Seleção italiana

Para sentar e refletir

Derrota impactante para a Alemanha deixa Itália pensativa às vésperas da Euro (Getty)

À primeira vista, o placar pode assustar. Afinal, não é todo dia que a Itália leva quatro gols, ainda mais para a freguesa Alemanha, que pela primeira vez marcou um poker na Nazionale e não vencia no duelo de multicampeãs mundiais desde 1995. Apesar ter sido um amistoso e de a Squadra Azzurra estar com vários reservas, foi uma dura derrota para o time de Conte, que empolgou contra a Espanha, mas voltou com a letargia dos amistosos e deixou o bom ritmo em Údine. Era um jogo para testes, mas quem entrou em campo pensando em garantir uma vaga na Euro 2016 não deixou boa impressão.

Até o gol de Kroos aos 24 minutos, a partida era parelha, quase um jogo de compadres, com ambos se poupando fisicamente. Então, depois de cruzamento mal cortado por Bonucci e falta de cobertura na frente da área, o meio-campista do Real Madrid abriu o placar com chute colocado de fora da área. Isso não só colocou a Alemanha na frente, como marcou o ponto em que a Nationalmannschaft passou a controlar o jogo.

Sem a mesma pegada de quinta-feira, a Itália marcou baixo, pressionando muito pouco e não conseguia recuperar a bola em melhor situação, contra-atacando muito pouco com Bernardeschi e Insigne, ambos sem objetividade – assim como um Zaza, quase inexistente. Löw espelhou o 3-4-3 italiano e também bloqueou Florenzi e Giaccherini, destaques na última partida, que ainda sofreram defensivamente. Os gols saíram em falhas dos alas e mal posicionamento dos zagueiros e volantes.

Enquanto Bonucci teve vida dura contra Götze e Müller, Thiago Motta não acompanhou a agilidade alemã ao lado de Montolivo, meio-campista de características similares às suas: lento, de pausa e pouco ritmo. Assim, os donos da casa trocavam passes com certa facilidade no campo ofensivo e conseguiam atacar rápido, após roubos de bola na sua intermediária ou no meio de campo.

Fora uma chance clara com Montolivo, o time de Conte não teve reação até as várias substituições, que aconteceram após o terceiro gol – foi aí que, finalmente, a equipe azzurra conseguiu chutar no gol e ter um pouco da posse de bola. Antes, aos 44, Götze aproveitou erro coletivo dos defensores – Acerbi, Darmian e Florenzi – e anotou, de cabeça, depois de um cruzamento de Müller. Aos 59, contra-ataque alemão, bela tabela entre Draxler e Götze e passe do meia-atacante do Wolfsburg para Hector, novamente com a entrada da área vazia, fazer o terceiro.

Os visitantes reagiram depois, mas a Alemanha ainda fez o quarto, quando Rudy recebeu passe longo, aproveitou falha de Giaccherini e foi derrubado por Buffon, em lance que deveria até causar a expulsão do capitão e goleiro também da Juventus. Özil superou o camisa 1 na cobrança de pênalti, aos 75, enquanto El Shaarawy, que entrou bem, descontou aos 83, após pivô de Okaka e desvio fatal de Rüdiger.

Em entrevista à Rai, Conte destacou a importância de realizar testes na penúltima data Fifa antes da Euro – uma vez que o comandante declarou que já tem 16 nomes certos para sua convocação final. O ex-treinador da Juventus também afirmou que o ítalo-brasileiro Jorginho (único que não foi utilizado nos amistosos desta semana) só não entrou em campo por causa da lesão de Bonucci, acontecida no terceiro gol germânico.

Conte ainda falou o óbvio: “Enfrentando espanhóis e alemães nos encontramos melhor e entendemos melhor a diferença que nos separam das melhores seleções. Há uma lacuna a ser preenchida contra algumas delas, já sabíamos disso”. Quando o jogo vale algo de verdade, a Itália costuma se apresentar melhor. Será suficiente, diante de um grupo complicado, com Bélgica, Suécia e Irlanda?

Alemanha 4-1 Itália

Kroos, Götze, Hector e Özil (pênalti) | El Shaarawy

Top: El Shaarawy | Flops: Florenzi, Giaccherini e Zaza

Alemanha (3-4-3): Ter Stegen; Rüdiger, Mustafi, Hummels; Rudy, Özil, Kroos (Kramer 90′), Hector (Ginter 85′); Müller (Can 69′), Götze (Reus 61′), Draxler (Volland 85′). Treinador: Joachim Löw.

Itália (3-4-3): Buffon; Darmian, Bonucci (Ranocchia 61′), Acerbi; Florenzi (De Silvestri 62′), Montolivo, Thiago Motta (Parolo 68′), Giaccherini (El Shaarawy 69′); Bernardeschi, Zaza (Antonelli 78′), Insigne (Okaka 68′). Treinador: Antonio Conte.

Árbitro: Oliver Drachta (Áustria)

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