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Serie B: Quase lá

Briga entre Verona e Livorno é grande para subir para a Serie A. Os dois clubes conseguirão subir sem a ajuda de play-offs? (La Nazione)

 33 rodadas se passaram e os três
clubes que irão integrar a elite do futebol italiano na próxima temporada já
parecem bem definidos. Em duas ocasiões o blog destacou a superioridade de
Sassuolo, Livorno e Hellas Verona na briga pelo acesso e de lá pra cá, entre a busca por consolidação e a
confirmação do domínio, a tríade tem folgado a vantagem para os restantes dos
clubes, mesmo após alguns tropeços esperados na virada do ano.

A tríade (quase) imbatível
Até a 10ª rodada o Sassuolo ainda
não havia perdido no campeonato. Foram cinco revezes desde então, contudo o
time que leva o mesmo nome da pacata cidade localizada a apenas 16km de
Modena, principal pólo industrial da Emília-Romanha, mantém uma vantagem de nove pontos para o segundo e terceiro colocados Hellas Verona e Livorno. Os neroverdi tem 72 pontos, enquanto os adversários tem 63
pontos cada.
Aproveitando a base bem montada
por Fulvio Pea, hoje no Padova, e Paolo Mandelli, técnico do time Primavera do
Sassuolo, Eusebio Di Francesco – campeão italiano com a Roma em 2001 e de
passagens pouco expressivas por Virtus Lanciano, Pescara e Lecce – conseguiu dar
um padrão tático à equipe. O seu 4-3-3 apresenta grande
desenvoltura com o trio de ataque – os jovens Boakye (10), Berardi (9) e
Catellani (5) somam 24 gols, e os reservas Pavoletti, Troianello e Masucci, 17
tentos, representando 63% dos gols do time.

O meio de campo técnico e
equilibrado também melhorou e deu 17 passes para gols – Missiroli (10), Magnanelli (5) e Bianchi (2), são os destaques. Mais atrás, a defesa é segura e de vez em
quando ainda ajuda na frente, seja nos avanços dos laterais Gazzola e Longhi,
seja nas cobranças de pênalti e cabeçadas de Terranova. O zagueiro e capitão do time tem nove
gols no campeonato.

Ficando um pouco para trás após um
momento de instabilidade, o Hellas Verona conseguiu se segurar e voltar a ter o
gás de antes. Andrea Mandorlini, contando com alguns reforços trazidos pela
diretoria, conseguiu ajeitar a defesa, muito falha e insegura em 2011-12, e
agora tem o prestígio de ser a defesa menos vazada da Serie B, com apenas 27 gols
sofridos em 33 jogos – logo atrás vem o Sassuolo, que sofreu 29 gols. Um dos destaques do time é o goleiro Rafael, revelado pelo Santos e com muita moral no clube vêneto, onde atua desde 2007.
Na frente, sob o embalo do bomber Cacia (são 18 gols, empatado na
artilharia com Zaza, Ardemagni e Sansovini) e do habilidoso Juanito (6 gols e 3
assistências), o clube não tem um ataque tão goleador, mas prima pela eficiência. A equipe tem também em Hallfredsson (7 assistências e 2 gols) e no
brasileiro Raphael Martinho (8 gols e 2 assistências) duas boas alternativas
pela esquerda. Assim como o time de Di Francesco, Mandorlini também é adepto do
4-3-3, sobretudo
valorizando a posse de bola e a marcação pressão e zonal.
Com o mesmo número de pontos do rival ideológico – as torcidas tem profundas diferenças no aspecto
político, com os ultràs do Livorno sendo de extrema-esquerda, enquanto os do
Hellas de extrema-direita -, os amaranto também passaram por momentos de instabilidade, especialmente pela fragilidade
defensiva apresentada no ousado 4-3-3 de Davide Nicola, técnico profissional há
pouco mais de dois anos, apenas.
O treinador optou por mudar para
o 3-4-1-2 e vem colhendo
bons frutos. A defesa já não é tão vazada e o time ficou mais equilibrado,
enquanto o ataque continua prolífico, inclusive sendo o segundo time que mais
marcou na Serie B, atrás apenas do Sassuolo. O brasileiro Paulinho, principal
destaque do time, já marcou 15 gols e distribuiu outras 9 assistências,
enquanto Dionisi marcou 10 gols e Siligardi, 13. O meia-atacante revelado pela Inter, no entanto, acabou perdendo um pouco de
espaço para o trequartista Belingheri, que tem sido titular e chegou aos 8 gols e 5 assistências. Com a
mudança tática, os alas também passaram a ter destaque na frente; Schiattarella
tem 3 gols e 3 assistências, Salviato, 2 gols e 3 assistências, e Gemiti, 3
assistências.
Se o campeonato acabasse hoje,
além de Sassuolo e Verona, os dois primeiros colocados, o Livorno também seria
promovido diretamente, sem ter que passar pelos playoffs contra os 4º, 5º e 6º
colocados. Isso porque o time toscano, assim como o Verona, tem 10 pontos de
vantagem para o Empoli, atual quarto colocado, o que, conforme o regulamento,
garante o acesso direto para a Serie A.
Surpresas
Dado o devido destaque ao trio
(quase) imbatível da Serie B, o destaque vai para Empoli e Novara, duas equipes
que vêm conseguindo se recuperar do péssimo início de temporada e agora sonham
em diminuir a vantagem para Livorno e Verona, buscando uma vaga no play-off e,
quem sabe, fazer como a Sampdoria na temporada, que também teve início ruim e
conseguiu grande recuperação no final, ficando na 6ª colocação e conseguindo o
acesso à Serie A pela repescagem.
Nos nove primeiros jogos, o
toscano Empoli não conseguiu sequer uma vitória, perdendo cinco vezes e
empatando outras quatro, inclusive ocupando a penúltima colocação (a “lanterna”
só não veio graças à perda de seis pontos do Grosseto). Apesar do início
desastroso, Maurizio Ferri foi mantido no cargo e conseguiu encontrar em
Saponara (incríveis 10 assistências e 9 gols), Tavano (15 gols e 5
assistências) e Maccarone (13 gols e 5 assistências) uma ótima saída da má
fase. A excelente forma de Saponara, inclusive, lhe valeu uma transferência ao Milan, que permitiu que ele continuasse no clube azzurro até o fim da temporada.
No 4-3-1-2 que deu liberdade ao
trio azzurro, o time também conseguiu
maior equilíbrio, com o meio de campo bem ocupado por Moro, Valdifiori (às vezes Signorelli)
e Croce, dando suporte à defesa, onde os jovens Laurini, Regini, Romeo e
Tonelli ganharam espaço, especialmente os dois primeiros. Regini, inclusive, é
constantemente convocado por Devis Mangia à seleção italiana sub-21, da qual participa também Saponara.
Recém-rebaixado da Serie A, o
Novara até teve início razoável nos primeiros seis jogos, mas o time de Attilio
Tesser não conseguiu repetir o desempenho nos outros seis jogos, somando quatro
derrotas, o que acabou culminando na nova demissão do treinador – que comandou
o time de 2009 a 2012. Giacomo Gattuso,
treinador do time Primavera, assumiu interinamente e o time perdeu mais três
vezes, o que fez Alfredo Aglietti ser anunciado. Um dos responsáveis pela salvezza do Empoli na
temporada passada, o treinador toscano conseguiu dar um jeito no time.
O início com duas derrotas deu
origem a 11 vitórias em 16 jogos, e recolocou o clube piemontês na briga por um
lugar no play-off. No seu 4-3-3,
Pablo González, destaque com 12 gols e 16 assistências, seguiu desequilibrando,
enquanto os jovens Seferovic e Lepiller, ambos oriundos da Fiorentina, ganharam
espaço no ataque, colaborando com 5 gols e 3 assistências, cada. Os experientes
Pesce e Lazzari também melhoraram, enquanto outro jovem, este vindo da base, Bruno
Fernandes, ganhou espaço no meio de campo, inclusive chamando a atenção de
clubes da Serie A, a exemplo da Sampdoria.
Decepções
E se Empoli e Novara conseguiram
se recuperar, o caminho inverso acontece com o Spezia. Time que acabara que de
vir da Lega Pro depois de anos no anonimato, cresceu sob a gerência do
empresário Gabriele Volpi e investiu
pesado
na volta para a Serie B, já sonhando com um acesso direto para a
elite do futebol italiano. Sansovini, Di Gennaro, Sammarco, Garofalo, Porcari,
Antenucci, Goian, Okaka Chuka, Crisetig… vários foram os contratados, num misto
de jogadores experientes e jovens. O time de Michele Serena, contudo, não
correspondeu.
Apesar do início razoável,
chegando a estar na zona do play-off, a irregularidade e as fracas atuações de
vários dos contratados pesaram no meio da temporada e, após 22 rodadas, Serena,
desde 2011 no comando técnico do clube, acabou demitido. Gianluca Atzori
assumiu, mas o desempenho fraco do time em cinco jogos também resultou em nova
demissão. No final de fevereiro, foi a vez do experiente Luigi Cagni – ídolo do
Brescia, onde esteve por 14 anos como jogador – assumir. Seis jogos se
passaram, e nada de vitórias sob o comando de Cagni. O time marcou apenas três gols neste período.
Por sinal, mesmo tendo um dos
artilheiros do campeonato, o time da Ligúria tem o 11º pior ataque da Serie B,
com apenas 39 gols em 33 jogos, sendo 18 marcados por Sansovini, responsável
por quase 50% dos gols do time. Di Gennaro, trequartista habilidoso oriundo do
Milan, teve bom desempenho no início, com 6 gols e 4 assistências, mas caiu
consideravelmente desde dezembro. O mesmo acontece com Antenucci, importante no
acesso do Torino na temporada passada. Atrás, os jovens Benedetti, Pasini e Iacobucci vão
bem, mas não o bastante para evitar que o time tenha a segunda pior defesa do
campeonato ao lado do Cesena.

Hoje, os lígures jogariam o play-out com o Ascoli da revelação Simone Zaza (21 anos, 18 gols e interesse de Milan e Juventus), para evitar a volta para a Lega Pro. Cairiam Grosseto (praticamente rebaixado) e os tradicionais Pro Vercelli e Vicenza.

Balanço tático
4-3-3 (8 – Sassuolo, Verona,
Novara, Bari, Padova, Juve Stabia, Cittadella, Virtus Lanciano), 4-4-2 (5 – Varese,
Modena, Vicenza, Pro Vercelli, Grosseto), 3-5-2 (3 – Ternana, Reggina, Ascoli),
4-3-1-2 (2 – Empoli, Spezia), 4-2-3-1 (2 – Crotone, Cesena), 3-4-1-2 (1 –
Livorno) e 4-3-2-1 (1 – Brescia).
Seleção da Serie B até a 33ª rodada
1: Brignoli (Ternana); Laurini
(Empoli), Emerson (Livorno), Ceppitelli (Bari), Vitale (Ternana); Jorginho
(Verona), Magnanelli (Sassuolo), Saponara (Empoli); Sansovini (Spezia), Zaza
(Ascoli), Paulinho (Livorno). Téc.: Di Francesco (Sassuolo).
2: Rafael (Verona); Zambelli
(Brescia), Terranova (Sassuolo), Maietta (Verona), Biraghi (Cittadella); Belingheri
(Livorno), Moretti (Modena), Missiroli (Sassuolo); P.González (Novara), Cacia
(Verona), Tavano (Empoli). Téc.: Davide Nicola (Livorno).
Tabela
Sassuolo 72 pontos, Verona 63;
Livorno 63; Empoli 53, Varese 48, Brescia 46, Novara 45, Padova 42, Modena 41,
Juve Stabia 41, Cesena 41, Ternana 40, Bari 39, Cittadella 39, Crotone 39,
Reggina 38, Virtus Lanciano 38; Ascoli 37, Spezia 36; Vicenza 32, Pro Vercelli
28, Grosseto 23. Mais detalhes
Principais artilheiros
18 gols – Zaza, Sansovini, Cacia
e Ardemagni, 15 – Tavano e Paulinho, 13 – Maccarone, Siligardi, Ebagua e Caputo,
12 – P. González, Succi e Corvia, 11 – Comi, 10 – Boakye, Diego Farias, Dionisi
e Sforzini, 9 – Saponara e Berardi.
Principais passadores
16 assistências – P. González, 10
– Missiroli e Saponara, 9 – Paulinho, 7 – Feczesin e Hallfredsson, 5 – Magnanelli,
Belingheri, Tavano, Bellomo, D’Alessandro, Vítor Saba, Iunco, Scaglia, Vitale,
Rizzato, Pasqualini, Maccarone e Catellani.
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