O último domingo tinha tudo para ter sido um dia especial na Itália, com as eleições gerais para redefinir o parlamento, que poderiam resolver um pouco a situação caótica na política do país. Também teríamos uma rodada de jogos importantes na Serie A, que decidiriam algumas mudanças na tabela, além de um motivado Derby della Madonnina, com todos os ingressos vendidos. Os resultados das eleições não foram esclarecedores e as partidas da primeira e segunda divisões foram suspensas por um fato que machucou profundamente o futebol italiano: a morte de Davide Astori.
Em entrevista nesta segunda-feira, Giovanni Malagò, presidente do Comitê Olímpico Italiano (CONI) e comissário extraordinário da Lega Serie A, afirmou que as partidas adiadas serão realizadas no próximo mês, entre os dias 3 e 4 de abril, respectivamente terça e quarta-feira. O confronto entre Milan e Inter, contudo, continua sem data prevista por causa dos compromissos do Diavolo, que está nas oitavas de final da Liga Europa, em que enfrentará o Arsenal nos dias 8 e 13 deste mês. O Milan também disputará a final da Coppa Italia contra a Juventus, marcada para o dia 9 de maio – data que poderá ser alterada conforme rossoneri e bianconeri avancem nas competições europeias.
Malagò ainda fez um anúncio muito importante sobre as próximas janelas de transferências, que terminará um dia antes de a Serie A 2018-19 começar (18 de agosto, com o primeiro jogo no dia 19) e no último dia da pausa invernal (19 de janeiro). Também informou que haverá uma espécie de boxing day na Serie A, com partidas nos dias 22, 26 e 29 de dezembro, e que Gaetano Miccichè será o próximo presidente da liga, já que foi aprovado por unanimidade pelos clubes. O empresário siciliano atualmente é o presidente da Banca Imi, banco de investimentos subsidiária do Intesa Sanpaolo, um dos maiores bancos italianos e patrocinador do Coni.
No último sábado, a bola rolou para três partidas e a primeira provocou uma mudança na parte de baixo da tabela. A Spal venceu pela segunda vez seguida e saiu provisoriamente da zona de rebaixamento, enquanto as grandes atrações aconteceram em Roma e Nápoles, onde os visitantes bateram os anfitriões. A Juventus venceu a Lazio nos acréscimos, se reaproximou do Napoli e ainda tem um jogo a menos, e a Roma surpreendeu o San Paolo com grande vitória para recuperar a terceira posição e deixar a Inter fora da zona de classificação para a Liga dos Campeões.
Lazio 0-1 Juventus
Dybala (Rugani)
Tops: Dybala e Barzagli (Juventus) | Flops: Luis Alberto e Parolo (Lazio)
Depois das derrotas na Supercoppa Italiana e no primeiro turno em pleno Allianz Stadium, a Juventus estava engasgada com a então freguesa Lazio – afinal, até o ano passado a Velha Senhora não perdia desde 2003 no confronto. Mas apesar de tudo o que estava em disputa no Olímpico, os melhores ataques do campeonato produziram pouquíssimo para um partida cheia de expectativa. Para se ter ideia, foram apenas dez chutes somando as tentativas dos times de Simone Inzaghi e Massimiliano Allegri, que levou a melhor graças ao gol de Dybala já nos acréscimos. Com a vitória, os bianconeri diminuíram a desvantagem para o Napoli para um ponto e ainda têm um jogo atrasado contra a Atalanta na próxima semana. Por outro lado, os laziali caíram para a quarta posição após a vitória da Roma, também com um ponto de diferença.
O camisa 10 juventino, que não marcava desde a doppietta contra o Verona no dia 30 de dezembro, finalmente se mostrou recuperado dos problemas físicos que o perseguiram em janeiro e fevereiro. Um dos poucos destaques de uma partida tecnicamente apagada, Dybala foi presença ativa durante boa parte dos 90 minutos, mas conseguiu chegar na área adversária com perigo somente nos acréscimos, quando passou com facilidade por Luiz Felipe e Parolo antes de bater Strakosha no primeiro chute no alvo da sua equipe. Já os donos da casa não contaram com boas atuações da dupla Luis Alberto e Immobile, ambos substituídos na etapa final, e reclamaram de um pênalti ignorado pela arbitragem de Luca Banti.
Napoli 2-4 Roma
Insigne (Mário Rui) e Mertens (Insigne) | Ünder (Nainggolan), Dzeko (Florenzi), Dzeko (Kolarov) e Perotti
Tops: Dzeko e Alisson (Roma) | Flops: Mário Rui e Reina (Napoli)
Após a vitória na última rodada e a diferença aumentada para a Juventus, o Napoli pareceu confiante na busca por um scudetto que não conquista desde 1990. No entanto, a equipe sulista mais uma vez falhou no momento decisivo. Contra um adversário grande, o time de Sarri tinha a chance de responder à vitória da rival mais cedo e conquistar a terceira vitória seguida contra os giallorossi pela primeira vez em quatro décadas. Contudo, prevaleceu a postura surpreendente do time de Di Francesco, que acumulava tropeços no campeonato e entrou no San Paolo desacreditado. Como na temporada passada, Roma conquistou Nápoles. Enquanto os napolitanos perderam a vantagem criada na última rodada e ainda têm um jogo a mais, os romanistas recuperaram sua posição no G4 e também passaram a Lazio.
A expectativa era a de um jogo com domínio do Napoli e uma Roma buscando contra-ataques, e foi exatamente assim que o confronto se desenrolou. Os anfitriões abriram o placar cedo, quando Mário Rui achou Insigne na área e o capitão partenopeu contou com o desvio de Manolas no seu chute para marcar o primeiro, aos seis minutos. Na jogada seguinte, contudo, o mesmo Mário Rui falhou na tentativa de bloquear Ünder, após o jovem turco ter recebido belo passe em profundidade de Nainggolan. A partir de então, Alisson começou mais um show de defesas, e nesse período os visitantes contaram com seus laterais e Dzeko para virar o jogo.
O primeiro gol do bósnio veio ainda na primeira etapa: o centroavante teve facilidade para superar Albiol pelo alto e completar o cruzamento preciso de Florenzi. Já o segundo surgiu em um momento de lentidão do Napoli, desmotivado pelas tentativas fracassadas de superar o goleiro brasileiro. Assim, Kolarov passou para Dzeko do lado oposto do campo e só observou o centroavante deixar Mário Rui no chão antes de acertar belo chute de esquerda da entrada da área. Na jogada seguinte, Insigne voltou a fazer Alisson trabalhar, com grandes defesas em duas oportunidades. O banho de água fria definitivo aconteceu quando o lateral-esquerdo português emprestado pela própria Roma falhou mais uma vez. Em um corte mal feito de Mário Rui após cruzamento de Kolarov, a bola sobrou para Perotti ampliar a vantagem e marcar o quarto. Para piorar, Florenzi salvou em cima da linha o gol certo de Mertens, que conseguiu balançar as redes somente nos acréscimos, quando já era muito tarde.
Spal 1-0 Bologna
Grassi
Tops: Grassi e Thiago Cionek (Spal) | Flops: González e Destro (Bologna)
Em uma chuvosa tarde em Ferrara, a Spal recebeu o Bologna e vingou a derrota sofrida pelo “vizinho” no primeiro turno. Para o time de Donadoni, que vinha de duas vitórias, mais um tropeço que explica como a equipe nunca emplaca no campeonato sob seu comando. A derrota dessa vez foi agravada pela expulsão do costarriquenho González com menos de dez minutos e por um gol espetacularmente perdido por Destro nos acréscimos da etapa final, que evitaria a derrota dos bolonheses a pouco mais de 40 km de casa.
Os anfitriões realmente fizeram por merecer os três pontos que lhe deixaram ao menos provisoriamente fora da zona de rebaixamento, uma vez que o Crotone, com dois pontos a menos, tem um jogo a realizar. Após o festival de gols perdidos no primeiro tempo, a Spal marcou o gol da vitória logo após a volta do intervalo: depois de sobra de escanteio, Grassi acertou forte chute da entrada da área. Quando Mattiello foi expulso nos acréscimos, parecia tarde para uma recuperação do Bologna, e Destro, herói na vitória contra o Genoa, definitivamente acabou com as chances. O centroavante recebeu cruzamento de Orsolini, mas perdeu gol praticamente embaixo das traves, segundos antes do apito final de Gianluca Rocchi.
*Os nomes entre parênteses após os autores dos gols se referem aos responsáveis pelas assistências