o Bologna, o ídolo acabou se demitindo.
Depois do fracasso romanista, ele voltou ao Bayer Leverkusen, onde comandou a equipe como interino em 2005. Völler também ocupou vários cargos na diretoria do time da cidade e manteve forte popularidade entre a população alemã, que não perdeu mesmo com o fracasso treinando a seleção nacional. Inclusive, viria a se tornar diretor da Nationalmannschaft, apontado pela DFB, a federação local, e até a dirigi-la interinamente, em 2023.
Atualizado em 2024.
Rudi Völler
Nascimento: 13 de abril de 1960, em Hanau, Alemanha
Posição: atacante
Clubes como jogador: TSV 1860 Hanau (1966-75), Kickers Offenbach (1975-80), Munique 1860 (1980-82), Werder Bremen (1982-87), Roma (1987-92), Olympique Marseille (1992-94) e Bayer Leverkusen (1994-96)
Carreira como treinador: Bayer Leverkusen (2000 e 2005), Seleção alemã (2000-04), Roma (2004) e Alemanha (2023)
Títulos: Copa do Mundo (1990), Coppa Italia (1991), Liga dos Campeões (1993) e Campeonato Francês (1993; revogado pela Federação Francesa por fraude)
Seleção alemã: 90 partidas e 47 gols