Serie A

31ª rodada: a um ponto do octa, Juve está alheia à acirrada corrida por vagas europeias

A 31ª rodada quase teve grito de campeã – na verdade, de octacampeã. A Juventus, mesmo desfalcada, fez valer a hegemonia sobre o Milan no Allianz Stadium, graças à sensação Moise Kean. O garoto de 19 anos, que ouviu gritos racistas da torcida do Cagliari na rodada passada, continua decidindo para a Velha Senhora e, por muito pouco, não foi o autor do gol que confirmou o título.

Isso porque a Juve precisava de uma derrota do Napoli para ser campeã com sete rodadas de antecedência – o que seria um recorde na Itália. O time azzurro tropeçou, mas ficou no empate com o Genoa em casa e adiou por pelo menos uma rodada a conquista da taça bianconera. Basta um ponto em Ferrara, contra a Spal, para que a matemática vaticine o oitavo scudetto seguido dos juventinos.

Mais abaixo na tabela, a briga pelas vagas europeias está cada vez mais embolada. Pela Champions League, a Atalanta teoricamente corre por fora, mas chegou de vez e empatou com o Milan no número de pontos: na quinta e na quarta posição, respectivamente, as equipes somam 52 pontos. Um pouco atrás, Roma, Lazio e Torino continuam firmes na perseguição à dupla. Na parte de baixo da tabela, o Empoli voltou ao grupo dos três últimos colocados graças à derrota para a Udinese e o triunfo do Bologna, que praticamente decretou a queda do Chievo. O Frosinone, por sua vez, mantém sua trajetória ascendente: ainda dá para escapar? Confira o resumo dos confrontos.

Juventus 2-1 Milan
Dybala (pênalti) e Kean (Pjanic) | Piatek (Bakayoko)

Tops: Kean (Juventus) e Piatek (Milan) | Flops: Bonucci (Juventus) e Musacchio (Milan)

O grande jogo da rodada fez valer a sua expectativa. Juventus e Milan fizeram um duelo pegado desde o apito inicial e polêmicas não faltaram no clássico. No final das contas, a Velha Senhora conquistou sua 12ª vitória em 12 jogos contra o Diavolo no Allianz Stadium e manteve a excelente fase contra o rival: venceu 12 dos 13 jogos mais recentes. Agora, a equipe está a um ponto de conquistar o oitavo título consecutivo – basta um empate na próxima rodada, contra a Spal. O Milan, em queda de rendimento, vê se complicarem as chances de vaga na próxima Champions League. A equipe não venceu nas últimas quatro rodadas, viu a Atalanta empatar em pontos e tem uma agenda cheia de armadilhas até o fim da Serie A.

Em campo, o elenco da Juve fez diferença. A equipe, que escalou formações diferentes em todas as rodadas, foi a campo com grandes desfalques nessa partida. Ainda sem Cristiano Ronaldo, Allegri perdeu Can no começo da partida, por uma torção, e promoveu a volta aos campos de Khedira, depois de um problema cardíaco. No primeiro tempo, porém, o Milan mandou no jogo. A equipe rossonera teria uma ótima chance de abrir o placar se fosse marcado o pênalti após Alex Sandro cortar cruzamento de Çalnahoglu com o braço. O árbitro Fabbri consultou o VAR, foi ao monitor e, mesmo assim, não assinalou a infração.

Apesar do erro crasso, o Milan abriu o placar em seguida. Piatek, que já havia perdido uma chance de abrir o placar em cabeçada, marcou o seu 21º gol no campeonato. Bonucci saiu jogando errado, entregou a bola para Bakayoko e ainda foi afobado ao dar o bote no francês, deixando o polaco livre para receber e marcar. No segundo tempo, Allegri usou o extenso elenco que tem à disposição, fez alterações táticas e a Juve acordou. Dybala recebeu passe longo de Bonucci e ia direto para a linha de fundo, quando foi derrubado dentro da área por Musacchio, que ingenuamente lhe deu um tranco desnecessário. O próprio camisa 10 cobrou o pênalti e empatou a partida.

Depois do empate, a Juve aumentou exponencialmente seu volume de jogo e encurralou o Milan – que até tentou responder com chutes perigosos de Çalhanoglu e Borini. A virada veio com a sensação de Turim, que substituiu Dybala. Aos 84, Calabria emulou Bonucci e saiu jogando errado; Pjanic aproveitou para roubar a bola e serviu a redonda para Kean, que finalizou no canto e deu números finais à partida. Com isso, o ítalo-marfinense marcou seu quinto gol nas últimas cinco partidas e ainda salvou a pele de Bonucci, que errara no gol rossonero.

Napoli 1-1 Genoa
Mertens (Zielinski) | Lazovic (Pandev)

Tops: Mertens (Napoli) e Radu (Genoa) | Flops: Hysaj (Napoli) e Sturaro (Genoa)

Com a vitória no dia anterior, a Juventus torcia para uma derrota do Napoli para se sagrar campeã com sete rodadas de antecedência. Como os azzurri estão nitidamente desligados da Serie A, já que a vaga na UCL está quase garantida, e o Genoa briga para não cair, a possibilidade não era tão remota assim – e ficou perto de se confirmar. No entanto, o Napoli ampliou sua invencibilidade sobre os grifoni na Serie A para 14 jogos com um empate que foi mais celebrado pelos visitantes.

As principais ações da partida aconteceram no primeiro tempo. Sturaro foi expulso aos 28 minutos, por dar um carrinho forte, com o pé elevado, em Allan, e Mertens deixou sua marca pouco depois. Aos 34, o belga arriscou de fora da área e fez o seu gol número 104 com a camisa partenopea, empatando com Cavani no posto de quarto maior artilheiro do clube. O empate rossoblù foi conquistado antes do intervalo, depois que Pandev puxou contra-ataque e lançou para Lazovic acertar um belíssimo sem-pulo, para a alegria de Prandelli. Milik e Koulibaly tiveram a chance de virar mas a partida no segundo tempo, mas o goleiro Radu fez defesas importantíssimas. O romeno correspondeu nas poucas vezes em que foi chamado em causa, já que a defesa genovesa estava bem postada e evitou chegadas mais incisivas dos donos da casa.

Festa giallorossa: Roma volta a sonhar com vaga na Champions League (LaPresse)

Sampdoria 0-1 Roma
De Rossi

Tops: De Rossi e Zaniolo (Roma) | Flops: Gabbiadini e Tonelli (Sampdoria)

O último jogo de sábado colocou frente a frente dois times que vem oscilando na tabela e quem se deu melhor foi a formação da capital. A Sampdoria costuma ser uma pedra no sapato da Roma, mas dessa vez os giallorossi conseguiram vencer a rival em turno e returno – o que não acontecia desde 2014. Com o triunfo, a equipe de Ranieri voltou a sonhar com a Liga dos Campeões, algo que parecia bem distante devido aos tropeços nas últimas rodadas. Por sua vez, a Samp se distanciou do pelotão que luta por Liga Europa.

No primeiro tempo só deu Sampdoria. Quagliarella, Defrel e Tonelli tiveram oportunidades, mas pararam na defesa da Roma, que teve Mirante no gol por opção do treinador. Como os blucerchiati precisavam de uma vitória em casa, Giampaolo chegou a realizar duas substituições ao mesmo tempo, colocando Jankto e Gabbiadini nos lugares de Saponara e Linetty mas seu tiro saiu pela culatra. A Roma começou melhor a etapa final e marcou o único gol do duelo graças a um erro de Gabbiadini. O atacante mostrou desatenção e não compôs a linha de impedimento com os colegas, deixando De Rossi em condição legal após o desenrolar de uma cobrança de escanteio. Schick cabeceou, Audero deu rebote e o ídolo romanista rebateu, aos 75 minutos. No finalzinho, Gabbiadini e Quagliarella desperdiçaram chances claríssimas e Zaniolo ainda acertou a trave ao tentar marcar um gol olímpico.

Inter 0-0 Atalanta

Tops: Miranda (Inter) e Gollini (Atalanta) | Flops: Perisic (Inter) e Pasalic (Atalanta)

Um empate sem gols certamente não era o que se esperava de um duelo entre os dois times nerazzurri do campeonato – sobretudo após o 4 a 1 bergamasco no primeiro turno. Tanto Inter quanto Atalanta poderiam ter ficando em excelentes condições na busca por seus objetivos, caso tivessem vencido, mas o empate deixou o copo meio cheio para a dupla. A Beneamata não disparou, mas segue em terceiro lugar e aumentou em um ponto a vantagem para o quarto colocado. Cinco pontos atrás está a própria a Dea, que se igualou ao Milan e sonha com a primeira classificação para a Champions League.

De um lado, a Atalanta não pode contar com o goleador Zapata; do outro a Inter teve a volta de Icardi a San Siro após ser reintegrado. O ex-capitão foi vaiado pelos ultras, mas recebeu o apoio de grande parte do estádio. Com a bola rolando, Vecino quase assinou uma pintura com um sem-pulo do meio do campo, mas Gollini evitou com bela defesa. O goleiro voltou a trabalhar ao evitar os gols de Icardi e Nainggolan, que ficaram cara a cara com o gol, mas não finalizaram com perfeição. Muito bem postada na defesa, a Inter só permitiu uma oportunidade para a Atalanta, quando Gagliardini perdeu a posse de bola na frente da área: na sequência da jogada, Gómez não conseguiu completar a jogada de Ilicic.

Lazio 2-2 Sassuolo
Immobile (pênalti) e Lulic (Immobile) | Rogério e Berardi (Sensi)

Tops: Immobile (Lazio) e Berardi (Sassuolo) | Flops: Strakosha (Lazio) e Consigli (Sassuolo)

Um dos quatro empates do final de semana valeu evitou um vexame para a Lazio. No Olímpico, o time da casa saiu na frente, pressionou muito e poderia ter construído um placar mais largo, mas levou a virada no finalzinho. O gol do capitão Lulic, no apagar das luzes, ao menos manteve o time romano – que ainda tem um jogo a menos – em contato com os times da zona europeia. Por sua vez, o Sassuolo ficaria virtualmente livre do rebaixamento com a vitória, mas o pontinho não é de se jogar fora.

Nos primeiro 45 minutos, a defesa dos visitantes foi a que mais trabalhou. A chance mais aguda, porém, ocorreu num corte errado de Peluso, que chutou em Immobile e quase viu a bola estufar as redes. No entanto, o placar só foi aberto aos 53, em um pênalti mal marcado e convertido pelo próprio artilheiro laziale. O empate veio em boa jogada de Boga: no rebote, Lirola chutou, a bola foi desviada por Patric e o brasileiro Rogério empurrou.

A Lazio poderia ter tomado a vantagem novamente, mas faltou capricho: Immobile perdeu um gol feito e Milinkovic-Savic cabeceou em cima de Consiglo. Os minutos finais foram de pura insanidade. Em contra-ataque, Berardi recebeu de Sensi e bateu colocado, virando aos 89. Parecia que o time de De Zerbi sairia vitorioso, mas, aos 95, a defesa mostrou desatenção e Immobile se redimiu ao achar Lulic na pequena área, propiciando o empate.

Frosinone vence mais uma e começa a sonhar com o improvável (Ansa)

Fiorentina 0-1 Frosinone
Ciofani (Pinamonti)

Tops: Goldaniga e Ciofani (Frosinone) | Flops: Lafont e Gerson (Fiorentina)

No primeiro duelo do domingo, o Frosinone – que parecia já ter aceitado o rebaixamento – venceu a segunda seguida, desta vez fora de casa, e sonha com uma improvável reviravolta: agora, os ciociari estão sete pontos abaixo do primeiro time fora da zona de rebaixamento. Já a Fiorentina, que não vence desde a 24ª rodada e está no meio da tabela, passa a focar somente na Coppa Italia: está nas semifinais, e fará o jogo de volta em Bérgamo, contra a Atalanta. A diretoria violeta chegou a cogitar a demissão de Pioli, mas preferiu mantê-lo. Contrariado, porém, o treinador entregou o cargo nesta terça-feira.

Chiesa foi o único que procurou os três pontos para o time de Florença: acertou a trave ao bater cruzado e tirou tinta da trave em uma cabeçada. No geral, porém, a Fiorentina mal conseguiu entrar na área dos leoni e oferecer perigo ao goleiro Sportiello. O Frosinone, por sua vez, chegou poucas vezes ao gol defendido por Lafont, mas contou com mais um erro do jovem goleiro para vencer, com gol aos 84. Ciofani, que entrou aos 68 minutos da partida, foi servido na entrada da área por Pinamonti e, mal marcado por Pezzella, e girou chutando no canto de Lafont. O goleiro caiu atrasado e deixou a bola passar.

Udinese 3-2 Empoli
De Paul (Okaka), De Paul (pênalti) e Mandragora | Caputo (Krunic) e Krunic (Diego Farias)

Tops: De Paul (Udinese) e Krunic (Empoli) | Flops: Zeegelaar (Udinese) e Maietta (Empoli)

No confronto dos desesperados contra o rebaixamento, gols não faltaram – e todos no primeiro tempo. Melhor para o time da casa, que saiu atrás e conseguiu uma virada importantíssima: a Udinese tem apenas quatro pontos de vantagem para a zona de rebaixamento, mas teria terminado no Z-3 em caso de derrota. É nesse local desconfortável que o Empoli se encontra atualmente, com 28 pontos.

Com 11 minutos de jogo, os visitantes abriram o placar. Em cobrança de falta ensaiada, os azzurri fizeram uma linha de passe e deixaram Caputo livre para marcar novamente contra o time de Údine – o primeiro adversário contra o qual anotou em turno e returno. A alegria durou pouco, já que o argentino De Paul fez o seu primeiro do dia com um chutaço de fora da área.

Os visitantes chegaram a ficar em vantagem mais uma vez graças a Krunic, que tinha dado assistência para o primeiro gol e concluiu outra bela troca de passes. O Empoli, contudo, não soube segurar a vantagem: o veterano Maietta cometeu pênalti acintoso, convertido por De Paul, e Mandragora virou com um chute de fora da área. O segundo tempo foi mais truncado e resultou na expulsão de Zeegelaar, que levou a Udinese à retranca. Eficiente, a equipe friulana segurou o resultado.

Cagliari 2-1 Spal
Faragò e Pavoletti | Antenucci (pênalti)

Tops: Barella e Pavoletti (Cagliari) | Flops: Dickmann e Kurtic (Spal)

Se o Cagliari não vinha em bom momento, a Spal tinha três vitórias seguidas, algo que não acontecia desde 1968. O momento dos times era inverso, mas os sardos reencontraram o caminho dos triunfos com uma atuação dominante sobre os estensi, que mal puderam jogar na Sardegna Arena. Com três minutos de jogo o placar já havia sido aberto. Pavoletti roubou a bola da defesa spallina e iniciou a troca de passes dos casteddu. Barella arriscou para o gol, Viviano rebateu para frente e Faragò só empurrou para as redes.

O empate spallino aconteceu num lance fortuito: um pênalti marcado por toque de mão de Ceppitelli, notado apenas pelo VAR. Antenucci cobrou e encerrou um jejum de 19 jogos sem marcar – havia marcado pela última vez justamente sobre o Cagliari. Contudo, para o azar da Spal, Barella estava voando em campo, comandando quase todas as ações do time da casa ao lado do compatriota Cigarini e do moldavo Ionita. O gol da vitória sarda veio no segundo tempo, com Pavoletti – de cabeça, é claro, aproveitando um rebote. O Cagliari acertou duas bolas na trave e ainda teve um gol anulado, o que evidenciava sua superioridade. Porém, no final do jogo, quase foi surpreendido: Petagna teve grande chance, mas parou em defesa corajosa de Cragno.

Pulgar converteu dois pênaltis e tirou o Bologna da zona de descenso (EFE)

Bologna 3-0 Chievo
Pulgar (pênalti), Pulgar (pênalti) e Dijks (Sansone)

Tops: Pulgar e Sansone (Bologna) | Flops: Bani e Andreolli (Chievo)

A última partida da 31ª rodada foi um duelo entre desesperados para fugir do rebaixamento. Duelo, aliás, pode até parecer exagero, uma vez que o Bologna teve ampla superioridade e o Chievo apelou para a pancadaria – teve sete jogadores amarelados e um expulso. Os mandantes saíram da zona de rebaixamento, ultrapassaram o Empoli e praticamente decretaram o rebaixamento dos visitantes, que agora jogam pela própria honra: ou seja, fazer mais do que os 18 pontos do Pescara de 2016-17, pior time da história da Serie A.

O placar poderia ter sido muito maior do que foi, já que Orsolini e Palacio perderam oportunidades cara a cara com o goleiro, no primeiro tempo. Na segunda etapa, o time treinado por Mihajlovic finalmente colocou o pé na forma – com a ajuda dos clivensi. Aos 64, Andreolli cometeu pênalti, prontamente convertido pelo gelado Pulgar. Três minutos depois, Bani imitou o colega e derrubou Sansone: Pulgar foi lá e anotou mais um, finalizando no canto oposto ao da primeira cobrança. O placar foi fechado por Dijks, em jogada de profundidade pelo flanco canhoto.

Parma 0-0 Torino

Tops: Gagliolo (Parma) e Baselli (Torino) | Flops: Sprocati (Parma) e Parigini (Torino)

No duelo que abriu a rodada, o Torino foi até o Ennio Tardini, em Parma, mas não saiu do zero e comprometeu suas chances de classificação para uma competição continental: agora, o time de Mazzarri está dois pontos abaixo da zona europeia. Por sua vez, os parmenses venceram pela última vez há cinco rodadas e continuam se aproximando perigosamente da zona de rebaixamento.

Com a bola rolando, os dois times tiveram chance de abrir o placar em contra-ataques mas Sepe e Sirigu protegeram bem as suas redes. As melhores oportunidades do duelo foram do Torino, mas Belotti e Parigini as desperdiçaram. Parigini, aliás, poderia ter decidido a partida no final, mas foi egoísta: era só rolar para o meio da área, onde o Galo estava livre para escorar, mas preferiu um chute improvável.

Seleção da rodada
Radu (Genoa); Miranda (Inter), Goldaniga (Frosinone), Criscito (Genoa); Lazovic (Genoa), Barella (Cagliari), Pulgar (Bologna), Ionita (Cagliari), De Paul (Udinese); Kean (Juventus), Pavoletti (Cagliari). Técnico: Massimiliano Allegri (Juventus).

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