Depois de três longos anos, o Milan está definitivamente de volta às competições continentais. Muito tranquila, a fase preliminar da Liga Europa foi quase uma extensão da pré-temporada rossonera: o time passou com facilidade pelo romeno Craiova e pelo macedônio Shkëndija e está na fase de grupos. Hoje, ao despacharem em definitivo a equipe de origem albanesa – com 7 a o no placar agregado, após um 6 a 0 na partida de ida –, os rubro-negros não deixaram muita brecha para análises sobre o que aconteceu em campo. Além, claro, de mais um gol do jovem atacante Patrick Cutrone. Talvez não por acaso, a classificação à próxima fase com gol de uma joia a ser lapidada envie uma mensagem importante sobre o dia de hoje: para o clube de Milanello, é hora de celebrar o primeiro passo firme rumo ao futuro.
O acesso a esta etapa da competição é muito importante para a reconstrução do clube, que vai muito além das pomposas contratações da nova diretoria. Afinal, falamos do Milan, o clube italiano com mais títulos internacionais. A ausência do futebol continental no calendário milanista não afetou apenas a marca e o prestígio do Diavolo, mas prejudicou especialmente suas finanças, que sofreram um grande baque a partir de 2014. As competições da Uefa são uma fonte de renda considerável para os italianos, que têm uma liga menos valorizada comercialmente e não arrecadam tanto com bilheteria, venda de camisas e ações de marketing.
A recuperação do Milan passa, em grande parte, exatamente pelo aumento da arrecadação. O clube deve ficar de olho nas regras do Fair Play Financeiro – que definem, em linhas gerais, que o clube não pode gastar mais do que arrecada – e o futuro acordo que a direção definirá com a Uefa. A Liga Europa é uma competição de menor expressão em relação à Champions League, mas a simples presença do Milan no torneio terá um impacto relevante em seu balanço financeiro, uma vez que a agremiação lucrará com premiações, direitos de transmissão e bilheterias. É essa renda que, somada aos investimentos da nova diretoria e o retorno técnico e estratégico que os novos reforços dão aos rossoneri, servirá para o clube voltar a ocupar o seu lugar: o de gigante mundial.
Curiosamente, esta será a primeira participação dos rossoneri na competição, sucessora da Copa Uefa, que foi disputada pela última vez em 2008-09. Além da importância para o planejamento empresarial do Milan, a Liga Europa também tem um atrativo puramente futebolístico para os rossoneri: afinal, se trata de um título que o clube não tem. O Diavolo é sete vezes campeão da Liga dos Campeões, duas da Recopa e cinco da Supercopa, mas a Liga Europa é o único torneio sob a tutela da Uefa que ainda não conquistou. Confirmar o favoritismo na competição será um peso a mais para a equipe de Vincenzo Montella.