Spal está próxima de fazer história e pode retornar à elite após cinco décadas (Foto: Lega B)
A partir de hoje, temos novos colaboradores no blog. Convidamos o pessoal do ótimo Calcio Alternative, que acompanha principalmente o futebol das divisões inferiores da Itália, para escrever periodicamente sobre a Serie B. Quem traz o panorama da segundona é Aldir Junior Gomes, e você pode acompanhar o seu trabalho no Twitter e no Facebook.
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Com apenas quatro rodadas para o final da temporada regular, não tem nada definido até o momento na Serie B. Se o título parece encaminhado à surpreendente Spal, as disputas pela segunda vaga direta na elite, pelos play-offs de acesso e contra o rebaixamento continuam abertas.
Nos últimos anos, a segundona vem assistindo a um fenômeno de ascensão de clubes menores, como Crotone, Carpi, Frosinone e Sassuolo, além de Latina e Trapani, que quase subiram recentemente e tomaram o espaço de equipes tradicionais, relegadas às divisões inferiores – casos de Livorno, Modena, Catania, Padova e Reggina. Embora pouco conhecida do público mais jovem, este não é o caso da Società Polisportiva Ars et Labor, a Spal. O time da cidade de Ferrara, na Emília-Romanha, já participou da primeira divisão em 21 ocasiões, mas está afastada da elite do futebol italiano desde 1967-68. Enquanto isso, o Verona tenta afastar o mau momento e segurar as pontas para não deixar o retorno à Serie A escapar para o Frosinone. A diferença entre os dois times é de apenas um ponto.
O Verona largou na frente, com a manutenção de jogadores importantes como o lateral ítalo-brasileiro Rômulo e os atacantes Giampaolo Pazzini e Juanito Gómez, além das chegadas de novos atletas. Destacam-se o goleiro Nícolas, que foi emprestado ao Trapani e fez sucesso pelo clube, terceiro colocado na temporada passada; o zagueiro Antonio Caracciolo, do Brescia; os meias Daniel Bessa, da Inter, e Marco Fossati, do Cagliari; e o centroavante Simone Ganz, que marcou 16 gols na última Serie B pelo Como. Os mastini começaram o campeonato com o elenco mais caro da competição, ao lado de Carpi e Frosinone, todos os três rebaixados da Serie A.
Verona ocupa segunda colocação, mas decepciona (Foto: Lega B)
O início da campanha dos butei foi promissor, com apenas uma derrota e 31 gols marcados nas 13 primeiras partidas. No entanto, o time do inexperiente técnico Fabio Pecchia, ex-auxiliar de Rafa Benítez em Napoli, Real Madrid e Newcastle, nunca mais foi o mesmo após sofrer duas goleadas para Novara e Cittadella, por 4 a 0 e 5 a 1, respectivamente, em novembro do ano passado. Desde então, o Hellas não conseguiu mais vencer três jogos seguidos, deixou a ponta da tabela e chegou a cair para a terceira colocação, fora da zona de acesso direto. Hoje, a equipe ocupa a segunda posição com 66 pontos, apenas um à frente do Frosinone e sete atrás do líder.
Exatamente ao mesmo tempo em que o Verona desmoronava, surgia a improvável força da Spal. Desde o dia 31 de outubro, os spallini ganharam 17 jogos, empataram sete e foram derrotados em apenas três rodadas. Para analisar o momento mágico dos ferraresi não tem como deixar de falar do técnico Leonardo Semplici. O comandante assumiu o cargo em 2014, quando o clube biancoazzurro estava na Lega Pro. Logo no primeiro ano, a Spal ficou na quarta colocação do grupo B. E ainda conquistou o acesso à Serie B na temporada passada, o que não acontecia desde 1993.
Técnico Leonardo Semplici comanda a Spal desde 2014
O objetivo no início do campeonato era evitar o rebaixamento, mas a mistura de jovens jogadores com outros mais experientes, formou uma equipe equilibrada, que não dá espetáculo, mas cumpre muito bem o que Semplici pede com seu tradicional esquema 3-5-2: muita dedicação e transpiração do goleiro ao centroavante. O resultado é o melhor ataque da competição, com 68 gols marcados, e a terceira defesa menos vazada, com 34 gols sofridos, atrás apenas de Pisa e Spezia. Com essa boa campanha, a Spal está próxima de um feito histórico:
desde o Como, em 2002, um time que estava na terceira divisão na
temporada anterior não conquista o título da Serie B.
Entre os jogadores mais importantes dos estensi, podemos citar o goleiro Alex Meret, de 20 anos, emprestado pela Udinese e
convocado à Azzurra; o zagueiro Francesco Vicari, 22; o ala Manuel
Lazzari, 23; o lateral Cristiano Del Grosso, 34;
o meia Pasquale Schiatarella, 29; e os atacantes Mirco Antenucci, 32, e Sergio
Floccari, 35. O rodado Antenucci, dispensado do Leeds United ao final da última temporada, se reencontrou na Emília-Romanha, onde tem sido o principal destaque ofensivo. O avançado já marcou 17 gols e deu sete assistências, se tornando o artilheiro e maior garçom do time até o momento.
Play-offs
Os dois primeiros colocados sobem diretamente, mas a briga pela terceira vaga na Serie A envolve outras seis equipes que disputam um play-off, no qual o campeão consegue um lugar ao sol. Hoje, Frosinone, Perugia, Cittadella, Benevento, Spezia e Carpi estariam classificados para um mata-mata que pode não existir, caso a diferença do terceiro para o quarto colocado seja igual ou maior a 10 pontos – atualmente é de oito. Neste grupo, o destaque fica para Cittadella e Benevento, que, assim como a Spal, estavam na Lega Pro há um ano. A diferença do oitavo colocado Carpi, último time que ainda estaria qualificado a sonhar com o acesso, para o décimo Novara é de apenas quatro pontos.
Rebaixamento
Depois de um acesso heroico, o Pisa teve inúmeros problemas no início do campeonato. Imerso em uma grande crise financeira, os jogadores chegaram a ficar com os salários atrasados e o técnico Gennaro Gattuso pediu demissão durante a pré-temporada. Ele retornou ao cargo após a concretização da venda do clube para um grupo de empresários, mas, por causa da indefinição, os nerazzurri perderam o tempo da janela de transferências e começaram a Serie B com praticamente o mesmo elenco que disputou a Lega Pro. Mesmo assim, Gattuso conseguiu tirar leite de pedra com apenas três derrotas nas 12 primeiras rodadas. No entanto, com muitos empates e poucas vitórias, a força de vontade não tem sido suficiente para a manutenção da equipe na segundona.
Pisa de Gattuso é o lanterna da competição (Foto: Lega B)
Não bastasse o desempenho ruim dentro de campo, o time da cidade da torre inclinada ainda foi punido com a perda de quatro pontos por causa de dívidas com a liga e segura a lanterna com 33 pontos, oito atrás do Vicenza, primeira equipe fora da zona de rebaixamento direto. Mesmo na última posição, a equipe de Gattuso possui a melhor defesa da competição, com 29 gols sofridos em 38 rodadas. O trabalho não tem sido de todo ruim e Ringhio pode almejar um time mais competitivo na próxima temporada, já que a queda dos pisanos é iminente.
Ainda entre os últimos, o Latina, com 34 pontos, também parece condenado ao descenso, enquanto a Ternana, com 39, briga mais diretamente com Vicenza, Trapani e Brescia pela salvação. Será que teremos mais times tradicionais indo em direção à terceirona?