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Lennart Skoglund foi um dos principais jogadores em atividade na Itália dos anos 1950

A partir do final dos anos 1940, a ponte aérea entre Escandinávia e Itália ficou intensa. Suécia e Dinamarca tinham seleções fortes e obtinham bons resultados em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo: suecos ficaram com o pódio três vezes nestas competições, e os dinamarqueses com duas. Foi o suficiente para que vários jogadores do país desembarcassem na Serie A, um dos principais campeonatos do mundo àquela época. A história de Lennart Skoglund começa assim.

Nacka, como era conhecido, em referência ao bairro em que nasceu em Estocolmo, era um canhoto muito habilidoso, que jogava como meia e chegava muito bem ao ataque. Em sua terra natal, atuou por Hammarby e AIK, até, aos 21 anos, mudar de ares. O meia chegou à Inter após disputar a Copa do Mundo de 1950 e ser terceiro colocado no Brasil – interessou ao São Paulo, mas a Inter ofereceu cinco vezes mais e levou o jogador. Skoglund logo se adaptou ao Belpaese e mostrou logo suas credenciais marcando seu primeiro gol em um dérbi contra o Milan, vencido pela Inter por 3 a 2.

Durante os anos 1950, a maior parte dos jogadores italianos eram ofuscados por estrangeiros, e eram coadjuvantes na Serie A. Naquela década, a Inter conquistou por duas vezes o scudetto. E, nas duas oportunidades, contou com dois talentos estrangeiros para chegar lá: Nacka era um deles, e o outro era o húngaro István Nyers. Pelo que fizeram neste período, os dois entraram para a galeria dos maiores jogadores da história do clube.

Skoglund era reconhecido pela grande habilidade (Arquivo/Inter)

A equipe nerazzurra não conquistava um título desde 1940, quando, mesmo sem Giuseppe Meazza, machucado, ficou com a Serie A. Dali para frente viu Bologna, Roma, Juventus e Milan ganharem pelo menos um scudetto, e também sucumbiram à hegemonia do Torino na década marcada pelo time de Valentino Mazzola, morto na Tragédia de Superga, em 1949. Durante este período, a Inter era uma mera coadjuvante. Até que Skoglund achou em Nyers e no atacante Benito Lorenzi os seus parceiros ideais e, comandado pelo técnico Alfredo Foni, tirou a equipe da fila de 14 anos.

Como meia de suporte à dupla de ataque formada por Nyers e Lorenzi, Nacka se destacou principalmente no título de 1954, quando fez dois gols na goleada por 6 a 0 sobre a Juventus, a maior da história interista no Derby d’Italia. Com a saída de Nyers depois do seu último scudetto, Skoglund continuou a ser importante juntamente a Lorenzi, e viveu os primeiros anos da presidência de Angelo Moratti. No total, Skoglund ficou na Inter de 1950 a 1959, período em que realizou 246 partidas e marcou 57 gols.

Depois de deixar a Beneamata, Nacka ainda atuou por Sampdoria e Palermo no final da carreira, mas conviveu com muitas lesões, que já o haviam feito deixar a própria Inter. Na Sampdoria, Skoglund ainda teve bons momentos, e em três anos de clube anotou 15 gols em 78 jogos, ajudando os blucerchiati a brigarem na parte superior da tabela e a chegarem ao melhor resultado da sua história até o momento: um quarto lugar, em 1960-61.

Pelos rosanero da Sicília, a coisa foi diferente: o sueco assinou um contrato  que fazia com que o clube somente o pagasse a cada vez que entrasse em campo. No entanto, foram apenas seis jogos com a camisa palermitana, em uma temporada na qual a equipe foi lanterna do campeonato e caiu para a Serie B.

Nacka conseguiu ser bicampeão italiano pela Inter (Archivio Farabola)

Pela seleção, Skoglund foi destaque na campanha do terceiro lugar na Copa do Mundo de 1950, mas depois quase não ganhou mais chances na seleção: apenas jogadores que atuavam na própria Suécia eram convocados até 1958, quando o país sediou o Mundial daquele ano. Nacka foi destaque na campanha do vice-campeonato, ao lado de Gunnar Gren, Nils Liedholm, Arne Selmosson e Kurt Hamrin.

Apesar do sucesso em campo, Skoglund teve uma vida atribulada fora dos gramados. O meia-atacante se casara com Nuccia Zirilli, Miss Calábria, e teve dois filhos: Giorgio e Evert – o primeiro, revelado pelo Milan, e o segundo pela Inter. Nenhum dos dois teve sucesso futebolístico, assim como o casamento ruíra e fizera com que o jogador não quisesse mais permanecer na Itália.

Após a aposentadoria, Nacka deixou sua família no Belpaese e ficou na Suécia, onde teve repetidos problemas ligados ao alcoolismo, que fragilizaram sua saúde até o seu falecimento em 1975, vítima de um infarto. Após a sua morte, foi construída uma estátua em frente à sua antiga casa, em referência a um gol olímpico que ele marcou pelo Hammarby. “O ângulo de Nacka” até hoje relembra um dos principais jogadores suecos da história.

Karl Lennart Skoglund
Nascimento: 24 de dezembro de 1929, em Estocolmo, Suécia
Morte: 8 de julho de 1975, em Estocolmo, Suécia
Posição: meia-atacante
Clubes: Hammarby (1946-48 e 1964-67), AIK (1949-50), Inter (1950-59), Sampdoria (1959-62) e Palermo (1962-63)
Títulos: Copa da Suécia (1949) e Serie A (1953 e 1954)
Seleção sueca: 11 jogos e 1 gol

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