Liga dos Campeões

De gênio a burro em 120 minutos

Tiro no pé: Allegri descobriu um jeito de parar o Bayern de Guardiola, mas desmontou sua própria estratégia ao sacar Khedira e Morata (AP)

Morata, Cuadrado, Khedira e Pogba foram os melhores jogadores da Juventus contra o Bayern de Munique, pelas oitavas de final da Liga dos Campeões, na tarde desta terça. Foram eles os principais responsáveis pelo início avassalador da Velha Senhora e pelo 2 a 0 que fez o mundo acreditar na zebra Juve (com o perdão da redundância) diante do todo poderoso Bayern em sua casa. Apenas um deles (Pogba), porém, terminou o jogo na Allianz Arena, em Munique, e é aí que cresce a culpa de Massimiliano Allegri em uma das derrotas mais doídas da Juve nos últimos anos. 

O técnico foi inteligente para contornar os desfalques de Dybala, Chiellini e Marchisio e montar um time pronto para se proteger e atacar com a mesma eficiência (5-4-1 sem a bola e 4-3-3 com ela), mas não conseguiu ler o jogo corretamente na hora de fazer suas três substituições. Quando ainda vencia por 2 a 0, ele sacou os ótimos Khedira e Morata para colocar Sturaro e Mandzukic, respectivamente. 

Com a primeira alteração, perdeu em marcação e não ganhou o que queria, que era a bola mais presa no meio de campo. Com a segunda, deixou de ter seu melhor jogador em campo para dar lugar a um Mandzukic que não conseguiu levar a bola ao ataque (muito menos com perigo), como vinha fazendo seu companheiro. Antes do fim, com o 2 a 1 a favor, ainda trocou Cuadrado por Pereyra e perdeu a única opção de velocidade que tinha para sair no contra-ataque em uma possível prorrogação. 

E aí o torcedor não perdoa. Foram três erros que o levaram de “técnico genial que parou o Bayern de Guradiola” para “burro” em apenas alguns minutos. O contraste com Pep ajudou a piorar sua imagem, é verdade. Afinal, o espanhol mostrou seu poder de decisão, mesmo que não estivesse na melhor das noites e nem tivesse vencido o jogo em seu estilo habitual, de trocas de passe, mas buscando o resultado pedindo para os jogadores mandarem vários chuveirinhos para a área. Além, claro, de não deixar sua equipe esmorecer – e muito menos se desorganizar – diante do baile que a Juventus deu no primeiro tempo e início do segundo, ele soube trocar. Mudou o jogo deslocando o brasileiro Douglas Costa para o meio e usou bem o banco: Coman entrou no lugar de Xabi Alonso e guardou um gol e uma assistência, enquanto Thiago substituiu Ribéry para fazer o 3 a 2 que praticamente acabou com a partida.

A lei do ex castiga: emprestado pela Juve ao Bayern, Coman deu assistência para Muller empatar em 2 a 2 e levar à prorrogação e ainda fechou o caixão, marcando o 4 a 2 (AP)

Nem o elogio/consolo de Guardiola ao fim do jogo histórico deve fazer Allegri dormir mais tranquilo nos próximos dias. Ficarão na cabeça do treinador as substituições equivocadas e as muitas chances perdidas para matar a partida. Nem em sonho ele imaginaria um 2 a 0 no placar com menos de 30 minutos de jogo. “Ah, se o bandeirinha não tivesse anulado aquele gol legal de Morata. Poderíamos ter saído para o intervalo ganhando de 3 ou até 4 a 0”, deve estar lamentando até agora. 

Pode melhorar sua ressaca ler na análise da Gazzetta dello Sport que o trabalho é bom e que “no futuro, indicaremos essa derrota como uma etapa fundamental, que levou ao sucesso”. De fato, Allegri surpreende positivamente no comando da Juve e, diferentemente do que sugeriram os muitos torcedores que inspiraram o título desse texto (sob o calor do jogo, é bom lembrar), ele não é burro. Levou a equipe à final da Liga dos Campeões na última temporada e, mesmo depois de perder peças importantíssimas como Tévez, Vidal e Pirlo, manteve a Velha Senhora em pé de igualdade com os melhores da Europa. Derrotas desse porte servem para dar experiência e fortalecer o caráter.

Clique aqui para assistir aos melhores momentos do jogo.

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