A seleção italiana fez sua segunda partida pelas Eliminatórias da Euro 2020 e manteve o 100% de aproveitamento ao golear a fraca seleção do principado de Liechtenstein. Sabendo da fragilidade do adversário, cuja última vitória havia sido em setembro de 2018, o treinador Roberto Mancini decidiu testar alguns jovens que estão começando suas trajetórias com a camisa da Itália, entre eles Kean, Sensi, Zaniolo e Gianluca Mancini – esse último fez sua estreia. Todos passaram no teste e parecem prontos para futuras convocações.
Nos jogos contra a própria equipe alpina e Finlândia, no sábado, Kean, atacante da Juventus, foi um que se destacou, e alcançou o feito de ser o mais jovem a balançar as redes em dois jogos consecutivos com a camisa azzurra. Em contraste, o “vovô” Quagliarella voltou a entrar em campo pela seleção, algo que não acontecia desde novembro de 2010, e com 36 anos e 54 dias, tornou-se o mais velho da história a marcar pela Nazionale.
Nesta terça, a Itália foi escalada no 4-3-3, com sete mudanças em relação ao jogo anterior contra a Finlândia. Os primeiros minutos foram de absoluta superioridade italiana. Logo no sétimo minuto, a Itália efetuou a primeira finalização ao gol com Quagliarella, pegando o rebote de sua própria cobrança de falta, mas Büchel mandou pra escanteio. Dez minutos mais tarde, Spinazzola encontrou o baixinho Sensi completamente livre: mesmo assim, o regista do Sassuolo foi bem no lance e abriu o placar com bela cabeçada.
Os visitantes ficaram acuados durante todo o primeiro tempo e mal conseguiam passar do meio-campo. Uma das poucas oportunidades de ataque veio em jogada de escanteio, porém não exigiu muito de Sirigu. A Itália, que não estava acomodada, ampliou a contagem aos 31 minutos, com Verratti. O meia ganhou disputa de bola dentro da área, driblou dois adversários e finalizou no canto esquerdo do goleiro.
A esperança de qualquer reação de Liechtenstein foi por água a baixo ainda no primeiro tempo, com dois toques de mão dentro da área. O primeiro deles ocorreu aos 33 minutos, na finalização torta de Verratti que acidentalmente acertou o braço de Hasler, enquanto o segundo aconteceu no último lance antes do intervalo, num lindo ataque coletivo bloqueado irregularmente por Kaufmann: o defensor se atirou na bola e a bloqueou com o braço direito, em cima da linha do gol, e por isso recebeu o cartão vermelho. Quagliarella converteu as duas cobranças batendo forte, à meia altura, e as equipes desceram para o vestiário com 4 a 0 no placar.
No segundo tempo o panorama não mudou muito e o jogo, que já estava com cara de amistoso, ficou ainda mais fácil. Com um jogador a mais, a Itália poderia diminuir o ritmo, entretanto não foi isso o que aconteceu, já que havia muitos novatos querendo mostrar serviço para Roberto Mancini. A nova postura da seleção, incentivada pelo técnico a produzir um jogo sempre dominante, também colaborou para isso.
Com tal “fome”, a Squadra Azzurra continuou atacando com a mesma frequência, principalmente pelo setor esquerdo, onde Spinazzola teve bastante espaço para subir para o ataque e participar das jogadas de perigo. E foi dos pés dele que saiu a jogada do quinto gol. O lateral da Juventus fintou dentro da grande área e fez cruzamento para Quagliarella, que escorou para Kean marcar seu segundo gol em 158 minutos com a camisa da seleção.
Quem deu números finais à partida foi Pavoletti, centroavante que entrou no lugar de Quagliarella. Em seus primeiros toques na bola, o jogador do Cagliari fez o sexto gol no Ennio Tardini, após aproveitar rebote de sua cabeçada fulminante. A partida entre a tetracampeã mundial e a 181ª seleção do ranking da Fifa terminou como previsto: foi um jogo de um time só, no qual a Itália teve 77% de posse de bola, 41 finalizações e superioridade em praticamente todas as estatísticas.
Mancini, que não teve um início glorioso no cargo, começa a inverter os vieses. Contra Liechtenstein, a Itália voltou a golear um adversário (o que não acontecia desde 2017, justamente contra o time do principado) e anotou seis gols num jogo oficial pela primeira vez desde um 6 a 1 contra Malta, em 1993, pelas Eliminatórias para a Copa de 1994. Sem contar que o último 6 a 0 da Nazionale ocorrera em 1962, contra a Turquia, e que desde 2005, na primeira gestão Marcello Lippi, a Squadra Azzurra não passava cinco partidas sem ser vazada. Por fim, é necessário valorizar a própria postura dos jogadores, que se comprometeram com o jogo em toda a sua extensão, querendo protagonizar uma atuação que há muito tempo os torcedores não viam.
Com a segunda vitória no certame, a Itália se isola na liderança do Grupo J das Eliminatórias e Liechtenstein afunda na ultima posição da chave, zerado e com saldo negativo de oito gols. O empate por 2 a 2 entre Bósnia e Grécia facilitou demais a vida dos italianos, que estão isolados com 6 pontos. Tudo azul e céu de brigadeiro na Velha Bota.
Itália 6-0 Liechtenstein
Itália: Sirigu; Mancini, Bonucci (Izzo), Romagnoli, Spinazzola; Sensi, Jorginho (Zaniolo), Verratti; Kean, Quagliarella (Pavoletti), Politano. Treinador: Roberto Mancini
Finlândia: B. Büchel; Wolfinger, Kaufmann, Hofer, Göppel; Sele (Malin), Polverino, Wieser, Kuhne (Meier); Hasler, Salanovic (M. Büchel). Treinador: Helgi Kolviðsson
Gols: Sensi, Verratti, Quagliarella (pênalti), Quagliarella (pênalti), Kean e Pavoletti.
Cartão vermelho: Kaufmann.
Local: Ennio Tardini, em Parma, Itália
Árbitro: Kirill Levnikov (Rússia).
O futuro parece promissor ou menos sofrível!