Se apenas a matemática ainda não autorizava que a Juventus comemorasse o scudetto, a liberação finalmente chegou. Com o empate contra a Roma, a Velha Senhora se tornou a primeira heptacampeã consecutiva da história do futebol italiano – e apenas a segunda a atingir o feito nas cinco maiores ligas europeias. A Juventus ainda foi a primeira equipe a conquistar por quatro vezes em sequência a dobradinha local e Gigi Buffon se tornou o maior vencedor de títulos do Italiano: agora, o Superman tem nove.
A rodada ainda teve a definição da classificação da Roma para a Liga dos Campeões e do Milan para a Liga Europa. No entanto, as brigas pela última vaga na Champions League e contra o rebaixamento continuam quentes e só irão terminar no próximo fim de semana. O encerramento da Serie A promete!
Roma 0-0 Juventus
Tops: De Rossi (Roma) e Dybala (Juventus) | Flops: Nainggolan (Roma) e Bernardeschi (Juventus)
Para comemorar o sétimo scudetto seguido, a Juventus não precisou fazer muito esforço neste domingo – assim como a Roma, já classificada à Liga dos Campeões, também não mostrou o máximo de sua capacidade. No final das contas, o empate foi suficiente para a Velha Senhora chegar à última rodada com uma vantagem de quatro pontos sobre o Napoli e comemorar o título de forma antecipada. A Roma, por sua vez, precisa de outro pontinho para ficar matematicamente com a terceira finalização.
O fato de o jogo ter tido apenas uma finalização, aos 20 do segundo tempo, diz muito sobre o seu ritmo – nessa conta, não levamos em conta o gol bem anulado por impedimento de Dybala. Na etapa final, quando a partida parecia esquentar devido aos dois episódios citados acima, Nainggolan foi expulso por dois cartões amarelos recebidos num espaço de cinco minutos. Com a desigualdade numérica, os times se limitaram a trocar passes e a uma espécie de pacto de não agressão até o tempo acabar.
Sampdoria 0-2 Napoli
Milik (Allan) e Albiol (Mário Rui)
Tops: Milik e Albiol (Napoli) | Flops: Torreira e Ramírez (Sampdoria)
Após dois tropeços em série, que lhe custaram a possibilidade de continuar perseguindo a Juventus, o Napoli voltou a vencer. Com o triunfo sobre a Sampdoria, a equipe de Sarri chegou aos 88 pontos e acabou ficando com o vice-campeonato, mas estabeleceu dois recordes: o primeiro é o de maior quantidade de pontos somados pelos azzurri numa única temporada (superando os 87 de 2016-17) e o segundo é o de vice com melhor aproveitamento da história. A pontuação obtida pelos partenopei é uma das 10 maiores já estabelecidas por um time no campeonato – em caso de vitória na última rodada, será a quarta maior. Este feito mostra o quanto a atual Serie A foi nivelada por cima.
Durante boa parte do jogo, o Napoli parou em Belec, no seu próprio desânimo e num gol mal anulado de Mertens. O gol que abriu o placar saiu já na metade do segundo tempo, quando Milik acertou um chute no ângulo. Àquele momento, um grupo de torcedores racistas da Sampdoria, entoava cânticos preconceituosos direcionados aos napolitanos, o que acabou interrompendo a partida, aos 76 minutos – o presidente Ferrero precisou descer para o gramado para acalmar os ânimos. Depois da paralisação, Albiol aproveitou um cruzamento de Mário Rui e deu números finais ao duelo. O resultado ratificou a freguesia recente da Samp contra o Napoli e acabou com as chances dos blucerchiati beliscarem uma vaga na Liga Europa – e, de quebra, deu uma lição nas almas sebosas que estavam na arquibancada.
Inter 1-2 Sassuolo
Rafinha | Politano e Berardi
Tops: Consigli e Lemos (Sassuolo) | Flops: João Cancelo e Brozovic (Inter)
Acredite se quiser: mesmo com a surpreendente derrota em casa, a Inter ainda tem chances de disputar a próxima Liga dos Campeões. O sonho só não chegou ao fim porque a Lazio, rival direta e adversário da última rodada, não passou de um empate contra o Crotone: agora, os nerazzurri dependem de uma vitória simples em Roma para irem ao torneio continental. Diante do despretensioso Sassuolo, a Inter começou melhor e, dadas as devidas circunstâncias, o jogo parecia que tinha um dono. Faltou só combinar com Politano. Em bela cobrança de falta, por baixo da barreira, o atacante chegou ao décimo gol no campeonato (o sexto contra times da parte alta da tabela) e colocou o Sassuolo na frente.
A Inter sentiu o baque, quase levou o segundo, minutos depois, mas pouco a pouco foi retomando o controle. Foi aí que brilhou Consigli. O goleiro neroverde foi espetacular, parando Icardi no primeiro e no segundo tempo, em defesas dificílimas, cara a cara com o atacante argentino. A Inter era toda ataque e, consequentemente, deixava espaços na retaguarda. Em uma chegada despretensiosa, Berardi acertou um lindo chute de perna direita, no ângulo de Handanovic, para ampliar. O estádio se calou e a equipe milanesa sentiu o golpe. Rafinha recolou a Inter no jogo, com um gol a dez minutos do final. A partir daí a partida virou uma verdadeira pelada. Ataque da Inter e contra-ataque do Sassuolo, muitas vezes em vantagem numérica. Missiroli teve a chance de matar o jogo de um lado; enquanto Icardi e depois Skriniar quase igualaram o marcador, do outro. No fim das contas, o time de Iachinni foi valente e segurou a Inter até o apito final. Foi a segunda derrota consecutiva da Inter em seus domínios, algo que não ocorria há quase um ano.
Crotone 2-2 Lazio
Simy (Martella) e Ceccherini (Barberis) | Lulic (pênalti) e Milinkovic-Savic (De Vrij)
Tops: Cordaz (Crotone) e De Vrij (Lazio) | Flops: Sampirisi (Crotone) e Caicedo (Lazio)
Empate ruim para as duas equipes. Crotone e Lazio fizeram um jogo muito movimentado, no qual a vitória seria fundamental para ambos. Para a Lazio, valia a confirmação da vaga na Liga dos Campeões, enquanto para os calabreses poderia até mesmo garantir a permanência na elite. E a vitória esteve próxima para o time do sul da Itália até os instantes finais, quando Milinkovic-Savic igualou o marcador, chegando a seu 12º gol no campeonato e se tornando o meio-campista com mais gols na competição. O jogo foi cheio de emoções e teve a Lazio saindo na frente aos 6, com Lulic cobrando pênalti. Uma marcação muito criticada pelos jogadores e pelo treinador Walter Zenga, que reclamaram falta a favor dos donos da casa no início da jogada.
Como já tem se tornado um hábito, a Lazio não consegue controlar o jogo. Assim, com o apoio da torcida, o Crotone pressionou e chegou ao empate, com Simy. O nigeriano despontou nas últimas rodadas e chegou a seu sétimo gol na competição. O estilo ofensivo geralmente eficiente da Lazio dessa vez não funcionou. Os celestes tiveram pelo menos três oportunidades de ficar em vantagem, mas não aproveitaram. Se o ataque não funcionou, a defesa voltou a vacilar na segunda etapa: em cruzamento de Barberis, Ceccherini se redimiu da penalidade cometida e fez explodir o Ezio Scida. O time rossoblù quase selou a vitória, mas De Vrij salvou em cima da linha o chute de Rohdén. Quando a partida encaminhava-se para o fim, a Lazio apostou apenas nas bolas alçadas e conseguiu chegar ao empate, após De Vrij servir Milinkovic-Savic. Por um lado, Zenga ajudou a sua Inter a poder disputar vaga na Champions League contra a Lazio, na última rodada, mas o empate complica o Crotone: a equipe entrou na zona de rebaixamento e precisará pontuar no San Paolo contra o Napoli para tentar escapar da degola mais uma vez.
Atalanta 1-1 Milan
Masiello (Ilicic) | Kessié
Tops: Masiello (Atalanta) e Romagnoli (Milan) | Flops: Rafael Toloi (Atalanta) e Montolivo (Milan)
O dilúvio, as expulsões e o gol no finalzinho deram contornos épicos a uma partida que não teve tantas emoções assim. Atalanta e Milan entraram em campo para o duelo por vagas na Liga Europa com a garantia de que não seriam ultrapassados por terceiros nesta rodada – a derrota da Fiorentina, horas antes, deixou a dupla lombarda em ótimas condições para a classificação. Os milanistas, aliás, a confirmaram matematicamente com o empate. Falta definir, porém, se irão ao torneio continental diretamente na fase de grupos (se ficar na sexta posição) ou se terão que disputar a fase preliminar, em julho – em caso de sétimo lugar, com eventual tropeço contra a Fiorentina e vitória da Atalanta sobre o Cagliari no próximo fim de semana.
O primeiro tempo no Atleti Azzurri d’Italia foi carente de emoções e rico em faltas. O símbolo da etapa inicial foi a joelhada de Gómez nas costas de Biglia, companheiro de seleção argentina, o que quase provocou um quiprocó no gramado. Após o intervalo, coube a Kessié, ex-Atalanta, abrir o placar para o Milan: o marfinense não jogava bem, mas acertou um belo chute de fora da área. Pouco depois, Rafael Toloi foi expulso por aplaudir ironicamente o árbitro Guida e deixou o Milan mais próximo da vitória. Só que Montolivo, cria nerazzurra e substituto de Biglia, não deixou que sua equipe aproveitasse a superioridade numérica ao receber um vermelho direto por um carrinho desproporcional. Já nos acréscimos, a Atalanta empatou graças a uma cabeçada de Masiello – Donnarumma até espalmou, mas não conseguiu evitar o gol. Semana nada boa para o goleiro, que falhou em dois tentos na final da Coppa Italia e estremeceu mais ainda as suas relações com a torcida.
Fiorentina 0-1 Cagliari
Pavoletti (Lykogiannis)
Tops: Padoin e Lykogiannis (Cagliari) | Flops: Veretout e Biraghi (Fiorentina)
O Cagliari conquistou uma vitória dificílima e importantíssima na luta contra o rebaixamento. Os sardos foram até Florença e derrotaram a Fiorentina para deixar a zona de rebaixamento e depender apenas das próprias forças, para, em casa, buscar a permanência na elite. O feito se torna ainda maior diante do retrospecto recente da equipe da Sardenha. Antes do jogo, o time somava seis derrotas nos últimos oito jogos e havia sido derrotado em suas quatro últimas partidas como visitante.
Focado e determinado como no jogo contra a Roma, o Cagliari aproveitou-se também da apatia viola para controlar a partida e abrir o placar logo aos 20 minutos, com um gol de cabeça de Pavoletti. O fundamento é especialidade do atacante, que anotou seu nono dessa forma na temporada e se tornou o maior goleador no quesito, dentre as cinco principais ligas europeias. A Fiorentina demorou a reagir e apenas na segunda etapa deu trabalho ao goleiro Cragno. Sem conseguir empatar e vendo o Cagliari catimbar a partida, o a Fiorentina foi tomada pelo nervosismo, o que ficou explícito com a tola expulsão de Veretout – e do técnico Pioli, logo depois. A equipe viola, que empolgou seus torcedores nos últimos meses, com uma sequência de vitórias que a alçaram à parte de cima da tabela, praticamente disse adeus à possibilidade de disputar a Liga Europa. O empate entre Atalanta e Milan faz com que a Fiorentina precise vencer os milanistas, torcer por uma vitória do Cagliari sobre os nerazzurri e ainda tirar sete gols no saldo.
Torino 2-1 Spal
Belotti (Berenguer) e De Silvestri (Belotti) | Grassi (Antenucci)
Tops: Belotti e De Silvestri (Torino) | Flops: Everton Luiz e Schiavon (Spal)
O Torino despediu-se de seus torcedores na atual temporada com uma vitória de virada, contra a Spal. O Toro, após um primeiro tempo insosso, reagiu na segunda etapa, como pedia ao longo da semana o técnico Walter Mazzarri, e entregou-se de corpo e alma com uma grande apresentação de Belotti. O Galo, que apesar das especulações, teve sua permanência confirmada confirmada pela diretoria para a próxima temporada, anotou o gol de empate, seu 10º na temporada (o nono no estádio Olímpico), empatando o confronto e trazendo o jogo para o controle granata.
Até então, o Torino não conseguia furar a defesa biancazzurra, embora fosse superior. A Spal tinha aberto o placar no primeiro tempo, com Grassi, e chegou até a estar escapando do rebaixamento em alguns momentos da rodada. No entanto, a pressão grená durante toda segunda etapa deu resultado: além do empate, a virada chegou no fim da partida, com De Silvestri, que garantindo a vitória. Agora, os spallini vão para a rodada final em situação complicada, precisando vencer a Sampdoria para não depender de seus rivais diretos contra o rebaixamento.
Bologna 1-2 Chievo
Verdi (pênalti) | Giaccherini (Castro) e Inglese (Gobbi)
Tops: Giaccherini e Inglese (Chievo) | Flops: Destro e De Maio (Bologna)
O Chievo ainda não se garantiu matematicamente na Serie A da próxima temporada, mas vê a salvezza bem próxima. O time do Vêneto bateu o Bologna no Renato Dall’Ara e, dependendo dos outros resultados, pode até tropeçar diante do já rebaixado Benevento para garantir mais uma participação na elite. Embora já tenha assegurado a permanência, o Bologna despediu-se de sua torcida sob protestos provocados pela fraca campanha no segundo turno, período em que o clube somou apenas 15 pontos – além de uma vitória nos últimos 11 jogos.
No duelo, os rossoblù foram melhores na primeira etapa e abriram o placar logo no início, com pênalti cobrado por Verdi, e tiveram chances de aumentar a vantagem. Aos poucos o Chievo foi se soltando e chegou ao empate no começo do segundo tempo, com um golaço de Giaccherini, que acertou no ângulo um sem pulo de canhota. O gol deixou os comandados de Donadoni confusos e os veroneses souberam aproveitar. Inglese se livrou de dois defensores e, em boa jogada, anotou seu 11º gol na Serie A. Com a melhor marca da carreira, pode estar se despedindo do clube com participação fundamental na campanha.
Verona 0-1 Udinese
Barák (Jankto)
Tops: Barák e Nuytinck (Udinese) | Flops: Fares e Fossati (Verona)
Depois de 14 partidas, enfim a Udinese voltou a vencer: fora de casa, derrotou o rebaixado Verona e continua viva na luta pela permanência. Os friulanos agora têm dois pontos de vantagem sobre o Crotone, 18º colocado. A vitória foi conquistada sem grande esforço e sem muito sofrimento. Os bianconeri pressionaram desde o princípio de jogo, tendo chances para abrir o placar nos minutos iniciais, com Jantko e Barák.
Foi da dupla checa, aliás, que nasceu o gol da Udinese. Depois de cruzamento de Jantko, a defesa do Hellas falhou e Barák colocou a bola nas redes. Tudor conseguiu armar sua equipe de uma forma em que conseguiu controlar o jogo, sem que o Verona conseguisse se encontrar no confronto. O resultado significou a sexta derrota seguida e a segunda pior marca da história dos mastini, superada apenas pelo fraco desempenho da temporada 1978-79.
Benevento 1-0 Genoa
Diabaté (Brignola)
Tops: Brignola e Puggioni (Benevento) | Flops: Rosi e Iuri Medeiros (Genoa)
O clima era de festa no Ciro Vigorito. Mesmo rebaixado, o Benevento foi ovacionado por seus torcedores em sua última partida em casa pela Serie A: com bandeiras, mosaicos e cânticos, os torcedores apoiaram a equipe sannita do começo ao fim do jogo. Diabaté, o grande destaque da equipe na segunda parte da temporada, tratou de completar a festa com um gol já nos minutos finais, após um contra-ataque puxado desde o campo de defesa por Brignola – grata revelação da temporada giallorossa. Vitória merecida, pois o Benevento tomou as rédeas da partida desde o início, sufocou um Genoa de férias e criou as melhores oportunidades, embora o goleiro Puggioni tenha se destacado com boas defesas.
*Os nomes entre parênteses após os autores dos gols se referem aos responsáveis pelas assistências
Seleção da rodada
Consigli (Sassuolo); Lemos (Sassuolo), De Vrij (Lazio), Albiol (Napoli); Adjapong (Sassuolo), Padoin (Cagliari), Giaccherini (Chievo), De Silvestri (Torino); Brignola (Benevento), Belotti (Torino), Politano (Sassuolo). Técnico: Diego López (Cagliari).