Ele provavelmente te enganou… novo Andrea Pirlo? Alberto Aquilani era um dos bons no Pro Evolution Soccer 2011, progredia como poucos, tinha velocidade e um chutaço! Na carreira, em carne e osso, também parecia ter futuro. Porém, mesmo marcando alguns bonitos gols, podemos concluir que decepcionou. Ou há alguém que discorda? Após muitas lesões e passagens por Roma, Liverpool, Juventus, Milan, Fiorentina e Sporting, o meia pendurou as chuteiras aos 35 anos.
Foram praticamente 20 anos dedicados ao futebol, considerando o período na base da Roma e o tempo como profissional pelas dez agremiações que defendeu. Romano, Aquilani deu os primeiros passos no clube giallorosso da capital. No time Primavera, equivalente ao sub-19, ganhou apelido de II Principino. O motivo era a semelhança física com o ídolo romanista Giuseppe Giannini, que tinha a alcunha de príncipe. O título nobiliárquico, porém, só lhe serviu como apelido: Aquilani não entrou para a nobreza capitolina, ao lado do próprio Giannini e de Amedeo Amadei, Paulo Roberto Falcão e Francesco Totti, reis de Roma.
Sua estreia pela equipe profissional da Loba ocorreu no dia 10 de maio de 2003, no final da temporada 2002-03. Vitória giallorossa, por 3 a 1, sobre o Torino, com doppietta de Antonio Cassano e um belo gol de Daniele De Rossi – Gianmarco Frezza descontou para o Toro. Nos acréscimos do duelo disputado no Olímpico, Fabio Capello chamou Aquilani e o meia entrou no lugar do brasileiro Emerson, que deixou o gramado aplaudido. Curiosamente, o árbitro Tiziano Pieri falou para o jovem romanista de 18 anos que só encerraria o jogo após um toque na bola do próprio Aquilani. Feito com quase dois minutos a mais no relógio.
Assim como ocorre atualmente, a Roma e vários clubes costumavam ceder atletas por empréstimos a times menores, com o objetivo de dar bagagem, experiência e minutos em campo para seus talentos. Na temporada 2003-04, Aquilani foi cedido à Triestina juntamente a outro jogador da base, Damiano Ferronetti. Na época, a equipe de Trieste disputava a Serie B e, com a dupla de romanistas no plantel, ficou na 10ª colocação. Aquilani disputou 41 dos 46 jogos da equipe na trajetória e voltou para Roma na campanha seguinte. Ele marcou quatro gols pela agremiação alabardata.
Uma das situações que também ajudaram Aquilani a conseguir jogar pela Loba foi a redução de concorrentes no meio-campo, seja por transferências ou queda nos rendimentos. Emerson, Lima, Olivier Dacourt e Gaetano D’Agostino são alguns exemplos de oponentes “eliminados”. No seu primeiro ano com chances de jogar, Aquilani disputou 30 partidas pela Roma.
O período, inclusive, não foi nada legal para a Loba. Cesare Prandelli, Rudi Völler, Luigi Delneri e Bruno Conti comandaram a equipe em 2004-05, após a saída de Capello. Na história, o clube nunca teve quatro treinadores na mesma temporada até então. A campanha foi bastante complicada e a Roma chegou a lutar contra o rebaixamento num ano atípico, em que a distância entre o Messina, sétimo colocado, e o Bologna (18º e primeiro na zona de descenso) foi de apenas cinco pontos. Os romanistas ficaram no meio do caminho, com 45 pontos e a oitava colocação.
A temporada 2005-06 serviu como afirmação para Aquilani. Na época seguinte a carreira do jogador começou a tomar dois rumos. Um que todo atleta busca (conquistar títulos) e outro nada desejado: ficar afastado por causa de lesões. Em 2006, o meia marcou dois gols na Supercopa Italiana, que foi conquistada pela Inter na vitória por 4 a 3. No final daquela temporada, Il Principino levantou seu primeiro troféu pela Roma: a Coppa Italia. Não antes de passar por seu primeiro problema muscular e de ter ficado afastado de atividades por cerca de seis meses.
Naquela campanha, Aquilani também passou a ser convocado para a seleção italiana. O meia, que passou por todas as equipes de base dos azzurri a partir do sub-15, estreou graças a Roberto Donadoni, num amistoso contra a Turquia, em novembro de 2006. O romano atuou durante o segundo tempo da partida, disputada em Bérgamo e terminada em 1 a 1. Àquela época, Alberto ainda tinha idade para defender a equipe sub-21 e participou do Europeu da categoria, em 2007, sendo eleito para a seleção do torneio.
Totalmente recuperado, Aquilani começou 2007-08 ajudando a Roma a bater a Inter na final da Supercopa e novamente, contra os nerazzurri, foi campeão da Coppa Italia. Só que por problemas musculares, precisou ficar afastado durante três meses, entre outubro e janeiro – perdeu 16 jogos no período. Eram indícios que sua história com a Roma estava próxima do fim, por conta de sua fragilidade física e da incapacidade de oferecer garantias de regularidade. Assim, se tornou um jogador para compor elenco, que vivia no departamento médico da equipe e não conseguia demonstrar o potencial que tinha na base.
Aquilani até defendeu a Itália na Eurocopa de 2008, mas os problemas físicos também ocorreram na temporada seguinte. Instabilidade no condicionamento e problemas no tornozelo afastaram Aquilani por 33 jogos. Alberto ficou praticamente um ano parado, participando de poucas partidas e, em muitas delas, saindo do banco de reservas.
No final de 2008-09, o camisa 8 se despediu da Roma e rumou ao Liverpool, que pagou 20 milhões de euros e lhe concedeu contrato de, pasmem, quatro temporadas. Definitivamente, os Reds apostavam que Aquilano ainda poderia explodir. O meia disputou 149 jogos pela Roma e marcou 15 gols. Foram três títulos conquistados pela equipe giallorossa, embora tenha deixado poucas saudades na capital.
Após perder oito amistosos e 14 jogos oficiais, Aquilani estreou pelo Liverpool depois de se recuperar de uma lesão no tornozelo. O jogador não foi pé quente e os Reds perderam a final da Copa da Liga Inglesa para o Arsenal, por 2 a 1. O meia entrou no decorrer do segundo tempo, aos 77 minutos, já com o revés no placar, que foi mantido até o apito final.
Aquilani não voltou a sofrer com lesões sérias no Liverpool, mas nunca convenceu que poderia ser titular no meio-campo do clube inglês. Ao todo, foram 28 jogos disputados no tempo em que permaneceu na equipe – a temporada 2009-10 e um mês da posterior. Nesse período, ele marcou dois gols, ambos em 2009-19: um contra o Portsmouth, na goleada de 4 a 1 pela 30ª rodada da Premier League, e na eliminação na Liga Europa frente ao Atlético de Madrid. O ex-meia marcou o primeiro da vitória por 2 a 1 sobre os espanhóis, mas – por conta do revés de 1 a 0 na ida – o time inglês caiu nas semifinais do torneio continental.
Após não agradar – como era a expectativa do clube, quando lhe ofereceu um vínculo de quatro temporadas –, Aquilani passou a ser emprestado pelo Liverpool. Sua primeira viagem foi para Turim. Em 2010-11, o romano defenderia uma Juventus que buscava se recuperar de uma péssima temporada, concluída com uma sétima colocação na Serie A. Alberto vestiu bianconero em 34 jogos, sendo 33 pelo Italiano e um pela Coppa Italia. Por ter participado dos jogos da terceira fase da Liga Europa pelo Liverpool, o jogador não podia entrar em campo pela Juve nessa competição.
Embora a Juve tenha repetido as prestações negativas e ficado novamente no meio da tabela, Aquilani teve um desempenho regular no Piemonte. Contudo, a Velha Senhora buscou Pirlo, que estava sem contrato, e o espaço no meio-campo ficou curto. Assim, a Juve não exerceu a cláusula de compra e devolveu Alberto para o Liverpool.
Rapidamente, o clube inglês negociou o jogador com o Milan. Novamente emprestado, o meia disputou 31 jogos pela equipe rossonera (13 como reserva), sendo 23 na Serie A, um pela Coppa e sete na Champions League. Não atingiu a cota mínima para que os rossoneri tivessem a obrigação de adquiri-lo e retornou ao Liverpool, apenas para encerrar seu vínculo.
Se houve um período e um clube em que Aquilani conseguiu desempenhar seu futebol de forma regular foi entre 2012 e 2015, pela Fiorentina. Liberado gratuitamente pelo Liverpool, o meia se viu livre das lesões e não demorou para se firmar como titular no meio-campo violeta. Em Florença, viveu seu momento mais íntimo com as redes: foram 15 gols marcados em 105 jogos, por competições como Serie A, Coppa Italia e Europa League.
Quem acompanhou a carreira de Aquilani pode considerar incrível, mas o jogador chegou a marcar dois gols na mesma partida – 4 a 1 sobre a Atalanta, no dia 18 de novembro de 2012. Também foi capaz de anotar uma tripletta no empate por 3 a 3 com Genoa, em 26 de janeiro de 2014. A partir da sua saída da Fiorentina, no final da temporada 2014-15, o jogador passou a jogar menos e rodou bastante, tendo até mesmo alguns destinos “alternativos”.
Sporting (Portugal), Pescara, Sassuolo e Las Palmas (Espanha) foram os últimos clubes do jogador. Não durou mais do que um ano em nenhum deles e só teve momentos positivos com a camisa alviverde sportinguista. As passagens por Pescara e Sassuolo foram especialmente negativas e marcadas por partidas opacas e más condições físicas. Ao todo, Aquilani disputou 506 jogos e marcou 50 gols. Além dos títulos pela Roma, foi campeão pelo Sporting na Supertaça de Portugal (2015) e da Eurocopa Sub-19 em 2003, pela seleção italiana.
Pelo time principal dos azzurri, aliás, Aquilani não disputou apenas a Eurocopa de 2008. O meia fez 38 jogos pela Itália e marcou cinco gols (sobre Dinamarca, Espanha, San Marino e dois contra Montenegro), mas nenhum deles em grandes eventos. Durante seus bons momentos na Fiorentina, Alberto teve a confiança de Prandelli, que o convocou para duas viagens ao Brasil: para a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo do ano seguinte. O romano foi titular na primeira delas e não entrou em campo no Mundial.
Aquilani será lembrado por ter sido um meia de bom passe e um bom finalizador, em especial em arremates de fora da área. No centro do gramado, era versátil: podia atuar mais recuado, como um volante; ditar o jogo, como um regista; ou municiar os atacantes, como um trequartista. As lesões também o marcaram, assim como sua persistência em não desistir de lutar. O grande jogador que se anunciava na base da Roma, porém, se transformou num mero coadjuvante – um utilitário. O principezinho era, na verdade, um cavaleiro.
Alberto Aquilani
Nascimento: 7 de julho de 1984, em Roma, Itália
Posição: meio-campista
Clubes como jogador: Roma (1999-2003 e 2004-09), Triestina (2003-04), Liverpool (2009-10), Juventus (2010-11), Milan (2011-12), Fiorentina (2012-15), Sporting (2015-16), Pescara (2016-17), Sassuolo (2016-17) e Las Palmas (2017-18)
Títulos como jogador: Eurocopa Sub-19 (2003), Coppa Italia (2007 e 2008), Supercopa Italiana (2007) e Supertaça de Portugal (2015)
Clubes como treinador: Pisa (2023-24)
Seleção italiana: 38 jogos e 5 gols