Serie A Mercado

O mercado de inverno não é a mesma coisa sem o Genoa de Enrico Preziosi

A janela de transferências de janeiro é considerada por muitos uma época de reparação. É o momento de tentar ajustar uma peça ou outra no elenco, talvez substituir algum lesionado ou então faturar em cima da explosão de um jogador no primeiro turno. No entanto, este período ganha outro sentido com Enrico Preziosi: no seu Genoa, o inverno é sempre quente e movimentado. Mais uma vez, inclusive, o clube da Ligúria foi o que mais agitou o mercado no último mês.

Se Cagliari e Empoli contrataram mais jogadores – respectivamente dez e nove –, os grifoni trouxeram sete novos reforços para Cesare Prandelli, que certamente teve palavra na escolha dos nomes, graças a sua influência e a necessidade de recuperar a equipe. Por outro lado, foi registrada a mesma quantidade de saídas, com destaque para a transação envolvendo o artilheiro Krzysztof Piatek. O polonês foi cedido ao Milan e ostenta o status de maior venda da história do clube.

É justamente no inverno que o Genoa costuma faturar mais, por sinal. Das suas cinco maiores vendas, quatro aconteceram no meio da temporada: Pietro Pellegri (Monaco, janeiro de 2018), Andrea Ranocchia (Inter, janeiro de 2011) e Leonardo Pavoletti (Napoli, janeiro de 2017) também entram na milionária lista, encabeçada por Piatek. Ainda é cedo para avaliarmos os possíveis efeitos da venda do camisa 9 na atual campanha, mas o Genoa já passou por maus bocados ao negociar seu artilheiro com o campeonato em andamento. A saída de Pavoletti, atualmente no Cagliari, não foi um bom negócio para o clube.

Na temporada 2016-17, o time de Ivan Juric despencou na tabela no segundo turno, o que levou à substituição do treinador por Andrea Mandorlini. O ex-líbero da Inter foi tão mal quanto e logo o croata retornou para obter uma suada salvezza. Na época, outras importantes perdas foram as dos meias centrais Tomás Rincón e Edenílson, enquanto os jovens Leonardo Morosini e Andrea Beghetto não renderam – muito menos Rubinho, Adel Taarabt, Raffaele Palladino e Mauricio Pinilla.

Chegou, impressionou e já partiu: Piatek quebrou recordes com rapidez no Genoa (LaPresse)

Entre 2011 e 2013, o clube não viveu bons anos e as movimentações em janeiro tampouco ajudaram. Em janeiro de 2012, aliás, aconteceu exatamente o contrário. Dario Dainelli e Alexander Merkel desfalcaram o time rossoblù e Roger Carvalho e Davide Biondini não foram grandes substituições. Por sua vez, os experientes Alberto Gilardino e Giuseppe Sculli não corresponderam de início, fazendo a equipe cair da 10ª posição para a primeira acima da zona de rebaixamento.

No ano seguinte, a situação foi ainda pior, uma vez que o time já estava muito mal no primeiro turno e os reforços de janeiro em nada contribuíram para a situação melhorar. A missão de evitar o descenso só não foi mais complicada porque o Palermo – do igualmente vendilhão Maurizio Zamparini – caía pelas tabelas. É impossível esconder, contudo, que as contratações de Daniele Portanova, Thomas Manfredini, Mattia Cassani, Eros Pisano, Marco Rigoni, Rubén Olivera e Matuzalém não trazem grandes reminiscências para a torcida rossoblù.

De qualquer forma, nem sempre o inverno trouxe más notícias para o Genoa. A última época foi um dos tantos exemplos em que as negociações melhoraram o elenco grifone – ainda que o principal responsável pela melhora tenha sido o treinador Davide Ballardini. O comandante tirou o time da zona de rebaixamento e o conduziu para uma salvezza tranquila, com a contribuição de Daniel Bessa e Oscar Hiljemark, que continuaram ocupando posição de relevo no elenco desta temporada.

Crescimento e salvação também foram palavras de ordem de 2015-16. Naquela campanha, a equipe de Gian Piero Gasperini fez um ótimo segundo turno e terminou o campeonato em posição confortável, após flertar com o rebaixamento. No inverno, enquanto faturou com as vendas de Diego Perotti e da promessa Rolando Mandragora, reforços como Suso e Luca Rigoni se provaram decisivos. O grande destaque fica para o atual craque do Milan, que explodiu na Serie A com o Genoa, atingindo a posteriori, no clube da Lombardia, o potencial que tardava a dar as caras.

Até o momento, Sanabria tem honrado a 9 vestida anteriormente por Piatek (Getty)

Na temporada anterior, o fenômeno Pavoletti foi uma mão na roda para Gasperini não apenas manter a equipe na parte superior da tabela, como melhorar a sua posição: foi a sexta colocada. Em 2014-15, o Genoa só não conseguiu uma vaga na Liga Europa porque a Uefa lhe negou a licença por causa de problemas na formalização dos balanços fiscais – não havia débitos, mas erros documentais. Naqueles meses, a equipe contou com boas prestações dos contratados M’Baye Niang e Tino Costa, além de Diego Laxalt. O uruguaio teve início irregular, mas mais tarde se provaria um investimento certeiro.

Agora, a missão de Prandelli é, a princípio, procurar fazer um segundo turno mais tranquilo em Gênova. Num segundo momento, reconduzir o Vecchio Balordo a um patamar que, desde que retornou à elite, em 2007, só teve durante as duas gestões de Gasperini: com o atual técnico da Atalanta, os grifoni brigavam na parte superior da tabela. Para tanto, os principais reforços ocorreram nos setores de meio-campo e ataque. Stefano Sturaro, Ivan Radovanovic e Lukas Lerager deram gás novo para a zona central do gramado, ao passo em que Antonio Sanabria começou bem a tarefa de substituir Piatek e já anotou dois gols providenciais.

Se Jandrei dificilmente desbancará Andrei Radu e, ao menos por enquanto, será opção de banco, há expectativa sobre o lateral-esquerdo Giuseppe Pezzella. Jogador das seleções de base italianas, Pezzella estagnou na Udinese, clube em que passou os últimos meses, e espera recuperar a forma de quando surgiu no Palermo. Outro nome para ficar de olho é o do desconhecido András Schäfer, jovem húngaro elogiado no seu país. Por falar em promessas, Mattia Zennaro (Venezia) e Filip Jagiello (Zaglebie) já foram garantidos para o verão, enquanto Ianis Hagi, meia-atacante que passou pela Fiorentina e é filho do lendário Gheorghe Hagi, pode ser o próximo a assinar contrato.

A única frustração da janela ficou por conta da falta de reforços para o flanco destro. Isso pode ser aplacado pelo fato de que Darko Lazovic, que já tem feito boa temporada, deve retornar à sua função original na ponta direita. No entanto, a diretoria pecou em ter emprestado o titular Rômulo para a Lazio e não conseguir contratar Kingsley Ehizibue ou Fabio Depaoli, que deveriam assumir a lateral direita. Atualmente, a função é ocupada pelo zagueiro Davide Biraschi, que também quebra um galho por ali e deve manter a vaga no time titular.

Compartilhe!

Deixe um comentário