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Num dos maiores vexames de sua história, a Roma foi goleada pelo Bodo/Glimt

A Roma foi até o norte da Noruega visitar o Bodo/Glimt, pela terceira rodada da fase de grupos da Conference League e protagonizou o que pode ser considerado o primeiro jogo marcante da história do torneio, cuja primeira edição acontece na temporada 2021-22. Em uma noite fria, os donos da casa foram gélidos diante da possibilidade de encarar um time tradicional e comandado por José Mourinho, o Special One, e tiveram uma atuação quente: aplicaram uma severa goleada por 6 a 1 sobre uma Loba muito modificada, o que levou o treinador português a disparar contra sua própria equipe. Após o vexame, vem a crise.

Na primeira etapa, os donos da casa foram logo mostrando que a Roma não teria jogo fácil. O Bodo/Glimt teve mais posse de bola do que a Loba e abriu placar logo aos 8 minutos, quando Botheim tabelou bonito com Fet e concluiu para a redes. O time norueguês permanecia mais com a bola e, aos 16, Konradsen arrancou livre pela esquerda, cortou para o meio e teve duas oportunidades de concluir, parando numa boa defesa de Rui Patrício. Não demorou muito para a equipe treinada por Kjetil Knutsen ampliar: aos 20, Berg marcou um golaço com chute da intermediária.

A Roma, que não criava até então, deu sinais de que poderia acordar aos 24, quando Pérez fez sua jogada característica ao cortar para o meio e chutar de fora dá área, mas sem oferecer perigo para o arqueiro Khaykin. Aos 28, Diawara, deu lindo lançamento para o próprio Pérez, que saiu cara a cara com o goleiro e, dessa vez, não desperdiçou: bateu no cantinho e diminuiu a desvantagem giallorossa.

Apesar de ter chegado ao gol, a Roma tinha dificuldades de entrar na defesa adversária. Bem postado, o Bodo/Glimt esperava os contra-ataques e os acionava com passes rápidos. No último minuto da primeira etapa, Pellegrino recebeu cruzamento de Solbakken após bela arrancada do camisa 9 e, por pouco, não aumentou o placar – cabeceou para fora.

Buscando a reação na segunda etapa, Mourinho colocou Cristante, Shomurodov e Mkhitaryan nos lugares de Darboe, Mayoral e Villar, mas não foi bem isso que aconteceu. Logo aos 52, Diawara falhou ao proteger a bola perto da linha de fundo e Botheim recebeu sozinho na boca da pequena área, longe dos zagueiros romanistas e escorou o passe rasteiro para marcar o terceiro dos noruegueses. Os comandados de Mourinho não reagiam, o que levou o português a, logo em seguida, trocar Diawara e El Shaarawy por Pellegrini e Abraham. No entanto, não houve qualquer esboço de mudança de postura: parecia haver só um time em campo.

Num dos poucos espasmos da Roma, Pérez marcou o solitário gol giallorosso (Getty)

A Loba não criava absolutamente nada, ao passo que a defesa mostrava sérias imprecisões. Numa delas, aos 71 minutos, Solbakken recebeu lindo passe de Botheim e ganhou fácil de Kumbulla, que corria da forma mais desengonçada possível, e marcou o quarto dos noruegueses com um toque sutil. O resultado já era absurdo, mas o Bodo/Glimt o tornou histórico com dois gols relâmpagos, aos 78 e ao 80. Primeiro, Pellegrino recebeu de Botheim, após bola mal afastada pela zaga da Roma, e chutou no canto de Rui Patrício; depois, ele próprio acionou Solbakken em profundidade. O camisa 9 anotou a sua doppietta e fechou a goleada.

Num dos treinamentos antes do jogo, o zagueiro Mancini – que ficou no banco nesta fatídica quinta – foi irônico ao comentar as reclamações dos companheiros, descontentes com o vento frio e a neve que enfrentavam em Bodo: afirmou que aquilo era uma punição merecida pelo “campeonato de merda” que os giallorossi fizeram no ano passado. Certamente o beque não esperava um corretivo tão dolorido.

A acachapante goleada gerou impacto imediato na Roma. Enquanto os torcedores que viajaram até a Noruega ficaram bravos a ponto de não aceitarem sequer as camisas que os jogadores arremessaram para as arquibancadas – foram atiradas de volta ao gramado –, Mourinho deu declarações fortes após a pior derrota que sofreu nos 1008 jogos de sua carreira, até então.

Mou assumiu que a culpa da derrota era sua, mas “por ter escalado um time inferior ao do Bodo/Glimt”. O treinador afirmou que há grande diferença de nível entre os titulares e os reservas que tem à disposição e que pecou ao tentar dar chances aos que atuavam menos. Segundo o português, “se pudesse, utilizaria sempre os mesmos 12, 13 jogadores”. Naturalmente, a crítica pesada do Special One também é extensiva à diretoria. Num ambiente costumeiramente atribulado, como é o romanista, as palavras podem ter efeito similar ao de gasolina ateada a uma fogueira.

O próximo confronto da Roma na competição será no dia 4 de novembro, em casa, contra o próprio Bodo/Glimt. Antes disso, contudo, os giallorossi terão que lidar com mais pressão, pois enfrentam Napoli e Milan pela Serie A. Na Liga Conferência, a Loba tem 6 pontos e ocupa a segunda colocação do Grupo C – o que significaria que precisaria disputar uma fase preliminar contra um time oriundo da Liga Europa para tentar avançar às oitavas de final. O Bodo/Glimt lidera, com 7 pontos; Zorya Luhansk e CSKA Sofia estão mais atrás, com 3 e 1, respectivamente.

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