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Com futebol bastante físico, Riganò teve momentos de destaque com a Fiorentina na Serie A (TMW) |
Nesta semana, chamou atenção a aparição de Christian Riganò em uma partida beneficente organizada por Giancarlo Antognoni e Gabriel Batistuta em Florença: o ex-atacante, que se aposentou em 2015, aos 41 anos, engordou bastante e aparenta estar obeso. A imagem até pode assustar à primeira vista, mas não a quem acompanhou a carreira do jogador nos anos 2000. Quase sempre ostentando quilos a mais, Riganò não era um primor de técnica, mas foi goleador e conseguiu romper padrões estéticos e atléticos.
O centroavante siciliano era corpulento e, embora se assemelhasse a um ogro, a princípio não assustava seus adversários com sua cara de caipira e dentes separados. No entanto, se eles se distraíssem, a bola frequentemente acabava nas redes. Riganò costumava usar a força física para se sobressair e era a encarnação do típico atacante grosso que faz sucesso na Bota, que faz com que as dificuldades técnicas não o impeçam de ganhar o respeito das torcidas – no caso do siciliano, as de Fiorentina e Messina. O bomber ainda tem o mérito de ser um dos poucos jogadores que balançaram as redes da sexta à primeira divisões da Itália.
Desde o início a carreira de Riganò é daquelas que mostram como o futebol é uma bênção e pode mudar a vida de uma pessoa completamente. O jogador nasceu em Lipari e entre 1992 e 1997 atuou na homônima equipe semiprofissional das Ilhas Eólias, pela qual venceu o campeonato regional da Sicília e garantiu uma classificação à quinta divisão. Naquela época, o forte rapaz de 1,90m e 94kg não era encarregado de marcar gols, mas sim de evitá-los: certo dia, ainda nos juvenis, o titular do ataque se lesionou e o zagueiro Riganò foi alçado à condição de centroavante. Com um gol que valeu a vitória do seu time, nunca mais abandonou a posição.
Além da mudança de setor em campo, Riganò viveu outra peculiaridade: também não tinha o futebol como sua principal ocupação. O siciliano trabalhou como pedreiro até os 25 anos, quando se profissionalizou – e com a certeza de que, se não desse certo no esporte, voltaria a erguer muros e casas. Goleador pelo Lipari, o atacante ainda atuou no Messina, maior time da região, e no Igea Virtus, da cidade siciliana de Barcellona. Foi o último passo até chegar ao primeiro nível profissional do Belpaese, em 2000.
O surgimento tardio no esporte profissional não impediu que ele acabasse chamando a atenção da Fiorentina por seus tentos e pela conquista da Serie C2, já com a camisa do Taranto. O clube toscano havia declarado falência, teria de jogar a quarta divisão e Riganò foi uma das principais contratações dos florentinos para 2002-03. Surpreendentemente, ele se tornou um dos grandes ídolos recentes da torcida.