Desde quando começou a ter mais destaque no futebol italiano, a partir da década de 40, o Milan é um time que chamou a atenção de jogadores brasileiros. Antes disso, entre os anos 20 e 30, muitos sul-americanos de origem italiana, os chamados oriundi, foram para a Itália – e para o Milan. Em 1935, os atacantes Eliseu (ou, como é conhecido na Itália, Elisio Gabardo) e Vicente Arnoni, trocaram o Palmeiras pelo Diavolo, tornando-se os primeiros brasileiros a vestirem rossonero.
Ao todo, 29 brasileiros atuaram pelo Milan em sua história. A partir dos anos 60, quando fazia frente com Santos e Benfica, o rossonero se tornou um polo de bons jogadores, entre eles os naturais do Brasil. Alguns chegaram com as honras de campeões mundiais e ajudaram nas primeiras conquistas internacionais da equipe, ao lado de nomes lendários como Liedholm, Nordahl, Cesare Maldini e Rivera. Foi o que aconteceu com José Altafini, o Mazzola, e Amarildo.
Na década de 60, outro brasileiro vestiu com destaque as cores do clube. Angelo Sormani, que teve brilho em San Siro, deixou o clube e 1970 e só 27 anos depois um canarinho voltou a jogar pelo Milan – foi quando Leonardo e André Cruz aportaram em Milanello e deixaram as portas abertas para os compatriotas.
Dos 29 brasileiros que jogaram no Milan, 23 foram contratados por Silvio Berlusconi, a partir de 1996, quando o presidente já tinha 11 anos de casa e decidiu “trocar” os holandeses pelos brasileiros. Agraciados por Carlo Ancelotti, que chegou a ter mais de meio time tupiniquim, eles novamente ajudaram a elevar o Milan ao topo do cenário europeu e mundial e se tornaram ídolos de uma torcida que aos poucos viu outros bons jogadores deixando o clube.
A lista dos dez brasileiros de maior destaque no Milan é justa. Claro que divergências sempre existirão, mas é muito difícil apontar algum outro de maior destaque do que os citados. Além do “top 10”, com detalhes sobre os jogadores, suas conquistas e motivos que os credenciam a figurar em nossa listagem, elencamos todos os outros atletas do Brasil a terem passado pelo clube.
Observações: Para saber mais sobre os jogadores, os links levam a seus perfis no site. Os títulos e prêmios individuais citados são apenas aqueles conquistados pelos jogadores em seu período no clube. Confira também: Os 10 maiores jogadores da história do Milan.
Brasileiros da história do Milan (por ordem alfabética e, em seguida, no ranking)
Alexandre Pato, Amarildo, Amoroso, André Cruz, Angelo Sormani, Cafu, Claiton, Dida, Digão, Dino Sani, Elisio Gabardo, Emerson, Gabriel, Germano, José Altafini, Júlio César, Kaká, Leonardo, Mancini, Marcus Diniz, Ricardo Oliveira, Rivaldo, Robinho, Rodrigo Ely, Ronaldinho, Ronaldo, Roque Júnior, Serginho e Vicente Arnoni.
10º – Amarildo
Posição: atacante
Período em que atuou no Milan: de 1963 a 1967
Títulos conquistados: Coppa Italia (1966-67)
Prêmios Individuais: nenhum
Substituto de Pelé na Copa do Mundo de 1962, Amarildo (à direita na foto, junto com José Altafini) fez parte da leva de vários brasileiros que rumaram à Europa na década de 60. Ao lado de Mazzola, não conseguiu tirar do Santos o título de campeão Intercontinental de 1963. Ainda assim, com a colaboração do brasileiro, que marcou dois gols, o Milan ainda levou a disputa para o jogo-desempate.
Sem levar bronca para casa, o “Possesso”, como foi apelidado por Nelson Rodrigues, era letal nas finalizações, tendo marcado 38 gols nos 131 jogos que disputou, com destaque para as duas primeiras temporadas, nas quais marcou 16 e 14 gols, respectivamente. Embora tenha atuado por quatro anos em Milão, foi na Fiorentina que Amarildo se destacou mais na Itália. O atacante também contabilizou uma passagem pela Roma.
9º – Thiago Silva
Posição: zagueiro
Período em que atuou no Milan: de 2009 a 2012
Títulos conquistados: Serie A (2010-2011) e Supercopa Italiana (2011)
Prêmios individuais: Integrante do Time do Ano da Uefa (2011 e 2012); Gran Galà del Calcio (2011 e 2012); Premio Armando Picchi de melhor defensor da Serie A (2010-11)
O “Mito” poderia se eternizar em Milão. Ídolo quase solitário de um time que se esfacelava nas mãos de Silvio Berlusconi e Adriano Galliani, Thiago Silva já era dono da zaga rossonera, ídolo da torcida e responsável por quebrar a tradição de ser o primeiro jogador a ser capitão sem ser o detentor de mais jogos pela equipe. Porém, para equilibrar as contas do clube, teve de se transferir ao PSG, em 2012.
Dotado de uma qualidade sem igual e imponente na defesa, Thiago Silva escreveu seu nome ao lado de lendas, mesmo com apenas três anos no clube e 119 jogos. Na ausência de bons jogadores no elenco, Thiago atuou como lateral e até volante, mas foi como zagueiro que ele sempre será lembrado em San Siro.
8º – Angelo Sormani
Posição: atacante
Período em que atuou no Milan: de 1965 a 1970
Títulos conquistados: Serie A (1697-68), Coppa Italia (1966-67), Recopa Europeia (1967-68), Copa dos Campeões (1698-69) e Copa Intercontinental (1969)
Prêmios individuais: nenhum
Angelo Sormani é daqueles jogadores “azarados”. Mesmo com versatilidade para mudar de posição e técnica extraordinária, Sormani iniciou como profissional concorrendo com ninguém menos que Pelé, no Santos. Numa das excursões pela Europa, o Mantova não hesitou em contratar o “Pelé Branco”. Iniciava ali sua carreira europeia. O destaque imediato rendeu especulações por toda a Europa, mas ele preferiu uma transferência para a Roma dois anos após sua chegada.
Em 1965 chegou ao Milan, já sem a badalação de outrora – e para uns, já em decadência, após a passagem negativa em Roma –, para substituir Mazzola e acabou tendo suas melhores aparições de sua carreira com o time de Nereo Rocco, onde ganhou tudo. Acumulou passagens por Napoli, Fiorentina e Lanerossi Vicenza. Com passaporte italiano, fez sete jogos e jogou a Copa de 1962 pela Squadra Azzurra.
7º – Serginho
Posição: lateral esquerdo
Período em que atuou: de 1999 a 2008
Títulos conquistados: Serie A (2003-04), Coppa Italia (2002-03), Liga dos Campeões (2002-03 e 2005-07), Supercopa Uefa (2003 e 2007) e Mundial de Clubes (2007)
Prêmios individuais: nenhum
Da geração de brasileiros treinados por Ancelotti é sempre um dos menos lembrados. Rápido e preciso nos cruzamentos, foi um dos melhores laterais esquerdos do mundo entre o final da década de 1990 e o início dos anos 2000. Nas 281 partidas em que vestiu a camisa rossonera, atuou também de ponta, como seu precursor, Leonardo, e marcou 18 gols.
Abandonou a seleção brasileira por não se sentir valorizado e com isso focou sua carreira no Milan, embora tenha se arrependido depois. Ao final de sua carreira, em 2008, após nove anos de clube, virou consultor de mercado do clube no Brasil, já tendo indicado, por exemplo, Thiago Silva. Ainda representou a equipe em partidas de futebol de areia.
6º – Leonardo
Posição: meia
Período: de 1997 a 2001 e de 2002 a 2003 | Como treinador: de 2009 a 2010
Títulos: 1 Serie A (1998-99), Coppa Italia (2003), Liga dos Campeões (2002-03) e Supercopa Uefa (2003)
Prêmios individuais: 10º melhor jogador do mundo (1997)
Um dos jogadores mais amados pela torcida, Leonardo foi o precursor dos brasileiros no Milan de Berlusconi. Chegou ao clube em 1997, período em que viveu a melhor forma da carreira, onde desfilou toda sua habilidade e qualidade técnica que deram o título da Serie A de 1998-99. Lateral no início de carreira, foi como meio-campista e depois como ponta, que brilhou com a camisa rossonera.
Deixou a equipe em 2001, saudado pela torcida após uma traumática temporada, para retornar ao São Paulo. Quando decidiu se aposentar, precocemente em 2002, devido as lesões, o Milan o convidou para a disputar sua última temporada em Milão, onde jogou apenas um jogo. Integrou a comissão técnica, trazendo mais brasileiros à equipe e, como técnico, não teve vida muito longa, durando apenas uma temporada, pelos atritos com Berlusconi, com quem tinha boa relação anteriormente. O trabalho como técnico da Inter o deixou marcado negativamente com parte da torcida, que o tem como traidor, mas a identificação que Leonardo teve com o Milan ao longo de 13 anos é inegável.
5º – Dida
Posição: goleiro
Período: de 2000 a 2010
Títulos conquistados: Serie A (2003-04), Supercopa Italiana (2004), Liga dos Campeões (2002-03 e 2006-07), Supercopa Uefa (2003 e 2007) e Mundial de Clubes (2007)
Prêmios individuais: Melhor goleiro da Serie A (2004); Integrante do time da FIFPro (2005); Terceiro melhor goleiro do mundo (2004); e segundo melhor goleiro do mundo (2005)
Frio, calmo e preciso para fazer as defesas. Foi assim que Dida ganhou destaque no Milan e em toda a Europa. Dois anos após ser contratado junto ao Cruzeiro, ganhou espaço no time rossonero, mas devido a uma falha em uma de suas primeiras partidas e um problema judicial, acabou por retornar ao Brasil.
Somente após o pentacampeonato, em 2002, é que teve suas primeiras oportunidades. Sua habilidade em defender pênaltis garantiu o título europeu contra a Juventus, na temporada 2002-03, e o tornou um dos principais goleiros na Europa. Foram 302 aparições no gol do Diavolo, muitas vezes sem o merecido reconhecimento, sobretudo porque falhou além da conta nos últimos anos no clube. Em sua despedida, porém, tudo foi esquecido e o baiano ganhou todo o merecido carinho da torcida.
4º – Cafu
Posição: lateral direito
Período em que atuou: de 2003 a 2008
Títulos conquistados: Serie A (2003-04), Supercopa Italiana (2004), Liga dos Campeões (2006-07), Supercopa Italiana (2003 e 2007) e Mundial de Clubes (2007)
Prêmios individuais: nenhum
Depois de ser um dos ídolos da Roma, e ter ganhado o apelido sugestivo de “Trem Expresso”, devido a sua capacidade de atacar e defender com o físico incrível que possuiu até o final de carreira, Cafu chegou ao Milan. Já com 33 anos e, considerado um dos melhores laterais do mundo, assumiu o protagonismo que havia conquistado na capital, desta vez jogando ao lado de nomes como Maldini, Nesta, Gattuso, Ambrosini e Kaká.
Ciente de que poderia ainda dar um passo a mais na carreira, venceu duas Liga dos Campeões, sendo uma delas, a de 2006-07, como um dos destaques da equipe. Também levantou um Mundial de Clubes e uma Copa Intercontinental. Encerrou sua carreira em 2008, numa partida contra a Udinese, na qual anotou o último gol da partida. Até hoje, após sua aposentadoria, seja na seleção brasileira, seja no Milan, não houve um lateral como Cafu.
3º – Dino Sani
Posição: meia
Período em que atuou no Milan: de 1961 a 1964
Títulos conquistados: Serie A (1961-62) e Copa dos Campeões (1962-63)
Prêmios individuais: nenhum
Mesmo com a baixa estatura para a posição, Dino Sani foi um dos volantes de maior história no São Paulo, no Milan e na Seleção Brasileira. Com roubadas de bola precisas, saída de jogo com classe e chutes certeiros, Sani se destacou na Itália, após passagem pelo Boca Juniors, ao lado de craques como Cesare Maldini, Gianni Rivera e Amarildo, conquistando um scudetto e uma Copa dos Campeões.
Em pouco tempo já foi alçado ao patamar de herdeiro de Gunnar Gren, histórico volante sueco que atuou entre 1949 e 1953 e peça fundamental no esquema de Nereo Rocco – até mesmo pelo físico similar; ambos baixinhos, aparentemente acima do peso e com uma vistosa careca. Sua grande visão de jogo o fez ser um jogador avançado em seu tempo, tornando-se precursor de volantes de qualidade. A sequência de problemas musculares apressaram a sua saída do Milan para retornar ao Brasil, onde acabou aposentando-se dois anos depois.
2º – Kaká
Posição: meia-atacante
Período em que atuou no Milan: de 2003 a 2009 e de 2013 a 2014
Títulos conquistados: Serie A (2003-04), Supercopa Italiana (2004), Liga dos Campeões (2006-07), Mundial de Clubes (2007) e Supercopa Uefa (2003 e 2007)
Prêmios Individuais: 5 Oscar do Calcio (3 de melhor estrangeiro – 2004, 2006 e 2007; e 2 de melhor jogador – 2004 e 2007); 3 prêmios de melhor jogador da Uefa (2005 e 2007 (2, Melhor atacante e melhor jogador)); Integrante do time da FIFPro (2006, 2007 e 2008); Integrante do time do ano da Uefa (2006, 2007 e 2008); Artilheiro da Liga dos Campeões (2006-07); Bola de ouro (2007); Melhor jogador do Mundial de Clubes (2007); Melhor jogador do Mundo pela Fifa (2007), Onze d’or (2007); Jogador do ano pela World Soccer (2007)
Kaká não precisou de muito tempo para ganhar os corações milanistas. Em seu primeiro derby de Milão, peitou Kily González e marcou um gol na vitória por 3 a 1. Ainda em sua primeira temporada, desbancou Rui Costa e Rivaldo figurou entre as camisas mais vendidas. Com talento, dinamismo, arrancadas absurdas e muita força física, rapidamente se adaptou ao futebol italiano. Foi peça fundamental na conquista da Liga dos Campeões de 2007, ano em que também foi eleito melhor jogador do mundo. O amor dos torcedores por “Ricky” fez com que, por duas vezes, multidões se reunissem em frente a sua casa para convencê-lo a não trocar o clube por outro gigante europeu.
A contragosto deixou o Milan para seguir ao Real Madrid, mas nem de longe repetiu o bom futebol de Milão. Retornou em 2013, já sem a mesma forma física e perseguido por dores que não o deixaram repetir as temporadas espetaculares que já havia feito. Ainda assim completou a 300ª partida com a camisa rossonera e deu certo brilho à uma equipe que fez uma das piores campanhas dos últimos anos.
1 – José Altafini
Posição: atacante
Período em que atuou no Milan: de 1958 a 1965
Títulos conquistados: Serie A (1958-59 e 1961-62) e Copa dos Campeões (1962-63)
Prêmios individuais: artilheiro da Serie A (1961-62), artilheiro da Copa dos Campeões (1962-63)
Altafini para os italianos, Mazzola para os brasileiros. Independente de como for chamado, José João Altafini é sem dúvida o brasileiro que mais história fez com a camisa rossonera – e, claro, figurou na lista dos 10 maiores jogadores da história do Milan. Depois de se destacar no Palmeiras e ter feito parte da seleção brasileira campeã mundial em 1958, rumou para o Milan, onde ficou durante sete anos, conquistando duas Serie A e a primeira Copa dos Campeões rossonera.
Artilheiro nato, mesmo com a estatura que não condizia com o futebol europeu no período, fez 161 gols e foi até a temporada 2011-2012, o maior artilheiro de uma mesma edição de Copa/Liga dos Campeões. Nas mais de 240 partidas com o clube, foi artilheiro do campeonato italiano em três oportunidades e ainda fez parte da seleção italiana, eliminada na primeira fase da Copa de 1962. Um craque da grande área e um dos maiores jogadores a já terem pisado nos gramados italianos.
Claro q o maior de todos foi o kaka. É só ver os premios individuais dele e do mazola.
Não existiam prêmios individuais nos tempos do Altafini.
Dida é baiano , não alagoano