Tevez e Higuaín: um gabaritou e o outro viu seu time decepcionar na Serie A (Goal)
Na semana passada, começamos a relembrar como foi a temporada no futebol italiano em nossa retrospectiva da Serie A 2014-15. Começamos analisando as campanhas dos times classificados na parte mais baixa da tabela e agora iremos falar dos 10 primeiros do campeonato. Relembre como foram as decepcionantes temporadas dos times de Milão, como Napoli e Roma poderiam ter feito melhor, enquanto a Lazio surpreendeu. E, claro, como a tetracampeã Juventus deixou todo mundo para trás rapidinho. Boa leitura!
Confira a primeira parte do especial aqui. Publicado também na Trivela.
Comparativo de campanhas das equipes: turno e returno, em casa e fora (Clique para ampliar – Wikipedia)
Milan
Mais um ídolo queimado: Inzaghi afundou junto com um Milan nada confiável (AFP)
A campanha: 10ª
colocação, 52 pontos. 13 vitórias, 13 empates e 12 derrotas. Ao final de 2014: 7ª colocação Fora da Serie A: Eliminado nas quartas de final da Coppa Italia pela Lazio
Onipresentes: Giacomo Bonaventura, Andrea Poli e Jérémy Ménez (com 33 partidas) Técnico: Filippo Inzaghi Craque: Jérémy Ménez Decepção: Alessio Cerci Revelação: ninguém
Sumido: Riccardo Montolivo
Melhor contratação: Jérémy Ménez Pior contratação: Alessio Cerci Nota da temporada: 4,5
Pelo segundo ano seguido, o Milan teve uma temporada desastrosa e ficou de fora das competições europeias. A decepção em 2014-15 foi ainda maior porque o time virou o ano com boas chances de chegar à Liga dos Campeões – tinha apenas dois pontos a menos que a Lazio, terceira colocada já naquele momento. No entanto, o campeonato estava muito embolado, e enquanto outras equipes subiram de produção, o Milan continuou sendo irregular: fez apenas 26 pontos no turno e os mesmos 26 na segunda parte da temporada.
Inzaghi raramente teve o elenco em mãos. A pressão sobre o ídolo, que vinha da diretoria e da torcida, descambou em muitos protestos e em um time extremamente nervoso em campo. E também em um técnico que trocava bastante as peças não por estratégia, mas por falta de convicção e resultados. Os rossoneri não tinham um elenco brilhante, mas tinham um time que podia ir mais longe. As muitas decepções ao menos foram permeadas por alguns jogadores que tiveram boas atuações, como Diego López, Bonaventura e Ménez. Na próxima temporada, com o investimento do tailandês Bee Taechaubol e do fundo de investimentos Doyen, o clube gerido por Silvio Berlusconi pode ter dias melhores. Provavelmente sob o comando de Mihajlovic.
Torino
Zagueiro-artilheiro e capitão, Glik comandou outra ótima temporada do Toro com Ventura (Getty)
A campanha: 9ª
colocação, 54 pontos. 14 vitórias, 12 empates e 12 derrotas. Ao final de 2014: 14ª colocação Fora da Serie A: Eliminado nas oitavas de final da Liga Europa pelo Zenit e nas oitavas da Coppa Italia pela Lazio
Ataque: 48
gols Defesa: 45
gols Time-base: Padelli (Gillet); Maksimovic, Glik, Moretti; Bruno Peres (Darmian), Gazzi, Vives (Benassi, Farnerud), El Kaddouri, Darmian (Molinaro); Quagliarella, Martínez (Maxi López, Amauri).
Artilheiros: Fabio Quagliarella (13 gols), Maxi López (8) e Kamil Glik (7) Onipresentes: Emiliano Moretti (35 partidas), Fabio Quagliarella e Bruno Peres (ambos com 34)
Técnico: Gian Piero Ventura Craque: Kamil Glik Decepção: Amauri Revelação: Marco Benassi Sumido: Álvaro González
Melhor contratação: Fabio Quagliarella Pior contratação: Rubén Pérez Nota da temporada: 7
Após a segunda temporada seguida em que brigou para chegar à Liga Europa, o Torino recuperou seu orgulho. A equipe grená foi uma das sensações da temporada, por apresentar um futebol bastante objetivo e muito sólido defensivamente, o que complicou a vida dos grandes. Apesar de o Toro não ter conseguido se classificar novamente para competições europeias, a equipe pode comemorar o fim de um incômodo jejum: após 20 anos, venceu a rival Juventus novamente. Poderiam, inclusive, ter sido duas vitórias contra a Velha Senhora, não fossem chances desperdiçadas e o gol da derrota, sofrido nos acréscimos do primeiro dos confrontos.
Se “o respeito voltou”, muito se deve ao técnico Ventura. Já tido como um dos principais treinadores da história grená, o genovês conseguiu remontar uma equipe que perdeu seus dois principais jogadores – Cerci e Immobile. O início do campeonato foi tumultuado, até porque o Torino se dedicou também à Liga Europa, competição da qual saiu apenas nas oitavas, e de cabeça erguida, por sinal. Porém, os granata engataram 12 jogos de invencibilidade e fizeram grande segundo turno: a campanha do returno foi a quarta melhor. Para isso, contribuíram muito as grandes temporadas do capitão goleador Glik e do artilheiro Quagliarella. Ainda foram muito importantes Bruno Peres, Maksimovic, Darmian, El Kaddouri e Maxi López. Se mantiver o treinador e a base, o Torino deve ter mais um ano tranquilo e competitivo.
Inter
Artilharia de Icardi foi um dos poucos pontos positivos em uma Inter que pensa no futuro (Reuters)
A campanha: 8ª
colocação, 55 pontos. 14 vitórias, 13 empates e 11 derrotas. Ao final de 2014: 11ª colocação Fora da Serie A: Eliminada nas oitavas de final da Liga Europa pelo Wolfsburg e nas quartas da Coppa Italia pelo Napoli
Técnicos: Walter Mazzarri (até a 11ª rodada) e Roberto Mancini (a partir de então) Craque: Mauro Icardi Decepção: Xherdan Shaqiri Revelação: Assane Gnoukouri Sumido: Jonathan
Melhor contratação: Gary Medel Pior contratação: Dodô Nota da temporada: 5
Com Mazzarri ou Mancini, a Inter não decolou. Extremamente irregular, a equipe apresentou os mesmos problemas do ano anterior: apagões, erros individuais em profusão, falta de personalidade em momentos decisivos e pouco aproveitamento em relação às chances criadas e domínio das partidas. A média de pontos dos dois técnicos é praticamente a mesma, mas com Mancio a Inter mostrou alguma possibilidade de futuro, uma filosofia de jogo. Embora os resultados não tenham sido os melhores.
Assim como o Milan, a Inter ficou de fora de competições europeias – times de Milão não ficavam fora delas desde 1957. Ao contrário dos rossoneri, os nerazzurri tiveram muitas chances de ultrapassar adversários, mas nem os gols do artilheiro Icardi ajudaram. Faltou consistência na equipe, reforços importantes, como Shaqiri, Podolski e Dodô não corresponderam – Vidic alternou ótimas partidas com lances bisonhos – e a equipe ficou no quase outra vez. Na Liga Europa, o mesmo roteiro: contra o Wolfsburg, uma boa vantagem estragada por erros individuais. Quem sabe na próxima campanha a equipe se acerte. É um sonho dos torcedores, que já não aceitam com parcimônia a queda brusca do time após a Tríplice Coroa de 2010.
Sampdoria
Sargento Mihajlovic orienta um de seus mais importantes soldados: chave de time sólido (Ansa)
A campanha: 7ª
colocação, 56 pontos. 13 vitórias, 17 empates e 8 derrotas. Ao final de 2014: 5ª colocação Fora da Serie A: Eliminada nas oitavas de final da Coppa Italia pela Inter
Ataque: 48
gols Defesa: 42
gols, a quinta melhor Time-base: Viviano (Romero); De Silvestri, Silvestre, Romagnoli, Regini (Mesbah); Soriano (Duncan), Palombo, Obiang; Éder (Muriel), Okaka, Eto’o (Gabbiadini).
Artilheiros: Éder (9 gols) e Manolo Gabbiadini (7)
Onipresentes: Angelo Palombo (36 partidas) e Pedro Obiang (34) Técnico: Sinisa Mihajlovic
Melhor contratação: Alessio Romagnoli Pior contratação: Gonzalo Bergessio
Nota da temporada: 6,5
Europa, enfim. A Sampdoria voltou a se classificar para uma competição continental depois de ter feito um ótimo primeiro turno e ter contado com a sorte – ou com o azar do seu maior rival – no final do campeonato. O time de Mihajlovic e do louco presidente Massimo Ferrero foi uma das surpresas da primeira parte do campeonato, na qual perdeu apenas uma vez – somente a Juventus tinha perdido tão pouco. Com muita determinação e garra agonística, a equipe era bastante objetiva, e contava com um trio de ataque formidável. Em ótima fase, Éder, Okaka e Gabbiadini eram implacáveis.
A janela de inverno chegou e levou o jovem Gabbiadini para o Napoli. Chegaram Eto’o e Muriel, jogadores com características e momentos diferentes. O camaronês se destacou na Samp especialmente pela liderança e por ser importante na construção de jogadas, mas esta troca, somanda à queda de rendimento de Okaka e à lesão de Éder na reta final, enfraqueceram a equipe doriana. No entanto, o meio-campo brigador e a defesa bem postada (com destaque especial para a promessa Romagnoli) mantiveram o time vivo, com muitos empates. A reta final cheia de tropeços tiraria a vaga europeia dos blucerchiati, mas graças a problemas financeiros do Genoa, o outro lado da principal cidade da Ligúria acabou comemorando. Na próxima temporada, sem Mihajlovic e com Zenga, a Sampdoria entra como incógnita.
Genoa
Perin defendeu quase tudo, só não conseguiu segurar a vaga europeia da equipe (Getty)
A campanha: 6ª
colocação, 59 pontos. 16 vitórias, 11 empates e 11 derrotas. Ao final de 2014: 6ª colocação Fora da Serie A: Eliminado na quarta fase da Coppa Italia pelo Empoli
Ataque: 62
gols, o quarto melhor Defesa: 47
gols Time-base: Perin; Roncaglia, Burdisso, De Maio; Edenílson, Rincón, Bertolacci, Antonelli (Marchese, Bergdich); Iago, Niang (Matri), Perotti.
Artilheiros: Iago Falqué (13 gols) e Alessandro Matri (7) Onipresentes: Juraj Kucka (34 partidas), Andrea Bertolacci (34) e Sébastien De Maio (33) Técnico: Gian Piero Gasperini Craque: Andrea Bertolacci Decepção: Marco Borriello Revelação: Rolando Mandragora Sumido: Tino Costa
Melhor contratação: Iago Falqué Pior contratação: Marco Borriello Nota da temporada: 7
Gasperini e o Genoa, um caso de amor. Em sua segunda passagem pelo clube rossoblù, o técnico piemontês novamente vai obtendo sucesso. Após um primeiro turno pragmático, em que a equipe mostrou características atípicas caras aos trabalho de Gasp, sofrendo poucos gols e não marcando tantos, a porteira abriu na segunda parte da temporada e os grifoni alcançaram o posto de quarto melhor ataque do campeonato. A temporada, excelente, poderia ter tido um final melhor, não fosse a exclusão da equipe da Liga Europa, para a qual se classificou no campo, por problemas financeiros.
Com muitos destaques individuais, o Genoa teve jogadores importantes em todos os setores. A começar pelo goleiro, Perin, que já integra o grupo dos melhores jovens europeus em sua função. Os defensores genoanos tiveram mais destaque em grupo do que individualmente, enquanto os meio-campistas tiveram em Bertolacci o seu líder. O jogador cedido pela Roma continuou mostrando habilidade, dedicação e muita qualidade no passe no meio-campo, sendo responsável por quase tudo de bom que o time produziu, mostrando grande sintonia com o argentino Perotti. Mais à frente, vale destacar que Gasperini acreditou (e colheu frutos) ao acreditar em jogadores que vinham apagados, como Matri, Niang e Iago.
Napoli
Decepção: Napoli fez temporada abaixo do esperado e quedas no final deixaram amargor na Campânia (Reuters)
A campanha: 5ª
colocação, 63 pontos. 18 vitórias, 9 empates e 11 derrotas. Ao final de 2014: 4ª colocação Fora da Serie A: Campeão da Supercopa da Itália, eliminado nos play-offs da Liga dos Campeões pelo Athletic Bilbao, nas semifinais da Liga Europa pelo Dnipro e nas semis da Coppa Italia pela Lazio
Ataque: 70
gols, o terceiro melhor Defesa: 54
gols Time-base: Rafael Cabral (Andújar); Maggio, Albiol, Koulibaly (Britos), Ghoulam (Strinic); David López, Gargano (Inler, Jorginho); Callejón, Hamsík (De Guzmán), Mertens (Insigne, Gabbiadini); Higuaín.
Artilheiros: Gonzalo Higuaín (18 gols), José Callejón (11) e Manolo Gabbiadini (8) Onipresentes: José Callejón (38 partidas) e Gonzalo Higuaín (37) Técnico: Rafa Benítez
Craque: Gonzalo Higuaín Decepção: Rafael Cabral Revelação: ninguém Sumido: Michu
Melhor contratação: Manolo Gabiaddini Pior contratação: Michu
Nota da temporada: 5
A julgar pelos números, até dá para achar que a temporada do Napoli foi boa. Um título, duas quedas em semifinais e classificação a uma competição europeia. Até seria um bom ano, se os azzurri não pudessem ter feito muito mais, seja em termos de resultado, seja em termos de futebol jogado. A equipe, que foi treinada por Benítez, não chegou a realmente empolgar em muitos momentos da temporada, e só conseguiu conquistar pontos e avançar em torneios pela força do elenco. Como prêmio, o técnico acabou assinando pelo Real Madrid.
Melhor para o Napoli, possivelmente. Durante seu último ano na Itália, o espanhol tumultou o ambiente diversas vezes e deixou a equipe pilhada. Também tirou de Hamsík, capitão da equipe, o posto de titular indiscutível – não que o eslovaco tenha feito grande campanha, mas pegou mal. Higuaín foi outro que, apesar de ter marcado muitos gols, atuou abaixo da média. Também perdeu gols decisivos na surpreendente queda nas semis da Liga Europa contra o Dnipro, além de um pênalti na decisiva partida contra a Lazio, jogando fora as chances de os napolitanos jogarem a Champions outra vez. De bom, dá para considerar que a força da ofensiva do time mostrou como o elenco era capacitado neste aspecto, e encobriu erros da defesa, a pior entre os 10 primeiros colocados. Dificilmente algumas das caras estrelas do time ficam para o próximo Italiano, em virtude da não classificação para a Liga dos Campeões. Maurizio Sarri, novo técnico, terá algum trabalho para remontar o elenco.
Fiorentina
Com altos e baixos, temporada da Fiorentina terminou com o objetivo mínimo: vaga na Liga Europa (Italpress)
A campanha: 4ª
colocação, 64 pontos. 18 vitórias, 10 empates e 10 derrotas. Ao final de 2014: 8ª colocação Fora da Serie A: Eliminada nas semifinais da Liga Europa pelo Sevilla e nas semis da Coppa Italia pela Juventus
Ataque: 61
gols Defesa: 46
gols Time-base: Neto; Savic, Rodríguez, Tomovic (Basanta); Joaquín, Mati Fernández (Kurtic), Pizarro (Badelj), Borja Valero (Aquilani), Alonso (Pasqual); Salah (Cuadrado, Diamanti), Ilicic (Gómez, Gilardino, Babacar).
Artilheiros: Josip Ilicic (8 gols), Gonzalo Rodríguez (7) e Khouma Babacar (7)
Onipresentes: Gonzalo Rodríguez (30 partidas), Neto, Stefan Savic e Mati Fernández (todos com 29) Técnico: Vincenzo Montella
Craque: Mohamed Salah Decepção: Mario Gómez Revelação: Federico Bernardeschi Sumido: Giuseppe Rossi
Melhor contratação: Mohamed Salah
Pior contratação: José Basanta Nota da temporada: 6
Elenco extenso para rodar a Fiorentina tinha. E Montella não hesitou: titulares indiscutíveis, nenhum. E, com o privilégio dado à Liga Europa, na qual o time violeta caiu para o campeão Sevilla, nas semifinais, todos os jogadores tiveram muitas chances de jogar na Serie A. A estratégia não chegou a enfraquecer o time, mas a Fiorentina passou por alguns momentos de muita dificuldade, principalmente porque sofreu com lesões e a má fase de alguns jogadores. Isso foi nítido principalmente no ataque, setor em que Rossi nem jogou (a lesão no início da temporada teve período de recuperação ampliado) e no qual Gómez decepcionou.
Cuadrado, no primeiro turno, e Salah, no segundo, fizeram da equipe florentina um time baseado em contra-ataques e jogadas individuais quando a coisa apertava. Tiveram sucesso com essa proposta, graças às suas grandes qualidades. No meio-campo, um pensador de jogadas fez falta em alguns momentos, visto que Pizarro jogou pouco e Borja Valero teve temporada opaca. Sorte da Fiorentina é que, desta vez, a defesa correspondeu, seja pela liderança de Rodríguez e a versatilidade de Savic e Tomovic ou pelas ótimas defesas de Neto. Se esperava mais da Fiorentina, e apesar de o objetivo da temporada ter sido atingido, deu para notar que havia insatisfação da diretoria e do técnico Montella. O clima não estava bom, e por isso o ex-atacante deixou a equipe no fim da temporada, após três anos de sucesso. Quem chegar terá trabalho para substitui-lo.
Lazio
Triunvirato Klose-Candreva-Felipe Anderson deu à Lazio campanha histórica (LazioNews)
A campanha: 3ª
colocação, 69 pontos. 21 vitórias, 6 empates e 11 derrotas. Ao final de 2014: 3ª colocação Fora da Serie A: Vice-campeã da Coppa Italia contra a Juventus
Ataque: 71
gols, o segundo melhor Defesa: 38
gols, a terceira melhor Time-base: Marchetti; Basta (Cavanda), De Vrij, Cana (Maurício), Radu (Lulic); Biglia, Parolo; Candreva, Mauri (Cataldi, Keita), Felipe Anderson; Klose (Djordjevic).
Artilheiros: Miroslav Klose (13 gols), Antonio Candreva, Felipe Anderson e Marco Parolo (todos com 10) Onipresentes: Marco Parolo, Antonio Candreva e Miroslav Klose (todos com 34 partidas) Técnico: Stefano Pioli Craque: Antonio Candreva Decepção: Diego Novaretti
Revelação: Danilo Cataldi Sumido: Ederson
Melhor contratação: Marco Parolo Pior contratação: Maurício Nota da temporada: 8
A Lazio não foi a segunda colocada na Serie A, mas logo abaixo da Juventus, foi o time que mais jogou nesta temporada. A ótima e, até certo ponto, surpreendente campanha encheu a torcida de orgulho, e a volta à Liga dos Campeões após sete anos de ausência foi muito festejada do lado celeste de Roma. Para coroar a festa, só faltava ter ficado à frente da sua rival citadina, mas os giallorossi conseguiram manter a vice-liderança, com um pontinho de vantagem.
Já se esperava que a Lazio fosse fazer um bom papel neste ano, mas não que o time fosse explodir e dar liga tão rápido nas mãos do competente Pioli. O treinador soube aproveitar bem as características dos jogadores e montar o time ora no 4-2-3-1 ora no 4-3-3. Com a velocidade, habilidade e poder de inserção de Candreva e Felipe Anderson, a Lazio se tornou uma máquina goleadora e mortal em contra-ataques. Não à toa, teve a segunda melhor campanha no returno e o segundo melhor ataque da temporada. Os seus homens de frente brincaram de criar chances de gol, de marcá-los e de dar assistências. Mesmo sem grandes nomes na zaga – excetuando-se, claro, o ótimo De Vrij –, a Lazio mostrou que a melhor defesa é o ataque e a posse de bola, algo que Biglia e Parolo souberam exercer muito bem à frente dos defensores. Para a próxima temporada, o time só tem a crescer.
Roma
Mesmo com temporada muito abaixo do esperado, Roma de Totti voltou à Liga dos Campeões (Mediaset)
A campanha: 2ª
colocação, 70 pontos. 19 vitórias, 13 empates e 16 derrotas. Ao final de 2014: 2ª colocação Fora da Serie A: Eliminada na fase de grupos da Liga dos Campeões, nas oitavas de final da Liga Europa pela Fiorentina e nas quartas da Coppa Italia pela Fiorentina
Ataque: 54
gols Defesa: 31
gols, a segunda melhor Time-base: De Sanctis; Florenzi (Torosidis, Maicon), Manolas, Yanga-Mbiwa (Astori), Holebas (Cole); Pjanic, De Rossi (Keita), Nainggolan; Ljajic (Iturbe), Totti, Gervinho.
Artilheiros: Francesco Totti e Adem Ljajic (ambos com 8 gols) Onipresentes: Morgan De Sanctis, Radja Nainggolan e Alessandro Florenzi (todos com 35 partidas) Técnico: Rudi Garcia Craque: Alessandro Florenzi Decepção: Seydou Doumbia Revelação: Daniele Verde Sumido: Leandro Castán
Melhor contratação: Kostantinos Manolas Pior contratação: Seydou Doumbia Nota da temporada: 6
Temporada opaca da Roma. Apesar de a equipe ter conseguido o vice-campeonato e a vaga direta à Champions (objetivo mínimo em 2014-15), Garcia e seus pupilos tiveram um ano muito ruim. A equipe romana não jogou tão bem quanto em 2013-14, mas no primeiro turno continuou obtendo vitórias que a mantiveram na vice-liderança. No segundo turno, a equipe caiu de produção vertiginosamente, e conseguiu apenas uma vitória em 10 jogos, em um momento da campanha – muito por causa do escasso futebol de Gervinho após a Copa Africana de Nações. Acabou apenas com o oitavo melhor rendimento do returno, o que permitiu a fuga da Juve e a aproximação de Lazio e Napoli. Felizmente, para seus torcedores, a Roma mostrou a força do elenco e segurou a vaga.
As diferenças da equipe que encantou a Itália em 2013-14 para a de 2014-15 são nítidas. Primeiro, são 18 gols a menos que no ano passado – os romanistas tiveram o terceiro pior ataque dentre os 10 primeiros da Serie A. A falta de produtividade no ataque, que teve nos decepcionantes Doumbia e Iturbe os maiores exemplos, foi sentida, e não dá para depender do veterano Totti a toda hora. Mesmo assim, ele liderou a equipe na artilharia, enquanto Pjanic (que também teve ano fraco) foi líder de assistências. Embora Manolas tenha se encaixado bem, a Roma também sentiu as mudanças na defesa (as ausências de Benatia, vendido, e Castán, com problemas de saúde, foram fundamentais) e o fato de Strootman não ter podido contribuir muito antes de voltar a se lesionar com seriedade. Porém, se todos tivessem a mesma vontade e garra de Nainggolan e Florenzi, o ano poderia ter sido melhor em Trigoria.
Juventus
Temporada quase perfeita da Juve teve marca dos craques Pogba e Tevez (Tuttosport)
A campanha: Campeã, 87 pontos. 26 vitórias, 9 empates e 3 derrotas. Ao final de 2014: líder
Fora da Serie A: Vice-campeã da Liga dos Campeões diante do Barcelona, Campeã da Coppa Italia e vice da Supercopa da Itália
Ataque: 72
gols, o melhor Defesa: 24
gols, a melhor Time-base: Buffon; Lichtsteiner, Bonucci, Chiellini, Evra (Ogbonna, Padoin); Pogba, Pirlo (Pereyra), Marchisio; Pereyra (Vidal); Tevez, Llorente (Morata).
Artilheiros: Carlos Tevez (20 gols), Paul Pogba (8) e Álvaro Morata (8) Onipresentes: Claudio Marchisio (35 partidas) Roberto Pereyra (35) e Leonardo Bonucci (34) Técnico: Massimiliano Allegri Craque: Carlos Tevez Decepção: ninguém Revelação: Kinglsey Coman Sumido: Kwadwo Asamoah
Melhor contratação: Álvaro Morata Pior contratação: Rômulo Nota da temporada: 9,5
Pelo quarto ano seguido, a Itália é branca e preta. A superioridade da Juventus no certame foi enorme, e a Velha Senhora foi líder isolada do campeonato por incríveis 31 rodadas. Desde a 11ª, inclusive, ninguém sequer ameaçou a soberania bianconera. Com a melhor defesa, o melhor ataque e os craques da Serie A (Pogba e Tevez) a Juventus ficou com o tetracampeonato com um pé nas costas (17 pontos de vantagem são muita coisa), ainda garantiu a dobradinha, com a conquista da Coppa Italia, o que não acontecia há 20 anos. Além de três estrelas douradas no peito, pelo décimo título da copa, a Juve poderá estampar uma estrela de prata acima de seu escudo. Quase o time conquistou a Tríplice Coroa, mas a queda na final da Liga dos Campeões para um super Barcelona não desmerece em nada uma temporada quase perfeita da campeã.
O curioso é que 2014-15 começou com indefinições para a Juventus. Conte se demitiu quando a pré-temporada já havia começado, e seu sucessor, Allegri, não era o mais querido pelos torcedores. Apesar de tudo, o técnico toscano conseguiu conferir à equipe uma identidade própria, mudou o esquema do seu antecessor e conseguiu melhorar uma equipe que já era fenomenal, e transformá-la em uma força continental, algo em que o atual técnico da seleção italiana falhou. No 4-3-1-2, que às vezes se tornava 3-5-2, protegeu mais a defesa, conseguiu fazer o seu melhor setor, o meio-campo, render mais, e ainda aproveitou melhor a individualidade de um Tevez no auge – sem falar na estrela de Morata. Tudo isso resume a temporada magnífica da Juventus. Para desgosto dos rivais, com Dybala e Khedira, a Juventus já parte desembestada como favorita para o penta. Será mais um ano em que os outros 19 times da Serie A comerão poeira?