Serie A

Balanço do primeiro turno da Serie A, parte 1: o meio da tabela e a zona de rebaixamento

O Campeonato Italiano 2018-19 não deu folga para as equipes e os torcedores nas festas do final de 2018: foram três rodadas em uma única semana. A Serie A fica parada por duas semanas, e retorna com o segundo turno, no dia 19 de janeiro. Antes disso, tivemos as oitavas de final da Coppa Italia e teremos a decisão da Supercopa Italiana, entre Juventus e Milan. Ou seja, 2019 já se apresenta frenético.

Durante a pausa da competição de pontos corridos, trazemos um resumo sobre o que as 20 equipes produziram no primeiro turno e uma projeção do que vem por aí. Nosso especial está dividido em duas partes, com 10 times cada uma. Começamos com as equipes classificadas entre a 20ª e a 11ª posições e, no próximo texto, falaremos sobre a metade de cima da tabela. Boa leitura!

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Chievo

20ª posição. 19 jogos, 8 pontos. 1 vitória, 8 empates, 10 derrotas. 14 gols marcados, 35 sofridos. Punido com 3 pontos por fraude fiscal.
Time-base: Sorrentino; Rossettini, Bani, Barba; Depaoli, Rigoni, Radovanovic, Hetemaj, Birsa (Obi); Giaccherini (Meggiorini, Pellissier), Stepinski.
Treinadores: Lorenzo D’Anna (até a 8ª rodada), Gian Piero Ventura (entre a 9ª e a 12ª) e Domenico Di Carlo (desde então)
Destaque: Sergio Pellissier, atacante
Artilheiro: Mariusz Stepinski, com 4 gols
Garçom: Valter Birsa, com 2 assistências
Decepção: Manuel Pucciarelli, atacante
Expectativa: Não ser rebaixado

Desde que estreou na elite da Itália, em 2001, o Chievo só foi rebaixado uma vez – seis anos depois, em 2007. Para escapar da segundona nesta temporada, o time do Vêneto precisará de um milagre similar ao que lhe fez ficar com a quinta posição na Serie A 2001-02 e ganhar uma vaga na Copa Uefa: os burros voadores ganharão os céus novamente? A chegada do técnico Domenico Di Carlo deu certa esperança aos torcedores, mas o aproveitamento no segundo turno precisará ser superior aos 50% para que os clivensi escapem da degola. Mais precisamente, para alcançar os 40 pontos e não correr riscos, a equipe veronesa precisará conquistar 56% dos 57 ainda em disputa. Na primeira parte do campeonato, o aproveitamento do time foi inferior a 20% – com o atual treinador, subiu para ainda insuficientes 29,6%.

Naturalmente, o necessário salto de qualidade só acontecerá se a equipe vencer suas partidas. Até agora, Di Carlo ao menos reduziu a quantidade de derrotas do time, uma vez que somou cinco empates em sete jogos no comando dos vênetos. Parece pouco, mas superou (e muito) os trabalhos que vinham fazendo Lorenzo D’Anna e Gian Piero Ventura – escolhas arriscadas feitas pela diretoria tendo em vista o momento conturbado da equipe. A única vitória na Serie A ocorreu frente ao Frosinone, na última rodada de 2018. Um bom presságio? Para que o triunfo não seja apenas chuva de verão, a equipe do nordeste italiano precisará de mais criatividade – ou seja, um substituto para Birsa, negociado com o Cagliari, e uma maior participação de Giaccherini. Não dá para esperar que o veteraníssimo Pellissier e o paradão Stepinski tirem coelhos da cartola o tempo todo.

Frosinone

19ª posição. 19 jogos, 10 pontos. 1 vitória, 7 empates, 11 derrotas. 12 gols marcados, 37 sofridos.
Time-base: Sportiello; Capuano, Goldaniga, Ariaudo (Salamon, Kranjc); Zampano, Chibsah, Maiello, Beghetto (Molinaro); Campbell (Cassata, Crisetig), Ciano; Ciofani (Perica, Pinamonti).
Treinadores: Moreno Longo (até a 16ª rodada) e Marco Baroni (desde então)
Destaque: Camillo Ciano, atacante
Artilheiro: Camillo Ciano, com 4 gols
Garçom: Joel Campbell, com 3 assistências
Decepção: Stipe Perica, atacante
Expectativa: Não ser rebaixado

Time mais frágil da Serie A, o Frosinone só não segura a lanterna da competição por causa da punição de 3 pontos sofrida pelo Chievo. Com apenas 10 até agora, a equipe parece destinada a fazer seu segundo bate-volta no Campeonato Italiano: tem o pior ataque e a pior defesa do certame, além de nenhuma perspectiva de melhora. Além disso, os ciociari passaram sete dos nove jogos como visitante sem marcar um gol sequer (o pior índice da Europa) e apenas quando conquistaram sua única vitória, sobre o Genoa, balançaram as redes mais de uma vez numa mesma partida. A bem da verdade, poucos jogadores têm rendido de acordo com a exigência necessária: apenas o goleiro Sportiello e o atacante Ciano, basicamente. Maiello, Campbell e Pinamonti têm seus lampejos.

O Frosinone não vence desde outubro e escolheu um “médico” com poucas qualificações para tratar do problema. Afinal, o técnico Marco Baroni tem pouca experiência na elite e não tem um triunfo sequer na Serie A. Ademais, perdeu 12 dos 15 jogos realizados – por três equipes diferentes, incluindo o Frosinone. Nove deles foram à frente do pavoroso Benevento do primeiro turno pavoroso da última temporada. Por enquanto, o clube pouco se movimentou no mercado: só contratou o meia Valzania, que estava encostado na Atalanta, e em substituição a Soddimo. Sem que reforços de qualidade sejam contratados (ao menos um por setor), não haverá escapatória.

Bologna

18ª posição. 19 jogos, 13 pontos. 2 vitórias, 7 empates, 10 derrotas. 15 gols marcados, 29 sofridos.
Time-base: Skorupski; Calabresi, Danilo, Helander; Mattiello, Poli, Dzemaili (Nagy), Svänberg, Krejci (Mbaye); Santander, Palacio (Orsolini).
Treinador: Filippo Inzaghi
Destaque: Federico Santander, atacante
Artilheiro: Federico Santander, com 5 gols
Garçons: Mattias Svänberg, Rodrigo Palacio e Federico Santander, com 2 assistências
Decepção: Mattia Destro, atacante
Expectativa: Não ser rebaixado

A temporada 2005-06 foi a primeira da Serie A no modelo atual: 20 equipes e vitória valendo 3 pontos. Desde então, o Bologna nunca havia tido um desempenho tão ruim num primeiro turno: antes da atual campanha, a pior tinha sido a de 2013-14, na qual os felsinei somaram 16 pontos na metade inicial do torneio e acabaram rebaixados, na penúltima colocação. Mesmo assim, a diretoria mantém a confiança em Pippo Inzaghi, que nem tem dado motivos para tanto crédito: até agora, seu trabalho é bastante pobre de ideias e está aquém do esperado, uma vez que o ex-atacante havia feito um Venezia muito mais limitado produzir mais. Fato é que, mais uma vez, os sócios canadenses do Bologna escolhem um técnico inadequado para as ambições que os seus investimentos indicam. Um rebaixamento seria um baque para Joey Saputo, mas poderia lhe servir de alerta: sempre há riscos de entregar uma Ferrari nas mãos de quem acabou de tirar sua habilitação.

Prestigiado, Pippo ganhou os bons reforços de Roberto Soriano e Nicola Sansone para a continuidade de seu trabalho. A dupla deve devolver ao Bologna duas características presentes no elenco do ano anterior, que desapareceram devido ao momento de baixa de algumas peças úteis, como Dzemaili, Pulgar e Donsah: com os ex-jogadores do Villarreal, o time emiliano ganha em arremates de fora da área e maior contribuição de meias/pontas na construção e na finalização das jogadas. Agora, a tendência é que Santander e Palacio não fiquem tão isolados e dependentes da criação de Mattiello. O veterano atacante argentino faz o que pode, mas já está prestes a completar 37 anos e o corpo não responde da mesma forma que antes. Com isso, o peso fica ainda maior para o paraguaio, que já anotou um terço dos gols do time e mostrou claros sinais de cansaço em dezembro. Isso não justifica, claro, que Inzaghi tenha optado por Destro em seu lugar em algumas ocasiões.

Empoli

17ª posição. 19 jogos, 16 pontos. 4 vitórias, 4 empates, 11 derrotas. 22 gols marcados, 37 sofridos.
Time-base: Provedel (Terracciano); Veseli, Silvestre, Maietta; Di Lorenzo, Krunic, Bennacer (Capezzi), Acquah (Zajc, Traoré), Antonelli (Pasqual); Caputo, La Gumina.
Treinadores: Aurelio Andreazzoli (até a 11ª rodada) e Giuseppe Iachini (desde então)
Destaque: Francesco Caputo, atacante
Artilheiro: Francesco Caputo, com 9 gols
Garçom: Rade Krunic, com 3 assistências
Decepção: Salih Uçan, meia
Expectativa: Não ser rebaixado

O Empoli retornou à Serie A com a expectativa de ser um time despudorado. Afinal, teve o segundo melhor ataque da história da segundona, com 90 gols, sob as ordens de Andreazzoli. A equipe perdeu parte do poderio ofensivo pelo fato de Alfredo Donnarumma ter sido negociado com o Brescia, mas manteve um bom nível de produtividade no ataque porque Caputo finalmente deslanchou na elite. Ciccio estreou na competição em 2010, mas não foi bem e desde então rodou por clubes da Serie B, sem conseguir nova oportunidade na máxima divisão. Aos 31 anos, o capitão já marcou nove gols no certame e poderia ter feito mais, não fossem alguns erros cara a cara com a meta adversária. Ainda assim, é ele que tem comandado os azzurri, agora treinados por Iachini.

Caputo tem três fieis escudeiros: os meias Krunic e Zajc, sempre muito participativos, e o lateral-direito Di Lorenzo, grata surpresa na temporada dos toscanos. Zajc perdeu um pouco de espaço desde a chegada do atual treinador, que prefere ter dois meias mais marcadores no meio (Traoré, Acquah ou Bennacer, geralmente), mas os mecanismos ofensivos continuam sendo bem executados – agora no 3-5-2, em vez do 4-3-2-1 do antecessor. O sistema defensivo, por sua vez, tem várias lacunas: os goleiros não têm alto nível, os zagueiros titulares carecem de qualidade e os reservas ainda são muito jovens. A venda de Traoré para a Fiorentina (o jogador permanece até o fim do campeonato) deve abrir as portas para a chegada de reforços para a zaga. A torcida, porém, espera que Iachini – um notório retranqueiro – não mude a forma de jogar do time. Fugindo às suas características, o ex-volante fez seu melhor trabalho no Palermo de Paulo Dybala e Franco Vázquez, e tirou também o Empoli da zona do rebaixamento. Que tal manter a mesma toada?

Spal

16ª posição. 19 jogos, 17 pontos. 4 vitórias, 5 empates, 10 derrotas. 15 gols marcados, 27 sofridos.
Time-base: Gomis; Cionek, Vicari (Bonifazi), Felipe; Lazzari, Missiroli, Schiattarella, Kurtic, Fares; Petagna, Antenucci.
Treinador: Leonardo Semplici
Destaque: Manuel Lazzari, lateral-direito
Artilheiro: Andrea Petagna, com 6 gols
Garçom: Manuel Lazzari, com 5 assistências
Decepção: Johan Djourou, zagueiro
Expectativa: Não ser rebaixada

A Spal de 2018-19 tem desempenho levemente superior ao da última temporada, mais jogadores em bom momento individual e conseguiu quebrar um jejum de mais de 50 anos sem vencer a Roma no Olímpico. Mesmo assim o torcedor biancazzurro terminou o ano preocupado: afinal, a equipe conquistou todas as suas vitórias até a 9ª rodada (três delas nos quatro primeiros jogos) e não triunfa desde outubro. Portanto, não fosse o ótimo início, Leonardo Semplici e sua trupe poderiam estar numa situação bem menos confortável. Pela qualidade mostrada, no entanto, é possível colocar a equipe de Ferrara em vantagem sobre seus concorrentes na corrida pela salvação.

Embora os spallini estejam com dificuldades de obter vitórias – e mesmo de somar os empates que lhe garantiram valiosos pontos na última campanha –, as chegadas de Kurtic e Petagna deixaram a equipe mais objetiva e perigosa. Artilheiro da equipe no ano passado, Antenucci tem atuado mais como garçom, em suporte ao centroavante, que se ambientou muito bem ao clube em que seu avô Francesco foi idolatrado como treinador: já é a melhor temporada de Andrea na Serie A. Kurtic, com garra e técnica no meio-campo, tem colaborado, mas o grande destaque é mesmo o ala Lazzari, que evoluiu muito na temporada e está imparável no flanco destro. Não seria absurdo vê-lo retornar às convocações da seleção italiana e/ou trocar de clube ao fim da campanha.

Udinese

15ª posição. 19 jogos, 18 pontos. 4 vitórias, 6 empates, 9 derrotas. 16 gols marcados, 23 sofridos.
Time-base: Musso (Scuffet); Stryger, Ekong, Nuytinck; Pussetto (Ter Avest), Fofana, Behrami, Mandragora, Samir; De Paul, Lasagna.
Treinadores: Julio Velázquez (até a 12ª rodada) e Davide Nicola (desde então)
Destaque: Rodrigo De Paul, meia-atacante
Artilheiros: Rodrigo De Paul, com 6 gols
Garçons: Rodrigo De Paul, Ignacio Pussetto e Jens Stryger Larsen, com 3 assistências
Decepção: Felipe Vizeu, atacante
Expectativa: Não ser rebaixada

A Udinese teve mais sorte do que juízo no primeiro turno. Redimensionada nos últimos anos, por causa de uma nova e esquisita política de investimentos da família Pozzo, a equipe bianconera viu alguns jogadores importantes caírem de rendimento bruscamente (Samir, Barák e Lasagna) e contratações não darem certo: o atacante Teodorczyk se lesionou e Felipe Vizeu não se adaptou. Nem mesmo com tantas lacunas ofensivas, o brasileiro mereceu chances reais de Velázquez e Nicola – treinadores contestáveis, vale salientar – e já retornou ao nosso país, emprestado ao Grêmio. A equipe conseguiu ficar mais de um ano sem marcar mais de um gol em casa: apenas na saideira de 2018, contra o Cagliari, derrubou o tabu.

Para contrastar com tantas decepções, uma grande notícia. Após duas temporadas de irregularidade no próprio Friuli, o argentino De Paul finalmente estourou. Em seu melhor momento como profissional, o camisa 10 é a alma da equipe e lhe garantiu 11 pontos com gols decisivos – nem estamos incluindo as assistências nessa conta. Outros argentinos que se ambientaram bem foram o goleiro Musso e o lépido ponta Pussetto, que tem feito dupla insinuante com o próprio De Paul. Ao lado do tridente Fofana-Behrami-Mandragora e do versátil Stryger, os portenhos formam a espinha dorsal do time de Údine. Caso Lasagna e Barák voltem a atuar num nível aceitável, as chances de as zebras escaparem do descenso com alguma folga crescem muito. Caso contrário, o sofrimento vai se arrastar até o fim da Serie A.

Genoa

14ª posição. 19 jogos, 20 pontos. 5 vitórias, 5 empates, 9 derrotas. 25 gols marcados, 35 sofridos.
Time-base: Radu; Biraschi, Romero (Spolli, Günter), Criscito; Rômulo, Hiljemark, Sandro (Pedro Pereira, Pandev), Lazovic; Bessa; Kouamé, Piatek.
Treinadores: Davide Ballardini (até a 8ª rodada), Ivan Juric (entre a 9ª e a 14ª; além de jogo atrasado da 1ª rodada) e Cesare Prandelli (desde então)
Destaque: Krzysztof Piatek, atacante
Artilheiro: Krzysztof Piatek, com 13 gols
Garçons: Christian Kouamé e Domenico Criscito, com 3 assistências
Decepção: Gianluca Lapadula, atacante
Expectativa: Meio da tabela

Desde a segunda gestão de Gian Piero Gasperini, entre 2013 e 2016, o Genoa não era tão bem falado. Poderíamos até estar elogiando a equipe rossoblù com maior intensidade, não fossem os arroubos intempestivos do presidente Enrico Preziosi. O cartola trata o clube como um dos brinquedos de sua fábrica (sim, ele é empresário do ramo de jogos infantojuvenis): além de ter demitido o técnico Ballardini sem qualquer motivo aparente, em outubro, entregou os grifoni a Juric, um dos profissionais em circulação com pior aproveitamento na elite. A tentativa de reparar os danos causados por ele próprio, ao acertar com Prandelli, é extremamente válida. O problema é que Preziosi estuda negociar Piatek e Kouamé ainda em janeiro. São os dois principais jogadores do time na atual campanha.

Com Ballardini no comando, Piatek e seu veloz escudeiro Kouamé começaram a todo vapor, auxiliados ainda pelos experientes Rômulo e Criscito – o italiano muitas vezes atuou como ala pela esquerda e foi bem no papel. O bomber polonês, vice-artilheiro do campeonato, marcou nove gols em sete jogos com o primeiro treinador, ajudando a equipe a ficar na metade de cima da tabela. Juric simplesmente destruiu tudo o que havia sido construído e, com apenas três pontos somados em sete rodadas, foi mandado embora. Com Prandelli, os genoveses ainda não chegaram a se acertar de fato, mas reencontraram alguma unidade, o caminho das vitórias e os gols de Piatek. Por quanto tempo isso vai durar? Só Preziosi sabe. Ou não.

Cagliari

13ª posição. 19 jogos, 20 pontos. 4 vitórias, 8 empates, 7 derrotas. 17 gols marcados, 25 sofridos.
Time-base: Cragno; Srna, Pisacane (Klavan), Romagna (Ceppitelli), Padoin; Ionita, Bradaric, Barella; Castro (Diego Farias, Sau); João Pedro, Pavoletti.
Treinador: Rolando Maran
Destaque: Nicolò Barella, meia
Artilheiro: Leonardo Pavoletti, com 6 gols
Garçons: Darijo Srna e João Pedro, com 3 assistências
Decepção: Marco Andreolli, zagueiro
Expectativa: Meio da tabela

Derrotar o Cagliari, especialmente na Sardenha, foi uma das tarefas mais difíceis para os outros clubes da Serie A no primeiro turno. A equipe rossoblù já empatou oito vezes (menos apenas que o Torino) e só caiu uma vez em seus domínios, na oitava das nove partidas realizadas como mandante, nos acréscimos do duelo contra o Napoli. Méritos para Maran, que é um dos grandes especialistas em montar sistemas defensivos sólidos, especialmente quando tem um meio-campo combativo à disposição. É o caso do Cagliari, que tem o faz-tudo Barella como seu maior símbolo de dedicação.

A evolução de Barellino (que atrai o interesse de outros clubes) puxa o nível de outros jogadores para cima. Ionita voltou a apresentar-se bem, como nos tempos de Verona, enquanto Bradaric e Srna rapidamente se adaptaram à equipe. O brasileiro João Pedro também teve bons momentos como atacante e, após a lesão de Castro, em sua função original, como trequartista. Nos extremos do time, temos mais dois destaques: o goleiro Cragno tem mostrado grande melhora, está cada vez mais ágil e seguro, e faz por merecer as convocações para a Nazionale. Já o centroavante Pavoletti continua implacável em jogadas pelo alto, embora não tenha muita técnica. Competir por vagas europeias é algo bastante improvável, mas a torcida já se dará por satisfeita com um fim de campeonato tranquilo, tal qual 2016-17, longe dos riscos corridos no ano passado.

Parma

12ª posição. 19 jogos, 25 pontos. 7 vitórias, 4 empates, 8 derrotas. 17 gols marcados, 23 sofridos.
Time-base: Sepe; Iacoponi, Bruno Alves, Gagliolo, Gobbi (Bastoni); Rigoni (Scozzarella), Stulac, Barillà; Gervinho, Inglese, Siligardi (Di Gaudio, Biabiany).
Treinador: Roberto D’Aversa
Destaque: Gervinho, atacante
Artilheiros: Gervinho e Roberto Inglese, com 5 gols
Garçom: Antonino Barillà, com 2 assistências
Decepção: Amato Ciciretti, atacante
Expectativa: Meio da tabela

Parece que o Parma estava na Serie D há quatro anos e vem de três acessos consecutivos? Uma das sensações do primeiro turno, a equipe treinada por D’Aversa e comandada pela dupla Gervinho-Inglese só retorna para a segundona se um desastre acontecer – está virtualmente salva, considerando que precisa de menos de um ponto por rodada para garantir a manutenção na elite. Na verdade, os ducali estão a apenas cinco pontos da zona de classificação para a Liga Europa e até podem sonhar com mais, embora um campeonato tranquilo já seja mais do que suficiente para uma torcida que comeu o pão que o diabo amassou de 2014 até 2018.

A pré-temporada indicava um cenário mais tortuoso para os parmenses, que superam as expectativas. Sem experiência anterior na Serie A, D’Aversa não sentiu o peso do desafio e montou um time que consegue ser competitivo, mesmo com peças questionáveis entre aquelas mais utilizadas. Siligardi, Barillà e Gagliolo já haviam fracassado anteriormente na elite, e Iacoponi, do alto de seus 31 anos, só recebera oportunidades em divisões inferiores. Sem falar no goleiro Sepe, que não tem muita técnica e estava encostado havia três anos (um na Fiorentina e dois no Napoli), mas tem correspondido como titular absoluto. Apesar de tudo isso, os destaques máximos da equipe são veteranos ou jogadores com maior rodagem, como os já citados Gervinho e Inglese – sem o marfinense em campo, por exemplo, os crociati só venceram o Genoa. Na defesa, Bruno Alves faz mais uma grande temporada no futebol italiano, que parece ser o seu eldorado: o português, que já havia ido muito bem no Cagliari, dois anos atrás, repete o bom desempenho.

Sassuolo

11ª posição. 19 jogos, 25 pontos. 6 vitórias, 7 empates, 6 derrotas. 30 gols marcados, 32 sofridos.
Time-base: Consigli; Lirola, Marlon, Ferrari, Rogério; Duncan, Locatelli (Magnanelli), Bourabia (Sensi); Berardi, Boateng (Babacar), Di Francesco (Magnani).
Treinador: Roberto De Zerbi
Destaque: Alfred Duncan, meia
Artilheiro: Khouma Babacar, com 5 gols
Garçom: Domenico Berardi, com 3 assistências
Decepção: Mauricio Lemos, zagueiro
Expectativa: Meio da tabela

O Sassuolo de De Zerbi é um time que tem duas versões em dois sentidos. O primeiro, inofensivo, é tático: o treinador alterna entre o 4-3-3 e o 3-4-3, geralmente deixando um entre o zagueiro Magnani e o ponta Di Francesco no banco. O outro motivo é comportamental, no melhor estilo Dr. Jekyll e Mr. Hyde. Nas primeiras seis rodadas, a equipe neroverde somou quatro de suas seis vitórias e chegou a dar a impressão de que poderia brigar fortemente por uma vaga na Liga Europa. Hoje, após vencerem apenas dois dos 13 compromissos posteriores, os emilianos continuam próximos da zona europeia, mas a expectativa da torcida é bem inferior. O sentimento é de que terminar a temporada de forma tranquila está mais do que suficiente – vale lembrar que o Sassuolo correu sérios riscos de rebaixamento em 2017-18.

O ofensivo De Zerbi surpreendeu ao escalar Prince Boateng como centroavante, no início da temporada, e colheu frutos como posicionamento do ganês nascido na Alemanha. Duncan, seu compatriota, ocupa mais uma vez uma posição de protagonista do time, exercendo uma fundamental função de conexão entre os setores defesa e ataque: é o mais qualificado para destruir e criar, seguido por Locatelli, e atrai o interesse da dupla de Milão. Berardi não se tornou o craque que esperávamos e está distante dos olhares das potências, mas segue importante para o Sassuolo, com boas atuações, três gols e três assistências – o mesmo raciocínio vale para Babacar, que vez ou outra comparece para balançar as redes adversárias. Por fim, a defesa: os números a colocam como quinta mais vazada do torneio, mas goleadas sofridas frente a Milan e Atalanta mascaram o bom momento individual dos titulares do setor.

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