Sete rodadas se passaram e o campeonato mais imprevisível da Itália mostra, mais uma vez, por que é uma verdadeira montanha-russa de emoções. A Serie B 2025-26 não tem apenas o charme das histórias de redenção, mas também carrega o peso de clubes tradicionais tentando reencontrar seu rumo em meio ao caos competitivo. Na parte mais alta da tabela, Modena e Frosinone disputam a liderança com estilos contrastantes, enquanto o Palermo de Filippo Inzaghi tenta consolidar um projeto ambicioso. No meio da classificação, velhos conhecidos como Cesena, Carrarese e Avellino tentam equilibrar sonhos e limitações, enquanto, na parte de baixo, Spezia e Mantova vivem crises que ameaçam transformar expectativas em pesadelos, ao passo que a Sampdoria esboça reação.
A nova edição da segundona italiana é um microcosmo do próprio futebol do país: imprevisível, tático e apaixonado. Tão surpreendente que, após sete rodadas, nenhum treinador tinha sido demitido, o que não ocorria desde 1986 – nesta segunda, contudo, o Empoli decidiu mudar de comando. Clubes rebaixados da elite buscam uma reação imediata, recém-promovidos sonham em se firmar, e técnicos que se consagraram como atletas tentam resgatar prestígio em outra função. O campeonato é longo, mas o retrato inicial já revela uma Serie B com três blocos bem definidos. No primeiro, os candidatos ao acesso direto e ao playoff, sustentados por orçamentos sólidos e técnicos experientes; no segundo, os que vivem de lampejos e irregularidades; e no último, aqueles que, desde já, precisam lutar para não serem engolidos pela pressão da sobrevivência.
No pelotão de elite, o Modena é, até aqui, a face mais equilibrada do torneio e um dos dois times invictos. O trabalho de Andrea Sottil devolveu competitividade a uma equipe que, na temporada passada, havia estacionado no meio da tabela. A consistência defensiva impressiona: apenas três gols sofridos em sete partidas, uma estatística que o coloca como a muralha da competição, ao lado do Palermo. O ataque, liderado por Ettore Gliozzi, tem sido igualmente eficiente, com o camisa 9 se destacando como artilheiro isolado do certame, somando cinco tentos, quatro deles de pênalti.
Ex-Udinese, o treinador piemontês, que chegou à Emília-Romanha após passagens conturbadas por Sampdoria e Salernitana, parece ter encontrado, enfim, um ambiente ideal para reconstruir a própria carreira. Líder com 17 pontos, fruto de cinco vitórias e dois empates, o time de Sottil joga com maturidade, sustentado pela segurança do goleiro Leandro Chichizola e do zagueiro Daniel Tonoli, e pela versatilidade de Luca Zanimacchia e Grégoire Defrel, que ampliam as alternativas ofensivas. Depois de um ano de estagnação, o Modena, ausente da elite desde 2004, respira novos ares – e começa a sonhar alto, algo impensável há poucos meses.
Um pouco mais abaixo, com 15 pontos (quatro vitórias e três empates) o Palermo ainda busca consistência, mas já demonstra que o projeto liderado por Filippo Inzaghi tem fôlego. O treinador, conhecido por seu faro de gol e por um estilo intenso à beira do campo, tenta resgatar o brilho de uma torcida que há oito anos não saboreia o prazer da elite. O time, que fechou o último campeonato com vaga suada nos playoffs, iniciou o atual com mais solidez. Ainda em janeiro de 2025, a chegada de Joel Pohjanpalo, ex-Venezia, acrescentou profundidade ofensiva – o finlandês, que tirou espaço do ítalo-brasileiro Matteo Brunori, é um dos vice-artilheiros da Serie B, com quatro gols.
Na última janela, o Palermo do City Football Group voltou a se mexer bem, fechando com os laterais Niccolò Pierozzi e Tommaso Augello, novos titulares, o zagueiro Mattia Bani e o ala Emmanuel Gyasi – ambos também garantidos no onze inicial, tal qual o goleiro Jesse Joronen, que chegou para suprir a ausência de Alfred Gomis, lesionado até meados de dezembro. Inzaghi, promovido com o Pisa, tenta repetir o feito na Sicília com uma equipe que alia juventude e experiência. Ainda falta brilho, mas os rosanero mostram sinais de crescimento e de uma clara identidade tática, pautada no 4-3-3 que privilegia amplitude e jogo direto. É um candidato legítimo ao acesso.
Logo atrás, o Frosinone mostra um renascimento que anima até os mais otimistas. Depois de uma temporada passada turbulenta, que terminou com o time se salvando a duras penas, o técnico Massimiliano Alvini tem feito um trabalho notável. A equipe ciociara, que há pouco tempo – surpreendentemente – brigava para não cair, agora ostenta o melhor ataque da liga, com 13 gols marcados.
Os canários jogam verticalmente, apostando em intensidade e movimentação, algo raro em elencos tão remodelados. Destaque para Farès Ghedjemis, que vem desabrochando após um ano e meio opaco, além de Giacomo Calò e Ilias Koutsoupias, fundamentais no equilíbrio entre criação e recomposição. A recuperação técnica é nítida, e a atmosfera no Lácio voltou a ser vibrante – o que não se via desde os dias de luta pela permanência na Serie A, na gestão de Eusebio Di Francesco. Alvini, que não teve trabalhos tão positivos nas duas primeiras divisões da Bota, transformou um elenco desmotivado num conjunto agressivo e ambicioso, que tem condições de brigar pelo acesso.

Ghedjemis vem desabrochando e comanda o Frosinone numa campanha promissora na reta inicial da Serie B (Getty)
No grupo intermediário, que transita pela zona de playoffs e o meio da tabela, quem merece atenção é o Cesena, de Michele Mignani. Após um surpreendente sétimo lugar em 2024-25, quando voltou à B, o time está com apetite renovado e mantém-se competitivo, mesmo sem grandes reforços. O treinador, que quase levou o Bari à elite dois anos atrás, dá sequência a um trabalho coerente, baseado em solidez defensiva e transições rápidas. Os romanholos são, talvez, o retrato mais claro da eficiência: formam uma equipe disciplinada, que sabe sofrer e aproveita ao máximo cada brecha. Cristian Shpendi, autor de 11 gols na última edição, segue como a principal referência ofensiva. O elenco não é dos mais badalados, mas o comprometimento coletivo e a continuidade do projeto mantêm os bianconeri firmes entre os dez primeiros – hoje, dividem o sexto posto com o Monza.
Outro destaque é o Venezia, agora sob o comando de Giovanni Stroppa, que assumiu com a missão de devolver o clube à Serie A. Depois de um rebaixamento doloroso na última rodada da máxima categoria, em 2024-25, os lagunari tentam reconstruir sua identidade. O técnico, especialista em acessos, já promoveu uma transformação tática notável. Os vênetos apresentam um futebol de posse, de toques curtos e triangulações rápidas, mais eficiente do que o apresentado na gestão Di Francesco. O time vem lidando bem com as saídas de peças importantes, como Hans Nicolussi Caviglia e Jay Idzes, e centra seu jogo num forte meio-campo, com Gianluca Busio, Alfred Duncan, Issa Doumbia, John Yeboah e Bjarki Bjarkason como destaques – na frente, Andrea Adorante e Daniel Fila têm se revezado na função de marcar gols. A torcida, ainda ferida pela queda, voltou a sonhar ao ver uma equipe competitiva e que busca o jogo.
Ainda entre os rebaixados da última Serie A, o Empoli tenta reerguer-se com serenidade e ambição. A queda da elite, ainda que previsível, serviu para redefinir os rumos do clube, que buscava equilíbrio sob o comando de Guido Pagliuca. O treinador, conhecido por seu trabalho consistente na Juve Stabia, tentou devolver aos azzurri a competitividade que marcou sua ascensão no início da década, mas acabou demitido durante a data Fifa – o anúncio oficial será feito no momento em que for encontrado o acordo por um substituto, provavelmente Alessio Dionisi, que voltaria ao time toscano.
O elenco é jovem e aposta na mescla entre talentos formados em casa, como Bohdan Popov, e vindos de outros lugares, como Marco Nasti, formado pelo Milan. Por ora, o italiano está sendo ofuscado pelo ucraniano de 18 anos, que vem liderando o ataque com presença constante na área e faro de gol – de maneira surpreendente, já anotou quatro e é um dos vice-artilheiros do certame. Apesar de algumas oscilações naturais de quem ainda se reencontra, o time toscano dá sinais de que o retorno à elite é um objetivo plausível, desde que consiga encontrar a regularidade fora de casa. Na sétima rodada, a vitória sobre o Südtirol, nos acréscimos, carregou consigo potencial de ajudar a virar a chave.

Busio se tornou capitão e é um dos pilares dos venezianos na briga pelo acesso à elite (Arquivo/Venezia FC)
Outro que busca recuperação é o Monza, símbolo de uma reconstrução que ainda carece de solidez. A saída de Alessandro Nesta e a chegada de Paolo Bianco representam mais do que uma troca de comando: simbolizam uma tentativa de refundar o projeto esportivo. Após a trágica queda e os erros administrativos que marcaram o pós-Silvio Berlusconi, o clube da Brianza passa por uma revolução nos bastidores, já que o fundo norte-americano Beckett Layne Ventures adquiriu 80% das ações, deixando somente 20% com a Fininvest, holding da família do ex-político. De quebra, Adriano Galliani, antigo CEO da agremiação, também deixou o cargo.
Bianco, que já provou competência no Frosinone, imprime um estilo mais direto, apostando na recomposição rápida e na verticalidade. O desafio, no entanto, é grande, já que a equipe ainda sente o peso da transição de gestão e da saída de várias figurinhas carimbadas – embora, no entanto, elas agregassem mais pela experiência do que pelo que vinham rendendo. Mesmo assim, o Monza mostra lampejos de reação, sustentado por um elenco que, no papel, é de Serie A: afinal, conta com Matteo Pessina, Andrea Colpani, Gianluca Caprari, Armando Izzo, Andrea Petagna, Dany Mota e Agustín Álvarez. Sem dúvida, continua entre os mais talentosos da categoria e seria uma decepção se a força não resultasse em acesso.
Entre as surpresas positivas, surge, novamente, a Juve Stabia, que, mesmo sem o mesmo brilho da campanha passada e perdendo peças importantes, como o já citado Adorante, continua desafiando previsões. Sob o comando do jovem Ignazio Abate, ex-Milan, as vespas apostam na juventude e na intensidade. É um time que incomoda, que pressiona alto e não se intimida, embora ainda peque na finalização. A manutenção do espírito coletivo e da solidez defensiva que marcou o ciclo anterior faz da equipe campana, atual oitava colocada, uma adversária indigesta. A campanha de 2024-25, que garantiu um quinto lugar heroico, foi o ponto de partida para um novo ciclo. A meta agora é ousar, sonhar com o playoff e, quem sabe, algo mais.
Com a mesma pontuação, a Carrarese de Antonio Calabro mostra uma notável maturidade tática para quem estreou na Serie B há apenas duas temporadas. O trabalho do técnico apuliano é consistente e bem avaliado: o time é equilibrado, competitivo e consciente das próprias limitações. O meia-atacante Nicolás Schiavi, destaque com três gols, comanda as ações ofensivas de uma equipe que mira novamente o meio da tabela, mas sem abdicar do sonho do playoff.
Logo abaixo, a tradicional Reggiana vai confirmando a expectativa de fazer um campeonato sem sustos. Reforçada com alguns nomes que poderiam estar na Serie A, como os zagueiros Giangiacomo Magnani e Andrea Papetti, e peças valorosas para a segundona, tal qual Elayis Tavsan e o brasileiro Charlys, tem contado com o meia Manolo Portanova como principal destaque. Os granata devem se acostumar ao meio da tabela.
O Südtirol também segue fiel ao próprio roteiro. Comandado por Fabrizio Castori, o decano dos técnicos da Serie B, os biancorossi continuam fazendo valer o peso da experiência. A equipe de Bolzano é o exemplo da eficiência em um campeonato tão equilibrado: linhas compactas, poucos erros e aproveitamento total dos contra-ataques. Depois de garantir a salvezza com certa tranquilidade em 2024-25, o time manteve a base e adicionou pontuais reforços. Silvio Merkaj, autor de três gols, é uma peça fundamental num esquema que prioriza o resultado acima de qualquer estética. Olho também no jovem zagueiro Raphael Kofler, de 20 anos, que tem sido titular e já soma convocações para a seleção sub-20 da Itália.
Deixando o extremo norte da Itália e viajando para o sul, o Catanzaro vive uma temporada de adaptação sob o comando de Alberto Aquilani, técnico que dá seus primeiros passos entre os profissionais. Depois de anos de estabilidade com Fabio Caserta, o clube calabrês tenta modernizar seu estilo de jogo, adotando uma abordagem mais propositiva. O novo treinador aposta em posse, mobilidade e na liderança carismática de Pietro Iemmello, eterno ídolo e símbolo de constância ofensiva.
O problema, por ora, é a falta de vitórias: o Catanzaro ainda não venceu e coleciona empates em série, reflexo de um time que cria, mas não concretiza. Há margem para evolução, e o treinador, que já balança na corda bamba, parece compreender que a paciência será sua principal aliada numa liga em que o pragmatismo, muitas vezes, fala mais alto do que o idealismo.
O Bari, por sua vez, tenta apagar a imagem de inconstância deixada no último campeonato. Sob o comando de Caserta, que fez o Catanzaro brigar pelo acesso, o clube da Apúlia pretende transformar decepções em combustível – mas ainda está longe disso e, assim como os calabreses, vem flertando com a zona de rebaixamento. A torcida que frequenta o gigante San Nicola, sempre exigente, pressiona, e o novo treinador tenta implementar um modelo mais dinâmico, buscando maior verticalidade e menos dependência de cruzamentos.
Entre os novatos, o Padova representa uma das histórias mais interessantes desta Serie B. O retorno após seis anos de ausência coroou o trabalho de Matteo Andreoletti, técnico jovem, estudioso e ousado, que ganhou notoriedade ao adotar esquemas táticos de três zagueiros inspirados em treinadores como Roberto De Zerbi e Gian Piero Gasperini. O início de temporada foi irregular, com a eliminação precoce na Coppa Italia e resultados mistos, mas o projeto é claro: consolidar o clube e reintroduzi-lo como um habitué da divisão; afinal, os biancoscudati somam 39 aparições na categoria e outras 16 na elite. O desafio é grande, mas o entusiasmo da torcida e a confiança da diretoria fazem crer que os vênetos podem, com o tempo, se firmarem novamente entre os protagonistas da categoria.
Na mesma linha, a Virtus Entella tenta se adaptar à volta à Serie B após quatro anos de ausência. Comandada por Andrea Chiappella, de apenas 37 anos, a equipe de Chiavari aposta na continuidade de uma filosofia moderna e na valorização dos jovens. É um time leve, disciplinado e que tenta jogar com coragem, ainda que a limitação técnica imponha seus limites. Seu técnico subiu para a terceirona com a Giana Erminio, emendou campanhas surpreendentes com os lombardos na categoria e é considerado um dos mais promissores do país. O treinador tem consciência de que o objetivo imediato é a permanência e, se mantiver o nível de organização apresentado pela gestão de Fabio Gallo, seu antecessor, na Serie C, a missão está longe de ser impossível.
Mais ao sul, o Pescara experimenta o impacto da transição. Sob a batuta de Vincenzo Vivarini, o time dos Abruzos tenta estabilizar-se após o retorno da terceirona. O treinador, que já viveu altos e baixos recentes no Frosinone, busca aplicar o mesmo modelo que o levou ao sucesso no Catanzaro: intensidade, construção desde a defesa e ocupação racional dos espaços. O problema é que a realidade da Serie B cobra caro por qualquer desatenção – e os 14 gols sofridos até aqui, a pior defesa da competição, expõem um sistema ainda em formação. A equipe biancazzurra tem potencial ofensivo, mas falta equilíbrio entre os setores: foi capaz de golear o Empoli e, semanas depois, ser atropelada pela Sampdoria. Se não ajustar a engrenagem rapidamente, pode continuar envolvida na luta contra o rebaixamento, que é o cenário atual.
Perto de Pescara, na Campânia, o Avellino saboreia o prazer de estar de volta – e vive um momento bem diferente. Após sete anos longe da Serie B, o clube biancoverde retornou com entusiasmo sob o comando de Raffaele Biancolino, ídolo local e agora técnico efetivo com contrato até 2028. O objetivo é modesto: garantir a permanência, mas, por enquanto, os lobos dividem a quarta posição com o Venezia. O time aposta em um modelo compacto e em uma base de jogadores que conhecem bem a divisão, como o atacante Gennaro Tutino. A derrota na Coppa Italia para o Audace Cerignola expôs as fragilidades de um elenco ainda em montagem, mas o espírito competitivo e o apoio fervoroso da torcida irpina mantêm viva a esperança de um campeonato tranquilo.
Já em Gênova, a Sampdoria tenta juntar os cacos de um passado recente traumático. A permanência na Serie B, garantida apenas após a punição do Brescia e a possibilidade de vencer a Salernitana no playout, que lhe caiu no colo, serviu como uma espécie de novo começo. Agora, com Massimo Donati no comando, a agremiação blucerchiata tenta recuperar identidade e dignidade. O treinador aposta na reorganização emocional antes da tática, sabendo que a pressão por resultados é grande. E, por isso, a conquista da primeira vitória somente na sétima rodada, com goleada sobre o Pescara, quase levou à sua demissão.
O elenco, rejuvenescido, ainda carece de peso, mas mostra lampejos de evolução, enquanto o veterano Massimo Coda quebrou o recorde de gols na segundona e se tornou o maior artilheiro da categoria, agora com 137 tentos. O técnico tenta moldar um time combativo, menos dependente de nomes e mais comprometido com o coletivo. Não será uma campanha fácil, e qualquer ponto conquistado tem o sabor da reconstrução. Hoje, contudo, a Samp está na antepenúltima posição.
Quem também vive dias desafiadores é o Mantova, que, após escapar por pouco do playout na temporada anterior, voltou a começar o ano de forma hesitante. Sob o comando de Davide Possanzini, o clube lombardo tenta corrigir os erros que quase o levaram ao colapso. A pesada derrota por 4 a 0 para o Venezia na Coppa Italia soou como alerta, e o desempenho nas rodadas iniciais apenas confirmou a preocupação. Cinco derrotas em sete jogos e uma defesa vulnerável colocam os virgiliani em estado de alerta. Ainda assim, o técnico segue respaldado, com a missão de repetir o milagre de 2024-25: permanecer na divisão.

O Spezia de Esposito vem decepcionando na Serie B e, de forma surpreendente, ocupa a lanterna (Germogli)
Por fim, o Spezia simboliza a maior decepção deste início de temporada. Depois de flertar com o acesso na última edição e cair nas semifinais dos playoffs, os aquilotti pareciam prontos para dar o passo definitivo, apesar da perda de Francesco Pio Esposito, que voltou para a Inter após ser vice-artilheiro da segundona. Contudo, o desempenho inicial é preocupante: apenas quatro gols marcados e três expulsões em sete partidas denunciam um time desequilibrado. O veterano Gianluca Lapadula e o promissor Vanja Vlahovic não têm se firmado como substitutos do goleador que deixou a Ligúria e Edoardo Soleri e Gabriele Artistico é que têm jogado mais.
Luca D’Angelo, em sua terceira temporada consecutiva à frente do projeto, enfrenta críticas crescentes e balançou no cargo – Moreno Longo chegou a ser cogitado como substituto, mas a diretoria deu um voto de confiança ao técnico. A base defensiva que era motivo de orgulho, com Petko Hristov e Nicolò Bertola, este negociado com a Udinese, agora sofre com erros individuais e falta de coordenação. A frustração é evidente, especialmente porque o elenco manteve a espinha dorsal e ainda reforçou o meio-campo, abrilhantado por Salvatore Esposito e Rachid Kouda, com peças de qualidade, como Szymon Zurkowski, que voltou ao clube, e o jovem Christian Comotto. Se o Spezia não reagir logo, corre o risco de ver o sonho do retorno à elite virar mais uma história de desperdício.
O retrato da Serie B após sete rodadas é o de um campeonato em ebulição. No topo, o Modena surpreende pela consistência; o Frosinone encanta pela ousadia; e o Palermo promete tomar a liderança quando encurtar a distância entre expectativa e resultado. No meio, a disputa é feroz: qualquer sequência de duas vitórias é capaz de catapultar uma equipe ao grupo dos sonhadores. Já na parte de baixo, a luta pela sobrevivência começou cedo. Times tradicionais tentam evitar o abismo enquanto os recém-chegados buscam provar que pertencem à categoria.
A essência da competição, no entanto, segue intacta: a segundona continua sendo o espelho mais fiel do futebol italiano – dramático, tático, apaixonado e imprevisível. É nela que o jogo ganha vida em estádios históricos, onde o gramado carrega cicatrizes de décadas e o barulho das arquibancadas ecoa como um hino à resistência. E, se há algo que a Itália aprendeu ao longo dos anos, é que a Serie B raramente se entrega a favoritos. Ela premia quem sofre, quem insiste e quem acredita até o último minuto. A luta está apenas começando.