Serie A

37ª rodada: Pimenta nos olhos dos outros…

A provocação de Totti e demais romanistas à Lazio: giallorossi estão nos grupos da Champions (AP)

A penúltima rodada da Serie A 2014-15 tinha três jogos principais: Roma-Lazio e Genoa-Inter, confrontos diretos por vagas europeias – sem falar na rivalidade enorme do Dérbi da Capital – e Juventus-Napoli, que também era jogo de desgosto recíproco entre times e torcidas e que valia, para os azzurri, a possibilidade de manter o sonho de Liga dos Campeões aceso. A pimenta como ingrediente e o fogo alto no fogão davam o tom do que aconteceria nestes jogos. Por isso, a rodada teve seus grandes momentos justamente nessas três partidas, nas quais Roma, Juventus e Genoa tiveram o gostinho de complicar um pouco a vida dos rivais – históricos ou de ocasião. Acompanhe o que houve em cada uma delas e nos sete demais confrontos.

Lazio 1-2 Roma

Houve quem dissesse que Lazio e Roma entrariam em campo para fazer uma partida de comadres. Afinal, a Roma já estava matematicamente classificada à próxima Liga dos Campeões e a Lazio precisava apenas de um ponto para chegar lá. Esses, é claro, não tem dimensão exata do que é a rivalidade entre os times romanos – o que, infelizmente, também provoca imbecilidades, como o esfaqueamento de dois torcedores antes do jogo e a presença de neonazistas torcedores do Wisla Cracóvia, da Polônia. Com a vitória no clássico, a Roma garantiu a vaga na fase de grupos da LC e ainda deixou os rivais na berlinda: em caso de nova derrota, no confronto direto diante do Napoli, na última rodada, a Lazio perde a vaga na maior competição de clubes europeia para o time do sul do país.

A festa nas arquibancadas não se repetiu em campo. O dérbi foi bastante quente, com muitas faltas e jogadas ríspidas o tempo todo – o que é de praxe, mas acabou aumentado porque a Roma entrou mordida pelo adiamento da partida para a segunda, por suposta influência do presidente laziale, Claudio Lotito, nos bastidores. Os gols só saíram mesmo nos minutos finais. Aos 29 do segundo tempo, Nainggolan começou a jogada, Ibarbo cruzou e Iturbe se antecipou à zaga biancoceleste para anotar. Depois, o recém-entrado Djordjevic empatou, com cabeçada fulminante após boa interação entre Felipe Anderson e Klose. Também de cabeça, escorando cruzamento de Pjanic, Yanga-Mbiwa deu números finais ao jogo. Depois da partida, o time da Roma vestiu as já tradicionais camisas de provocação à Lazio, algo que Totti imortalizou. (Nelson Oliveira)

Juventus 3-1 Napoli

O mistão da Juventus
provou sua força novamente contra um adversário forte exatamente na
partida da premiação da equipe pelo scudetto conquistado. Pereyra fez o primeiro, enquanto David López empatou
após pênalti defendido por Buffon. Sturaro marcou um bonito gol e,
também da marca da cal, Pepe finalizou o jogo. Ao Napoli, boa
apresentação de Gabbiadini, que entrou em campo como substituto de
Higuaín para o segundo tempo – muito estranha a substituição do craque do time no intervalo em um jogo tão importante, o que pode apontar a saída do argentino. Britos, por sua vez, perdeu a cabeça. É
verdade que Morata deu um soco no zagueiro, contudo, o defensor devolveu
com uma cabeçada no rosto do espanhol. Foi aí que o pênalti foi marcado. Apesar de tudo, o Napoli ainda pode alcançar a Liga dos Campeões, se bater a Lazio, em casa.

Enquanto
os jogadores partenopei discutiam com a arbitragem após a partida –
bastante fraca, em Turim -, os atletas da Juventus foram para o
vestiário. A festa do título foi realizada aproximadamente 30 minutos
depois do jogo. Os bianconeri foram chamados ao campo novamente em
ordem numérica, com exceção de Chiellini, que puxou a fila, e Buffon, o
último a entrar. O capitão foi quem levantou o troféu da Serie A. (Murillo Moret)

Palermo 2-3 Fiorentina

Em dia de celebração para Dybala, que se despediu do Renzo Barbera, a Fiorentina estragou a festa, venceu de virada e confirmou sua classificação para a Liga Europa. A partida teve um início de poucas emoções, até que Ilicic acertou um lindo chute da intermediária para abrir o marcador. Em respeito ao ex-clube, o esloveno não comemorou. O Palermo chegou ao empate minutos depois, com Jajalo, que marcou seu primeiro gol na Serie A. Ainda na primeira etapa, a Viola conseguiu o segundo gol, através de Gilardino.

A partida continuou movimentada no segundo tempo e, depois de Neto ter feito uma grande defesa – justo no dia em que foi convocado à seleção brasileira por causa do corte de Diego Alves –, o Palermo empatou mais uma vez. Rigoni aproveitou o a sobra dentro da área e estufou as redes num chute a poucos metros do gol. Mas a equipe toscana não desistiu e anotou o terceiro com Alonso, concluindo assistência de Gilardino. Com a derrota do Napoli, Montella ainda sonha com a quarta colocação e vaga direta para a competição europeia, hoje a dois pontos de distância. (Caio Dellagiustina)

Genoa 3-2 Inter

No jogo mais emocionante da rodada, o Genoa foi valente, acreditou até o fim e, além dos próprios méritos, contou com falhas da defesa da Inter e erros de arbitragem para praticamente eliminar os nerazzurri da briga por vaga europeia. Vingança do técnico Gasperini, que dirigiu a Inter por apenas cinco jogos em 2011 e desde então critica a diretoria do clube milanês sempre que pode. Com pelo menos a sexta posição garantida, o Genoa agora aguarda o último recurso, ao Comitê Olímpico italiano, para tentar jogar a Liga Europa. A possibilidade de o clube vencer é mínima, e a vaga pode acabar com a rival Sampdoria, o que seria uma grande decepção.

A partida teve um primeiro tempo eletrizante. A Inter saiu na frente com Icardi, que ganhou jogada no alto e, na sobra, empurrou para as redes. Pouco depois, os rossoblù empataram com Pavoletti, em belo giro de fora da área. Em contra-ataque, Palacio marcou contra sua equipe e fez o segundo dos visitantes. A partida pegou fogo de verdade pouco depois: Pavoletti acertou o travessão de fora da área e Icardi teve dois gols anulados – um deles, certamente de maneira errônea; o outro, com dúvidas, pois não dá para garantir que o atacante estivesse ou não na mesma linha da defesa. Logo após as polêmicas, Ranocchia e Handanovic protagonizaram um papelão e Lestienne aproveitou para empatar. No segundo tempo, a Inter acertou a trave duas vezes no mesmo lance, com Hernanes e Brozovic, mas foi o Genoa quem marcou. Aos 44 minutos, Kucka subiu sozinho e testou forte para as redes. (NO)

Capitão Buffon e a taça na festa em branco e preto da Juventus

Empoli 1-1 Sampdoria

O
Empoli teve pelo menos quatro chances de balançar a rede no Carlo
Castellani no primeiro tempo, mas falhou em todas: Rugani não conseguiu
acertar a cabeçada; Saponara foi desarmado na hora h por Romagnoli,
dentro da área; Vecino acertou o travessão e Maccarone isolou já próximo
da meta. O time da casa, contudo, marcou pela primeira vez após o
intervalo, com Pucciarelli, que interrompeu um jejum que perdurava desde
outubro de 2014.

A Sampdoria não fez uma
partida boa, entretanto, se safou de uma derrota com um gol de Eto’o nos
acréscimos. Antes do tento, o camaronês quase marcou após uma cabeçada
de De Silvestri – ele não chegou na bola por centímetros. O gol que definiu o placar saiu aos 91 minutos, de dentro da área. O time de Sarri chegou a um recorde: com 18 empates, se juntou à Inter de 2004-05 como o time a ter o maior número de igualdades em uma só temporada. Já a Sampdoria está com a sétima posição praticamente garantida e deve ver a vaga europeia conquistada pelo rival Genoa cair no seu colo por causa do veto da Uefa aos grifoni. (MM)

Milan 3-0 Torino

Na despedida do San Siro nesta temporada, o Milan foi um pouco do que deveria ter sido em 2014-15. A vitória ante o Torino não foi convincente pelo futebol apresentado, mas ao menos o placar foi à altura do clube rossonero. No jogo que marcou a volta de El Shaarawy ao time titular, sob os olhares de Antonio Conte, o Milan teve um início claudicante, até que o Faraó mostrou toda sua categoria para dominar o cruzamento de Zaccardo e abrir o marcador. O jogo seguiu morno até que, já nos minutos finais do primeiro tempo, Zaccardo foi expulso e deixou o rossonero com um a menos. Apesar da vantagem numérica, o Torino não conseguiu se impor.

Inzaghi foi expulso no intervalo e teve de assistir a sua despedida do San Siro das tribunas. Na volta do segundo tempo, Molinaro, que havia causado a expulsão do defensor rossonero, derrubou van Ginkel na área e também foi para o chuveiro mais cedo. A cobrança foi realizada por Pazzini, que não deu chances à Padelli e anotou seu 100º gol na Serie A. Com a igualdade no número de jogadores e dois gols de vantagem, o Milan tomou conta da partida e logo ampliou, novamente com El Shaarawy. Já no final da partida, Abbiati fez uma bela defesa, coroando sua última partida frente à torcida milanista. Para as duas equipes, a última rodada será para cumprir tabela. (CD)

Parma 2-2 Verona

Os crociati
bem que tentaram honrar a sua torcida mais uma vez com uma vitória no último jogo em casa, porém
sentiram a força e oportunismo de Luca Toni, o novo artilheiro do
campeonato, no auge dos seus 38 anos (completados nesta terça-feira). O
time de Donadoni foi bem no primeiro tempo, pressionando e exigindo
defesas de Rafael, que não evitou os gols de Nocerino e Varela, aos 21 e
36 minutos. 

A vantagem do Parma, porém, ruiu graças ao veterano. Aos 42 minutos, Toni diminuiu a vantagem, ao seu jeito,
segurando o marcador e cabeceando firme. Aos 80, o empate veio através
de cobrança de pênalti, com o veterano atacante decretando o placar
final. Na Itália, ninguém marcou mais gols do que o centroavante em dois anos: são 41 em 71 partidas. (Arthur Barcelos)

Udinese 0-1 Sassuolo

Sem
ter o que disputar, e também por causa disso, o ano não poderia
terminar pior para a Udinese de Stramaccioni. A equipe teve seus destaques,
como as ótimas temporadas de Karnezis e Allan, e também de Widmer e do interminável (ainda bem) Di Natale, porém o
trabalho esquisito do ex-treinador da Inter e o fato de muitos jogadores que não
terem rendido o esperado foi uma decepção. O time é apenas o 16º colocado, e caso termine a temporada nesta posição, atingirá o seu ponto mais baixo desde a volta à elite, em 1995 – outras campanhas ruins foram a 14ª posição em 2002 e a 15ª em 2010.

O Sassuolo também teve ano abaixo do esperado,
especialmente na segunda metade da temporada, e por conta da irregularidade do trio Berardi, Zaza e Sansone (apesar dos bons números, o desempenho foi menos exaltante). Curiosamente, o time emiliano vai terminando o ano
com boa sequência e o gol do capitão Magnanelli, em passe de Berardi,
garantiu a terceira vitória consecutiva. (AB)

Chievo 1-1 Atalanta

Com o objetivo da permanência já alcançado, Chievo e Atalanta fizeram um jogo sem grandes emoções no Marc’Antonio Bentegodi. A partida teve momentos distintos, com os visitantes criando as melhores oportunidades na primeira etapa. Gómez carimbou o travessão de Bizzarri, enquanto Boakye perdeu chance incrível, após rebote do goleiro veronês. Já no final da etapa inicial, Moralez também teve a chance de abrir o placar, mas errou na finalização.

Os gols vieram na segunda etapa. Aos 3, Zukanovic se atrapalhou na saída de bola, Gómez foi mais esperto, roubou e finalizou forte no canto do goleiro do Chievo. A resposta dos gialloblù foi rápida e após as mudanças de Maran, o time se lançou em busca do empate. Paloschi teve a chance, mas foi Pellissier, já nos minutos finais, quem igualou o marcador. Após cobrança de escanteio, Cesar desviou e o atacante apenas completou, sozinho, dentro da pequena área, para igualar o marcador. (CD)

Cesena 0-1 Cagliari

No confronto entre rebaixados, melhor para o “menos
pior” dos times que caíram e irão disputar a próxima Serie B. Em jogo aberto, mas com
cada um dominando um tempo, o Cagliari cresceu nos minutos finais e,
mais criativo com o móvel trio à frente de defensores e meio-campistas,
marcou já nos acréscimos, aos 91. O gol saiu quando Ekdal rasgou pelo meio e deu
bela enfiada de bola para Sau se desmarcar e tocar na saída de Agliardi. (AB)

Relembre a 36ª rodada aqui.
Confira estatísticas, escalações, artilharia, além da classificação do campeonato, aqui.  

Seleção da rodada

Buffon (Juventus); Rugani (Empoli), Yanga-Mbiwa (Roma), Acerbi (Sassuolo); Lestienne (Genoa), Kucka (Genoa), Nocerino (Parma), van Ginkel (Milan), Ilicic (Fiorentina); Toni (Verona), El Shaarawy (Milan). Técnico: Gian Piero Gasperini (Genoa).

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