Milan e Juventus venderam duas grandes promessas do futebol italiano a clubes da rica Premier League. Patrick Cutrone firmou vínculo com o Wolverhampton, enquanto Moise Kean rumou ao Everton. O valor das negociações podem alcançar, respectivamente, 23 e 40 milhões de euros, caso sejam cumpridos os requisitos para os bônus previstos no acordo. A saída de ambos deixou os torcedores rossoneri e bianconeri claramente descontentes.
Cutrone, 21 anos, e Kean, 19, são dois dos melhores atacantes jovens produzidos na Itália nos últimos anos. Antes de chegarem ao futebol profissional, Patrick e Moise já brilhavam nas divisões inferiores e mostravam faro de gol. O milanista se tornou xodó da torcida rubro-negra em 2017 e até decidiu um Derby della Madonnina. Já o impacto do juventino foi mais rápido e maior: terminou a temporada passada com média de um gol a cada 94 minutos. Por que, então, se desfazer dos pratas da casa?
Para Milan e Juventus, as vendas de Cutrone e Kean significam ganho de capital. Uma vez produtos da base, a saída dos garotos representa lucro às agremiações – o preço de venda excedeu o da compra. Logo, esse tipo de transferência ajuda a saúde financeira dos clubes, balanceando o Fair Play Financeiro. As cessões dos jovens atacantes são encaradas, também, como plusvalenza. Esta é uma expressão financeira que os italianos usam no futebol para se referir aos ganhos das agremiações com vendas.
As transferências de Cutrone e Kean, para Milan e Juventus, têm objetivos distintos. A saída da cria da base rossonera, que seria reserva de Krzysztof Piatek, abre espaço para a chegada do promissor atacante português Rafael Leão, ex-Lille. A imprensa italiana especula que o negócio gira em torno de 25 milhões de euros, ou seja, quase o mesmo preço da venda (adicionando bônus) de Cutrone para o Wolverhampton.
Por sua vez, a transação de Kean ao Everton por 40 milhões de euros (incluindo bônus) significa uma amortização do impacto no caixa juventino depois da contratação do zagueiro Matthijs de Ligt. O zagueiro holandês custou 85,5 milhões de euros (a serem pagos em cinco anos) aos cofres da Vecchia Signora. Além do mais, Aaron Ramsey e Adrien Rabiot aumentaram a folha salarial da Juve, ainda que tenham chegado ao Piemonte a custo zero.
O torcedor alvinegro pode argumentar que, no lugar de Kean, o clube de Turim deveria ter focado em Gonzalo Higuaín, 31 anos, e Mario Mandzukic, 33, como opções de venda. No entanto, os experientes atacantes, que não têm garantia de permanência no elenco, dificilmente gerariam uma transferência de valor similar à de Moise. Afinal, ambos já ultrapassaram a casa dos 30 anos.
Todavia, apesar de todas essas explicações, é difícil engolir que Milan e Juventus abriram mão de dois dos principais atacantes sub-21 da Itália. Isso evidencia, por outro lado, que cada vez mais os dirigentes estão preocupados em equilibrar a saúde financeira dos clubes, temendo futuras punições da Uefa. São preços a serem pagos para conseguir contratações que talvez tragam mais impacto a curto prazo. Nesse momento, porém, a sensação experimentada por torcedores rossoneri e bianconeri é de desgosto por essas negociações.
A realidade é essa mesmo, um caso semelhante com Inter, guardada as devidas proporções, foi a venda de Balotelli para o Manchester City, embora o atacante demonstrasse complicações quanto ao comportamento.