A Velha Senhora se comportou como uma criança assustada: deixou o Shakhtar Donetsk entrar na sua casa e fazer o que bem quisesse (Getty Images)
No primeiro jogo de Liga dos Campeões no Juventus Stadium, a Velha Senhora se mostrou uma boa anfitriã. Boa até demais. Deixando os visitantes tomarem as ações, a Juve passou aperto durante boa parte do jogo e poderia até ter saído com a derrota. Os números mostram como o time de Antonio Conte deu espaço ao adversário: o Shakhtar teve 58% de posse de bola, chutou 13 vezes a gol e ainda acertou a trave uma vez. Nem de longe a equipe parecia aquela que fez ótima apresentação contra o Chelsea, em Londres, na rodada de abertura do torneio.
Em entrevista após a partida, Massimo Carrera disse que a Juve se assustou com a pressão inicial do Shakhtar e se encolheu. Comandado pelo técnico Mircea Lucescu, conhecedor do futebol italiano, o time ucraniano sabia bem o que precisava para incomodar a Juventus e o fez com facilidade: tirou a posse de bola do time italiano e não deixou que ele imprimisse seu ritmo. Com quatro brasileiros muito técnicos em campo (Fernandinho, Willian, Alex Teixeira e Luiz Adriano), conseguiu segurar a bola e ser mais agressivo, principalmente na primeira etapa, quando somou 63% de posse de bola, contra apenas 37% de uma Juventus acuada.
E a situação poderia ter ficado pior para a Juve logo aos 13 minutos de jogo, quando Willian foi derrubado na área por Lichtsteiner. Era situação para pênalti e expulsão do jogador, mas o árbitro não viu e deixou o jogo seguir. Dez minutos mais tarde, Alex Teixeira recebeu bom passe de Willian e abriu o placar. A resposta juventina foi rápida: em cobrança de escanteio ensaiada, Pirlo tocou para Bonucci, que acertou belo chute para empatar a partida. O jogo ficou mais equilibrado depois dos gols, mas o domínio ucraniano continuou.
Na segunda etapa, o jogo mudou um pouco: a Juventus voltou do intervalo mais ligada e passou a tomar as ações. O Shakhtar, porém, continuou sendo perigoso, agora nos contra-ataques. Willian foi o melhor jogador da partida e incomodou a meta de Buffon pelo menos mais três vezes. Em uma delas, acertou a trave. A entrada de Giovinco no lugar de um inoperante Vucinic, aos 12 minutos do segundo tempo, fez com que a Juve melhorasse bastante. Mesmo assim, a equipe da casa não conseguiu chegar nem perto de virar o jogo.
As fracas atuações de Vidal e Pirlo explicam, em parte, a apresentação abaixo da média do time de Turim. Os dois são peças essenciais para o funcionamento do time. A questão que fica é: por que Pirlo não é poupado tanto quanto outros jogadores no turn over? Ele é o principal jogador do time e precisa entrar em campo na melhor forma possível, se a Juve quiser chegar longe na Liga dos Campeões. Na última semana, Pirlo jogou 68 minutos contra a Fiorentina e 90 contra a Roma (158 minutos no total), enquanto jogadores como Marchisio e Asamoah, que são mais jovens, inclusive, jogaram menos de 105 minutos somando os dois jogos.
Com o empate, o Shakhtar chega a quatro pontos e divide a liderança com o Chelsea, que venceu o holandês Nordsjelland no outro jogo do grupo. A Juve, que chegou a seu oitavo empate seguido em competições europeias (foram seis na Liga Europa de 2010-11), soma dois pontos na terceira colocação do grupo. Vitórias contra o Nordsjelland são obrigatórias e bons resultados contra o Shakhtar, fora de casa, e Chelsea, dentro, serão necessários para a Juve se classificar.