Serie A

28ª rodada: o jogo virou e a Juve é a nova líder da Serie A

Guarde o número: 28. A história desta Serie A poderá ser contada futuramente considerando o fato de que, na 28ª rodada do campeonato, a Juventus assumiu a liderança de forma isolada pela primeira vez – quem sabe, para não largar mais. Com apenas 10 jogos pela frente, a Velha Senhora ainda conta com uma partida a menos do que o Napoli e tem a chance de aumentar a sua vantagem para quatro pontos. Nada está definido, mas o caminho para o heptacampeonato dos bianconeri começa a se desenhar. Por outro lado, as brigas por vagas nas competições europeias e contra o rebaixamento estão envolvendo cada vez mais equipes. Confira no resumo da rodada.

Juventus 2-0 Udinese
Dybala e Dybala (Higuaín)

Tops: Dybala e De Sciglio (Juventus) | Flops: Angella e Maxi López (Udinese)

Demorou, mas chegou: na 28ª rodada, a Juventus assumiu a liderança isolada da Serie A pela primeira vez na temporada. Contando com a cumplicidade do Napoli nos dois últimos finais de semana, a Velha Senhora pulou para o topo da tabela após somar a oitava vitória em oito jogos pelo campeonato em 2018 – todas elas sem sofrer um gol sequer. A décima vitória nos 13 confrontos mais recentes contra a Udinese chegou sem muito brilhantismo, mas com muita eficiência. E também graças a uma joia.

Pela primeira vez desde setembro, Dybala conseguiu marcar gols em duas partidas consecutivas na Serie A. Com a doppietta de hoje, o argentino coroou uma semana perfeita, em que decidiu também os jogos contra Lazio e Tottenham. No primeiro tempo, o camisa 10 abriu o placar com uma cobrança de falta no ângulo e ainda sofreu uma penalidade do impreciso Angella. Dybala abriu mão de anotar o segundo e deixou Higuaín bater, o que deixou Allegri furioso. O treinador ficou ainda mais impaciente depois de Bizzarri pular no canto e defender a cobrança de Pipita. O centroavante se redimiu com maestria no início do segundo tempo, quando fez grande trabalho de pivô e passou para Dybala marcar o segundo e dar números finais ao cotejo. A Juve poderá ampliar a vantagem sobre o Napoli para quatro pontos se conseguir vencer a Atalanta, em jogo atrasado que será realizado na quarta-feira.

Inter 0-0 Napoli

Tops: Skriniar e Miranda (Inter) | Flops: Mertens e Hamsík (Napoli)

O roteiro do primeiro turno se repetiu. Spalletti ergueu um muro na defesa da Inter, Skriniar e Miranda foram praticamente impecáveis e o Napoli não conseguiu ter criatividade o suficiente para ameaçar a meta defendida por Handanovic. A equipe napolitana, que costuma acertar em média 7,2 finalizações na direção do gol, só conseguiu testar o esloveno duas vezes neste domingo. O empate sem gols desta rodada, porém, foi muito mais dolorido para Sarri e companhia do que o 0 a 0 no San Paolo. Afinal, o Napoli acabou vendo a Juventus lhe tomar a liderança já na reta final do campeonato. Será possível reagir?

Desde os primeiros minutos de bola rolando em San Siro a proposta da Inter se mostrou mais eficaz. O Napoli criou muito pouco, já que Hamsík e Jorginho ficaram encaixotados e as linhas muito compactas dos nerazzurri praticamente impediram as trocas de passes em velocidade e as infiltrações de Allan. As duas melhores chances dos visitantes saíram dos pés de Insigne, no segundo tempo, mas nada que chegasse a enlamear o uniforme do goleiro interista. Os donos da casa tiveram dificuldade de ficar com a bola durante os 90 minutos, mas ainda assim tiveram a oportunidade mais clara de gol, ao acertarem a trave com Skriniar. A Beneamata continua na quinta posição, mas tem um jogo a menos que os adversários acima dela na briga pela Liga dos Campeões.

Fiorentina 1-0 Benevento
Vitor Hugo (Saponara)

Tops: Vitor Hugo e Veretout (Fiorentina) | Flops: Coda e Lombardi (Benevento)

Uma semana depois da morte do capitão Astori, a Fiorentina teve de voltar a campo. Isto aconteceu em um jogo marcado por muitas homenagens, emoção e comoção de jogadores, torcedores, dirigentes e ídolos antes e durante a partida. Certamente o dia em Florença seria atípico. Um silêncio eloquente e aplausos antes mesmo da bola rolar. No minuto 13, em referência à camisa que o zagueiro utilizava, o jogo parou para outra homenagem. Na sequência, a chuva veio para lavar a alma e marcar o reinício de uma trajetória. E, curiosamente, coube ao brasileiro Vitor Hugo, substituto do ex-capitão e dono do número 31, anotar o gol da vitória. Triunfo fundamental não apenas para aliviar a dor de toda uma cidade, mas também para conquistar a segunda vitória consecutiva da viola, algo que não acontecia desde outubro.

Embora claramente emocionados, os jogadores da Fiorentina entraram em campo dispostos a jogar por sua torcida e pressionaram o Benevento desde o início. Simeone desperdiçou duas chances claras, mas logo na sequência, Vitor Hugo abriu o placar. Na celebração, uma linda homenagem, com o brasileiro batendo continência ao ex-companheiro, simbolizado em uma camisa estampada com sua foto. Pouco a pouco o Benevento foi se lançando ao ataque, principalmente com as jogadas do lateral esquerdo Venuti, cria da Fiorentina. Sportiello trabalhou bem na primeira etapa e contou com a sorte na segunda, quando viu a cabeçada de Coda bater na trave. O resultado manteve a sina dos giallorossi, que ainda não conseguiram um pontinho sequer fora de casa. (Caio Dellagiustina)

Roma 3-0 Torino
Manolas (Florenzi), De Rossi (Nainggolan), Pellegrini (Nainggolan)

Tops: Manolas e Florenzi (Roma) | Flops: Belotti e Ansaldi (Torino)

Quem olha apenas o resultado pode até pensar que a Roma fez outra apresentação de gala, como a da última semana contra o Napoli. Mas, a bem da verdade, é que os giallorossi não foram além de um time burocrático, que fez um primeiro tempo abaixo da média, como aconteceu em diversas partidas da segunda parte da temporada. A vitória só foi construída após um intervalo, mas com um futebol longe de encantar. Com exceção de Dzeko e Fazio, suspensos, a Roma foi a campo com força máxima, mas ainda assim, não conseguiu trabalhar no meio-campo. Ünder e El Shaarawy, sumidos, não conseguiram municiar Schick. Mesmo desfalcado, o Torino foi melhor e deu trabalho à Alisson, sobretudo com o ex-romanista Falque.

Antes da partida de sexta, o Torino não conseguia roubar pontos da Roma no Olímpico: foram sete vitórias os romanos nos últimos sete jogos e apenas uma derrota nos últimos 15. Isto parecia que chegaria ao fim, mas, com mais ímpeto no segundo tempo, a Roma chegou ao gol logo aos 10 minutos, com Manolas. O grego, emocionado, dedicou o gol à Astori, em lembrança ao período em que atuaram juntos nos giallorossi, em 2014. O gol desestabilizou o Toro, que não conseguiu mais incomodar. Para facilitar, Mazzarri substituiu Falqué, o melhor em campo pelos granata. A Roma conseguiu controlar a partida até o gol de De Rossi, já no final do jogo. Pellegrini, já nos acréscimos, ampliou e definiu o placar, confirmando a boa fase da equipe, que chegou à sua quinta vitória consecutiva. Já o Torino acumula três jogos sem vencer e se distanciou da briga pela Liga Europa. (CD)

Cagliari 2-2 Lazio
Pavoletti e Barella | Ceppitelli (contra) e Immobile (Felipe Anderson)

Tops: Barella (Cagliari) e Lucas Leiva (Lazio) | Flops: Ceppitelli (Cagliari) e Luiz Felipe (Lazio)

Um golaço nos acréscimos salvou a Lazio de ser vítima de uma das maiores zebras desta rodada. É inegável que se imaginava uma vitória da equipe romana na Sardenha, já que o retrospecto recente registrava nove vitórias da Lazio nos 11 jogos anteriores contra o Cagliari, com uma média de dois gols anotados pelos celestes a cada partida. O empate por 2 a 2 passou longe de ser um bom resultado para a equipe treinada por Inzaghi e não aplacou o mal estar, mas ter somado ao menos um ponto pode fazer diferença lá na frente.

O Cagliari deu início a seu resultado surpreendente ainda no primeiro tempo. O norte-coreano Han cabeceou com violência e exigiu rápida de reação do goleiro Strakosha: a bola rebateu no goleiro, no travessão e sobrou para Pavoletti abrir o placar. A Lazio respondeu rapidamente e contou com um gol contra de Ceppitelli, que tentou evitar a cabeçada de Lucas Leiva, mas acabou balançando as próprias redes. Após o intervalo, o brasileiro Luiz Felipe cometeu pênalti bobo sobre Pavoletti, ao tentar proteger a posse da bola, e permitiu que o regista Barella colocasse o time da casa novamente em vantagem. O zagueiro da Lazio passou a errar em sequência e o Cagliari ficou perto de ampliar, mas não conseguiu. O castigo veio aos 50 minutos, com uma magia de Immobile: o camisa 17 aproveitou cruzamento à meia-altura de Felipe Anderson e desviou a bola com o calcanhar, encobrindo o goleiro Cragno. O golaço foi o sétimo do atacante contra a equipe sarda, sua vítima preferida na Serie A.

Vitor Hugo e a continência ao capitão Astori (Getty)

Genoa 0-1 Milan
André Silva (Suso)

Tops: Spolli (Genoa) e Suso (Milan) | Flops: Biraschi (Genoa) e Kalinic (Milan)

As partidas recentes contra o Genoa tem sido verdadeiras batalhas para os rossoneri, que haviam sido derrotados e nem mesmo haviam anotado gols nas três viagens mais recentes à Ligúria. A organização defensiva da equipe de Ballardini também seria mais um obstáculo para os comandados de Gattuso. O roteiro esperado para o jogo do Marassi se cumpriu, mas um herói inesperado apareceu para jogar tudo por terra. Graças a um gol de André Silva no último dos quatro minutos de acréscimos do segundo tempo, o Milan pode sair de Gênova com três preciosíssimos pontos.

O Milan demonstrou desde o início que a derrota para o Arsenal na última quinta não afetou o moral da equipe. A equipe conseguiu dominar um Genoa que havia vencido três de seus últimos compromissos em casa (incluindo aqueles contra Inter e Lazio) e só foi ameaçado com uma cabeçada de Spolli. Após um gol bem anulado para cada lado, Zukanovic perdeu mais uma chance para o Genoa e o Milan não conseguiu chegar ao gol com Suso e Kessié. Gattuso lançou Cutrone e André Silva, mas a pressão só surtiu efeito aos 49, quando o português completou cruzamento de Suso com belo cabeceio. Jogar bem contra o Genoa tem sido difícil para qualquer adversário, o que valoriza ainda mais o triunfo rossonero.

Crotone 4-1 Sampdoria
Trotta (Ceccherini), Stoian, Trotta e Viviano (contra) | Zapata (Murru)

Tops: Trotta e Stoian (Crotone) | Flops: Sala e Silvestre (Sampdoria)

A maior surpresa da rodada veio da Calábria. O segundo pior mandante do campeonato vinha de cinco jogos sem triunfos e ainda conseguiu fazer o seu ataque (o quarto menos positivo da competição) tirar a barriga da miséria. Para completar, o Crotone ainda devolveu a goleada sofrida pela Sampdoria no primeiro turno e conseguiu sair da zona de rebaixamento, por causa dos critérios de desempate. Fim de semana que beirou à perfeição para o time de Zenga e de verdadeiros pesadelos para os genoveses. Afinal, a equipe de Giampaolo somou a quarta derrota em seus cinco últimos jogos como visitante e viu o Milan ultrapassá-la na tabela, tomando-lhe a sexta colocação.

A farra do Crotone começou muito cedo, o que acabou por definir a partida com velocidade. Trotta teve chance claríssima no primeiro minuto, mas Viviano foi providencial. Aos 6, o atacante conseguiu garantir o seu, depois de cobrança de escanteio. Na metade da etapa inicial, Sala cometeu pênalti em Nalini e novamente o duelo entre Trotta e Viviano se acendeu: o goleiro defendeu a cobrança, mas Stoian foi rápido para deixar o seu no rebote. Antes mesmo do intervalo Trotta fez o terceiro, aproveitando novo rebote – o gol fez Ferrero, presidente da Samp, deixar as tribunas. O egoísmo de Nalini salvou a Sampdoria de levar o quarto, no início da segunda etapa, e o gol do potente Zapata até ensaiou colocar fogo no jogo de novo. Até que, nos últimos minutos, Viviano fez uma grande defesa e, na sobra, protagonizou um lance pastelão com Silvestre, que resultou num gol contra absurdo e deu números finais à partida.

Verona 1-0 Chievo
Caracciolo (Verde)

Tops: Caracciolo e Verde (Verona) | Flops: Gobbi e Hetemaj (Chievo)

No décimo dérbi de Verona realizado na Serie A, o Hellas venceu o Chievo e voltou a sonhar com a salvezza. Com a vitória no clássico, o time de Pecchia venceu sua segunda partida consecutiva, algo que não ocorria desde 2015, e já soma três vitórias no returno. Além disso, chegou à sua quarta vitória nos duelos citadinos disputados na primeira divisão, empatando com o Chievo. De quebra, ajudou a piorar ainda mais a situação do rival, que somou apenas quatro pontos nos últimos oito jogos e foi tragado para a briga contra o rebaixamento. Agora, os clivensi têm apenas um ponto de vantagem sobre a zona perigosa.

Em campo, o Chievo foi dominante, embora na primeira etapa, apenas uma vez chegou a assustar o goleiro Nícolas, com Castro. A melhor chance dos butei veio no chute de fora da área de Büchel, que não exigiu muito trabalho de Sorrentino. Na segunda etapa, o Verona chegou ao gol na primeira chance que teve, com um chute cruzado de Caracciolo, aproveitando cruzamento de Verde. Com mais esse gol sofrido, o Chievo chegou à 11ª partida consecutiva sofrendo gols, um reflexo da má campanha dos últimos meses. O time de Maran tentou reagir, acuando o adversário no campo de defesa por pelo menos 30 minutos, mas não conseguiu furar a barreira armada à frente do gol de Nícolas. (CD)

Bologna 0-1 Atalanta
De Roon (Ilicic)

Tops: Mirante (Bologna) e Spinazzola (Atalanta) | Flops: Avenatti (Bologna) e Gómez (Atalanta)

A derrota da Sampdoria foi um colírio para os olhos do torcedor da Atalanta. O triunfo suado da equipe de Gasperini, combinado com o resultado na Calábria, aproxima de vez a equipe nerazzurra da briga por uma vaga na Liga Europa: agora, a Samp tem apenas três pontos de vantagem. Ao bater o Bologna, que tem sido um freguês recente (perdeu as cinco últimas no confronto), a Atalanta ainda igualou uma marca de 1992. Desde o longínquo ano os bergamascos não ficavam sete rodadas invictos como visitantes.

Embora só tenha conseguido marcar o gol a vitória a sete minutos do fim do tempo regulamentar, graças a uma grande finalização de De Roon, a Atalanta dominou a partida inteiramente. Na etapa inicial, a Dea poderia ter aberto o placar duas vezes, mas Gómez perdeu chance incrível frente ao goleiro Mirante (preferiu passar para Castagne, que estava marcado) e teve azar em uma finalização subsequente. A blitz nerazzurra continuou no segundo tempo, ao passo que o Bologna apenas tentava engatar contra-ataques natimortos. Depois do gol de De Roon, a Atalanta teve a chance de ampliar, mas Mirante fez ótimas defesas sobre Ilicic, Cornelius e Rafael Toloi.

Sassuolo 1-1 Spal
Babacar (pênalti) | Antenucci (Schiattarella)

Tops: Babacar (Sassuolo) e Meret (Spal) | Flops: Politano (Sassuolo) e Kurtic (Spal)

No duelo dos desesperados, Sassuolo e Spal amargaram um empate que podem trazer consequências nefastas para as duas equipes. Com as vitórias de Verona e Crotone nesta rodada, a briga contra o rebaixamento passou a englobar seis times – entre os quais os neroverdi e os spallini, que têm 24 pontos e estão empatados com o Crotone. O resultado foi ainda pior para o Sassuolo, que continua como pior mandante do campeonato (apenas duas vitórias) e, com nove jogos de jejum, atingiu sua maior sequência de partidas sem triunfos desde que chegou à elite, em 2013.

Depois de 30 minutos em que, mesmo como mandante, o Sassuolo pensava mais em se defender, a Spal abriu o placar. Schiattarella lançou Antenucci, que dominou e chutou para marcar, contando com o posicionamento imperfeito de Consigli. Os donos da casa empataram na sequência, graças a um pênalti convertido por Babacar. Antes mesmo do intervalo, o Sassuolo poderia ter virado graças a outra penalidade, mas dessa vez foi Politano que foi para a cobrança. Meret fez a defesa e, no segundo tempo, voltou a ser decisivo com uma intervenção sobre Magnanelli. Ragusa ainda acertou o travessão spallino, mas o empate permaneceu no placar.

*Os nomes entre parênteses após os autores dos gols se referem aos responsáveis pelas assistências

Seleção da rodada
Meret (Spal); Miranda (Inter), Skriniar (Inter), Vitor Hugo (Fiorentina); Florenzi (Roma), Barella (Cagliari), De Rossi (Roma), Stoian (Crotone), Spinazzola (Atalanta); Dybala (Juventus), Trotta (Crotone). Técnico: Stefano Pioli (Fiorentina).

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