Ventura testou vários garotos, mas foi Bonucci quem deu a vitória para a Itália na Holanda (LaPresse)
Data Fifa de vitórias e testes para a Itália de Gian Piero Ventura. Embora a partida válida pelas Eliminatórias para a Copa de 2018, contra a Albânia, tivesse um peso maior, foi no amistoso contra a Holanda que os azzurri mostraram sinais mais interessantes para o futuro.
Nesta terça, a Nazionale encarou a Oranje em Amsterdam, num dia em que Seedorf foi homenageado e em que Capello e Van Gaal compareceram às tribunas do estádio do Ajax. Este trio estrelado presenciou Donnarumma estrear como titular da Itália e De Rossi igualar o número de jogos de Zoff com a camisa azul (112): enquanto Gigio, 18 anos recém-completados, se consagrou como o mais jovem goleiro a começar uma partida pela seleção, o capitão da Roma adentrou o clube dos cinco atletas que mais vezes entraram em campo pela Squadra Azzurra.
A dupla teve momentos de destaque na partida, vencida por 2 a 1 pelos visitantes. De Rossi mais uma vez tinha uma boa atuação no centro do campo – duelava com Strootman, capitão da Holanda e seu colega na Roma –, mas acabou sofrendo uma joelhada nas costas e deu lugar a Gagliardini, um dos estreantes da noite. Donnarumma, por sua vez, nada pode fazer quando Romagnoli desviou chute de Promes e marcou contra.
A joia do Milan ficou quase a partida inteira sem trabalhar, mas foi decisivo nos minutos finais, quando a Itália já vencia por 2 a 1: Sneijder, que substituiu Klaassen aos 83, foi o seu rival. O ex-trequartista da Inter fez Gigio realizar duas grandes defesas, respondendo a dois chutes fortes – Promes, com um chute cruzado, também testou o rossonero. Em um dia no qual a defesa italiana não esteve tão segura e em que Romagnoli, Bonucci e Rugani cometeram falhas individuais (só a do primeiro resultou em gol), Donnarumma se destacou quando exigido. Mais uma vez, o garoto mostrou que não treme diante de grandes responsabilidades.
Embora a Holanda esteja em crise, com um pé fora do Mundial e sem técnico (Danny Blind foi demitido na última semana e Grim, seu auxiliar, comandou a equipe interinamente), a Itália mostrou maturidade. Assim que levou o gol, a Nazionale respondeu e chegou ao empate, com um potente chute de Éder, testado por Ventura como parceiro de Immobile. O segundo gol chegou minutos depois, através de cobrança de escanteio e após rebote do goleiro Zoet. Bonucci aproveitou e balançou as redes.
Não houve brilhantismo, mas a Itália soube trabalhar a bola desde a defesa, com passes curtos, e controlou o jogo: uma das chaves para isso foi tridente discreto, mas eficiente, formado por Verratti, De Rossi (depois Gagliardini) e Parolo. A atuação segura permitiu a Ventura possibilitar uma série de estreias na seleção – além de Gagliardini, participaram do amistoso Spinazzola, Petagna, D’Ambrosio e Verdi. Dentre esses, quem mais impressionou foi o ala da Atalanta, que substituiu Zappacosta e manteve o ritmo do jogador do Torino. Spinazzola ainda ficou perto de deixar sua marca, mas Zoet intercedeu, defendendo seu chute forte.
A lenda alcança marca expressiva: diante da Albânia, Buffon chegou a 1000 jogos como profissional (EFE)
No jogo “para valer”, na sexta, só interessava a vitória contra uma Albânia recheada de velhos conhecidos: sete jogadores balcânicos atuam ou já atuaram na Itália e o técnico, Gianni De Biasi, é italiano. Apesar do clima supostamente amistoso, os azzurri precisavam vencer por uma boa margem de gols – afinal, só uma seleção se classifica diretamente à Copa do Mundo e a Espanha, empatada em pontos, leva vantagem no saldo.
A Fúria continua na liderança do grupo, mas a Nazionale fez a sua parte e, com um 2 a 0 tranquilo, deixou Buffon comemorar com uma vitória a sua milésima partida como profissional. Houve até fogos, mas não para celebrá-lo: a partida chegou a ficar interrompida por oito minutos por causa de petardos atirados pela torcida albanesa no gramado do estádio Renzo Barbera.
Super Gigi teve de trabalhar, no entanto. Logo aos 46 segundos de bola rolando, o juventino precisou mostrar reflexos para defender um chute perigoso de Cikalleshi e fazer a sua única intervenção relevante na noite de Palermo. A Albânia é muito boa em se defender – méritos para De Biasi –, mas tem muitos problemas para propor jogo. Quando Belotti sofreu pênalti de Memushaj, aos 11 minutos, os azzurri ficaram muito perto de definir o jogo, o que de fato viria a acontecer. De Rossi converteu a cobrança e chegou a 20 gols pela seleção, tornando-se o maior artilheiro em atividade da Nazionale.
Depois de abrir o placar, só deu Itália, mas a Albânia soube se defender bem e não concedeu muitos espaços. Zappacosta fez uma boa partida pela lateral, realizando uma dobradinha interessante com Candreva, e foi justamente a dupla que abriu o caminho para o segundo gol: o ala do Torino cruzou na área e Immobile deslocou Strakosha (seu companheiro de Lazio), acertando uma cabeçada no contrapé do goleiro. Satisfeito, Ventura não quis fazer testes nem depois do segundo tento, anotado aos 71 minutos. Pela primeira vez em 27 anos, a Itália terminou uma partida sem fazer substituições. Sinal de que o caminho está correto?