Com a melhor defesa da Europa há anos, Juventus expurgou o Barcelona e avançou na UCL (Getty)
Esta quarta foi um daqueles dias em que o inesperado não aconteceu e tudo correu dentro dos conformes para a Juventus. A remontada do Barcelona não estava sendo considerada nem pelo mais pessimista dos torcedores juventinos e nem chegou perto de se concretizar. Depois de ter sido perfeita no ataque e na defesa em Turim, a equipe de Massimiliano Allegri teve um grande desempenho defensivo na Catalunha e segurou o forte ataque blaugrana para avançar às semifinais da Liga dos Campeões. Após o 3 a 0 na ida, o 0 a 0 na volta até poderia ser considerado uma partida “menor”, mas a Juventus registrou outra atuação para os anais de sua história.
Não foi um jogo essencialmente de ataque contra defesa, ao contrário do que se poderia imaginar e de como poderiam sugerir os números: o Barcelona, que precisava de pelo menos três gols, fez mais de quatro em todos os jogos em casa nesta UCL e a Juve havia sido vazada apenas duas vezes no torneio. No primeiro tempo, a maior parte das grandes chances de gol foi da Velha Senhora, mas Higuaín chutou para fora ou parou em Ter Stegen – no total, a equipe bianconera finalizou 12 vezes, quatro delas na direção do gol.
O Barcelona teve uma oportunidade claríssima com Messi, da marca do pênalti, mas o craque argentino errou o alvo. Um anúncio e uma metáfora da noite apagadíssima do trio MSN – somente uma das 18 finalizações culés obrigou Buffon a fazer uma defesa. A salientar, ainda, o destempero de Neymar, que poderia ter sido expulso por falta fora do lance em Pjanic.
O apagar dos craques do Barcelona se deveu basicamente ao muro que Allegri ergueu e à perfeição dos jogadores na execução dos papeis que cada um deveria ter em campo. Mais uma vez, Mandzukic fez uma vigorosa marcação em apoio a Alex Sandro na lateral esquerda, enquanto Cuadrado e Daniel Alves pararam Neymar no flanco direito. Pelo meio, Iniesta, Messi e Suárez ficaram encaixotados entre Khedira, Pjanic, Bonucci, Chiellini e Barzagli – que atuou durante a maior parte do segundo tempo, após substituir Dybala.
Buffon teve pouco trabalho no Camp Nou e segue sem levar gol de Messi (Reuters)
Na reta final da partida, a Juventus chegou a fazer uma linha de sete na defesa – Cuadrado, Daniel Alves, Barzagli, Bonucci, Chiellini, Alex Sandro e Mandzukic. Não se tratava de covardia ou pura retranca, mas de um reforço para o impecável posicionamento de Bonucci e Chiellini, que fizeram cortes fundamentais na partida.
A atuação da dupla – com a participação de Barzagli no segundo tempo – em ambos os confrontos contra o Barcelona pode sacramentar a consagração definitiva da defesa juventina. Há anos, Buffon e o trio BBC formam a defesa mais sólida do mundo e, agora, tem a chance de adicionar um título europeu (e, depois, um mundial), ao provável hexacampeonato da Serie A. Isto deve aproximá-los ainda mais de Zoff, Gentile, Scirea e Cabrini, que nas décadas de 1970 e 1980 formaram a mais célebre linha defensiva da história da Juventus e uma das principais do futebol mundial.
Diante de uma defesa do mais alto gabarito e de um bunker armado na frente da área, as chances de gol para o Barcelona se resumiam a aproveitar eventuais falhas da Juventus. Na única vez que Alex Sandro bobeou no Camp Nou, Sergi Roberto aproveitou e bateu à direita do gol de Buffon. Super Gigi cometeu um raro erro em sua carreira e, em uma saída em falso de sua meta, Messi não aproveitou e isolou. O italiano segue sem levar gols do argentino em toda sua carreira.
A revanche da final de 2015 sobre o Barcelona está completa. Nas semifinais, a Juventus pode enfrentar Atlético de Madrid, Real Madrid ou Monaco e não é exagero dizer que tem um conjunto mais equilibrado que todos os adversários. Afinal, quem será capaz de parar um ataque com Higuaín e Dybala e derrubar o muro preto e branco?